A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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Evangelho:
Mt 21, 18-32
18 Pela manhã, quando voltava para a cidade, teve
fome. 19 Vendo uma figueira junto do caminho, aproximou-Se dela, e
não encontrou nela senão folhas, e disse-lhe: «Nunca mais nasça fruto de ti».
E, imediatamente, a figueira secou. 20 Vendo isto, os discípulos
admiraram-se e disseram: «Como secou a figueira imediatamente?». 21
Jesus respondeu: «Na verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não
só fareis o que foi feito a esta figueira, mas ainda se disserdes a este monte:
“Sai daí e lança-te no mar”, assim se fará. 22 E tudo o que pedirdes
com fé na oração alcançá-lo-eis». 23 Tendo ido ao templo, os
príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo aproximaram-se d'Ele, quando
estava a ensinar, e disseram-Lhe: «Com que autoridade fazes estas coisas? E
quem Te deu tal direito?». 24 Jesus respondeu-lhes: «Também Eu vos
farei uma pergunta; se Me responderdes, Eu vos direi com que direito faço estas
coisas. 25 Donde era o baptismo de João? Do céu ou dos homens?». Mas
eles reflectiam consigo: 26 «Se Lhe dissermos que é do céu, Ele
dirá: “Então porque não crestes nele?”. Se Lhe dissermos que é dos homens,
tememos o povo» ; porque todos tinham João como um profeta. 27
Portanto, responderam a Jesus: «Não sabemos». Ele disse-lhes também: «Pois então nem Eu vos digo com que autoridade faço
estas coisas». 28 «Mas que vos parece? Um homem tinha dois filhos.
Aproximando-se do primeiro, disse-lhe: “Filho, vai trabalhar hoje na minha
vinha”. 29 Ele respondeu: “Não quero”. Mas, depois, arrependeu-se e
foi. 30 Dirigindo-se em seguida ao outro, falou-lhe do mesmo modo. E
ele respondeu: “Eu vou, senhor”, mas não foi. 31 Qual dos dois fez a
vontade do pai?». Eles responderam: «O primeiro». Disse-lhes Jesus: «Na verdade
vos digo que os publicanos e as meretrizes vos precederão no reino de Deus. 32
Porque veio a vós João pelo caminho da justiça, e não crestes nele; e os
publicanos e as meretrizes creram nele. E vós, vendo isto, nem assim fizestes
penitência depois, crendo nele.
C. I. C. nr. 1 a 35
PRÓLOGO
«PAI,
[...] é esta a vida eterna: que Te conheçam a Ti, único Deus verdadeiro, e
Aquele que enviaste, Jesus Cristo» (Jo 17, 3). «Deus, nosso Salvador [...],
quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade» (1 Tm
2, 3-4). «Não existe debaixo do céu outro nome, dado aos homens, pelo qual
possamos ser salvos» (Act 4, 12), senão o nome de JESUS.
I. A vida do homem –
conhecer e amar a Deus
1.
Deus, infinitamente perfeito e bem-aventurado em Si mesmo, num desígnio de pura
bondade, criou livremente o homem para o tornar participante da sua vida
bem-aventurada. Por isso, sempre e em toda a parte, Ele está próximo do homem.
Chama-o e ajuda-o a procurá-Lo, a conhecê-Lo e a amá-Lo com todas as suas
forças. Convoca todos os homens, dispersos pelo pecado, para a unidade da sua
família que é a Igreja. Para tal, enviou o seu Filho como Redentor e Salvador
na plenitude dos tempos. N'Ele e por Ele, chama os homens a tornarem-se, no
Espírito Santo, seus filhos adoptivos e, portanto, herdeiros da sua vida
bem-aventurada.
2.
Para que este convite se fizesse ouvir por toda a Terra, Cristo enviou os
Apóstolos que escolhera, dando-lhes o mandato de anunciar o Evangelho: «Ide,
pois, fazei discípulos de todas as nações, baptizando-os em nome do Pai e do
Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprirem tudo quanto vos prescrevi.
E eis que Eu estou convosco todos os dias até ao fim do mundo» (Mt 28, 19-20).
