Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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Evangelho: Jo 7, 25-53
25 Diziam então alguns de Jerusalém:
«Não é Este Aquele que procuram matar? 26 Eis que fala com toda a
liberdade e não Lhe dizem nada. Terão os chefes do povo verdadeiramente
reconhecido que Este é o Messias? 27 Nós, porém, sabemos donde Este
é; e o Messias, quando vier, ninguém saberá donde Ele seja». 28
Jesus, que ensinava no templo, exclamou: «Vós Me conheceis, e sabeis donde Eu
sou. Eu não vim de Mim mesmo, mas é verdadeiro Aquele que Me enviou, a Quem vós
não conheceis. 29 Mas Eu conheço-O, porque procedo d'Ele, e Ele Me
enviou». 30 Procuraram então prendê-l'O; mas ninguém Lhe lançou as
mãos, porque não tinha ainda chegado a Sua hora. 31 Muitos dentre a
multidão acreditaram n'Ele, e diziam: «Quando vier o Messias, fará maior número
de prodígios que os que Este fez?». 32 Os fariseus ouviram os
comentários que d'Ele fazia o povo; e os príncipes dos sacerdotes e os fariseus
enviaram guardas para O prenderem. 33 Jesus disse-lhes: «Ainda por
um pouco estou convosco, depois vou para Aquele que Me enviou. 34
Vós Me buscareis e não Me encontrareis; nem vós podeis vir para onde Eu estou».
35 Os judeus disseram, pois, entre si: «Para onde é que Ele irá que
não O encontraremos? Irá, porventura, para os que estão dispersos entre as
nações e pregará aos gentios? 36 Que quer dizer esta palavra que Ele
nos disse: Vós Me buscareis, e não Me encontrareis, e onde Eu estou vós não
podeis vir?». 37 No último dia, o mais solene da festa, estava Jesus
em pé, e em alta voz dizia: «Se alguém tem sede, venha a Mim e beba. 38
Quem acredita em Mim, como diz a Escritura, do seu seio correrão rios de água
viva». 39 Ora Ele dizia isto falando do Espírito que haviam de
receber os que cressem n'Ele; porque ainda não tinha sido dado o Espírito, por
não ter sido ainda glorificado Jesus. 40 Entretanto, alguns daquela
multidão, tendo ouvido estas palavras, diziam: «Este é verdadeiramente o
profeta». 41 Outros diziam: «Este é o Messias». Alguns, porém,
diziam: «Porventura é da Galileia que há-de vir o Messias? 42 Não
diz a Escritura: “Que o Messias há-de vir da descendência de David e da aldeia
de Belém, donde era David”?». 43 Houve, portanto, desacordo entre o
povo acerca d'Ele. 44 Alguns deles queriam prendê-l'O, mas nenhum
pôs as mãos sobre Ele.45 Voltaram, pois, os guardas para os
príncipes dos sacerdotes e fariseus, que lhes perguntaram: «Porque não O
trouxestes preso?». 46 Os guardas responderam: «Nunca homem algum
falou como Este homem». 47 Os fariseus replicaram: «Porventura,
também vós fostes seduzidos? 48 Houve, porventura, algum dentre os
chefes do povo ou dos fariseus que acreditasse n'Ele? 49 Quanto a
esta plebe, que não conhece a Lei, é maldita». 50 Nicodemos, que era
um deles, o que tinha ido de noite ter com Jesus, disse-lhes: 51 «A
nossa Lei condena, porventura, algum homem antes de o ouvir e antes de se
informar sobre o que ele fez?». 52 Responderam: «És tu também
galileu? Examina as Escrituras, e verás que da Galileia não sai nenhum
profeta». 53 E foi cada um para sua casa.
CARTA ENCÍCLICA
MEDIACTOR DEI
DO SUMO PONTÍFICE
PAPA PIO XII
AOS VENERÁVEIS IRMÃOS PATRIARCAS, PRIMAZES,
ARCEBISPOS E BISPOS
E OUTROS ORDINÁRIOS DO LUGAR
EM PAZ E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA
SOBRE A SAGRADA LITURGIA
INTRODUÇÃO
1.
