Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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Evangelho: Jo 12, 27-50
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Evangelho: Jo 12, 27-50
27 «Agora a Minha alma, está turbada. E que direi Eu? Pai, livra-Me
desta hora? Mas é para isso que cheguei a esta hora. 28 Pai, glorifica o Teu
nome». Então veio do céu esta voz: «Eu O glorifiquei e O glorificarei
novamente». 29 Ora o povo, que ali estava e ouvira, dizia que tinha sido um
trovão. Outros diziam: «Um anjo Lhe falou». 30 Jesus respondeu: «Esta voz não
veio por causa de Mim, mas por vossa causa. 31 Agora é o juízo deste mundo;
agora será lançado fora o príncipe deste mundo. 32 E Eu, quando for levantado
da terra, atrairei todos os homens a Mim». 33 Dizia isto para designar de que
morte havia de morrer. 34 Respondeu-Lhe a multidão: «Nós aprendemos da Lei que
o Messias permanece eternamente; como dizes Tu que o Filho do Homem deve ser
levantado? Quem é este Filho do Homem?». 35 Jesus respondeu-lhes: «Ainda por um
pouco de tempo está a luz convosco. Andai enquanto tendes a luz, para que não
vos surpreendam as trevas; quem caminha nas trevas não sabe aonde vai.36
Enquanto tendes a luz, crede na luz para que sejais filhos da luz». Jesus disse
isto; depois retirou-Se e escondeu-Se deles. 37 Apesar de ter feito tantos
milagres na sua presença, não acreditaram n'Ele, 38 para se cumprir a palavra
do profeta Isaías, quando disse: “Senhor, quem acreditou o que ouviu de nós? E
a quem foi revelado o braço do Senhor?”. 39 Por isso não podiam acreditar,
porque também disse Isaías: 40 “Tornou-lhes cegos os olhos, endureceu-lhes o
coração, para que não vejam com os olhos, e não compreendam com o coração, nem
se convertam e Eu os cure”. 41 Isto disse Isaías, quando viu a Sua glória e
falou d'Ele.42 Todavia, mesmo entre os principais, muitos creram n'Ele; mas,
por causa dos fariseus, não o confessavam para não serem expulsos da
sinagoga;43 porque amaram mais a glória dos homens do que a glória de Deus.44
Jesus levantou a voz e disse: «Quem acredita em Mim, não é em Mim que acredita,
mas n'Aquele que Me enviou. 45 Quem Me vê a Mim, vê Aquele que Me enviou. 46 Eu
vim ao mundo como uma luz, para que todo o que crê em Mim não fique nas trevas.
47 Se alguém ouvir as Minhas palavras e não as guardar, Eu não o julgo, porque
não vim para julgar o mundo, mas para salvar o mundo. 48 Quem Me despreza e não
recebe as Minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que anunciei, essa o
julgará no último dia. 49 Com efeito, Eu não falei por Mim mesmo, mas o Pai que
Me enviou, Ele mesmo Me prescreveu o que Eu devia dizer e ensinar. 50 Eu sei
que o Seu mandamento é a vida eterna. As coisas, pois, que digo, digo-as como
Meu Pai Me disse».
Ioannes
Paulus PP. II
Dominum et vivificantem
sobre
o Espírito Santo
na
Vida da Igreja e do Mundo
/…6
43.
O Concílio Vaticano II recordou a doutrina católica sobre a consciência, ao
falar da vocação do homem e, em particular, da dignidade da pessoa humana. É a
consciência, precisamente, que determina de modo específico essa dignidade.
Ela, efectivamente, é «o centro mais secreto do homem, o santuário onde ele se
encontra a sós com Deus, cuja voz ressoa no seu íntimo». Voz que, claramente...
