A
luta ascética da alma humana se desenvolve-se sempre no plano natural, sem
prejuízo que o lutador asceta, utilize na sua luta as graças divinas que o
Senhor sempre lhe proporciona e sem as quais a sua luta seria estéril. Pelo contrário
a mística pertence ao plano sobrenatural, o homem não há-de fazer nada senão
aceitar o dom que Deus lhe outorga. Da luta ascética é própria a oração e a
meditação, ao místico é-lhe própria a contemplação. A ascética depende de nós
próprios, a mística não depende de nós, podemos desejá-la, se é que nos
julgamos dignos dela, ainda não julgue que haja místico que se julgue digno
dela, mas é um dom uma oferta do Senhor e face a Ele nenhum de nós merece nada.
Essa frase tão de moda em publicidade: “Você merece-o”, ou “nós merecemo-lo”,
aqui não colhe. Na vida espiritual ninguém merece nada. Aqui a única coisa que
merecemos é uma “carga de pancada”, que o Senhor deveria dar-nos, se não fosse
porque nos quer tanto. A mística dá-se, a ascética trabalha-se. Não há mística
sem ascética prévia, mas há ascética sem mística; A ascética é luta, a mística
é a consequência.
(JUAN
DO CARMELO, trad AMA)
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