Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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Evangelho: Mc 13, 14-37
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Evangelho: Mc 13, 14-37
14 «Quando, pois, virdes a abominação da desolação posta onde não devia
estar -leitor, atende bem!- então os que estiverem na Judeia fujam para os
montes, 15 quem estiver sobre o telhado, não desça nem entre para
levar coisa alguma da sua casa; 16 e quem se encontrar no campo, não
volte atrás a buscar o seu manto. 17 Ai das mulheres grávidas e das
que tiverem crianças de peito naqueles dias! 18 Rogai, pois, que não
suceda isto no Inverno. 19 Porque, naqueles dias, haverá
tribulações, como não houve desde o principio do mundo que Deus criou, até
agora, nem haverá mais. 20 E se o Senhor não abreviasse aqueles
dias, nenhuma pessoa se salvaria; mas Ele os abreviou, em atenção aos eleitos
que escolheu. 21 «Então se alguém vos disser: “Eis aqui está o
Cristo, ei-l'O acolá”, não deis crédito. 22 Porque se levantarão
falsos cristos e falsos profetas, e farão milagres e prodígios para enganarem,
se fosse possível, até os escolhidos. 23 Estai, pois, de sobreaviso,
eis que Eu vos predisse tudo. 24 Naqueles dias, depois daquela
tribulação, o sol escurecer-se-á e a lua não dará a sua claridade, 25
e as estrelas cairão do céu e as potestades que estão nos céus serão abaladas. 26
Então verão o Filho do Homem vir sobre as nuvens, com grande poder e glória. 27
E enviará logo os Seus anjos e juntará os Seus escolhidos dos quatro ventos,
desde a extremidade da terra até à extremidade do céu. 28 Ouvi uma
comparação tirada da figueira: Quando os seus ramos estão já tenros e as folhas
brotam, sabeis que está perto o Verão; 29 assim também, quando
virdes acontecer estas coisas, sabei que está perto, às portas. 30
Na verdade vos digo que não passará esta geração sem que se cumpram toda estas
coisas. 31 Passarão o céu e a terra, mas as Minhas palavras não
hão-de passar. 32 «A respeito, porém, desse dia ou dessa hora,
ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas só o Pai. 33
Estai de sobreaviso, vigiai, porque não sabeis quando será o momento. 34
Será como um homem que, empreendendo uma viagem, deixou a sua casa, delegou a
autoridade aos seus servos, indicando a cada um a sua tarefa, e ordenou ao
porteiro que estivesse vigilante. 35 Vigiai, pois, visto que não
sabeis quando virá o senhor da casa, se de tarde, se à meia-noite, se ao cantar
do galo, se pela manhã; 36 para que, vindo de repente, não vos
encontre a dormir. 37 O que vos digo a vós, digo-o a todos: Vigiai!»
CONSTITUIÇÃO PASTORAL
GAUDIUM ET SPES
SOBRE A IGREJA NO MUNDO ACTUAL
CAPÍTULO II
II PARTE
…/9
A CONVENIENTE PROMOÇÃO DO PROGRESSO CULTURAL
Secção 1
CONDIÇÕES DA CULTURA NO MUNDO ACTUAL
Antinomias da cultura actual e actuação do homem
56. Nestas condições, não é
de admirar que o homem, sentindo a responsabilidade que tem na promoção da
cultura, alimente mais dilatadas esperanças, e ao mesmo tempo encare com
inquietação as múltiplas antinomias existentes e que ele tem de resolver.
Que se deve fazer para que
os frequentes contactos entre culturas, que deveriam levar os diferentes grupos
e culturas a um diálogo verdadeiro e fecundo, não perturbem a vida das
comunidades, ou subvertam a sabedoria dos antigos, ou ponham em perigo o génio
próprio de cada povo?
Como fomentar o dinamismo e
expansão da nova cultura, sem deixar perder a fidelidade viva à herança
tradicional? Problema que se põe com particular acuidade quando se trata de
harmonizar uma cultura nascida dum grande progresso das ciências e da técnica
com a que se alimenta dos estudos clássicos das diversas tradições.
Como conciliar a rápida e
progressiva especialização das várias disciplinas com a necessidade de
construir a sua síntese e ainda de conservar no homem as capacidades de contemplação
e admiração que conduzem à sabedoria?
Que fazer para que todos os
homens participem dos bens culturais, uma vez que a cultura das elites é cada
vez mais elevada e complexa? Enfim, como reconhecer a legitimidade da autonomia
que a cultura reclama, sem cair num humanismo meramente terreno ou até hostil à
religião?
