Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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Evangelho: Lc 22, 63; 23, 1-12
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Evangelho: Lc 22, 63; 23, 1-12
63 Entretanto os homens que guardavam
Jesus, escarneciam d'Ele, batendo-Lhe. 64 Vendaram-Lhe os olhos e
interrogavam-n'O: «Adivinha, quem é que Te bateu?». 65 E proferiam
muitas outras injúrias contra Ele. 66 Quando foi dia, juntaram-se os
anciãos do povo, os príncipes dos sacerdotes e os escribas. Levaram-n'O ao seu
tribunal e disseram-Lhe: «Se Tu és o Cristo, declara-o». 67 Ele
respondeu-lhes: «Se Eu vo-lo disser não Me acreditareis; 68 também
se vos fizer qualquer pergunta, não Me respondereis. 69 Mas,
doravante o Filho do Homem estará sentado à direita do poder de Deus». 70
Então disseram todos: «Logo Tu és o Filho de Deus?». Ele respondeu: «Vós o
dizeis, Eu sou». 71 Então eles disseram: «Que necessidade temos
ainda de testemunhas? Nós próprios o ouvimos da Sua boca!».
Lc
23 1 Levantando-se toda a multidão,
levaram-n'O a Pilatos. 2 Começaram a acusá-l'O, dizendo: «Encontrámos
este homem sublevando a nossa nação, proibindo dar tributo a César e dizendo
que é o Messias». 3 Pilatos interrogou-O: «Tu és o rei dos judeus?».
Ele, respondendo, disse: «Tu o dizes». 4 Então Pilatos disse aos
príncipes dos sacerdotes e ao povo: «Não encontro neste homem crime algum». 5
Porém, eles insistiam cada vez mais, dizendo: «Ele subleva o povo, ensinando
por toda a Judeia, desde a Galileia, onde começou, até aqui!». 6
Pilatos, ouvindo falar da Galileia, perguntou se aquele homem era galileu. 7
Quando soube que era da jurisdição de Herodes, remeteu-o a Herodes, que,
naqueles dias, se encontrava também em Jerusalém. 8 Herodes, ao ver
Jesus, ficou muito contente porque havia muito tempo tinha desejo de O ver, por
ter ouvido d'Ele muitas coisas, e esperava vê-l'O fazer algum milagre. 9
Fez-Lhe muitas perguntas. Mas Ele nada respondeu. 10 Estavam
presentes os príncipes dos sacerdotes e os escribas, acusando-O com grande
insistência. 11 Herodes com os seus guardas desprezou-O, fez
escárnio d'Ele, mandando-O vestir com uma túnica branca, e remeteu-O a Pilatos.
12 Naquele dia ficaram amigos Herodes e Pilatos, porque antes eram
inimigos um do outro.
CARTA
ENCÍCLICA
AD PETRI CATHEDRAM
DO
SUMO PONTÍFICE
PAPA
JOÃO XXIII
AOS
VENERÁVEIS IRMÃOS PATRIARCAS,
PRIMAZES,
ARCEBISPOS, BISPOS
E
AOS OUTROS ORDINÁRIOS DO LUGAR
EM
PAZ E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA
E
A TODO O CLERO E FIÉIS DO ORBE CATÓLICO
SOBRE
O CONHECIMENTO DA VERDADE,
RESTAURAÇÃO
DA UNIDADE
E
DA PAZ NA CARIDADE
QUARTA
PARTE
EXORTAÇÕES PATERNAIS
…/4
Às religiosas
58.
Nem queremos passar aqui em silêncio a respeito das virgens que pelos votos se
consagraram a Deus para a ele só servirem e pelas místicas núpcias estarem
intimamente unidas ao esposo divino. Elas - ou se entreguem à vida retirada nos
claustros rezando e fazendo penitência ou se dediquem às obras externas do
apostolado - não só podem cuidar muito mais facilmente da sua salvação, mas
podem ainda ajudar muito a Igreja, tanto nas nações cristãs, como nas terras
longínquas onde não brilhou ainda a luz do Evangelho. Oh! quanto não fazem
estas religiosas! Oh! quantas e quão altas coisas realizam, que ninguém mais
pode levar a cabo com a mesma dedicação virginal e maternal! E não em um mas em
muitos campos de actividade: no ensino e educação da juventude; nas catequeses
paroquiais; nos hospitais, onde podem cuidar dos enfermos e elevar-lhes as
almas até Deus; nos asilos de velhos que podem tratar com caridade paciente,
alegre e misericordiosa, sugerindo-lhes de modo admirável e suave desejos da
vida eterna; finalmente nos orfanatos e hospitais infantis, fazendo as vezes de
mães e tratando com amor materno esses órfãos ou abandonados que não têm pai
nem mãe que os alimente, beije e abrace. As religiosas prestam óptimos serviços
à Igreja Católica, à educação cristã e à prática das obras de misericórdia, mas
também à sociedade civil; e conquistam uma coroa incorruptível que lhes será
dada um dia no céu.
