
(II.
Cont. Gent., cap. LXXXII).
O
terceiro discute-se assim. ― Parece que as almas dos brutos são subsistentes.
1.
― O homem tem o mesmo gênero que os outros animais. Ora, a alma humana é algo
de subsistente, como já se demonstrou (a. 2). Logo, também as dos
outros animais.
2.
Demais. ― O sensitivo está para os sensíveis como o intelectivo para os
inteligíveis. Ora, o intelecto intelige, sem o corpo, os inteligíveis. Logo
também, do mesmo modo, o sentido apreende os sensíveis. Ora; as almas dos
brutos são sensitivas. Logo, são subsistentes, pela mesma razão por que o é a
alma intelectiva do homem.
3.
Demais. ― A alma dos brutos move-lhes o corpo. Ora, este não move mas é movido.
Logo, aquela tem alguma operação independente do corpo.
Mas
em contrário, foi dito: Cremos que só o homem tem alma substantiva; e não são
substantivas as almas dos animais.
DONDE
A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. ― O homem, tendo o mesmo gênero que os outros
animais, deles difere pela espécie. Ora, a diferença específica depende da
diferença formal. Nem é necessário que toda diferença formal importe na
diversidade genérica.
RESPOSTA
À SEGUNDA. ― O sensitivo, de certo modo, está para os sensíveis, como o
intelectivo para os inteligíveis, a saber, enquanto ambos são potenciais em
relação aos seus objectos. Mas, de certo modo, comportam-se dissemelhantemente;
pois, o sensitivo sofre a ação do sensível, com imutação do corpo e, por isso,
a excelência dos sensíveis corrompe o sentido. Ao passo que isso não se dá com
o intelecto, pois, este, inteligindo os máximos inteligíveis, mais facilmente
poderá inteligir os menores. E se, no inteligir, o corpo se fatiga, isso o é só
por acidente; porque o intelecto precisa da operação das forças sensitivas,
pelas quais lhe são preparados os fantasmas.
RESPOSTA
À TERCEIRA. ― A força motiva é dupla. Uma, a apetitiva, que governa o
movimento, e a operação dessa, na alma sensitiva, não se realiza sem o corpo;
assim, a ira, a alegria e outras paixões semelhantes supõem certa imutação do
coração. A outra força motiva é a que resulta do movimento, pela qual os
membros tornam-se capazes de obedecer ao apetite; e o ato dessa força não é
mover, mas ser movido. Por onde se evidencia que mover não é ato da alma
sensitiva que se realize sem o corpo
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