
Questão 113: Da guarda dos bons anjos.
Art. 7 — Se os anjos se contristam com os males dos que guardam.
(II Sent., dist., XI, part. I,
a. 5).
O
sétimo discute-se assim. — Parece que os anjos se contristam com os males dos
que guardam.
1. — Pois, diz a Escritura: Os anjos da paz chorarão amargamente. Ora, o pranto é sinal de dor e de tristeza. Logo, os anjos se contristam com os males dos homens que guardam.
2.
Demais. — Como diz Agostinho, a tristeza provém do que nos acontece contra a
nossa vontade. Ora, a perdição de um homem é contra a vontade do seu anjo da
guarda. Logo, os anjos se contristam com a perdição dos homens.
3.
Demais. — Como a tristeza é contrária à alegria, assim o pecado, à penitência.
Ora, os anjos se alegram com o pecador penitente, como se lê no Evangelho.
Logo, se contristam quando o justo cai em pecado.
4.
Demais. — Ao passo da Escritura — E tudo quanto oferecem como primícias, diz a
Glossa de Orígenes: Os anjos são levados a juízo, porque caíram, quer por
negligência deles, quer por ignávia dos homens. Mas é racional que a gente
sofra por causa dos males pelos quais é levado a juízo. Logo, os anjos se
condoem com os pecados dos homens.
Mas,
em contrário. — Onde há tristeza e dor não há perfeita felicidade, por isso,
diz o Apocalipse: E não haverá mais morte, nem luto, nem clamor, nem mais dor.
Ora, os anjos são perfeitamente felizes. Logo, de nada se condoem.
DONDE
A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — As palavras citadas de Isaías podem-se
entender como referentes aos anjos anunciadores de Ezequías, que choraram,
conforme o sentido literal, por causa das palavras de Rapsaco, de que se trata
no mesmo livro. Pelo sentido alegórico porém, os anjos são apóstolos e
pregadores da paz, que choram sobre os pecados dos homens. Se porém, pelo
sentido anagógico, o passo se refere aos anjos bons, então o modo de falar é
metafórico, para significar que eles querem, em universal, a salvacção dos
homens. Pois, é assim que tais paixões se atribuem a Deus e aos anjos.
RESPOSTA
À SEGUNDA. — Resulta clara a solução do que acaba de ser dito.
RESPOSTA
À TERCEIRA. — Tanto na penitência como no pecado dos homens, há razão para
alegria dos anjos, que é o implemento da ordem da divina providência.
RESPOSTA
À QUARTA. — Os anjos são levados a juízo, por causa dos pecados dos homens, não
como réus, mas como testemunhas, para convencer os homens da ignávia própria.
Nota:
Revisão da tradução portuguesa por ama
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