"O mediador entre Deus e os homens", [1] o
grande pontífice que penetrou os céus, Jesus filho de Deus, [2]
assumindo a obra de misericórdia com a qual enriqueceu o género humano de
benefícios sobrenaturais, visou sem dúvida a restabelecer entre os homens e o
Criador aquela ordem que o pecado tinha perturbado e a reconduzir ao Pai
celeste, primeiro princípio e último fim, a mísera estirpe de Adão, infectada
pelo pecado original. E por isso, durante a sua permanência na terra, não só
anunciou o início da redenção e declarou inaugurado o reino de Deus, mas ainda
cuidou de promover a salvação das almas pelo contínuo exercício da pregação e
do sacrifício, até que, na cruz, se ofereceu a Deus qual vítima imaculada para
"purificar a nossa consciência das obras mortas, para servir a Deus
vivo". [3]
Assim, todos os homens, felizmente chamados do caminho que os arrastava à ruína
e à perdição, foram ordenados de novo a Deus, a fim de que, com sua pessoal
colaboração na obra da própria santificação, fruto do sangue imaculado do
Cordeiro, dessem a Deus a glória que lhe é devida.
2.
O Divino Redentor quis, ainda, que a vida sacerdotal por ele iniciada em seu
corpo mortal com as suas preces e o seu sacrifício, não cessasse no correr dos
séculos no seu corpo místico, que é a Igreja, e por isso instituiu um
sacerdócio visível para oferecer em toda parte a oblação pura, [4] a
fim de que todos os homens, do oriente ao ocidente, libertos do pecado, por
dever de consciência servissem espontânea e voluntariamente a Deus.
3.
A Igreja, pois, fiel ao mandacto recebido do seu Fundador, continua o ofício
sacerdotal de Jesus Cristo, sobretudo com a sagrada liturgia. E o faz em
primeiro lugar no altar, onde o sacrifício da cruz é perpetuamente representado
[5] e
renovado, com a só diferença no modo de oferecer, em seguida, com os
sacramentos, que são instrumentos particulares por meio dos quais os homens
participam da vida sobrenatural, enfim, com o tributo quotidiano de louvores
oferecido a Deus ótimo e máximo [6].
"Que jubiloso espetáculo – diz o nosso predecessor de feliz memória Pio XI
– oferece ao céu e à terra a Igreja que reza, enquanto continuamente dia e
noite, se cantam na terra os salmos escritos por inspiração divina: nenhuma
hora do dia transcorre sem a consagração de uma liturgia própria, cada etapa da
vida tem o seu lugar na acção de graças, nos louvores, preces e aspirações
desta comum oração do corpo místico de Cristo, que é a Igreja." [7]
4.
Certamente conheceis, veneráveis irmãos, que, no fim do século passado e nos
princípios do presente, houve singular fervor de estudos litúrgicos, já por
louvável iniciativa de alguns particulares, já sobretudo pela zelosa e assídua
diligência de vários mosteiros da ínclita ordem beneditina, assim que não
somente em muitas regiões da Europa, mas ainda nas terras de além-mar, se
desenvolveu a esse respeito uma louvável e útil emulação, cujas benéficas
consequências foram visíveis, quer no campo das disciplinas sagradas, onde os
ritos litúrgicos da Igreja oriental e ocidental foram mais ampla e profundamente
estudados e conhecidos, quer na vida espiritual e íntima de muitos cristãos. As
augustas cerimónias do sacrifício do altar foram mais conhecidas, compreendidas
e estimadas, a participação aos sacramentos maior e mais frequente, as orações
litúrgicas mais suavemente saboreadas e o culto eucarístico tido, como
verdadeiramente o é, por centro e fonte da verdadeira piedade cristã. Além
disso, pôs-se em mais clara evidência o facto de que todos os fiéis constituem
um só e compacto corpo de que é Cristo a cabeça, com o consequente dever para o
povo cristão de participar, segundo a própria condição, dos ritos litúrgicos.
5.
Sem dúvida, sabeis muito bem que esta Sé Apostólica sempre zelou para que o
povo a ela confiado fosse educado num verdadeiro e activo sentido litúrgico e
que, com zelo não menor se tem preocupado em que os sagrados ritos brilhem até
externamente por uma adequada dignidade. Nessa mesma ordem de ideias, falando,
segundo o costume, aos pregadores quaresmais desta nossa excelsa cidade, em 1943,
nós os havíamos calorosamente exortado a advertir os seus ouvintes que
participassem, com maior empenho, do sacrifício eucarístico, e recentemente
fizemos traduzir de novo em latim, do texto original, o livro dos Salmos para
que as preces litúrgicas, de que eles são a parte maior na Igreja católica,
fossem mais exactamente entendidas e a sua verdade e suavidade mais facilmente
percebidas. [8]
6.
