(II
Sent., dist. XVII, q. 2, a. 1; De Spirit. Creat., a. 10; Qu De Anima, a. 5; Compend.
Theol., cap. LXXXXVI).
O
quinto discute-se assim. ― Parece que o intelecto agente é um só para todos.
1.
― Pois, nada do que é separado do corpo se multiplica com a multiplicação dos
corpos. Ora, o intelecto agente é separado, como já se disse. Logo, não se
multiplica nos muitos corpos dos homens, mas é um só para todos.
2.
Demais. ― O intelecto agente gera o universal, que é um para muitos seres. Mas
a causa da unidade é una em máximo grau. Logo, o intelecto agente é um só para
todos.
3.
Demais. ― Todos os homens convêm nas primeiras concepções do intelecto, pois,
assentem nelas pelo intelecto agente. Logo, todos convêm num só intelecto
agente.
Mas,
em contrário, o Filósofo diz que o intelecto agente é como a luz. Ora, esta não
é a mesma, nos diversos seres iluminados. Logo, o intelecto agente não é o
mesmo, em todos os homens.
A verdade, nesta questão, depende das remissas. Se, pois, o intelecto agente
não fizesse parte da alma, mas fosse uma substância separada, seria um só o
intelecto agente de todos os homens; e assim o entendem os que admitem a
unidade desse intelecto. Se, porém, tal intelecto faz parte da alma, sendo uma
virtude dela, necessário é admitirem-se vários intelectos agentes, segundo a
pluralidade das almas, multiplicadas com a multiplicação dos homens, corno já
antes se disse (q. 76, a. 2). Pois, diferentes substâncias não podem
ter a mesma virtude, numericamente única.
DONDE
A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. ― O Filósofo prova que o intelecto agente é
separado, porque é possível; ora, diz, o agente é mais digno que o paciente. O
intelecto possível diz-se separado por não ser acto de nenhum órgão corpóreo. E
é desse mesmo modo que também se chama separado o intelecto agente, e não como
se fosse uma substância separada.
RESPOSTA
À SEGUNDA. ― O intelecto agente causa o universal abstraindo-o da matéria. Mas,
por isso, é necessário, não que seja um só para todos os que têm intelecto, mas
que seja um só na sua relação com todas aquelas coisas das quais abstrai o universal,
relativamente às quais o universal é um. E essa é a função do intelecto agente,
enquanto imaterial.
RESPOSTA
À TERCEIRA. ― Todos os seres de uma mesma espécie comunicam pela acção consequente
à natureza da espécie; e, portanto pela virtude, que é princípio da acção; sem
ser necessário que essa virtude seja, numericamente, a mesma, em todos. Ora,
conhecer os primeiros inteligíveis é acção consequente à espécie humana. Donde,
é necessário que todos os homens comuniquem pela virtude que é princípio dessa acção;
e tal é a virtude do intelecto agente. Mas, nem por isso, é necessário que ela
seja a mesma, numericamente, em todos, embora derive, para todos, de um mesmo
princípio. E, assim, essa comunicação dos homens, pelos primeiros inteligíveis,
demonstra a unidade do intelecto separado, que Platão compara ao sol; não,
porém, a do intelecto agente, que Aristóteles compara à luz.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.