Fortalecidos por esta missão, os Apóstolos «partiram a pregar por toda a parte
e o Senhor cooperava com eles confirmando a Palavra com os sinais que a
acompanhavam» (Mc 16, 20).
3.
Aqueles que, com a ajuda de Deus, aceitaram o convite de Cristo e livremente
Lhe responderam, foram por sua vez impelidos, pelo amor do mesmo Cristo, a
anunciar por toda a parte a Boa-Nova. Este tesouro, recebido dos Apóstolos, foi
fielmente guardado pelos seus sucessores. Todos os fiéis de Cristo são chamados
a transmiti-lo de geração em geração, anunciando a fé, vivendo-a em partilha
fraterna e celebrando-a na liturgia e na oração ([i]).
II. Transmitir a fé – a
catequese
4.
Bem cedo se chamou catequese ao conjunto de esforços empreendidos na Igreja
para fazer discípulos, para ajudar os homens a acreditar que Jesus é o Filho de
Deus, a fim de, pela fé, terem a vida em seu nome, e para os educar e instruir
nessa vida, construindo assim o Corpo de Cristo ([ii]).
5.
«A catequese é uma educação da fé das crianças, dos jovens e dos adultos, que
compreende especialmente o ensino da doutrina cristã, ministrado em geral dum
modo orgânico e sistemático, em ordem à iniciação na plenitude da vida cristã» ([iii]).
6.
Sem se confundir com eles, a catequese articula-se com um certo número de
elementos da missão pastoral da Igreja que têm um aspecto catequético, preparam
para a catequese ou dela derivam: o primeiro anúncio do Evangelho ou pregação
missionária, para suscitar a fé; a busca das razões de acreditar; a experiência
da vida cristã; a celebração dos sacramentos; a integração na comunidade
eclesial; o testemunho apostólico e missionário. ([iv])
7.
«A catequese está intimamente ligada a toda a vida da Igreja. Dependem essencialmente
dela não só a expansão geográfica e o crescimento numérico, mas também, e muito
mais ainda, o crescimento interior da Igreja e a sua conformidade com o
desígnio de Deus» ([v]).
8.
Os períodos de renovação da Igreja são também tempos fortes de catequese.
Assim, na grande época dos Padres da Igreja, vemos santos bispos consagrarem
parte importante do seu ministério à catequese, como por exemplo São Cirilo de
Jerusalém, São João Crisóstomo, Santo Ambrósio, Santo Agostinho e tantos outros
Padres, cujas obras catequéticas continuam a ser modelo.
9.
O ministério da catequese vai buscar energias sempre novas aos concílios. O
Concílio de Trento constitui, a este respeito, um exemplo a sublinhar: nas suas
constituições e decretos, deu prioridade à catequese; está na origem do
Catecismo Romano que tem o seu nome e que constitui um trabalho de primeira
ordem como compêndio da doutrina cristã; fez nascer na Igreja uma organização
notável da catequese; e, graças a santos bispos e teólogos, como São Pedro Canísio,
São Carlos Borromeu, São Toríbio de Mogrovejo e São Roberto Belarmino, levou à
publicação de numerosos catecismos.
10.
Não admira, pois, que, na sequência do II Concílio do Vaticano (que o Papa
Paulo VI considerava como o grande catecismo dos tempos modernos), a catequese
da Igreja tenha de novo chamado a atenção. O Directório catequético geral, de
1971; as sessões do Sínodo dos Bispos consagradas à evangelização (1974) e à
catequese (1977): e as exortações apostólicas correspondentes — Evangelii nuntiandi
(1975) e Catechesi tradendae (1979) — são disso bom testemunho. A assembleia
extraordinária do Sínodo dos Bispos de 1985 pediu: «que seja redigido um
catecismo ou compêndio de toda a doutrina católica, tanto no tocante à fé como
no que respeita à moral» ([vi]).
O Santo Padre João Paulo II fez seu este voto do Sínodo dos Bispos. Reconheceu
que «tal desejo corresponde inteiramente a uma verdadeira necessidade da Igreja
universal e das Igrejas particulares» ([vii]).
