17/01/2013

Carta do Prelado do Opus Dei por ocasião do Ano da Fé. 28


Exemplos de fé

28. A Epístola aos Hebreus coloca diante dos nossos olhos uma sucessão de homens e mulheres fiéis que, ao longo da história da salvação, desde o justo Abel, acreditaram em Deus e aderiram a Ele com todas as energias da sua inteligência e da sua vontade, gastando gozosamente a sua existência ao Seu serviço (cfr. Heb 11, 4-40). Destaca-se entre todos a figura de Abraão, nosso pai na fé [46], de quem havemos de aprender também a fortaleza da sua esperança em Deus, porque todos nós havemos de crescer na vida teologal ao longo dos próximos meses, fiando-nos cada vez mais dos meios que nos conduzem ao Céu e pedindo com firmeza à Trindade que nos aumente a fé, a esperança, a caridade.

Quando se encontrava na cidade de Ur dos Caldeus, «Abraão, ouviu a palavra do Senhor que o arrancava da sua terra, do seu povo e, em certo sentido, de si próprio, para fazer dele o instrumento dum desígnio de salvação que abraçava o futuro povo da aliança e mesmo todos os povos do mundo» [47]. Imediatamente, sem vacilar, o patriarca pôs-se a caminho.

Foi pela fé que Abraão, obedecendo ao apelo divino, partiu para uma terra que devia receber em herança. E partiu não sabendo para onde ia. Foi pela fé que ele habitou na terra prometida, como em terra estrangeira, habitando aí em tendas com Isaac e Jacob, co-herdeiros da mesma promessa. Porque tinha a esperança fixa na cidade assentada sobre os fundamentos (eternos), cujo arquiteto e construtor é Deus. Foi pela fé que a própria Sara cobrou o vigor de conceber, apesar da sua idade avançada, porque acreditou na fidelidade daquele que lhe havia prometido. Assim, de um só homem quase morto nasceu uma posteridade tão numerosa como as estrelas do céu e inumerável como os grãos de areia da praia do mar (Heb 11, 8-12).

A mesma epopeia de acreditar firmemente continua e desenvolve-se, com maior intensidade e extensão, no Novo Testamento. Mestra inigualável é a Virgem Santíssima que «pela fé, (…) acolheu a palavra do Anjo e acreditou no anúncio de que seria Mãe de Deus na obediência da sua dedicação (cfr. Lc 1, 38). Ao visitar Isabel, elevou o seu cântico de louvor ao Altíssimo pelas maravilhas que realizava em quantos a Ele se confiavam (cfr. Lc 1, 46-55). Com alegria e trepidação, deu à luz o seu Filho unigénito, mantendo intacta a sua virgindade (cfr. Lc 2, 6-7). Confiando em José, seu Esposo, levou Jesus para o Egito a fim de O salvar da perseguição de Herodes (cfr. Mt 2, 13-15). Com a mesma fé, seguiu o Senhor na sua pregação e permaneceu a seu lado mesmo no Gólgota (cfr. Jo 19, 25-27). Com fé, Maria saboreou os frutos da ressurreição de Jesus e, conservando no coração a memória de tudo (cfr. Lc 2, 19.51), transmitiu-a aos Doze reunidos com Ela no Cenáculo para receberem o Espírito Santo (cfr. Act 1, 14; 2, 1-4)» [48].

Por isso, meditar e aprofundar na fé de Maria nos conduz e ajuda a sentir a total dependência que temos de Deus, dependência que nos faz entender que, agarrados firmemente à sua mão, nos tornamos capazes de fazer maravilhas, com uma ajuda extraordinária para a nossa própria existência, para a Igreja, para a corredenção que nos foi confiada; uma ajuda extraordinária que chega logicamente às tarefas e ninharias aparentemente mais indiferentes, porque com Deus póssumus!, podemos tudo; e sem Ele, nihil, nada.

Pela fé, os Apóstolos deixaram tudo para seguir o Mestre. Da mesma forma atuaram os discípulos da primeira hora, e os mártires que deram a vida para testemunhar o Evangelho, e inumeráveis cristãos de todos os tempos, também recentes. «Pela fé, no decurso dos séculos, homens e mulheres de todas as idades, cujo nome está escrito no Livro da vida (cfr. Ap 7, 9; 13, 8), confessaram a beleza de seguir o Senhor Jesus nos lugares onde eram chamados a dar testemunho do seu ser cristão: na família, na profissão, na vida pública, no exercício dos carismas e ministérios a que foram chamados» [49].

Copyright © Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei
Nota: Publicação devidamente autorizada

____________________
Notas:

[46] Missal Romano, Oração Eucarística I.
[47] Beato João Paulo II, Carta sobre a peregrinação aos lugares vinculados com a história da salvação, 29-VI-1999, n. 5.
[48] Bento XVI, Carta Apost. Porta fídei, 11-X-2011, n. 13.
[49] Bento XVI, Carta Apost. Porta fídei, 11-X-2011, n. 13.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.