18.
A investigação ocupa um lugar destacado no trabalho dos professores
universitários e doutros intelectuais. Nessa tarefa, o cristão comprometido com
a busca e a difusão da verdade, animado pelo desejo recto de colaborar na
configuração dum saber que supere a fragmentação e o relativismo, descobre
constantes oportunidades para levar a cabo um profundo apostolado doutrinal.
Nenhum tema de investigação, nenhuma área do amplo campo do ensino é neutro do
ponto de vista da fé. Todo o nosso trabalho, até umas aulas de química, para
dar um exemplo bastante concreto, podem cooperar ou não para a dilatação do
Reino de Cristo. «A necessária objectividade científica rejeita justamente toda
a neutralidade ideológica, toda a ambiguidade, todo o conformismo, toda a
cobardia: o amor à verdade compromete a vida e todo o trabalho do cientista» [30].
Se o professor, o investigador, se move principalmente pelo desejo de dar
glória a Deus e de servir as almas, então a coerência cristã do seu exemplo, a
disponibilidade para os alunos e colaboradores, a rectidão com que orienta o seu
trabalho, o empenho por formar os seus discípulos e transmitir o seu saber,
contribui sem dúvida, para que as pessoas que escutam ou que recebem o eco do
seu trabalho, descubram ou vejam o rasto dos seguidores de Cristo.
Além
disso, estes trabalhos científicos facilitam as relações profissionais com
investigadores de prestígio dentro do próprio país ou noutros países; levam a
estabelecer amizades sinceras, que são o ambiente natural do apostolado
pessoal, o que facilita conseguir que os colegas, nos seus trabalhos de
investigação, respeitem pelo menos os princípios morais fundamentais.
Os
católicos responsáveis que intervêm nestes lugares cruciais para a nova
evangelização, deveriam interrogar-se sobre o modo de chegar também, na medida
das suas possibilidades, aos meios de comunicação e aos fóruns de opinião, para
transmitir boa e segura doutrina, nas matérias da sua especialidade: colaborando
na imprensa, intervindo em programas de rádio e de televisão ou através da
internet; participando em actividades culturais, dando um parecer científico
autorizado sobre temas que surgem no debate público, etc. E, por sua vez, os
católicos que promovem empresas de comunicação e opinião pública, ou trabalham
profissionalmente nesses meios, devem esforçar-se para que as suas páginas ou
os seus programas apresentem, com elevação e rigor, o que de limpo e recto se
realiza nestes espaços.
Quero
deixar bem claro que os que intervêm nestas áreas, hão de sentir a
responsabilidade de tirar partido dos seus talentos, sem esquecer que muitas
outras pessoas, com trabalhos materiais ou aparentemente de pouco relevo, se
esforçam para converter a sua ocupação em oração a Deus, a fim de que os homens
e mulheres importantes nas áreas que dirigem a sociedade, saibam ser
inteiramente responsáveis, conscientes de que Deus lhes pedirá contas do seu
desempenho; e hão-de mostrar-se muito agradecidos aos que trabalham, por assim
dizer, na penumbra. Vem muito a propósito o que comentava S. Josemaria: Quem é
mais importante, o magnífico reitor duma universidade ou a última pessoa que
serve na manutenção do edifício? E respondia sem duvidar: o que cumpre a sua
tarefa com mais fé, com mais desejo de santidade.
Copyright © Prælatura Sanctæ Crucis et
Operis Dei
Nota: Publicação devidamente
autorizada
____________________
Notas:
[30]
S. Josemaria, Discurso no acto de investidura de doutores “honoris causa” pela
Universidade de Navarra, 9-V-1974.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.