Questão
113: Da guarda dos bons
anjos.
Art. 3 — Se guardar os homens pertence só à ínfima ordem dos anjos.
(II Sent., dist. XI, part. I,
a. 2, III Cont. Gent., cap. LXXX).
O
terceiro discute-se assim. — Parece que guardar os homens não pertence só à
ínfima ordem dos anjos.
1. — Pois, como diz Crisóstomo, o passo de Mateus — os seus anjos nos céus — entende-se, não de quaisquer anjos, mas dos supremos. Logo, estes guardam os homens.
2.
Demais. — O Apóstolo diz, que os anjos são enviados para exercer o seu
ministério a favor daqueles que hão-de receber a herança da salvação, donde
resulta, que a missão dos anjos se ordena à guarda dos homens. Ora, são
enviadas cinco ordens para ministério externo, como já se disse. Logo, todos os
anjos das cinco ordens são delegados à guarda dos homens.
3.
Demais. — Para a guarda dos homens é preciso sobretudo afastar os demónios, o
que pertence às Potestades, segundo Gregório, e fazer milagres, o que pertence
às Virtudes. Logo, também estas ordens, e não só as ínfimas, são delegadas para
a guarda.
Mas,
em contrário, a guarda dos homens é atribuída aos Anjos da ordem ínfima,
segundo Dionísio.
Como já se disse, a guarda exerce-se de dois modos, em relação ao homem. —
Uma é a guarda, pela qual a cada homem é delegado um anjo da guarda. E esta
guarda pertence à ordem ínfima dos anjos, que devem, segundo Gregório, anunciar
as coisas mínimas, ora, o que é mínimo, nas funções dos anjos, é buscar o que
leva cada homem à salvação. — Outra porém é a guarda universal, e esta se
multiplica pelas diversas ordens, pois quanto mais universal for o agente tanto
mais superior será. Assim, a guarda da multidão humana pertence à ordem dos
Principados, ou talvez à dos Arcanjos, chamados príncipes dos anjos, sendo por
isso Miguel, a que chamamos Arcanjo, considerado um dos primeiros príncipes.
Depois as Virtudes exercem guarda sobre todas as naturezas corpóreas. Em
seguida, também sobre os demónios exercem guarda as Potestades. E por fim,
ulteriormente, sobre os bons espíritos, as Dominações, ou Principados, segundo
Gregório.
DONDE
A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — As palavras de Crisóstomo podem ser
entendidas como referentes aos mais elevados, na ordem ínfima dos anjos,
porque, como Dionísio diz, em qualquer ordem há primeiros, médios e últimos.
Ora, é provável que os anjos maiores são delegados para a guarda dos que foram
escolhidos por Deus para maior grau de glória.
RESPOSTA
À SEGUNDA. — Nem todos os anjos enviados exercem guarda especial sobre cada
homem, mas, certas ordens têm guarda mais universal, maior ou menor, como se
disse.
RESPOSTA
À TERCEIRA. — Mesmo os anjos inferiores exercem os ofícios dos superiores,
enquanto em algo lhes participam dos dons deles, e estão para estes como
executores da sua virtude. E deste modo, também todos os anjos da ínfima ordem
podem, tanto afastar os demónios como fazer milagres.
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