À Acção Católica e a todos
os colaboradores no apostolado
59.
Mas, como bem sabeis, veneráveis irmãos e dilectos filhos, as necessidades dos
homens no campo católico são hoje tão grandes e tão variadas, que o clero, os
religiosos e as religiosas parecem insuficientes para as satisfazer.
Além
disso, aos sacerdotes, aos religiosos e às religiosas não está aberto o acesso
a todas as categorias de pessoas, e nem todos os caminhos lhes são acessíveis,
pois muita gente os desconhece ou os evita, ou até, infelizmente, os despreza e
aborrece.
60.
Também por este grave e doloroso motivo, já os nossos predecessores chamaram os
leigos para as fileiras do pacífico exército da Acção Católica, com a providencial intenção de estes virem ajudar a
hierarquia eclesiástica no apostolado; aquilo que esta não pode fazer nas
circunstâncias actuais, estes homens e mulheres católicos fazem-no
generosamente, colaborando com os pastores sagrados e obedecendo-lhes sempre. É
para nós grande consolação considerar o trabalho realizado até agora, mesmo em
terras de missões, por estes auxiliares dos Bispos e dos sacerdotes. Acorreram
de todas as idades e condições sociais, e labutaram com zelo e boa vontade para
tornar a verdade conhecida de todos e para fazer sentir a todos o convite e
atracção da virtude.
61.
Mas fica-lhes ainda vastíssimo campo de trabalho; são muitíssimos os que
precisam do seu exemplo luminoso, e do seu trabalho apostólico. Pretendemos
tratar noutra ocasião, de modo mais amplo e completo, deste assunto que
julgamos de gravíssima e suma importância. Entretanto alimentamos a esperança
certa de que os militantes nas fileiras da Acção
Católica ou nas inúmeras pias associações que florescem na Igreja,
continuarão com toda a diligência tão necessária actividade: quanto maiores são
as necessidades deste nosso tempo, tanto maiores devem ser os esforços, os
cuidados, as diligências e o zelo. Estejam inteiramente unidos, porque, como
muito bem sabem, a união faz a força; deixem de lado opiniões particulares,
sempre que se trate da causa da Igreja Católica, a qual deve ser a suprema e a
mais importante de todas; e isto não somente no que diz respeito à doutrina
sagrada, mas também às normas disciplinares da Igreja, normas que devem ser
respeitadas sempre por todos. Em fileiras cerradas, e sempre unidos pela
obediência à hierarquia católica, avancem para novas conquistas, sempre
maiores; não se poupem a trabalhos, nem fujam de incómodos para fazer triunfar
a causa da Igreja.
62.
Mas, para que isto se consiga, procurem antes de tudo - como sem dúvida já
estão persuadidos que deve ser - deixar-se impregnar pela doutrina cristã,
intelectual e moral. Só então serão capazes de dar aos outros o que tiverem
adquirido com o auxílio da graça divina. Dirigimos esta recomendação em
primeiro lugar aos adolescentes e jovens. Eles têm generosidade que facilmente
se inflama pelos nobres ideais, mas precisam mais do que ninguém de prudência,
moderação e obediência aos Superiores. A estes amadíssimos filhos, esperança da
Igreja, nos quais pomos tanta confiança, chegue a expressão viva da nossa
gratidão e do nosso paternal afecto.
Aos aflitos e atribulados
63.