É preciso, que, no meio de
todas estas antinomias, a cultura humana progrida hoje de tal modo, que
desenvolva harmónica e integralmente a pessoa humana e ajude os homens no
desempenho das tarefas a que todos, e sobretudo os cristãos, estão chamados,
fraternalmente unidos numa única família humana.
Secção 2
ALGUNS PRINCÍPIOS PARA A CONVENIENTE PROMOÇÃO DA CULTURA
Fé e cultura
57. Os cristãos, peregrinos
da cidade celestial, devem buscar e saborear as coisas do alto [1]. Mas, com isso, de modo
algum diminui, antes aumenta a importância do seu dever de colaborar com todos
os outros homens na edificação dum mundo mais humano. E, na verdade, o mistério
da fé cristã fornece-lhes valiosos estímulos e ajudas para cumprirem mais
intensamente essa missão e sobretudo para descobrirem o pleno significado de
tal actividade, assinalando assim o lugar privilegiado da cultura na vocação
integral do homem.
Quando o homem, usando as
suas mãos ou recorrendo à técnica, trabalha a terra para que ela produza frutos
e se torne habitação digna para toda a humanidade, ou quando participa
conscientemente na vida social dos diversos grupos, está a dar realização à
vontade que Deus manifestou no começo dos tempos, de que dominasse a terra [2] e completasse a obra da
criação, ao mesmo tempo que se vai aperfeiçoando a si mesmo; cumpre igualmente
o mandamento de Cristo, de se consagrar ao serviço de seus irmãos.
Além disso, dedicando-se às
várias disciplinas da história, filosofia, ciências matemáticas e naturais, e
cultivando as artes, pode o homem ajudar muito a família humana a elevar-se a
concepções mais sublimes da verdade, do bem e da beleza e a um juízo de valor
universal, e ser assim luminosamente esclarecida por aquela admirável
sabedoria, que desde a eternidade estava junto de Deus, dispondo com Ele todas
as coisas, e encontrando as suas delícias em estar com os filhos dos homens [3].
Pelo mesmo facto, o espírito
do homem, mais liberto da escravidão das coisas, pode mais facilmente
levantar-se ao culto e contemplação do Criador. Mais ainda, dispõe-se assim,
sob o impulso da graça, a reconhecer o Verbo de Deus, o qual antes de se fazer
homem para tudo salvar e em si recapitular, já «estava no mundo», como «verdadeira
luz que ilumina todo o homem» (Jo. 1, 9-10) [4].
O progresso hodierno das
ciências e das técnicas que, em virtude do seu próprio método, não penetram até
às causas últimas das coisas, pode sem dúvida dar aso a certo fenomenismo e
agnosticismo, sempre que o método de investigação de que usam estas disciplinas
se arvora indevidamente em norma suprema de toda a investigação da verdade. É
mesmo de temer que o homem, fiando-se demasiadamente nas descobertas actuais,
julgue que se basta a si mesmo e já não procure coisas mais altas.
Estas deploráveis
manifestações não são, porém, consequências necessárias da cultura actual, nem
nos devem fazer cair na tentação de desconhecer os seus valores positivos. Tais
são, entre outros: o gosto das ciências e a exacta objectividade nas
investigações científicas; a necessidade de colaborar com os outros nas equipas
técnicas; o sentido de solidariedade internacional; a consciência cada vez mais
nítida da responsabilidade que os sábios têm de ajudar e até de proteger os
homens; a vontade de tornar as condições de vida melhores para todos e
especialmente para aqueles que sofrem da privação de responsabilidade ou de
pobreza cultural. Tudo isto pode constituir uma certa preparação para a
recepção da mensagem evangélica, preparação que pode ser informada com a
caridade divina por Aquele que veio para salvar o mundo.
A mensagem de Cristo e a cultura humana
58. Múltiplos laços existem
entre a mensagem da salvação e a cultura humana. Deus, com efeito, revelando-se
ao seu povo até à plena manifestação de Si mesmo no Filho encarnado, falou
segundo a cultura própria de cada época.
Do mesmo modo, a Igreja,
vivendo no decurso dos tempos em diversos condicionalismos, empregou os
recursos das diversas culturas para fazer chegar a todas as gentes a mensagem
de Cristo, para a explicar, investigar e penetrar mais profundamente e para lhe
dar melhor expressão na celebração da Liturgia e na vida da multiforme
comunidade dos fiéis.