E pôs todo o seu empenho cm que se concretizasse este desejo dos Padres
sinodais.
III. Finalidade e
destinatários deste catecismo
11.
A finalidade deste Catecismo é apresentar uma exposição orgânica e sintética
dos conteúdos essenciais e fundamentais da doutrina católica, tanto sobre a fé
como sobre a moral, à luz do II Concilio do Vaticano e do conjunto da Tradição
da Igreja. As suas fontes principais são a Sagrada Escritura, os santos Padres,
a liturgia e o Magistério da Igreja. E destina-se a servir «como ponto de
referência aos catecismos ou compêndios a publicar nos diversos países» ([viii]).
12.
Este Catecismo destina-se principalmente aos responsáveis pela catequese, que
são em primeiro lugar os bispos, enquanto doutores da fé e pastores da Igreja.
É-lhes oferecido como instrumento para o desempenho da sua missão de ensinar o
povo de Deus. E, através dos bispos, dirige-se aos redactores de catecismos,
aos sacerdotes e aos catequistas. Será também uma leitura útil para todos os
outros fiéis cristãos.
IV. Estrutura deste
catecismo
13.
O plano deste Catecismo inspira-se na grande tradição dos catecismos que
articulam a catequese cm torno de quatro «pilares»: a profissão da fé baptismal
(Símbolo), os sacramentos da fé, a vida da fé (Mandamentos) e a oração do
crente (o Pai Nosso).
PRIMEIRA PARTE: A
PROFISSÃO DA FÉ
14.
Aqueles que, pela fé e pelo Baptismo, pertencem a Cristo, devem confessar a sua
fé baptismal diante dos homens ([ix]).
Por isso, o Catecismo começa por expor em que consiste a Revelação, pela qual
Deus Se dirige e Se dá ao homem, e a fé pela qual o homem responde a Deus
(Primeira Secção). O Símbolo da fé resume os dons que Deus faz ao homem, como
Autor de todo o bem, Redentor e Santificador, e articula-os em volta dos «três
capítulos» do nosso Baptismo – a fé num só Deus: o Pai Todo-poderoso, Criador;
e o seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador: e o Espírito Santo, na
Santa Igreja (Segunda Secção).
SEGUNDA PARTE: OS
SACRAMENTOS DA FÉ
15.
A segunda parte do Catecismo expõe como a salvação de Deus, realizada uma vez
por todas por Jesus Cristo e pelo Espírito Santo, se toma presente nas acções
sagradas da liturgia da Igreja (Primeira Secção), e em especial nos sete
sacramentos (Segunda Secção).
TERCEIRA PARTE: A VIDA DA
FÉ
16.
A terceira parte do Catecismo apresenta o fim último do homem, criado à imagem
de Deus – a bem-aventurança e os caminhos para a ela chegar: um comportamento
recto e livre, com a ajuda da lei de Deus e da sua graça (Primeira Secção); um
comportamento que realize o duplo mandamento da caridade, explicitado nos dez
Mandamentos de Deus (Segunda Secção).
QUARTA PARTE: A ORAÇÃO NA
VIDA DA FÉ
17.
A última parte do Catecismo trata do sentido e da importância da oração na vida
dos crentes (Primeira Secção), terminando com um breve comentário aos sete
pedidos da Oração do Senhor (Segunda Secção). De facto, nesses sete pedidos
encontramos a suma dos bens que devemos esperar e que o nosso Pai dos Céus nos
quer dar.
V. Indicações práticas
para o uso deste catecismo
18.
Este Catecismo foi concebido como uma exposição orgânica de toda a fé católica.
Deve, portanto, ser lido como um todo. Numerosas notas remissivas à margem do
texto (números impressos em tipos menores remetendo para outros parágrafos que
tratam do mesmo assunto) e o índice analítico no fim do volume, permitem
encarar cada tema na sua ligação com o conjunto da fé.
19.
Muitas vezes, os textos da Sagrada Escritura não são citados literalmente, mas
com a simples indicação da referência (por meio dum cf.) feita em nota. Para
uma inteligência aprofundada desses passos, convém recorrer aos próprios
textos. Tais referências bíblicas são um instrumento de trabalho para a
catequese.
