
A
este respeito é sugestiva a definição de fé que nos é oferecida por aquela
deslumbrante homilia neo-testamentária que é a Carta aos Hebreus: «A fé é
garantia das coisas que se esperam e certeza daquelas que não se veem» (11,
1).
De
um lado está o confiar-se seguramente à revelação divina, à esperança que
cintila: não é por acaso que se fala de “fundamento”, de base em que se apoiar,
como sugere o próprio verbo hebraico do “crer”, que se tornou no nosso ámen,
que indica um “fundar-se” sobre a palavra e sobre a presença do Outro divino,
um procurar nele estabilidade e segurança numa relação interpessoal.
Por
outro lado a fé é “prova”, é como traduzia a Vulgata latina “argumentum” (...).
«A fé se não é pensada, argumentada, é nula», era, como vimos, a convicção de
Agostinho. E este grande Padre da Igreja e génio da humanidade é talvez – com
Tomás de Aquino – o exemplo mais alto do equilíbrio entre fé e razão. A força
extraordinária do seu pensamento, da sua intuição, da sua investigação conjugava-se
continuamente com a intensidade da sua fé, de tal maneira que muitas vezes os
seus textos são marcados por uma teologia orante: a sua análise é construída literáriamente como se fosse dirigida a um “Tu”, é uma constante interpelação,
é um apelo dirigido a Deus, objecto dessa procura.
armindo dos santos vaz, ocd, Semana de
Espiritualidade 2012, Avessadas, © SNPC | 11.10.12
Card.
gianfranco ravasi, Presidente do
Pontifício Conselho para a Cultura, In L'Osservatore Romano (26.7.2012), © SNPC
(trad.) | 11.10.12
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