Todavia, enquanto pelos salutares frutos que dele derivam, o apostolado
litúrgico nos é de não pequeno conforto, o nosso dever nos impõe seguir com
atenção esta "renovação" na maneira pela qual é concebida por alguns,
e cuidar diligentemente para que as iniciativas não se tornem excessivas nem
insuficientes.
7.
Ora, se de uma parte verificamos com pesar que em algumas regiões o sentido, o
conhecimento e o estudo da liturgia são às vezes escassos ou quase nulos, de
outra, notamos, com muita apreensão, que há algumas pessoas muito ávidas de
novidades e que se afastam do caminho da sã doutrina e da prudência. Na intenção
e desejo de um renovamento litúrgico, esses inserem muitas vezes princípios
que, em teoria ou na prática, comprometem esta santíssima causa, e
frequentemente até a contaminam de erros que atingem a fé católica e a doutrina
ascética.
8.
A pureza da fé e da moral deve ser a norma característica desta sagrada
disciplina, que deve necessariamente conformar-se ao sapientíssimo ensinamento
da Igreja. É, portanto, nosso dever louvar e aprovar tudo o que é bem feito,
conter ou reprovar tudo o que se desvia do verdadeiro e justo caminho.
9.
Não acreditem, pois, os inertes e os tíbios ter a nossa aprovação porque
repreendemos os que erram e contemos os audazes, nem os imprudentes se tenham
por louvados quando corrigimos os negligentes e os preguiçosos. Ainda que nesta
nossa encíclica tratemos sobretudo da liturgia latina, não é que tenhamos em
menor estima as venerandas liturgias da Igreja oriental, cujos ritos,
transmitidos por nobres e antigos documentos, nos são igualmente caríssimos,
mas visamos antes às condições particulares da Igreja ocidental, que são tais
que reclamam a intervenção da nossa autoridade.
10.
Ouçam, pois, todos os cristãos, com docilidade, a voz do Pai comum, o qual
deseja ardentemente que todos, a ele intimamente unidos, se aproximem do altar
de Deus, professando a mesma fé, obedecendo à mesma lei, participando do mesmo
sacrifício com uma só inteligência e uma só vontade. O respeito devido a Deus o
reclama, as necessidades dos tempos presentes o exigem. Após uma longa e cruel
guerra que dividiu os povos com rivalidades e morticínios, os homens de boa
vontade esforçam-se do melhor modo possível, em reconduzir todos à concórdia.
Acreditamos, todavia, que nenhum projecto e nenhuma iniciativa seja, neste
caso, tão eficaz quanto um fervoroso espírito religioso e zelo ardente, do qual
é necessário estejam animados e guiados todos os cristãos, a fim de que,
aceitando de coração aberto as mesmas verdades e obedecendo docilmente aos
legítimos pastores, no exercício do culto devido a Deus, constituam uma
comunidade fraterna, porquanto, "ainda que muitos, somos um só corpo,
participando todos do único pão. [9]
PRIMEIRA
PARTE
NATUREZA,
ORIGEM, PROGRESSO DA LITURGIA
I. A liturgia é culto
público
11.
O dever fundamental do homem é certamente este de orientar a si mesmo e a
própria vida para Deus. "A ele, com efeito, devemos principalmente
unir-nos como indefectível princípio, ao qual deve ainda constantemente
aplicar-se a nossa escolha como ao último fim, que perdemos pecando, mesmo por
negligência, e que devemos reconquistar pela fé, crendo nele". [10]
Ora, o homem volta-se ordinariamente para Deus quando lhe reconhece a suprema
majestade e o supremo magistério, quando aceita com submissão as verdades divinamente
reveladas, quando lhe observa religiosamente as leis, quando faz convergir para
ele toda a sua actividade, quando – para dizer resumidamente – presta, mediante
a virtude da religião, o devido culto ao único e verdadeiro Deus.
12.
Esse é um dever que obriga antes de tudo os homens individualmente, mas é ainda
um dever colectivo de toda a comunidade humana ordenada com recíprocos vínculos
sociais, porque também ela depende da suma autoridade de Deus.
13.
Note-se ainda que esse é um dever particular dos homens, porquanto Deus os
elevou à ordem sobrenatural. Assim, se consideramos Deus como autor da antiga
Lei, vemo-lo proclamar preceitos rituais e determinar acuradamente as normas
que o povo deve observar ao render-lhe o legítimo culto. Estabeleceu, para
isso, vários sacrifícios e designou várias cerimónias com que deviam
realizar-se e determinou claramente o que se referia à arca da aliança, ao
templo e aos dias festivos, designou a tribo sacerdotal e o sumo sacerdote,
indicou e descreveu as vestes para uso dos sagrados ministros e tudo o mais que
tinha relação com o culto divino. [11]
14.