20.
Quando, cm certas passagens, se emprega a letra miúda, isso quer dizer que se
trata de anotações de tipo histórico ou apologético, ou de exposições
doutrinais complementares.
21.
As citações, em letra miúda, de fontes patrísticas, litúrgicas, do Magistério
ou da hagiografia, destinam-se a enriquecer a exposição doutrinal.
Frequentemente, esses textos foram escolhidos a pensar num emprego directamente
catequético.
22.
No fim de cada unidade temática, uma série de textos breves resume, em fórmulas
escolhidas, o essencial do ensinamento. Estes «RESUMINDO» têm por fim dar à
catequese local sugestões de fórmulas sintéticas e fáceis de decorar.
VI. Adaptações necessárias
23.
A tónica deste Catecismo incide sobre a exposição doutrinal. Com efeito, a sua
intenção é ajudar a aprofundar o conhecimento da fé. Todo ele se orienta no
sentido do amadurecimento da mesma fé, do seu enraizamento na vida e da sua
irradiação no testemunho ([x]).
24.
Pela sua própria finalidade, este Catecismo não se propõe realizar as
adaptações da exposição e dos métodos catequéticos, exigidas pelas diferenças
de culturas, idades, maturidade espiritual, situações sociais e eclesiais
daqueles a quem a catequese se dirige. Essas indispensáveis adaptações
pertencem aos catecismos apropriados e, sobretudo, àqueles que ministram o
ensino aos fiéis:
«Aquele
que ensina deve "fazer-se tudo para todos" (1 Cor 9, 22) para a todos
atrair a Jesus Cristo. [...] Sobretudo, não julgue que lhe está confiada apenas
uma categoria de almas e que, portanto, lhe incumbe o trabalho de ensinar e
formar de modo idêntico, na verdadeira piedade, todos os fiéis, usando sempre
um só e mesmo método! Atendendo a que, em Cristo Jesus, uns são como crianças
recém-nascidas, outros como adolescentes e outro, finalmente, já são efectivamente
adultos, é necessário que pondere com toda a diligência quais são os que
precisam de leite e quais os que carecem de um alimento mais sólido. [...] Isto
mesmo testemunhava de si próprio o Apóstolo. [...] Os que são chamados ao
ministério da pregação devem, ao transmitir o ensino dos mistérios da fé e das
normas dos costumes, adaptar as suas palavras à mentalidade e à inteligência
dos seus ouvintes» ([xi]).
ACIMA DE TUDO — A CARIDADE
25.
A concluir esta apresentação, é oportuno Lembrar este princípio pastoral
enunciado pelo Catecismo Romano:
Este
é sem dúvida o caminho melhor, que o mesmo apóstolo seguia quando fundamentava
a sua doutrina e ensino na caridade que não acaba nunca. A finalidade da
doutrina e do ensino deve fixar-se toda no amor, que não acaba. Podemos expor
muito bem o que se deve crer, esperar ou fazer; mas, sobretudo, devemos pôr
sempre em evidência o amor de nosso Senhor, de modo que cada qual compreenda
que qualquer acto de virtude perfeitamente cristão, não tem outra origem nem
outro fim senão o amor ([xii]).
PRIMEIRA
PARTE - A PROFISSÃO DA FÉ
PRIMEIRA
SECÇÃO – «EU CREIO» «NÓS CREMOS»
CAPÍTULO PRIMEIRO - O
HOMEM É «CAPAZ» DE DEUS
CAPÍTULO
PRIMEIRO
O HOMEM É «CAPAZ» DE DEUS
I. O desejo de Deus
27.
O desejar Deus é um sentimento inscrito no coração do homem, porque o homem foi
criado por Deus e para Deus. Deus não cessa de atrair o homem para Si e só em
Deus é que o homem encontra a verdade e a felicidade que procura sem descanso:
«A
razão mais sublime da dignidade humana consiste na sua vocação à comunhão com
Deus. Desde o começo da sua existência, o homem é convidado a dialogar com
Deus: pois se existe, é só porque, criado por Deus por amor, é por Ele, e por
amor, constantemente conservado: nem pode viver plenamente segundo a verdade,
se não reconhecer livremente esse amor e não se entregar ao seu Criador» ([xiii]).
