05/11/2012

Tratado sobre a conservação e o governo das coisas 44


Questão 113: Da guarda dos bons anjos.


Art. 3 — Se guardar os homens pertence só à ínfima ordem dos anjos.



(II Sent., dist. XI, part. I, a. 2, III Cont. Gent., cap. LXXX).

O terceiro discute-se assim. — Parece que guardar os homens não pertence só à ínfima ordem dos anjos.


1. — Pois, como diz Crisóstomo, o passo de Mateus — os seus anjos nos céus — entende-se, não de quaisquer anjos, mas dos supremos. Logo, estes guardam os homens.

2. Demais. — O Apóstolo diz, que os anjos são enviados para exercer o seu ministério a favor daqueles que hão-de receber a herança da salvação, donde resulta, que a missão dos anjos se ordena à guarda dos homens. Ora, são enviadas cinco ordens para ministério externo, como já se disse. Logo, todos os anjos das cinco ordens são delegados à guarda dos homens.

3. Demais. — Para a guarda dos homens é preciso sobretudo afastar os demónios, o que pertence às Potestades, segundo Gregório, e fazer milagres, o que pertence às Virtudes. Logo, também estas ordens, e não só as ínfimas, são delegadas para a guarda.

Mas, em contrário, a guarda dos homens é atribuída aos Anjos da ordem ínfima, segundo Dionísio.

Como já se disse, a guarda exerce-se de dois modos, em relação ao homem. — Uma é a guarda, pela qual a cada homem é delegado um anjo da guarda. E esta guarda pertence à ordem ínfima dos anjos, que devem, segundo Gregório, anunciar as coisas mínimas, ora, o que é mínimo, nas funções dos anjos, é buscar o que leva cada homem à salvação. — Outra porém é a guarda universal, e esta se multiplica pelas diversas ordens, pois quanto mais universal for o agente tanto mais superior será. Assim, a guarda da multidão humana pertence à ordem dos Principados, ou talvez à dos Arcanjos, chamados príncipes dos anjos, sendo por isso Miguel, a que chamamos Arcanjo, considerado um dos primeiros príncipes. Depois as Virtudes exercem guarda sobre todas as naturezas corpóreas. Em seguida, também sobre os demónios exercem guarda as Potestades. E por fim, ulteriormente, sobre os bons espíritos, as Dominações, ou Principados, segundo Gregório.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — As palavras de Crisóstomo podem ser entendidas como referentes aos mais elevados, na ordem ínfima dos anjos, porque, como Dionísio diz, em qualquer ordem há primeiros, médios e últimos. Ora, é provável que os anjos maiores são delegados para a guarda dos que foram escolhidos por Deus para maior grau de glória.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Nem todos os anjos enviados exercem guarda especial sobre cada homem, mas, certas ordens têm guarda mais universal, maior ou menor, como se disse.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Mesmo os anjos inferiores exercem os ofícios dos superiores, enquanto em algo lhes participam dos dons deles, e estão para estes como executores da sua virtude. E deste modo, também todos os anjos da ínfima ordem podem, tanto afastar os demónios como fazer milagres.

Nota: Revisão da tradução portuguesa por ama

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