Agora parecem subir até nós os gemidos dos que sofrem no corpo ou no espírito,
ou se encontram em tais angústias económicas que nem possuem uma casa digna de
homens, nem encontram trabalho para ganhar os meios de sustento para si próprios
e para os filhos. Estas lamentações impressionam vivamente e comovem o nosso
coração, e, em primeiro lugar, queremos comunicar aos doentes, aos entrevados e
aos velhos aquele conforto que vem do alto. Lembrem-se de que não temos aqui cidade
permanente, mas que buscamos a futura (cf. Hb 3,14); lembrem-se que
as dores desta vida mortal, que purificam, elevam, e nobilitam a alma, nos
podem dar alegria eterna no céu; lembrem-se de que o Divino Redentor, para
lavar-nos das manchas dos nossos pecados e purificar-nos, sofreu a morte de
cruz e suportou de boa mente injúrias, suplícios e aflições crudelíssimas. Como
ele, também todos nós, somos chamados da cruz à luz, segundo a sua palavra:
"Se alguém quiser vir após mim, abnegue-se a si mesmo, tome a sua cruz todos
os dias, e siga-me" (Lc 9,23); e terá um tesouro imperecível no
céu (cf. Lc 12,23).
64.
Desejamos além disso - e estamos convencidos de que esta nossa exortação terá
bom acolhimento - que os sacrifícios espirituais e corporais constituam não só
degraus para cada um dos que sofrem para subir ao céu, mas contribuam também
para a expiação dos pecados alheios, para o regresso ao seio da Igreja daqueles
que dela infelizmente se separaram, e para o triunfo do nome cristão.
Aos pobres
65.
Os mais desprovidos de bens materiais, que se queixam de grande pobreza, saibam
antes de mais nada que sentimos grande dor com esta sua sorte. E isto não só
porque desejamos com coração paterno que a virtude cristã da justiça tenha a
devida aplicação na questão social, e dirija e informe as relações mútuas das
classes, mas também porque muito nos custa que os inimigos da Igreja abusem
facilmente das injustas condições das pessoas necessitadas para atraí-las para
o seu lado com promessas enganosas e ilusões falsas.
66.
Saibam estes nossos caríssimos filhos que a Igreja não é inimiga deles nem lhes
desconhece os direitos; mas que os protege como mãe amorosa, e prega e inculca
no campo social tal doutrina e tais normas que, se forem inteiramente postas em
prática, farão desaparecer todo o género de injustiça e levarão a distribuição
melhor e mais justa dos bens;
[1] e
também se fomentará uma colaboração amigável entre as várias classes, e cada
indivíduo, poderá considerar-se e ser de facto concidadão duma mesma comunidade
e irmão duma mesma família. E, se considerarmos com serenidade os melhoramentos
que nos últimos tempos conseguiram os que vivem do trabalho diário, devemos confessar
que isso se deve principalmente à eficaz actividade dos católicos na questão
social, segundo as sábias normas e repetidas exortações dos nossos
predecessores. Aqueles, portanto, que se dedicam a defender os direitos das
classes mais abandonadas, já têm normas certas e seguras na doutrina social
cristã, se estas se puserem devidamente em prática, oferecerão o meio de chegar
a uma justa solução de todos os problemas. Nunca devem, pois, os cristãos
dirigir-se aos propugnadores de doutrinas condenadas pela Igreja, é bem verdade
que estes os atraem com falsas promessas, mas, onde quer que têm o governo na
mão, tentam arrancar das mentes dos cidadãos o bem supremo das consciências -
isto é, a fé cristã, a esperança cristã e os mandamentos cristãos - e debilitam
ou destroem inteiramente aquilo que, nos nossos dias, os homens civilizados
justamente exaltam, a saber, a liberdade e a verdadeira dignidade devida à
pessoa humana; e até procuram destruir os próprios fundamentos da civilização
cristã. Portanto aqueles que querem permanecer fiéis a Cristo têm grave obrigação
de consciência de evitar de todos os modos estes erros, já condenados pelos
nossos predecessores, especialmente Pio XI e Pio XII de feliz recordação, e nós
igualmente condenamos.
67.
Sabemos que não poucos dos nossos filhos, menos favorecidos pela fortuna ou
acabrunhados pela miséria, muitas vezes se queixam de nem todos os preceitos
cristãos sobre a questão social terem sido até agora postos em prática. É pois
necessário trabalharem com todo o empenho - não só os particulares, mas
principalmente os governos - para que quanto antes, embora aos poucos, seja
posta inteiramente em prática a doutrina social cristã, que os nossos
predecessores tantas vezes, tão ampla e sapientemente, expuseram e
estabeleceram e nós confirmamos. [2]
Aos refugiados e
emigrantes
68.
Não estamos menos preocupado com a sorte daqueles que, pela necessidade de
procurar sustento ou pelas tristes condições de suas pátrias, e pelas
perseguições contra a religião, foram obrigados a abandonar a terra natal.