28.
De muitos modos, na sua história e até hoje, os homens exprimiram a sua busca
de Deus em crenças e comportamentos religiosos (orações, sacrifícios, cultos,
meditações, etc.). Apesar das ambiguidades de que podem enfermar, estas formas
de expressão são tão universais que bem podemos chamar ao homem um ser
religioso:
Deus
«criou de um só homem todo o género humano, para habitar sobre a superfície da
terra, e fixou períodos determinados e os limites da sua habitação, para que os
homens procurassem a Deus e se esforçassem realmente por O atingir e encontrar.
Na verdade, Ele não está longe de cada um de nós. É n'Ele que vivemos, nos
movemos e existimos» (Act 17, 26-28).
29.
Mas esta «relação íntima e vital que une o homem a Deus» ([xiv])
pode ser esquecida, desconhecida e até explicitamente rejeitada pelo homem.
Tais atitudes podem ter origens diversas ([xv])
a revolta contra o mal existente no mundo, a ignorância ou a indiferença
religiosas, as preocupações do mundo e das riquezas ([xvi]),
o mau exemplo dos crentes, as correntes de pensamento hostis à religião e,
finalmente, a atitude do homem pecador que, por medo, se esconde de Deus ([xvii])
e foge quando Ele o chama ([xviii]).
30.
«Exulte o coração dos que procuram o Senhor» (Sl 105, 3). Se o homem pode
esquecer ou rejeitar Deus, Deus é que nunca deixa de chamar todo o homem a que
O procure, para que encontre a vida e a felicidade. Mas esta busca exige do
homem todo o esforço da sua inteligência, a rectidão da sua vontade, «um coração
recto», e também o testemunho de outros que o ensinam a procurar Deus.
És
grande, Senhor, e altamente louvável; grande é o teu poder e a tua sabedoria é
sem medida. E o homem, pequena parcela da tua criação, pretende louvar-Te –
precisamente ele que, revestido da sua condição mortal, traz em si o testemunho
do seu pecado, o testemunho de que Tu resistes aos soberbos. Apesar de tudo, o
homem, pequena parcela da tua criação, quer louvar-Te. Tu próprio a isso o
incitas, fazendo com que ele encontre as suas delícias no teu louvor, porque
nos fizeste para Ti e o nosso coração não descansa enquanto não repousar em Ti ([xix]).
II. Os caminhos de acesso
ao conhecimento de Deus
31.
Criado à imagem de Deus, chamado a conhecer e a amar a Deus, c homem que
procura Deus descobre certos «caminhos» de acesso ao conhecimento de Deus.
Também se lhes chama «provas da existência de Deus» – não no sentido das provas
que as ciências naturais indagam mas no de «argumentos convergentes e
convincentes» que permitem chegar a verdadeiras certezas.
Estes
«caminhos» para atingir Deus têm como ponto de partida criação: o mundo
material e a pessoa humana.
32.
O mundo: A partir do movimento e do devir, da contingência, da ordem e da
beleza do mundo, pode chegar-se ao conhecimento de Deu: como origem e fim do
universo.
São
Paulo afirma a respeito dos pagãos: «O que se pode conhecer de Deus manifesto
para eles, porque Deus lho manifestou. Desde a criação do mundo, a perfeições
invisíveis de Deus, o seu poder eterno e a sua divindade tornam-se pelas suas
obras, visíveis à inteligência» (Rm 1, 19-20) ([xx]).
E
Santo Agostinho: «Interroga a beleza da terra, interroga a beleza do mar
interroga a beleza do ar que se dilata e difunde, interroga a beleza do céu
[...] interroga todas estas realidades. Todas te respondem: Estás a ver como
somo belas. A beleza delas é o seu testemunho de louvor [«confessio»]. Essas
belezas sujeitas à mudança, quem as fez senão o Belo [«Ptdcher»], que não está
sujeite à mudança?» ([xxi]).
