Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
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Evangelho: Jo 3, 22-36
22 Depois disto, foi Jesus com os Seus
discípulos para a terra da Judeia. Convivia com eles e baptizava. 23
João estava também a baptizar em Enon, junto a Salim, porque havia ali muita
água e o povo concorria para ser baptizado. 24 João ainda não tinha
sido metido na prisão. 25 Levantou-se uma questão entre os
discípulos de João e um judeu acerca da purificação. 26 Foram ter
com João e disseram-lhe: «Mestre, O que estava contigo além Jordão, de Quem tu
deste testemunho, ei-l'O que está a baptizar e todos vão a Ele». 27
João respondeu: «O homem não pode receber coisa alguma se lhe não for dada do
céu. 28 Vós próprios sois testemunhas de que vos disse: Eu não sou o
Cristo, mas fui enviado diante d'Ele. 29 O que tem a esposa é o
esposo, mas o amigo do esposo, que está ao lado e o ouve, enche-se de gozo com
a voz do esposo. Esta é a minha alegria e ela é perfeita. 30 Convém
que Ele cresça e eu diminua. 31 «Aquele que vem lá de cima é
superior a todos. Aquele que vem da terra, é da terra, e terrestre é a sua
linguagem. Aquele que vem do céu, é superior a todos. 32 Ele
testifica o que viu e ouviu, mas ninguém recebe o Seu testemunho. 33
Quem recebe o Seu testemunho certifica que Deus é verdadeiro. 34
Aquele a Quem Deus enviou fala palavras de Deus, porque Deus não Lhe dá o
Espírito por medida. 35 O Pai ama o Filho e pôs todas as coisas na
Sua mão. 36 Quem acredita no Filho tem a vida eterna; quem, porém,
não acredita no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele».
CARTA
ENCÍCLICA
PACEM IN TERRIS
DO
SUMO PONTÍFICE PAPA JOÃO XXIII
AOS
VENERÁVEIS IRMÃOS PATRIARCAS, PRIMAZES,
ARCEBISPOS,
BISPOS E OUTROS ORDINÁRIOS DO LUGAR
EM
PAZ E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA
AO
CLERO E FIÉIS DE TODO O ORBE,
BEM
COMO A TODAS AS PESSOAS DE BOA VONTADE
A
PAZ DE TODOS OS POVOS NA BASE DA VERDADE,
JUSTIÇA,
CARIDADE E LIBERDADE
IIIª
PARTE
RELAÇÕES
DAS COMUNIDADES POLÍTICAS
…/4
Equilíbrio entre
população, terra e capitais
101.
É sabido de todos que em algumas regiões subsiste a desproporção entre a
extensão de terra cultivável e o número de habitantes, em outras, entre
riquezas do solo e capitais disponíveis. Impõe-se, pois, a colaboração dos
povos, com o fim de facilitar a circulação de recursos, capitais e mão-de-obra.
102.
Cremos sobremaneira oportuno observar a este respeito que, na medida do
possível, seja o capital que procure a mão-de-obra, e não a mão-de-obra o
capital. Assim se permitirá a tantas pessoas melhorar a própria situação, sem
ter que abandonar com tamanha saudade a pátria, para transplantar-se a outras
plagas, reajustar-se a uma nova situação e criar-se um novo ambiente social.
Problema dos refugiados
políticos
103.
O sentimento de universal paternidade que o Senhor acendeu no nosso coração
leva-nos a sentir profunda amargura ao contemplar o fenómeno dos refugiados
políticos, fenómeno que assumiu, em nossos dias, amplas proporções e que oculta
sempre inúmeros e lancinantes sofrimentos.
104.
Ele evidência como os chefes de algumas nações restringem em demasiado os
limites de uma justa liberdade que permita aos cidadãos respirar um clima
humano. Muito ao contrário, em tais regimes acontece que se ponha em dúvida o
próprio direito de liberdade, ou até que este se veja inteiramente sufocado.
Nessas condições mina-se radicalmente a recta ordem da convivência humana, pois
o poder público, pela sua própria natureza, diz respeito à tutela do bem comum,
e o seu dever principal é o de reconhecer os justos limites da liberdade e
salvaguardar os seus direitos.
105.
Não é supérfluo recordar que os refugiados políticos são pessoas e que se lhes
devem reconhecer os direitos de pessoa. Tais direitos não desaparecem com o facto
de terem eles perdido a cidadania do seu país.
