CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ
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Introdução
Depois do
Concílio, a Igreja empenhou-se na assimilação (receptio) e na aplicação do seu
rico ensinamento, em continuidade com toda a Tradição, sob a guia segura do
Magistério. A fim de favorecer a correcta assimilação do Concílio, os Sumos
Pontífices convocaram amiúde o Sínodo dos Bispos [i] instituído
pelo Servo de Deus Paulo VI em 1965, propondo à Igreja orientações claras por
meio das diversas Exortações apostólicas pós-sinodais. A próxima Assembleia
Geral do Sínodo dos Bispos, no mês de Outubro de 2012, terá como tema: A nova
evangelização para a transmissão da fé cristã.
Desde o
começo do seu pontificado, o Papa Bento XVI empenhou-se de maneira decisiva por
uma correcta compreensão do Concílio, rejeitando como errónea a assim chamada
"hermenêutica da descontinuidade e da ruptura" e promovendo aquele
que ele mesmo chamou "’hermenêutica da reforma’", da renovação na
continuidade do único sujeito-Igreja, que o Senhor nos concedeu; é um sujeito
que cresce no tempo e se desenvolve, permanecendo porém sempre o mesmo, único
sujeito do Povo de Deus a caminho" [ii].
O Catecismo
da Igreja Católica, pondo-se nesta linha, é, por um lado, "verdadeiro
fruto do Concílio Vaticano II" [iii], e por
outro pretende favorecer a sua assimilação. O Sínodo Extraordinário dos Bispos
de 1985, convocado por ocasião do vigésimo aniversário da conclusão do Concílio
Vaticano II e para efectuar um balanço da sua assimilação, sugeriu que fosse
preparado este Catecismo a fim de oferecer ao Povo de Deus um compêndio de toda
a doutrina católica e um texto de referência segura para os catecismos locais.
O Papa João Paulo II acolheu a proposta como desejo "de responder
plenamente a uma necessidade verdadeira da Igreja Universal e das Igrejas
particulares" [iv]. Redigido
em colaboração com todo o Episcopado da Igreja Católica, este Catecismo
"exprime verdadeiramente aquela a que se pode chamar a ‘sinfonia da
fé’" [v].
O Catecismo
compreende "coisas novas e velhas (cf. Mt 13,52), porque a fé é
sempre a mesma e simultaneamente é fonte de luzes sempre novas. Para responder
a esta dupla exigência, o ‘Catecismo da Igreja Católica’ por um lado retoma a
‘antiga’ ordem, a tradicional, já seguida pelo Catecismo de São Pio V, articulando
o conteúdo em quatro partes: o Credo; a sagrada Liturgia, com os sacramentos em
primeiro plano; o agir cristão, exposto a partir dos mandamentos; e por fim a
oração cristã. Mas, ao mesmo tempo, o conteúdo é com frequência expresso de um
modo ‘novo’, para responder às interrogações da nossa época" [vi]. Este
Catecismo é "um instrumento válido e legítimo a serviço da comunhão
eclesial e como uma norma segura para o ensino da fé." [vii]. Nele os
conteúdos da fé encontram "a sua síntese sistemática e orgânica. Nele, de
facto, sobressai a riqueza de doutrina que a Igreja acolheu, guardou e ofereceu
durante os seus dois mil anos de história. Desde a Sagrada Escritura aos Padres
da Igreja, desde os Mestres de teologia aos Santos que atravessaram os séculos,
o Catecismo oferece uma memória permanente dos inúmeros modos em que a Igreja
meditou sobre a fé e progrediu na doutrina para dar certeza aos crentes na sua
vida de fé." [viii].
Nota: Revisão da tradução portuguesa por ama.
[i]
As assembleias
Ordinárias do Sínodo
dos Bispos
trataram os seguintes temas: A preservação e o fortalecimento da fé
católica, a sua integridade, o seu vigor, o seu desenvolvimento, a sua coerência
doutrinal e histórica (1967), O sacerdócio ministerial e a justiça no
mundo (1971), A evangelização no mundo moderno (1974), A
catequese no nosso tempo (1977), A família cristã (1980), A
penitência e a reconciliação na missão da Igreja (1983), A vocação e a
missão dos leigos na Igreja e no mundo (1987), A formação dos sacerdotes
nas circunstâncias atuais (1991), A vida consagrada e a sua missão na
Igreja e no mundo (1994), O Bispo: servidor do Evangelho de Jesus Cristo
para a esperança do mundo (2001), A Eucaristia: fonte e ápice da vida e
da missão da Igreja (2005), A Palavra de Deus na vida e na missão da
Igreja (2008).
[iv]
João Paulo II,
Discurso de conclusão da II Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos,
7 de dezembro de 1985, n. 6. O próprio Sumo Pontífice, na fase inicial do mesmo
Sínodo, durante o Ângelus de 24 de novembro de 1985, dizia: “A fé é o princípio
fundamental, é o cardo, o critério essencial da renovação querida pelo
Concílio. Da fé deriva a norma, o estilo de vida, a orientação prática em
qualquer circunstância”.
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