Quantos e quão grandes males e desventuras não devem estes sofrer, arrancados
ao seu meio e à casa paterna e obrigados muitas vezes a viver na aglomeração
das grandes cidades ou dos grandes centros industriais, com um teor de vida
completamente novo e muitas vezes corruptor. Por causa dessas condições, acontece
frequentemente que muitos passam por crises perigosas e se vão, pouco a pouco,
afastando das sãs tradições religiosas da própria pátria. Acresce que muitas
vezes os esposos são forçosamente separados um do outro, bem como os pais dos
filhos, debilitando-se os laços e relações da vida doméstica, não sem prejuízo
da união da família.
69.
Acompanhamos com coração paterno o trabalho dedicado e operoso daqueles
sacerdotes, que, inflamados no amor de Jesus Cristo e obedecendo às normas e
aos desejos da Santa Sé, como exilados voluntários, não poupam esforços para
atender quanto podem ao bem espiritual e social destes filhos, fazendo-lhes
sentir em toda a parte a caridade da Igreja, tanto mais presente e eficaz,
quanto mais eles precisam de seu cuidado e auxílio.
70.
De modo semelhante, temos presente e apreciamos os esforços realizados por
várias nações nesta causa tão importante e também as iniciativas tomadas
recentemente no campo internacional, para se resolver quanto antes este
gravíssimo problema. Confiamos que tudo isso não só ajudará a conceder, com
mais facilidade, maior entrada aos emigrantes, mas também a restabelecer a
sociedade doméstica de pais e filhos, só esta poderá defender eficazmente o bem
religioso, moral e económico dos emigrantes, não sem benefício dos países que
os recebem.
À Igreja perseguida
71.
Enquanto exortamos todos os nossos filhos em Cristo a evitar os erros funestos,
capazes de destruir a religião e a sociedade humana, vêm-nos à memória tantos
veneráveis irmãos no episcopado, e diletos sacerdotes e fiéis, que se encontram
no exílio, ou foram lançados em prisões ou campos de concentração, porque não
quiseram faltar ao seu dever episcopal ou sacerdotal nem apostatar da fé
católica.
72.
Não queremos ofender a ninguém, antes pelo contrário queremos dar a todos o
nosso perdão implorando o perdão de Deus. Mas a responsabilidade do nosso dever
sagrado exige que protejamos, quanto podemos, os direitos desses irmãos e
desses filhos, pedindo insistentemente que seja concedida a cada um a liberdade
legítima, que é devida a todos, portanto também à Igreja de Deus. Os que seguem
realmente a verdade e a justiça, e procuram o bem de todos os homens e países,
não negam a liberdade, não a sufocam nem a oprimem, não precisam de recorrer a
estes meios. Por isso, jamais se pode conseguir o verdadeiro progresso dos
cidadãos por meio da força, da opressão dos espíritos e das consciências.
73.
Principalmente se deve ter por certo o seguinte: descurando ou oprimindo os
sagrados direitos de Deus e da religião, cedo ou tarde tremem e desabam os
fundamentos da sociedade humana. Já o notava com agudeza o nosso predecessor de
imortal memória, Leão XIII: "Segue-se... que a força das leis diminui e
toda autoridade enfraquece, se repudiamos a regra suprema e eterna dos
preceitos e das proibições de Deus". [3]
Com essa sentença concorda a palavra de Cícero: "Vós, ó pontífices...
cingis mais eficazmente a cidade com a religião do que com as muralhas". [4]
74.
Considerando tudo isto, com o coração cheio de tristeza abraçamos a todos e a
cada um daqueles que são impedidos de praticar a religião e muitas vezes
"são perseguidos por amor da justiça" (Mt 5,10) e por
causa do reino de Deus. Compartilhamos as suas dores, angústias e sofrimentos,
e dirigimos preces ao céu para que desponte finalmente para eles a aurora de
tempos melhores. Unam-se a nós nesta prece todos os nossos irmãos e filhos; e
suba a Deus misericordioso, de todos os ângulos da terra, um coro imenso de
súplicas, que faça descer abundante chuva de graças sobre estes membros
doloridos do corpo místico de Cristo.
Exortações finais.
75.