«ressoa aos ouvidos do coração: faz isto, evita aquilo». Tal capacidade de
ordenar o bem e proibir o mal, inserida pelo Criador no homem é a propriedade
principal do sujeito pessoal. Mas, ao mesmo tempo, «no fundo da sua consciência
o homem descobre a presença de uma lei, que ele não impôs a si mesmo, mas à
qual deve obedecer». 165 A
consciência, portanto, não é uma fonte autónoma e exclusiva para decidir o que
é bom e o que é mau; pelo contrário, nela está inscrito profundamente um
princípio de obediência relacionado com a norma objectiva, que fundamenta e
condiciona a conformidade das suas decisões com os mandamentos e as proibições
que estão na base do comportamento humano, como já transparece naquela página
do Livro do Génesis, a que fizemos referência. 166
Precisamente neste sentido, a consciência é o «santuário íntimo» onde «a voz de
Deus se faz ouvir». E é a «voz de Deus» sempre, mesmo quando o homem reconhece
exclusivamente nela o princípio da ordem moral de que humanamente não se pode
duvidar, eventualmente sem referência directa ao Criador: a consciência
encontra sempre o seu fundamento e a sua justificação nesta referência.
O
«convencer quanto ao pecado», sob o influxo do Espírito da verdade, de que fala
o Evangelho, não pode realizar-se no homem por outro meio que não seja o da
consciência. Se a consciência for recta, ela servirá «para resolver segundo a
verdade os problemas morais, que se apresentam tanto na vida individual, como
na vida social». Então, «as pessoas e os grupos sociais estarão longe da
arbitrariedade cega e procurarão conformar-se com as normas objectivas da
moralidade». 167
O
fruto da consciência recta é, primeiro que tudo, o chamar pelo seu nome o bem e
a mal, como faz, por exemplo, a mesma Constituição pastoral a que acabámos de
aludir: «Tudo aquilo que se opõe à própria vida, como sejam os homicídios de
qualquer espécie, os genocídios, os abortos, a eutanásia e mesmo o suicídio
voluntário; tudo aquilo que constitui uma violação da integridade da pessoa
humana, como sejam as mutilações, as torturas morais ou físicas, as pressões
psicológicas; tudo aquilo que ofende a dignidade do homem, como sejam as
condições infra-humanas de vida, as prisões arbitrárias, as deportações, a
escravatura, a prostituição, o comércio de mulheres e de jovens, ou ainda as
condições de trabalho degradantes, que reduzem os operários a meros
instrumentos de lucro, sem ter em conta a sua personalidade livre e
responsável». E, depois de ter chamado pelo seu nome os múltiplos pecados tão
frequentes e difundidos no nosso tempo, acrescenta: «Todas estas coisas e
outras semelhantes são, na verdade, uma infâmia; ao mesmo tempo que corrompem a
civilização humana, desonram mais os que a elas se entregam do que aqueles que
sofrem a injúria; e ofendem gravemente a honra devida ao Criador». 168
Ao
chamar pelo nome os pecados que mais desonram o homem, e demonstrando que eles
são um mal moral que influi negativamente sobre qualquer balanço do progresso
da humanidade, o Concílio apresenta tudo isso como uma etapa «de uma luta
dramática entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas», que caracteriza «toda
a vida humana, quer individual quer colectiva». 169
A Assembleia do Sínodo dos Bispos de 1983, sobre a reconciliação e a
penitência, apresentou ainda em termos mais precisos o significado pessoal e
social do pecado do homem. 170
44.
No Cenáculo, na véspera da sua Paixão, e depois na tarde da Páscoa, Jesus
Cristo apelou para o Espírito Santo como para Aquele que testemunha que na
história da humanidade o pecado continua a existir. Todavia, o pecado está
submetido ao poder salvífico da Redenção. O «convencer o mundo quanto ao
pecado» é algo que não pára pelo facto de ele ser chamado com o seu nome e
identificado por aquilo que é, em toda extensão da sua natureza. Ao convencer o
mundo quanto ao pecado, o Espírito da verdade encontra-se com a voz das
consciências humanas.