106.
Entre os direitos inerentes à pessoa, figura o de inserir-se na comunidade
política, onde espera ser-lhe mais fácil reconstruir um futuro para si e para a
própria família. Por conseguinte, incumbe aos respectivos poderes públicos o
dever de acolher esses estranhos e, nos limites consentidos pelo bem da própria
comunidade rectamente entendido, o de lhes favorecer a integração na nova
sociedade em que manifestem o propósito de inserir-se.
107.
Aprovamos, pois, e louvamos publicamente, nesta oportunidade, todas aquelas
iniciativas que, sob o impulso da solidariedade fraterna e da caridade cristã,
se empenham em lenir a dor de quem se vê constrangido a arrancar-se de seu
torrão natal em demanda de outras terras.
108.
Nem podemos eximir-nos de propor à consideração de todos os homens sensatos
aquelas instituições internacionais que se preocupam com questão de tamanha
gravidade.
Desarmamento
109.
É-nos igualmente doloroso constatar como em estados economicamente mais
desenvolvidos se fabricaram e ainda se fabricam gigantescos armamentos.
Gastam-se nisso somas enormes de recursos materiais e energias espirituais.
Impõem-se sacrifícios nada leves aos cidadãos dos respectivos países, enquanto
outras nações carecem da ajuda indispensável ao próprio desenvolvimento económico
e social.
Psicose de medo e corrida
aos armamentos
110.
Costuma justificar-se essa corrida ao armamento aduzindo o motivo de que, nas
circunstâncias actuais, não se assegura a paz senão com o equilíbrio de forças:
se uma comunidade política se arma, faz com que também outras comunidades
políticas porfiem em aumentar o próprio armamento. E, se uma comunidade
política produz armas atómicas dá motivo a que outras nações se empenhem em
preparar semelhantes armas, com igual poder destrutivo.
111.
O resultado é que os povos vivem em terror permanente, como sob a ameaça de uma
tempestade que pode rebentar a cada momento em avassaladora destruição. Já que
as armas existem e, se parece difícil que haja pessoas capazes de assumir a
responsabilidade das mortes e incomensuráveis destruições que a guerra
provocaria, não é impossível que um facto imprevisível e incontrolável possa
inesperadamente atear esse incêndio. Além disso, ainda que o imenso poder dos
armamentos militares afaste hoje os homens da guerra, entretanto, a não
cessarem as experiências levadas a cabo com fins militares, podem as mesmas pôr
em grave perigo boa parte da vida sobre a terra.
112.
Eis por que a justiça, a recta razão e o sentido da dignidade humana
terminantemente exigem que se pare com essa corrida ao poderio militar, que o
material de guerra, instalado em várias nações, se vá reduzindo duma parte e
doutra, simultaneamente, que sejam banidas as armas atómicas; e, finalmente,
que se chegue a um acordo para a gradual diminuição dos armamentos, na base de
garantias mútuas e eficazes. Já Pio XII nosso predecessor, de feliz memória,
admoestou: "A todo custo se deverá evitar que pela terceira vez desabe
sobre a humanidade a desgraça de uma guerra mundial, com suas imensas
catástrofes económicas e sociais e com as suas muitas depravações e
perturbações morais". [2]
113.
Todos devem estar convencidos de que nem a renúncia à competição militar, nem a
redução dos armamentos, nem a sua completa eliminação, que seria o principal,
de modo nenhum se pode levar a efeito tudo isto, se não se proceder a um
desarmamento integral, que atinja o próprio espírito, isto é, se não
trabalharem todos em concórdia e sinceridade, para afastar o medo e a psicose
de uma possível guerra. Mas isto requer que, em vez do critério de equilíbrio
em armamentos que hoje mantém a paz, se abrace o princípio, segundo o qual, a
verdadeira paz entre os povos não se baseia em tal equilíbrio, mas sim e
exclusivamente na confiança mútua. Nós pensamos que se trata de um objectivo
possível, por se tratar de causa que não só se impõe pelos princípios da recta
razão, mas que é sumamente desejável e fecunda de preciosos resultados.
114.
