O
Senhor, tem sempre um verdadeiro empenho em que no desenvolvimento da sua vida
espiritual, ninguém saiba donde se encontra, entre outras varias razões,
dizendo vulgarmente, para que a ninguém se lhe suba à cabeça. E assim podemos
estar seguros de que nenhum santo canonizado, suspeitou nem por assomo que
depois da sua morte ia subir aos altares e se o demónio lhe sugeriu esta ideia
para o ensoberbecer, seguro que Ele a desejou só como um mau pensamento,
sabendo perfeitamente onde estava a origem da ideia. E quanto aos que em vida
conheceram um santo canonizado, muitas vezes ficaram surpreendidos, pois aos
seus olhos, desde logo que era uma boa pessoa, mas talvez não para tanto. E é
que à vida espiritual, se chama também vida interior, é a nossa intimidade com
o Senhor e se a rompemos perdemos o seu encanto. Na obra de Pemán, O divino
impaciente, Ignacio de Loyola ao despedir em Lisboa Francisco Javier que parte
para as Índias orientais, dá-lhe uns últimos conselhos e lhe -lhe: “A grandes
desafios, vais Javier e não há perigo mais certo, do que este, de que
arrebatado pelo afã de sucesso, se te derrame por fora o que deves de levar
dentro”. A nossa vida interior é um tesouro que o Senhor, no grande amor que
nos tem, compartilha-a intimamente connosco. E se nas intimidades de amores
humanos somos reservados e não nos damos conta a ninguém de nada atraiçoando o
nosso amor humano, com quanto mais razão, estamos obrigados a não atraiçoar o
nosso Amado celestial.
(JUAN
DO CARMELO, trad AMA)
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