Dessa
maneira se chega a por à mostra as raízes do pecado, que se encontram no íntimo
do homem, como também evidencia a Constituição pastoral já citada: «Na verdade,
os desequilíbrios de que sofre o mundo contemporâneo estão ligados com un
desequilíbrio mais fundamental, que se enraíza no coração do homem. São muitos
os elementos que se combatem no próprio homem. Por um lado, como criatura, ele
experimenta as suas múltiplas limitações; por outro lado, sente-se ilimitado
nos seus desejos e chamado a uma vida superior. Atraído por muitas
solicitações, ele vê-se a todo o momento constrangido a escolher entre elas e a
renunciar a algumas. Mais ainda, fraco e pecador, faz muitas vezes o que não
quer e não faz o que desejaria fazer». 171
O texto conciliar faz aqui referência às palavras de São Paulo que são bem
conhecidas. 172
O
«convencer quanto ao pecado», que acompanha a consciência humana todas as vezes
que ela reflecte em profundidade sobre si mesma, leva, pois, à descoberta das
raízes do mesmo pecado no homem, como também dos condicionamentos da própria
consciência no curso da história. Reencontramos assim a realidade originária do
pecado, da qual já falamos. O Espírito Santo «convence quanto ao pecado» em
relação ao mistério do princípio, indicando o facto de que o homem é um ser-criado
e que, portanto, está em total dependência ontológica e ética do Criador, e
recordando, ao mesmo tempo, a condição pecadora hereditária da natureza humana.
Mas o Espírito Santo Consolador «convence quanto ao pecado» sempre em relação
com a Cruz de Cristo. Nesta relação, o cristianismo rejeita toda a «fatalidade»
do pecado. «Um duro combate contra os poderes das trevas atravessa, com efeito,
toda a história humana; começado nas origens do mundo, durará, como diz o
Senhor, até ao último dia», conforme ensina o Concílio. 173 «Mas o Senhor em pessoa veio para
libertar o homem e dar-lhe a força». 174
O homem, portanto, longe de se deixar «enredar» na sua condição de pecador,
apoiando-se na voz da própria consciência, «deve combater sem tréguas para
aderir ao bem; nem pode conseguir a sua unidade interior se não a preço de
grandes esforços e com a ajuda da graça de Deus». 175
O Concílio justamente encara o pecado como factor da ruptura, que pesa tanto
sobre a vida pessoal como sobre a vida social do homem; mas, ao mesmo tempo,
recorda vigorosamente a possibilidade da vitória.
45.
O Espírito da verdade, que «convence o mundo quanto ao pecado», encontra-se com
os esforços da consciência humana, de que falam os textos conciliares de
maneira muito sugestiva. Estes esforços da consciência determinam também os
caminhos das conversões humanas: voltar as costas ao pecado, para reconstruir a
verdade e o amor no próprio coração do homem. Sabe-se que a consciência não só
manda ou proíbe, mas julga à luz das ordens e proibições interiores. Ela é
também a fonte dos remorsos: o homem sofre interiormente por causa do mal
cometido. Não será este sofrimento como que um eco longínquo daquele
«arrependimento por ter criado o homem», que o Livro Sagrado, com uma linguagem
antropomórfica, atribui a Deus? Um eco daquela «reprovação» que, inscrevendo-se
no «coração» da Santíssima Trindade, se traduz na dor da Cruz, na obediência de
Cristo até à morte, em virtude do amor eterno? Quando o Espírito da verdade,
que «convence o mundo quanto ao pecado», permite à consciência humana
participar naquela dor, então a dor da consciência torna-se particularmente
profunda, mas também particularmente salvífica. E assim, mediante um acto de
contrição perfeita, opera-se a conversão autêntica do coração: é a «metanóia»
evangélica.
Os
esforços do coração humano, os esforços da consciência, graças aos quais se
opera esta «metanóia» ou conversão, são o reflexo do processo pelo qual a
reprovação é transformada em amor salvífico, que sabe sofrer. O dispensador
escondido desta força de salvação é o Espírito Santo: Ele, que é chamado pela
Igreja «luz das consciências», penetra e enche as «profundezas dos corações»
humanos. 176 Mediante esta conversão no Espírito Santo, o homem abre-se ao
perdão e à remissão dos pecados, como testemunham as palavras pronunciadas por
Jesus na tarde da Páscoa. E em todo este admirável dinamismo da
conversão-remissão, é consumada a verdade daquilo que escreve Santo Agostinho
sobre o mistério do homem, ao comentar as palavras do Salmo: «Um abismo chama
outro abismo». 177 É exactamente
em relação a esta «profundidade abissal» do homem, da consciência humana, que
se cumpre a missão do Filho e do Espírito Santo. O Espírito Santo «vem» em
virtude da «partida» de Cristo no mistério pascal; vem em cada caso concreto de
conversão-remissão, em virtude do sacrifício da Cruz: nele, realmente, «o
sangue de Cristo... purifica a nossa consciência das obras mortas, para servir
o Deus vivo». 178 Cumprem-se
assim, continuamente, as palavras sobre o Espírito Santo apresentado como «um
outro Consolador», as palavras dirigidas no Cenáculo aos Apóstolos e
indirectamente a todos: «Vós o conheceis porque Ele habita entre vós e em vós
estará». 179
6. O pecado contra o Espírito Santo
46.