Antes de mais, trata-se de um objetivo imposto pela razão. De facto, como todos
sabem, ou pelo menos deviam saber, as mútuas relações internacionais, do mesmo
modo que as relações entre os indivíduos, devem disciplinar-se não pelo recurso
à força das armas, mas sim pela norma da recta razão, isto é, na base da
verdade, da justiça e de uma activa solidariedade.
115.
Em segundo lugar, afirmamos que tal objectivo é muito para desejar. Pois quem
não almeja ardentemente que se afastem todos os perigos de guerra, que se
mantenha firme a paz e se resguarde com protecções cada vez mais seguras?
116.
Finalmente, trata-se de um objetivo que só pode trazer bons frutos, porque as
suas vantagens se farão sentir a todos: aos indivíduos, às famílias, aos povos
e a toda a comunidade humana. A este propósito ecoa ainda e vibra em nossos
ouvidos este aviso sonoro do nosso predecessor Pio XII. "Nada se perde com
a paz, mas tudo pode ser perdido com a guerra". [3]
117.
Por isso, nós, que somos na terra o Vigário de Jesus Cristo, Salvador do mundo
e autor da paz, interpretando os vivos anseios de toda a família humana,
movidos pelo amor paterno para com todos os homens, julgamos dever do nosso
ofício pedir encarecidamente a todos, e sobretudo aos chefes das nações, que
não poupem esforços, enquanto o curso dos acontecimentos humanos não for
conforme à razão e à dignidade do homem.
118.
Que nas assembleias mais qualificadas por prudência e autoridade se investigue
a fundo qual a melhor maneira de se chegar a maior harmonia das comunidades
politicas no plano mundial; harmonia, repetimos, que se baseia na confiança
mútua, na sinceridade dos tratados e na fidelidade aos compromissos assumidos.
Examinem de tal maneira todos os aspectos do problema para encontrarem o nó da
questão, a partir do qual possam abrir caminho a um entendimento leal,
duradouro e fecundo.
119.
De nossa parte, não cessaremos de elevar a Deus a nossa súplica, para que
abençoe com suas graças esses trabalhos e os faça frutificar.
Na liberdade
120.
Acrescente-se que as relações mútuas entre as comunidades políticas se devem
reger pelo critério da liberdade. Isto quer dizer que nenhuma nação tem o
direito de exercer qualquer opressão injusta sobre outras, nem de interferir
indevidamente nos seus negócios. Todas, pelo contrário, devem contribuir para
desenvolver entre si o senso de responsabilidade, o espírito de iniciativa, e o
empenho em tornar-se protagonistas do próprio desenvolvimento em todos os
campos.
Ascensão das comunidades
políticas em fase de desenvolvimento económico
121.
Todos os seres humanos estão vinculados entre si pela comunhão na mesma origem,
na mesma redenção por Cristo e no mesmo destino sobrenatural, sendo deste modo
chamados a formar uma única família cristã. Por isso na Encíclica Mater et Magistra exortamos as nações economicamente mais
desenvolvidas a auxiliarem por todos os meios as outras nações em vias de
desenvolvimento económico. [4]
122.
Podemos constatar agora, com grande satisfação, que o nosso apelo foi
largamente acolhido, e esperamos que, no futuro, continue a sê-lo ainda mais
amplamente, afim de que as nações mais pobres alcancem o mais depressa possível
um grau de desenvolvimento económico que proporcione a todos os cidadãos um
nível de vida mais consentâneo com a sua dignidade de pessoas.
Nunca
se insistirá demasiado na necessidade de actuar a referida cooperação de tal
maneira que esses povos conservem incólume a liberdade própria e sintam que,
nesse desenvolvimento económico e social, são eles quem desempenha o papel
preponderante e sobre quem recai a principal responsabilidade.
123.
Já o nosso predecessor, de feliz memória, Pio XII, proclamava que "uma
nova ordem baseada nos princípios morais exclui em absoluto que sejam lesadas a
liberdade, a integridade e segurança das outras nações, sejam quais forem a sua
extensão territorial e capacidade de defesa. Se é inevitável que as grandes
nações, dadas as suas maiores possibilidades e superior potência, tracem o
roteiro de colaboração económica com as mais pequenas e fracas, de modo nenhum
se pode negar a estas nações menores, em pé de igualdade com as outras, e para
o bem comum de todas, o direito à autonomia politica e à neutralidade nas
contendas entre as nações, de que se podem valer, segundo as leis do direito
natural e internacional. Outro direito que possuem estas nações mais pequenas,
é a tutela do seu desenvolvimento económico. Só desta maneira poderão realizar
adequadamente o bem comum, o bem-estar material e espiritual do próprio
povo". [5]
124.