33.
O homem: Com a sua abertura à verdade e à beleza, com o seu sentido do bem
moral, com a sua liberdade e a voz da sua consciência, com a sua ânsia de
infinito e de felicidade, o homem interroga-se sobre a existência de Deus.
Nestas aberturas, ele detecta sinais da sua alma espiritual. «Gérmen de
eternidade que traz em si mesmo, irredutível à simples matéria» ([xxii]),
a sua alma só em Deus pode ter origem.
34.
O mundo e o homem atestam que não têm em si mesmos, nem o seu primeiro
princípio, nem o seu fim último, mas que participam do Ser-em-si, sem princípio
nem fim. Assim, por estes diversos «caminhos», o homem pode ter acesso ao
conhecimento da existência duma realidade que é a causa primeira e o fim último
de tudo, «e a que todos chamam Deus» ([xxiii]).
35.
As faculdades do homem tornam-no capaz de conhecer a existência de um Deus
pessoal. Mas, para que o homem possa entrar na sua intimidade, Deus quis
revelar-Se ao homem e dar-lhe a graça de poder receber com fé esta revelação.
Todavia, as provas da existência de Deus podem dispor para a fé e ajudar a
perceber que a fé não se opõe à razão humana.
Nota: Revisão gráfica por ama.
[ii] Cf.
João Paulo II, Ex. ap. Catechesi tradendae, 1: AAS 71 (1979) 1277-1278.
[iii] Cf.
João Paulo II, Ex. ap. Catechesi tradendae, 18: AAS 71 (1979) 1292.
[iv] Cf.
João Paulo II, Ex. ap. Catechesi tradendae, 18: AAS 71 (1979) 1292.
[v]
Cf. João Paulo II, Ex. ap. Catechesi
tradendae, 13: AAS 71 (1979) 1288.
[vi] Sínodo
dos Bispos, Assembleia extraordinária, Ecclesia sub Verbo Dei mysteria Christi
celebrans pro salute mundi. Relatório final II B A 4 (Cidade do Vaticano 1985),
p. 11.
[vii] João
Paulo II, Discurso de encerramento da Assembleia extraordinária do Sínodo dos
Bispos (7 de Dezembro de 1985), 6: AAS 58 (1986) 435.
[viii] Sínodo
dos Bispos, Ecclesia sub Verbo Dei mysteria Christi celebrans pro salute mundi.
Relatório final II B A 4 (Cidade do
Vaticano 1985), p. 11.
[ix] Cf. Mt 10, 23; Rm
10, 9.
[x] Cf. João Paulo II,
Ex. ap. Catechesi tradendae, 20-22: AAS 71 (1979) 1293-1296;
Ibid., 25: AAS 71 (1979) 1207-1298.
[xi] Catechismus Romanus
seu Catechismus ex decreto Concilii Tridentini ad parochos, Pii V Pontificis
Maximi iussu editus, Praefatio, 11:
ed P. Rodríguez (Città del
Vaticano – Pamplona 1989) p. 11.
[xii] Catechismus Romanus,
Praefatio 10: ed. P. Rodriguez (Città del Vaticano – Pamplona 1989) p. 10.
[xiii] II
Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et Spes, 19: AAS 58 (1966)
1038-1039.
[xiv] II
Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et Spes,, 19: AAS 58 (1966) 1039.
[xvii] Cf.
Gn 3, 8-10.
[xviii] Cf.
Jn 1, 3.
[xix] Santo
Agostinho, Confissões, I,1, 1: CCL 27. 1 (PL 32, 659-661).
[xx] Cf.
Act 14, 15, 17; 17. 27-28; Sb 13, 1-9.
[xxi] Santo
Agostinho, Sermão 241. 2: PL 38, 1134.
[xxii] II
Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et Spes,18: AAS 58 (1966) 1038: cf. ibid., 14: AAS 58 (1966)
1036.
[xxiii] São
Tomás de Aquino, Summa theologiae I. q. 2, a. 3, e: Ed. Leon. 4, 31.
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