Tendo em conta tudo o que temos vindo a dizer até agora, tornam-se mais
compreensíveis algumas outras palavras impressionantes e surpreendentes de
Jesus. Poderemos designá-las como as palavras do «não-perdão». São-nos
referidas pelos Sinópticos, a propósito de um pecado particular, que é chamado
«blasfémia contra o Espírito Santo». Elas foram expressas na tríplice redacção
dos Evangelistas do seguinte modo:
São
Mateus: «Todo o pecado e blasfémia serão perdoados aos homens, mas a blasfémia
contra o Espírito Santo não será perdoada. E àquele que falar contra o Filho do
homem, ser-lhe-á perdoado; mas, a quem falar contra o Espírito Santo, não lhe
será perdoado, nem neste mundo nem no futuro». 180
São
Marcos: «Aos filhos dos homens serão perdoados todos os pecados e todas as blasfémias
que proferirem; todavia, quem blasfemar contra o Espírito Santo, jamais terá
perdão, mas será réu de pecado eterno». 181
São
Lucas: «E a todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem,
perdoar-se-á; mas a quem tiver blasfemado contra o Espírito Santo, não lhe será
perdoado». 182
Porquê
a «blasfémia» contra o Espírito Santo é imperdoável? Em que sentido entender
esta «blasfémia»? Santo Tomás de Aquino responde que se trata de um pecado
«imperdoável por sua própria natureza, porque exclui aqueles elementos graças
aos quais é concedida a remissão dos pecados». 183
Segundo
uma tal exegese, a «blasfémia» não consiste propriamente em ofender o Espírito
Santo com palavras; consiste, antes, na recusa de aceitar a salvação que Deus
oferece ao homem, mediante o mesmo Espírito Santo agindo em virtude do
sacrifício da Cruz. Se o homem rejeita o deixar-se «convencer quanto ao
pecado», que provém do Espírito Santo e tem carácter salvífico, ele rejeita
contemporaneamente a «vinda» do Consolador: aquela «vinda» que se efectuou no
mistério da Páscoa, em união com o poder redentor do Sangue de Cristo: o Sangue
que «purifica a consciência das obras mortas».
Sabemos
que o fruto desta purificação é a remissão dos pecados. Por conseguinte, quem
rejeita o Espírito e o Sangue permanece nas «obras mortas», no pecado. E a «blasfémia
contra o Espírito Santo» consiste exactamente na recusa radical de aceitar esta
remissão, de que Ele é o dispensador íntimo e que pressupõe a conversão
verdadeira, por Ele operada na consciência. Se Jesus diz que o pecado contra o
Espírito Santo não pode ser perdoado nem nesta vida nem na futura, é porque
esta «não-remissão» está ligada, como à sua causa, à «não-penitência», isto é,
à recusa radical a converter-se. Isto equivale a uma recusa radical de ir até
às fontes da Redenção; estas, porém, permanecem «sempre» abertas na economia da
salvação, na qual se realiza a missão do Espírito Santo. Este tem o poder
infinito de aurir destas fontes: «receberá do que é meu», disse Jesus. Deste
modo, Ele completa nas almas humanas a obra da Redenção, operada por Cristo,
distribuindo os seus frutos. Ora a blasfémia contra o Espírito Santo é o pecado
cometido pelo homem, que reivindica o seu pretenso «direito» de perseverar no
mal — em qualquer pecado — e recusa por isso mesmo a Redenção. O homem fica
fechado no pecado, tornando impossível da sua parte a própria conversão e
também, consequentemente, a remissão dos pecados, que considera não essencial
ou não importante para a sua vida. É uma situação de ruína espiritual, porque a
blasfémia contra o Espírito Santo não permite ao homem sair da prisão em que
ele próprio se fechou e abrir-se às fontes divinas da purificação das
consciências e da remissão dos pecados.