Não pedimos somente orações aos nossos caríssimos filhos, pedimos-lhes também
aquela renovação da vida cristã que, mais do que as próprias orações, é capaz
de nos tornar Deus propício, a nós e aos nossos irmãos. Com prazer vos repetimos
a todos as palavras elevadas e belíssimas do Apóstolo das gentes: "...Tudo
o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, honroso, virtuoso ou que de
qualquer modo mereça louvor... o que aprendestes e herdastes, isso
praticai" (Fl 4, 8). "Revesti-vos do Senhor Jesus
Cristo" (Rm 13, 14). Isto é: "Vós, como eleitos de Deus,
santos e amados, revesti-vos de sentimentos de compaixão, de bondade,
humildade, mansidão, longanimidade, suportando-vos uns aos outros e
perdoando-vos mutuamente... Mas, sobre tudo isso, revesti-vos da caridade, que
é o vínculo da perfeição. E reine nos vossos corações a paz de Cristo, à qual
fostes chamados em um só corpo" (Cl 3, 12-15).
76.
Se portanto alguém teve a desgraça de se afastar do Divino Redentor por causa
de suas faltas e pecados, pedimos-lhe encarecidamente que volte àquele que é o
"Caminho, a Verdade e a Vida" (Jo 14, 6); e se alguém está
tíbio, frouxo, remisso e negligente, renove a sua fé e com a ajuda da graça
divina alimente e consolide a virtude; finalmente se alguém, com o auxílio de
Deus "é justo, justifique-se mais: e se é santo, santifique-se mais" (Ap
22, 11).
77.
Uma vez que hoje são tantos os que precisam de conselho, bom exemplo e também
de auxílio por causa das tristíssimas condições em que se encontram, praticai
todos, segundo as vossas forças e meios, as obras de misericórdia, que são
muito agradáveis a Deus.
78.
Se todos vos esforçardes por fazer tudo isso, brilhará com nova luz na Igreja o
que está escrito tão belamente dos cristãos na Carta a Diogneto: "Estão na
carne, mas não vivem segundo a carne. Moram na terra, mas têm a pátria no céu.
Observam as leis existentes, mas com o seu teor de vida superam as leis... São
ignorados, e são condenados; levados à morte, recebem vida. São mendigos, e
enriquecem a muitos; têm falta de tudo, e tudo lhes sobra. São desonrados, e
nas desonras recebem glórias; perdem a fama, e recebem testemunho da própria
justiça. São censurados e bendizem; são tratados afrontosamente, e prestam
honras. Quando fazem o bem, são castigados como malfeitores; enquanto são
castigados, alegram-se como quem recebe nova vida. Numa palavra: O que é a alma
no corpo, isto são os cristãos no mundo". [5]
Nestas belíssimas frases, há coisas que se podem aplicar de modo especial aos
cristãos da chamada Igreja do Silêncio.
Por eles, todos devemos de modo especialíssimo pedir a Deus, como recomendamos
insistentemente ainda há pouco nas alocuções na Basílica de S. Pedro no dia de
Pentecostes e na solene adoração da festa do Sacratíssimo Coração de Jesus. [6]
79.
Desejamos a todos vós esta renovação da vida cristã, esta vida virtuosa e santa
e pedimos constantemente a Deus que vo-la conceda não só aos que perseveram,
firmes, na unidade da Igreja, mas também àqueles que se esforçam por entrar
nela, trazidos pelo amor da verdade e pela vontade sincera.
84.
Seja preparação e penhor das graças do céu a bênção Apostólica, que vos damos a
cada um de vós, veneráveis irmãos e dilectos filhos, com paternal e vivo afecto.
Dado em Roma, junto de São Pedro, no
dia 29 de Junho, festa dos SS. Apóstolos Pedro e Paulo, no ano de 1959,
primeiro do nosso Pontificado.
JOÃO PP XXIII
Nota:
Revisão da tradução portuguesa por ama.
[1] Cf. Encíclica
Quadragesimo Anno; AAS 23(1931), pp.196-198.
[2] Cf. Pio XII,
Discurso aos membros das Associações Cristãs dos Trabalhadores Italianos, 11 de
março de 1945: AAS 37 (1945), pp. 71-72.
[3] Epist. Exeunte iam
anno, Acta Leonis XIII 8 (1888), p. 398.
[4] De Natura Deorum
III, 40.
[5] Funk, Patres
Apostolici, I, 399-401: PG 2,1174-1175.
[6] Cf. AAS 51(1959), p.
420; L'Osservatore Romano, 18/19 de maio e 7 de junho de 1959.
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