As nações economicamente desenvolvidas que, de qualquer modo, auxiliam as mais
pobres, devem portanto respeitar ao máximo as características de cada povo e as
suas ancestrais tradições sociais, abstendo-se cuidadosamente de qualquer
pretensão de domínio. Se assim procederem, "dar-se-á uma contribuição
preciosa para a formação de uma comunidade mundial dos povos, na qual todos os
membros sejam conscientes dos seus direitos e dos seus deveres e trabalhem em
igualdade de condições para a realização do bem comum universal". [6]
Sinais dos tempos
125.
Difunde-se cada vez mais entre os homens de nosso tempo a persuasão de que as
eventuais controvérsias entre os povos devem ser dirimidas com negociações e
não com armas.
126.
Bem sabemos que esta persuasão está geralmente relacionada com o terrível poder
de destruição das armas modernas e é alimentada pelo temor das calamidades e
das ruínas desastrosas que estas armas podem acarretar. Por isso, não é mais
possível pensar que nesta nossa era atómica a guerra seja um meio apto para
ressarcir direitos violados.
127.
Infelizmente, porém, reina muitas vezes entre os povos a lei do temor, que os
induz a despender em armamentos fabulosas somas de dinheiro, não com o intento
de agredir, como dizem – e não há motivo para não acreditarmos – mas para conjurar
eventuais perigos de agressão.
128.
Contudo, é lícito esperar que os homens, por meio de encontros e negociações,
venham a conhecer melhor os laços comuns da natureza que os unem e assim possam
compreender a beleza de uma das mais profundas exigências da natureza humana, a
de que reine entre eles e seus respectivos povos não o temor, mas o amor, um
amor que antes de tudo leve os homens a uma colaboração leal, multiforme,
portadora de inúmeros bens.
IVª
PARTE
RELAÇÕES
ENTRE OS SERES HUMANOS
E
AS COMUNIDADES POLÍTICAS COM A COMUNIDADE MUNDIAL
Interdependência entre as
comunidades políticas
129.
Os recentes progressos das ciências e das técnicas incidem profundamente na
mentalidade humana, solicitando por toda parte as pessoas a progressiva colaboração
mútua e a convivência unitária de alcance mundial. Com efeito, intensificou-se
enormemente hoje o intercâmbio de ideias, de pessoas e de coisas. Tornaram-se
daí muito mais vastas e frequentes as relações entre cidadãos, famílias e
organismos intermédios, pertencentes a diversas comunidades políticas, bem como
entre os poderes públicos das mesmas. Ao mesmo tempo, cresce a interdependência
entre as economias nacionais. Estas entrosam-se gradualmente umas nas outras,
quase como partes integrantes de uma única economia mundial. O progresso
social, a ordem, a segurança e a paz em cada comunidade política estão em relação
vital com o progresso social, com a ordem, com a segurança e com a paz de todas
as demais comunidades políticas.
130.
Deste modo, nenhuma comunidade política se encontra hoje em condições de zelar
convenientemente por seus próprios interesses e de se desenvolver
suficientemente, fechando-se em si mesma. Porquanto, o nível de sua
prosperidade e de seu desenvolvimento é um reflexo e uma componente do nível de
prosperidade e desenvolvimento das outras comunidades políticas.
Nota:
Revisão da tradução portuguesa por ama
[1] Cf. João XXIII,
Carta Encicl. Mater et Magistra, AAS 53 (1961), p. 439.
[2] Cf. Mensagem radiofónica,
da vigília do Natal de 1941, AAS 34 (1942), p. 17; et Bento XV, Adhortatio ad
moderatores populorum belligerantium, do dia l de Agosto de 1917, p. 418.
[3] Cf. Mensagem radiofónica,
da vigília do Natal de 1939, p. 334.
[4] AAS 53(1961), pp.
440-441.
[5] Cf. Pio XII,
Mensagem radiofónica, da vigília do Natal de 1941, AAS 34 (1942), pp. l6-17.
[6] João XXIII, Carta
Encicl. Mater et Magistra, AAS 53 (1961), p, 443.
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