10/01/2013

Carta do Prelado do Opus Dei por ocasião do Ano da Fé. 21


21. Idêntico raciocínio, pelo mesmo motivo, deve fazer-se sobre os pontos essenciais da doutrina cristã que sofrem, nos nossos dias, um ataque intolerante por parte de grupos de pessoas cegamente obstinadas em eliminar o sentido religioso da sociedade civil. Infelizmente, existem muitos exemplos; desde ataques grosseiros a Jesus Cristo, a quem tentam ridicularizar, até acusações caluniosas contra a Igreja, os seus ministros, as suas instituições.

A tarefa do cristão, que deseja ser coerente com a sua vocação consiste em mostrar Cristo aos outros, saber-se alto-falante, primeiro com o exemplo, mas também com a palavra oportuna, dos ensinamentos da Igreja, especialmente nos temas mais debatidas na opinião pública. Vem-me à memória o que tão claramente expôs D. Álvaro: «Como é necessário varrer primeiro a própria casa (...), cada um deve examinar como se preocupa com esta obrigação particularmente cristã» [36]. Palavras que soam como um eco da pregação do Apóstolo aos primeiros fiéis: esta é a vontade de Deus: a vossa santificação (…) que cada um de vós saiba possuir o seu corpo santa e honestamente, sem se deixar levar pelas paixões desregradas, como os pagãos que não conhecem Deus; e que ninguém, nesta matéria, oprima nem defraude o seu irmão (…). Pois Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santidade.(1 Ts 4, 3-7).

A recomendação de S. Paulo adquire singular relevo nas circunstâncias presentes. É impossível, de facto, lutar eficazmente contra essa onda viscosa e suja que procura envolver tudo, se no nosso interior se admite alguma cumplicidade, mesmo que pareça pequena, com essas «coisas perversas, que sobem e sobem, fervendo dentro de ti, até quererem sufocar, com a sua podridão bem cheirosa, os grandes ideais, os mandamentos sublimes que o próprio Cristo pôs no teu coração» [37].

Com o mesmo relevo ressalta o texto de S. Gregório Nazianzeno, que o beato João Paulo II citava na sua exortação apostólica sobre a missão dos Bispos. Assim se expressava esse Padre e Doutor da Igreja: «Temos de começar por nos purificar, antes de purificarmos os outros; temos de ser instruídos, para podermos instruir; temos de nos tornar luz para iluminar, de nos aproximar de Deus para podermos aproximar d’Ele os outros, ser santos para santificar» [38].

Porque não nos consideramos melhores que os outros – e não nos enganamos nesta apreciação –, convém-nos voltar uma e outra vez a tratar de adequar o mais perfeitamente possível a nossa situação pessoal com a doutrina de Jesus Cristo. Temos de nos persuadir de que, primeiro, havemos de lutar no nosso interior, decididos de verdade a conformar com a vontade de Deus os nossos pensamentos, projetos, palavras e ações, mesmo nas coisas mais pequenas: «a luta tem uma frente dentro de nós mesmos, a frente das nossas paixões. Vigia quem luta interiormente, para se afastar decididamente da ocasião de pecado, do que pode debilitar a fé, desvanecer a esperança ou prejudicar o Amor» [39].

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Nota: Publicação devidamente autorizada

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Notas:

[36] Venerável Álvaro del Portillo, Carta, 1-I-1994.
[37] S. Josemaria, Caminho, n. 493.
[38] S. Gregório Nazianzeno, Oração II, 71 (PG 35, 479); cit. em Beato João Paulo II, Exort. Apost. Pastores gregis, 16-X-2003, n. 12.
[39] S. Josemaria, Carta 28-III-1973, n. 10.

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