47.
A acção do Espírito da verdade, que tende ao salvífico «convencer quanto ao
pecado», encontra no homem que esteja em tal situação uma resistência interior,
uma espécie de impermeabilidade da consciência. Um estado de alma que se diria
endurecido em razão de uma escolha livre: é aquilo que a Sagrada Escritura
repetidamente designa como «dureza de coração». 184
Na nossa época, a esta atitude da mente e do coração corresponde talvez a perda
do sentido do pecado, à qual dedica muitas páginas a Exortação Apostólica
Reconciliatio et Paenitentia. 185
Já o Papa Pio XII tinha afirmado que «o pecado do século é a perda do sentido
do pecado». 186 E esta perda vai
de par com a «perda do sentido de Deus». Na Exortação acima citada, lemos: «Na
realidade, Deus é a origem e o fim supremo do homem, e este leva consigo um
gérmen divino. Por isso, é a realidade de Deus que desvenda e ilumina o
mistério do homem. É inútil, pois, esperar que ganhe consistência um sentido do
pecado no que respeita ao homem e aos valores humanos, quando falta o sentido
da ofensa cometida contra Deus, isto é, o verdadeiro sentido do pecado». 187
É
por isso que a Igreja não cessa de implorar de Deus a graça de que não venha a
faltar nunca a rectidão nas consciências humanas, que não se embote a sua
sensibilidade sã diante do bem e do mal. Esta rectidão e esta sensibilidade
estão profundamente ligadas à acção íntima do Espírito da verdade. Sob esta
luz, adquirem particular eloquência as exortações do Apóstolo: «Não extingais o
Espírito!». «Não contristeis o Espírito Santo!». 188
Mas sobretudo, a Igreja não cessa de implorar, com todo o fervor, que não
aumente no mundo o pecado designado no Evangelho por «blasfémia contra o
Espírito Santo»; e, mais ainda, que ele se desvie da alma dos homens — e como
repercussão, dos próprios meios e das diversas expressões da sociedade —
deixando espaço para a abertura das consciências, necessária para a acção
salvífica do Espírito Santo. A Igreja implora que o perigoso pecado contra o
Espírito Santo ceda o lugar a uma santa disponibilidade para aceitar a missão
do Consolador, quando Ele vier para «convencer o mundo quanto ao pecado, quanto
à justiça e quanto ao juízo».
48.
Jesus, no seu discurso de despedida, uniu estes três domínios do «convencer»,
como componentes da missão do Paráclito: o pecado, a justiça e o juízo. Eles
indicam o âmbito do «mistério da piedade», que na história do homem se opõe ao
pecado, ao mistério da iniquidade. 189 Por um lado, como se exprime Santo
Agostinho, está o «amor de si mesmo levado até ao desprezo de Deus»; por outro,
«o amor de Deus até ao desprezo de si mesmo». 190
A Igreja continuamente eleva a sua oração e presta o seu serviço, para que a
história das consciências e a história das sociedades, na grande família
humana, não se rebaixem voltando-se para o pólo do pecado, com a rejeição dos
mandamentos de Deus «até ao desprezo do mesmo Deus»; mas, pelo contrário, se
elevem no sentido do amor em que se revela o Espírito que dá a vida.
Aqueles
que se deixam «convencer quanto ao pecado» pelo Espírito Santo, deixam-se
também convencer quanto «à justiça e quanto ao juízo». O Espírito da verdade
que vem em auxílio dos homens e das consciências humanas, para conhecerem a
verdade do pecado, ao mesmo tempo faz com que conheçam a verdade da justiça que
entrou na história do homem com a vinda de Jesus Cristo. Deste modo, aqueles
que, «convencidos quanto ao pecado», se convertem sob a acção do Consolador,
são, em certo sentido, conduzidos para fora da órbita do «juízo»: daquele
«juízo» com o qual «o Príncipe deste mundo já está julgado». 191 A conversão, na profundidade do seu
mistério divino-humano, significa a ruptura de todos os vínculos com os quais o
pecado prende o homem, no conjunto do «mistério da iniquidade». Aqueles que se
convertem, portanto, são conduzidos para fora da órbita do «juízo» pelo
Espírito Santo», e introduzidos na justiça, que se encontra em Cristo Jesus, e
está n'Ele porque a «recebe do Pai», 192
como um reflexo da santidade trinitária. Esta justiça é a do Evangelho e da
Redenção, a justiça do Sermão da Montanha e da Cruz, que opera a «purificação
da consciência» mediante o Sangue do Cordeiro. É a justiça que o Pai faz ao
Filho e a todos aqueles que Lhe estão unidos na verdade e no amor.