Mas, por outro lado, tendo
sido enviada aos homens de todos os tempos e lugares, a Igreja não está
exclusiva e indissoluvelmente ligada a nenhuma raça ou nação, a nenhum género
de vida particular, a nenhuma tradição, antiga ou moderna. Aderindo à própria
tradição e, ao mesmo tempo, consciente da sua missão universal, é capaz de
entrar em comunicação com as diversas formas de cultura, com o que se
enriquecem tanto a própria Igreja como essas várias culturas.
O Evangelho de Cristo renova
continuamente a vida e cultura do homem decaído, e combate e elimina os erros e
males nascidos da permanente sedução e ameaça do pecado. Purifica sem cessar e
eleva os costumes dos povos. Fecunda como que por dentro, com os tesouros do
alto, as qualidades de espírito e os dotes de todos os povos e tempos; fortifica-os,
aperfeiçoa-os e restaura-os em Cristo [5]. Deste modo, a Igreja, só
com realizar a própria missão [6], já com isso mesmo estimula
e ajuda a civilização, e com a sua actividade, incluindo a litúrgica, educa a
interior liberdade do homem.
Harmonia entre as diversas ordens humanas e culturais
59. Pelas razões aduzidas, a
Igreja lembra a todos que a cultura deve orientar-se para a perfeição integral
da pessoa humana, para o bem da comunidade e de toda a sociedade. Por isso, é
necessário cultivar o espírito de modo a desenvolver-lhe a capacidade de
admirar, de intuir, de contemplar, de formar um juízo pessoal e de cultivar o
sentido religioso, moral e social.
Pois a cultura, uma vez que
deriva imediatamente da natureza racional e social do homem, tem uma constante
necessidade de justa liberdade e de legítima autonomia, de agir segundo os seus
próprios princípios para se desenvolver. Com razão, pois, exige ser respeitada
e goza duma certa inviolabilidade, salvaguardados, evidentemente, os direitos
da pessoa e da comunidade, particular ou universal, dentro dos limites do bem
comum.
O sagrado Concílio,
recordando o que ensinou o primeiro Concílio do Vaticano, declara que existem
«duas ordens de conhecimento» distintas, a da fé e a da razão, e que a Igreja
de modo algum proíbe que «as artes e disciplinas humanas usem de princípios e
métodos próprios nos seus campos respectivos»; «reconhecendo esta justa liberdade»,
afirma por isso a legítima autonomia da cultura humana e sobretudo das ciências
[7].
Tudo isto requer também que,
salvaguardados a ordem moral e o bem comum, o homem possa investigar livremente
a verdade, expor e divulgar a sua opinião e dedicar-se a qualquer arte; isto
postula, finalmente, que seja informado com verdade dos acontecimentos públicos
[8].
À autoridade pública
pertence, não determinar o carácter próprio das formas de cultura mas favorecer
as condições e as ajudas necessárias para o desenvolvimento cultural de todos,
mesmo das minorias de alguma nação [9]. Deve, por isso,
insistir-se, antes de mais, para que a cultura, desviando-se do seu fim, não
seja obrigada a servir as forças políticas ou económicas.
Secção 3
ALGUNS DEVERES MAIS URGENTES DOS CRISTÃOS COM RELAÇÃO À
CULTURA
Reconhecimento do direito do homem à cultura
60. Dado que hoje há a
possibilidade de libertar muitos homens da miséria da ignorância, é dever muito
próprio do nosso tempo, principalmente para os cristãos, trabalhar
energicamente para que, tanto no campo económico como no político, no nacional
como no internacional, se estabeleçam os princípios fundamentais segundo os
quais se reconheça e se actue em toda a parte efectivamente o direito de todos
à cultura correspondente à dignidade humana, sem discriminação de raça, sexo,
nação, religião ou situação social. Pelo que a todos se deve suficiente
abundância dos bens culturais, sobretudo daqueles que constituem a chamada
educação de base, a fim de que muitos, por causa do analfabetismo e da privação
duma actividade responsável, não se vejam impedidos de contribuir para o bem
comum de modo verdadeiramente humano.
Deve tender-se, portanto,
para que todos os que são disso capazes tenham a possibilidade de seguir
estudos superiores; de modo que subam na sociedade às funções, cargos e
serviços correspondentes às próprias aptidões ou à competência que adquirirem [10]. Deste modo, todos os
homens e todos os agrupamentos sociais poderão chegar ao pleno desenvolvimento
da sua vida cultural, segundo as qualidades e tradições próprias de cada um.