Esse culto, aliás, não era mais do que a sombra [12]
daquele que o sumo sacerdote do Novo Testamento havia de render ao Pai celeste.
15.
De facto, apenas "o Verbo se fez carne", [13]
manifesta-se ao mundo no seu ofício sacerdotal, fazendo ao Pai Eterno um acto
de submissão que durará por todo o tempo de sua vida: "entrando no mundo,
diz... eis que venho... para fazer, ó Deus, a tua vontade...", [14]
um acto que será consumado de modo admirável no sacrifício cruento da cruz:
"Pelo poder desta vontade fomos santificados por meio da oblação do corpo
de Jesus Cristo feita uma só vez para sempre". [15]
Toda a sua actividade entre os homens não tem outro escopo. Menino, é
apresentando no templo ao Senhor, adolescente, ali volta ainda, em seguida ali
vai frequentemente para instruir o povo e para rezar. Antes de iniciar o
ministério público jejua durante quarenta dias, e com o seu conselho e o seu
exemplo exorta todos a rezarem de dia e de noite. Como mestre de verdade,
"ilumina todo homem" [16]
para que os mortais reconheçam convenientemente o Deus imortal, e não "se
afastem para sua perdição, mas guardem a fé para salvar a sua alma". [17]
Como Pastor, depois, ele governa o seu rebanho, conduzindo-o às pastagens da
vida, e dá uma lei a observar, para que ninguém se afaste dele e da recta via
que traçou, mas todos vivam santamente sob o seu influxo e a sua acção. Na
última ceia, com rito e aparacto solene, celebra a nova páscoa e provê a sua
continuação mediante a divina instituição da eucaristia, no dia seguinte,
elevado entre o céu e a terra, oferece o sacrifício salutar de sua vida, do seu
peito rasgado faz, de certo modo, jorrar os sacramentos que distribuem às almas
os tesouros da redenção. Fazendo isso, tem por único fim a glória do Pai e a
crescente santificação do homem.
16.
Entrando, depois, na sede da beatitude celeste, quer que o culto por ele
instituído e prestado durante a sua vida terrena continue ininterrupto. Já que
não deixou órfão o género humano, mas o assiste sempre com o seu contínuo e
valioso patrocínio, fazendo-se nosso advogado no céu junto do Pai, [18]
assim o ajuda mediante a sua Igreja, na qual está indefectívelmente presente no
correr dos séculos, Igreja que constituiu coluna da verdade [19] e
dispensadora de graça, e que, com o sacrifício da cruz, fundou, consagrou e
conformou eternamente. [20]
17.
A Igreja, portanto, tem em comum com o Verbo encarnado o escopo, o empenho e a
função de ensinar a todos a verdade, reger e governar os homens, oferecer a
Deus o sacrifício, aceitável e grato, e assim restabelecer entre o Criador e as
criaturas aquela união e harmonia que o apóstolo das gentes claramente indica
por estas palavras: "Não sois mais hóspedes ou adventícios, mas
concidadãos dos santos e membros da família de Deus, educados sobre o
fundamento dos apóstolos e dos profetas, com o próprio Jesus Cristo por pedra
angular, sobre a qual todo o edifício bem ordenado se levanta para ser um
templo santo no Senhor, e sobre ele vós sois também juntamente edificados em
morada de Deus, pelo Espírito". [21]
Por isso a sociedade fundada pelo divino Redentor não tem outro fim, seja com a
sua doutrina e o seu governo, seja com o sacrifício e os sacramentos por ele
instituídos, seja enfim com o ministério que lhe contou, com as suas orações e
o seu sangue, senão crescer e dilatar-se sempre mais – o que se dá quando
Cristo é edificado e dilatado nas almas dos mortais, e quando, vice-versa, as
almas dos mortais são educadas e dilatadas em Cristo, de maneira que, neste
exílio terreno prospere o templo no qual a divina majestade recebe o culto gracto
e legítimo. Em toda acção litúrgica, junto com a Igreja está presente o seu
divino Fundador: Cristo está presente no augusto sacrifício do altar, quer na
pessoa do seu ministro, quer por excelência, sob as espécies eucarísticas, está
presente nos sacramentos com a virtude que neles transfunde, para que sejam
instrumentos eficazes de santidade, está presente, enfim, nos louvores e
súplicas dirigidas a Deus, como vem escrito: "Onde estão duas ou três
pessoas reunidas em meu nome aí estou no meio delas". [22] A
sagrada liturgia é, portanto, o culto público que o nosso Redentor rende ao Pai
como cabeça da Igreja, e é o culto que a sociedade dos fiéis rende à sua
cabeça, e, por meio dela, ao Eterno Pai. É, em uma palavra, o culto integral do
corpo místico de Jesus Cristo, ou seja, da cabeça e de seus membros.
