31/07/2012

O meu Pai!

Noite de Natal 1977
Ontem passou mais um aniversário da ida do meu Querido Pai para o Céu.

Na memória familiar está sempre presente a sua figura de Pai extremoso, sempre atento à família - neste momento somos mais de duzentos, filhos, netos, bisnetos e trinetos - mas também na memória de quem o conheceu.

Foi durante uns anos, Governador Civil de Leiria, cargo que nunca desejou mas que cumpriu com prejuízo da sua vida pessoal. Naqueles anos - 60 e 70 - os Governos Civis tinham uma verba própria para fins de assistência que seriam uns 9.000 Escudos (cerca de 1.700 €) anuais. Como é que o meu Pai, com esta 'avultada verba' pôs em pé e a funcionar inúmeras colónias de férias para crianças, lares de assistência a carenciados e idosos, além de uma inumerável lista de benesses de toda a ordem? Do seu próprio bolso, evidentemente, mas sem nunca revelar ou fazer alarde dos seus gestos.

Foi pela 'sua mão' que o, então, Ministro da Guerra Coronel Fernando Santos Costa, seu grande amigo, criou aquela que é hoje a principal Base Aérea Portuguesa.

Tudo isto  enquanto administrava a 'menina dos seus olhos' as Termas de Monte Real, criadas quase de raiz pela sua  incansável determinação - foram durante anos as Termas com a maior frequência da Península Ibérica -, escrevia livros, geria uma vasta propriedade agrícola e, ainda, recebia na sua (nossa) casa em Fátima, inúmeras personalidades, governantes nacionais e outros, como, só para mencionar alguns, o Presidente e Fundador da República da Irlanda Ian De Valera, o Presidente do Brasil Kubistchek de Oliveira, o Generalíssimo de Espanha Muñoz Grandes.

O reconhecimento público da sua estatura de homem probo e governante preocupado apenas em servir, recebeu-o ainda em vida. Várias condecorações e louvores de toda a ordem e, a que mais presava, a Medalha de Ouro de TODOS os Municípios do Distrito de Leiria.

Ah! Nunca pediu nada para si ou para os seus nove filhos, dois dos quais, eu próprio e o Joaquim, lhe deram a alegria e o orgulho de servir Portugal, como militares em campanha,  em Angola e na Guiné.

Nas Termas, as pessoas sem posses não pagavam absolutamente nada, bastando para tal uma simples carta do Pároco das suas terras a atestar a sua necessidade, e as pessoas consagradas - Homens e mulheres - além disso, ainda tinham alojamento e alimentação gratuitas, numa vasta ala ao pé dos balneários que ficou conhecida pelo 'Vaticano'.

Não fica tudo dito - nem caberia - resta-me referir a sua fé profunda e religiosidade íntegra e sólida manifestada - só como referência - em três factos:

Quando recebeu de herança de um Tio as Termas de Monte Real que pouco mais eram que uns modestos barracões e um decrépito 'Hotel', a sua primeiríssima obra foi instalar uma capela primeiro num anexo e depois construindo de raíz a que ainda hoje existe onde durante a época se celebra diáriamente a Santa Missa e outros actos de culto, e apadrinhar a erecção do Mosteiro de Cristo Rei de Monte Real das Irmãs Clarissas. O terceiro 'facto' aconteceu mesmo antes de ser inaugurada a Base Aérea, em que, numa conversa, disse ao Ministro:

"Oh Santos Costa! Então você vai inaugurar a Base sem ao menos ter uma Capela?"

Ao que, o Ministro, terá respondido:

" Oh Olímpio! Até lhe faço uma Basílica!"

E, a Capela, lá está!



1 comentário:

  1. Se posso ter um orgulho na vida, dedico-o ao meu pai e à minha mãe, que sempre o acompanhou em todos os momentos.

    Um abraço António, , obrigado!

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