Questão 67: Da obra da distinção em si
mesma.
Em
seguida, devemos tratar da obra da distinção em si mesma. E, primeiramente, da
obra do primeiro dia. Segundo, da do segundo. Terceiro, da do terceiro.
Sobre
o primeiro ponto quatro artigos se discutem.
Art.
1 — Se a luz se atribui, propriamente, aos seres espirituais.
Art.
2 — Se a luz é corpo.
Art.
3 — Se a luz é qualidade.
Art.
4 — Se convenientemente a produção da luz se coloca no primeiro dia.
Art. 1 — Se a luz se atribui,
propriamente, aos seres espirituais.
O
primeiro discute-se assim. — Parece que a luz se atribui, propriamente, aos
seres espirituais.
1.
— Pois, Agostinho diz que a luz é melhor e mais certa, nos seres espirituais; e
que de Cristo não se diz que é luz, do mesmo modo que é pedra; senão, luz,
própria, e, pedra, figuradamente.
2.
Demais. — Dionísio coloca a luz entre os nomes explicativos de Deus. Ora, estes
nomes se predicam, propriamente, dos seres espirituais. Logo, a luz se predica
destes seres, propriamente.
3.
Demais. — O Apóstolo diz: Porque tudo o que se manifesta é luz. Ora, a
manifestação mais propriamente se atribui aos seres espirituais que aos corporais.
Logo, também a luz.
Mas,
em contrário, Ambrósio coloca o esplendor entre as coisas que se dizem de Deus
metaforicamente.
Pode-se considerar qualquer nome de duplo ponto de vista: segundo a sua
imposição primeira e segundo o seu uso. Assim é claro que o nome de visão,
primeiramente imposto para significar o acto do sentido da vista, foi, por
causa da dignidade e da certeza desse sentido, estendido, pelo uso, não só a
todo o conhecimento dos outros sentidos — sendo por isso que dizemos: vede como
sabe, ou como cheira, ou como é cálido; mas, ainda ulteriormente, ao conhecimento
do intelecto, segundo a expressão da Escritura: Bem-aventurados os puros de
coração, porque verão a Deus. E semelhantemente, deve-se dizer o mesmo do
vocábulo luz, imposto, primeiramente, para significar a causa da manifestação,
no sentido da vista; e estendido, em seguida, para significar tudo o que causa
a manifestação, em qualquer conhecimento. Se, pois, se considerar tal nome na
sua imposição primeira, a luz se atribui metaforicamente aos seres espirituais,
como ensina Ambrósio. Se, porém, for considerado conforme o uso corrente e
estendendo-se a todas as manifestações, então predica-se propriamente dos seres
espirituais.
Donde
se deduzem claras as RESPOSTAS ÀS OBJEÇÕES.
Nota: Revisão da tradução
para português por ama
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