18.
A acção litúrgica inicia-se com a fundação da própria Igreja. Os primeiros
cristãos, com efeito, "eram assíduos aos ensinamentos dos apóstolos, e à
comum fracção do pão e à oração". [23]
Em toda a parte onde os pastores possam reunir um núcleo de fiéis, erigem um altar
sobre o qual oferecem o sacrifício, e em torno dele vêm dispostos outros ritos
adaptados à santificação dos homens e à glorificação de Deus. Entre esses ritos
estão, em primeiro lugar, os sacramentos, isto é, as sete principais fontes de
salvação, depois, está a celebração do louvor divino, com o qual os féis
reunidos obedecem à exortação do Apóstolo: "Instruindo-vos e exortando-vos
uns aos outros com toda a sabedoria, cantando a Deus em vosso coração,
inspirados pela graça, salmos, hinos e cânticos espirituais", [24]
depois, ainda, a leitura da Lei, dos Profetas, do Evangelho e das epístolas
apostólicas, e, enfim, a prática com a qual o presidente da assembleia recorda
e comenta utilmente os preceitos do divino Mestre, os acontecimentos principais
de sua vida, e admoesta todos os presentes com exortações oportunas e exemplos.
19.
O culto organiza-se e desenvolve-se segundo as circunstâncias e as necessidades
dos cristãos, se enriquece de novos ritos, cerimónias e fórmulas, sempre com o
mesmo intento: "a fim de que sejamos estimulados por aqueles sinais...
conheçamos o progresso realizado e nos sintamos solicitados a desenvolvê-lo com
maior vigor, o efeito, de facto, é mais digno, se mais ardente é o afecto que o
precede". [25]
Assim a alma eleva-se a Deus mais e melhor, assim o sacerdócio de Jesus Cristo
está sempre em acto na sucessão dos tempos, não sendo a liturgia outra coisa
que o exercício desse sacerdócio. Como a sua cabeça divina, assim a Igreja
assiste continuamente os seus filhos, ajuda-os e exorta-os à santidade, para
que, ornados com essa dignidade sobrenatural, possam um dia voltar ao Pai que
está nos céus. Ela restaura para a vida celeste os nascidos à vida terrena,
dá-lhes a ajuda do Espírito Santo na luta contra o inimigo implacável, chama os
cristãos em torno dos altares e, com insistentes convites, exorta-os a celebrar
e tomar parte no sacrifício eucarístico, e nutre-os com o pão dos anjos, para
que sejam sempre mais firmes, purifica e consola aqueles que o pecado feriu e
maculou, consagra com rito legítimo aqueles que, por vocação divina, são
chamados ao ministério sacerdotal, revigora com graças e dons divinos o casto
conúbio daqueles que são destinados a fundar e constituir a família cristã, depois
de ter confortado e restaurado com o viático eucarístico e a sagrada unção as
últimas horas da vida terrena, acompanha ao túmulo com suma piedade os despojos
dos seus filhos, dispondo-os religiosamente, protegendo-os ao abrigo da cruz,
para que possam um dia ressurgir triunfando da morte, abençoa com particular
solenidade quantos dedicam a sua vida ao serviço divino na consecução da
perfeição religiosa, estende a sua mão caridosa às almas que, nas chamas da purificação,
imploram preces e sufrágios, para conduzi-las finalmente à eterna beatitude.
Nota:
Revisão da tradução portuguesa por ama.
[7] Carta. Encicl,
Caritate Christi de 3 de Maio do ano 1932.
[8] Cf. Carta. Ap., Motu
Proprio In cotidianis precibus do dia 24 de Março do ano 1945.
[11] Cf.
Levítico.
[12] Cf. Hb 10,1.
[13] Jo 1,14.
[19] Cf. 1 Tm 3,15.
[20] Cf. Bonif. IX, Ab
origine mundi, do dia 7 de Outubro do ano 1391, Callist. III, Summus Pontifex,
de 1 de Janeiro do ano 1456, Pius II, Triumphans Pastor, de 22 de Abril de
1459, Innoc. XI, Triumphans Pastor, de 3 de Outubro do ano 1678.
[21] Ef 2,19-22.
[22] Mt 18,20.
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