
O
sexto discute-se assim. — Parece que os anjos não conseguiram a graça e a
glória conforme a quantidade das suas capacidades naturais.
1.
— Pois a graça é dada pela mera vontade de Deus. Logo, também a quantidade de
graça depende da vontade de Deus e não da quantidade das suas capacidades
naturais.
2.
Demais. — Mais próximo está da graça o ato humano do que a natureza, pois
aquele é preparatório da graça. Mas esta não provém das obras, como diz a
Escritura. Logo, com maior razão, a quantidade da graça, nos anjos, não é
segundo a quantidade das suas capacidades naturais.
3.
Demais. — O homem e o anjo se destinam por igual à beatitude ou graça. Ora, ao
homem não é dada mais graça, segundo o grau das suas capacidades naturais.
Logo, nem ao anjo.
Mas,
em contrário, diz o Mestre das Sentenças que os anjos criados mais sutis, pela
natureza, e mais perspicazes, pela sabedoria, também foram dotados de maiores
capacidades da graça.
DONDE
A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — Assim como a graça, também a natureza do anjo
provém da mera vontade de Deus. E assim como esta ordenou para a graça a
natureza, assim também os graus da natureza para os da graça.
RESPOSTA
À SEGUNDA. — Os atos da criatura racional desta mesma promanam; mas a natureza
vem imediatamente de Deus. Donde, mais racional é seja a graça dada conforme o
grau da natureza, do que segundo as obras.
RESPOSTA
À TERCEIRA. — A diversidade das capacidades naturais é uma nos anjos,
especificamente diferentes, e outra nos homens, só numericamente diferentes.
Pois, a diferença específica é formal, mas a numérica, material. Por onde, no
homem há alguma coisa que pode impedir ou retardar o movimento da natureza
intelectiva; não, porém, nos anjos. E, por isso, não é a mesma a razão num e
noutro caso.
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