É preciso, além disso,
trabalhar muito para que todos tomem consciência, não só do direito à cultura,
mas também do dever que têm de se cultivar e de ajudar os outros nesse campo.
Existem, com efeito, por vezes, condições de vida e de trabalho que impedem as
aspirações culturais dos povos e destroem neles o desejo da cultura. Isto vale
especialmente para os camponeses e trabalhadores, aos quais se devem
proporcionar condições de trabalho tais que não impeçam mas antes ajudem a sua
cultura humana. As mulheres trabalham já em quase todos os sectores de
actividade; mas convém que possam exercer plenamente a sua participação,
segundo a própria índole. Será um dever para todos reconhecer e fomentar a
necessária e específica participação das mulheres na vida cultural.
Educação cultural integral do homem
61. É mais difícil hoje do
que outrora fazer uma síntese dos vários ramos do saber e das artes. Porque ao
mesmo tempo que aumenta a multidão e diversidade dos elementos que constituem a
cultura, diminui para cada homem a possibilidade de os compreender e organizar;
a figura do «homem universal» desaparece assim cada vez mais. No entanto, cada
homem continua a ter o dever de salvaguardar a integridade da pessoa humana, na
qual sobressaem os valores da inteligência, da vontade, da consciência e da
fraternidade, valores que se fundam em Deus Criador e por Cristo foram
admiravelmente restaurados e elevados.
A família é,
prioritariamente, como que a mãe e a fonte da educação: nela, os filhos,
rodeados de amor, aprendem mais facilmente a recta ordem das coisas, enquanto
as formas aprovadas da cultura vão penetrando como que naturalmente na alma dos
adolescentes, à medida que vão crescendo.
Para esta mesma educação
existem nas sociedades hodiernas, sobretudo graças à crescente difusão de
livros e aos novos meios de comunicação cultural e social, possibilidades que
podem favorecer a universalização da cultura. Com efeito, com a diminuição
generalizada do tempo de trabalho, crescem progressivamente para muitos homens
as facilidades para tal. Os tempos livres sejam bem empregados, para descanso
do espírito e saúde da alma e do corpo, ora com actividades e estudos
livremente escolhidos, ora com viagens a outras regiões (turismo), com as quais
sé educa o espírito e os homens se enriquecem com o conhecimento mútuo, ora também
com exercícios e manifestações desportivas, que contribuem para manter o
equilíbrio psíquico, mesmo na comunidade, e para estabelecer relações fraternas
entre os homens de todas as condições e nações, ou de raças diversas.
Colaborem, portanto, os cristãos, a fim de que as manifestações e actividades
culturais colectivas, características do nosso tempo, sejam penetradas de
espírito humano e cristão.
Mas todas estas vantagens
não conseguirão levar o homem à educação cultural integral se, ao mesmo tempo,
não se tiver o cuidado de investigar o significado profundo da cultura e da
ciência para a pessoa humana.
Nota: Revisão da tradução portuguesa
por ama.
[2]
Cfr. Gén. 1,28.
[3]
Cfr. Prov. 8, 30-31.
[4]
Cfr. S. Ireneu, Adversus Haereses, III, 11, 8:
ed. Sagnard, p. 200; cfr. ibid. 16,6: p. 290-292; 21, 10-22: p. 370-371; 22, 3;
p. 378; etc.
[5]
Cfr. Ef. 1,10.
[6]
Cfr. Palavras de Pio XII ao R. P. M. - D.
Roland-Gosselin: «É preciso não perder nunca de vista, que o objectivo da
igreja é evangelizar e não civilizar. Se ela civiliza, é pela evangelização»
(Semana social de Versailles, 1936, p. 461-462).
[7]
Conc. Vat. I, Const. Dei Filius, e. IV: Denz.
1795, 1799 (3015, 3019). Cfr. Pio XI, Enc. Quadragesimo anno: AAS 23 (1931), p.
190.
[8]
Cfr. João XXIII, Enc. Pacem in terris: AAS 55
(1963), p. 260.
[9]
Cfr. João XXIII, Enc. Pacem in terris: AAS 55
(1963), p. 283; Pio XII, Radiomensagem, 24 dezembro 1941: AAS 34 (1942), p. 16-17.
[10]
Cfr. João XXIII, Enc. Pacem in terris: AAS 55
(1963), p. 260.
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