Confiar em Deus
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ABANDONO
Voltemos
agora um pouco atrás e dirijamos o nosso olhar à petição de Jesus. Faz-te ao largo,
e lançai as redes para pescar.
Duc
in altum. Leva a barca para o largo. Para se meter na vida interior há que
renunciar a ter os pés num terreno firme, totalmente dominado; é preciso
avançar até lugares onde facilmente haverá ondas, onde a barca se move e a alma
se apercebe que não controla tudo, onde se caíssemos à água poderíamos
afogar-nos.
Não
estaremos mais seguros na margem, ou onde a água não ultrapasse os joelhos, ou
a cintura, ou no máximo os ombros? Talvez, efetivamente, nos sentiríamos mais
seguros. Mas na margem não se pesca nada que valha a pena. Se queremos deitar
as redes para pescar, temos que levar a barca para mar profundo, temos que
sacudir o medo de perder de vista a costa.
Quantas
vezes Jesus Cristo censura aos discípulos o seu medo! Por que temeis, homens de
pouca fé? . Não mereceremos nós também essa mesma censura? Porque não te fias?
Porque queres dominar e controlar tudo? Porque te custa tanto caminhar quando o
sol não brilha em todo o seu esplendor?
A
alma tende instintivamente a procurar referências, sinais que lhe confirmem que
vai bem. O Senhor concede-no-las em muitas ocasiões, mas não cresceremos na
vida interior se nos deixamos obcecar pela necessidade de comprovar o nosso
progresso.
Talvez
tenhamos a experiência de que em momentos de inquietação, em que não possuímos
um juízo claro sobre a nossa retidão e nos deixamos arrastar pelo desejo de
procurar, a todo o custo, uma resposta, acabamos por atribuir a uma
circunstância trivial um valor de que objetivamente carece: um olhar sorridente
ou sério, um elogio ou uma correção, uma circunstância favorável ou um revés,
bastam para colorir, com o seu tom brilhante ou escuro, factos com os quais não
têm qualquer relação.
j. diéguez, 2011.12.20
Nota:
Revisão da tradução portuguesa por AMA.
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