Nesta
justiça o Espírito Santo, Espírito do Pai e do Filho, que «convence o mundo
quanto ao pecado», revela-se e torna-se presente no homem, como Espírito de
vida eterna.
(Nota: Revisão da tradução para português por ama)
____________________
Notas:
165 Cf. Const. past. sobre a Igreja no mundo
contemporâneo Gaudium et spes, 16.
166 Cf. Gén 2, 9. 17.
167 CONC. ECUM. VAT. II, Const. past. sobre a Igreja no
mundo contemporâneo Gaudium et spes, 16.
168 Ibid., 27.
169 Cf. Ibid., 13.
170 Cf. JOÃO PAULO II, Exort. Apost. pós-sinodal
Reconciliatio et Paenitentia (2 de Dezembro de 1984), 16: AAS 77 (1985), PP.
213-217.
171 Const. past. sobre a Igreja no mundo contemporâneo
Gaudium et spes, 10.
172 Cf. Rom 7, 14-15- 19.
173 Const. past. sobre a Igreja no mundo contemporâneo
Gaudium et spes, 37.
174 Ibid., 13.
175 Ibid., 37.
176 Cf. Sequência do Pentecostes: «Reple cordis intima
».177 Cf. S. AGOSTINHO, Enarr. in Ps. XLI, 13: CCL 38, 470: « Que espécie de
abismo é este e qual é o abismo que invoca? Se abismo quer dizer profundidade,
não pensamos nós, porventura, que o coração do homem é um abismo? O que há,
efectivamente, que seja mais profundo do que este abismo? Os homens podem
falar, podem ser vistos através das acções que fazem com os seus membros, podem
ser ouvidos quando falam; e, no entanto, de quem poderemos nós penetrar o
pensamento, ou de quem poderemos nós sondar o coração?».
178 Cf. Hebr 9, 14.
179 Jo 14, 17.
180 Mt 12, 31 s.
181 Mc 3, 28 s.
182 Lc 12, 10.
183 S. TOMÁS DE AQUINO, Summa Theol. IIa-IIae, q. 14,
a. 3; cf. S. AGOSTINHO, Epist. 185, 11, 48-49: PL 33, 814-815; S. BOAVENTURA,
Comment. in Evan. S. Luc: cap. XIV, 15-16: Ad Claras Aquas, VII, 314 s.
184 Cf. Sl 81 [80], 13; Jer 7, 24; Mc 3, 5.
185 JOÃO PAULO II, Exort. Apost. pós-sinodal
Reconciliatio et Paenitentia (2 de Dezembro de 1984), n. 18 AAS (1985),
PP.224-228.
186 PIO XII, Radiomensagem ao Congresso Catequético
Nacional dos Estados Unidos da América, em Boston (26 de Outubro de 1946):
Discorsi e Radiomessaggi, VIII (1946), 288.
187 JOÃO PAULO II, Exort. Apost. pós-sinodal
Reconciliatio et paenitentia (2 de Dezembro de 1984), n. 18 AAS 77 (1985), PP.
225 s.
188 1 Tes 5, 19; Ef 4, 30.
189 Cf. JOÃO PAULO II, Exort. Apost. pós-sinodal
Reconciliatio et paenitentia (2 de Dezembro de 1984), nn. 14-22: AAS 77 (1985),
pp. 211-233.
190 Cf. S. AGOSTINHO, De Civitate Dei, XIV, 28: CCL 48,
451.
191 Cf. Jo 16, 11.
192 Cf. Jo 16, 15.
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