09/05/2012

Leitura espiritual para 09 Mai 2012


Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.




Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Jo 8, 42-59

42 Jesus disse-lhes: «Se Deus fosse vosso pai, certamente Me amaríeis porque Eu saí e vim de Deus. Não vim de Mim mesmo, mas foi Ele que Me enviou. 43 Porque não conheceis vós a Minha linguagem? Porque não podeis ouvir a Minha palavra. 44 Vós tendes por pai o demónio, e quereis satisfazer os desejos do vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque a verdade não está nele. Quando ele diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. 45 Mas, porque vos digo a verdade, não acreditais em Mim. 46 Qual de vós Me arguirá de pecado? Se Eu vos digo a verdade, porque não Me acreditais? 47 Quem é de Deus ouve as palavras de Deus; por isso vós não as ouvis, porque não sois de Deus». 48 Os judeus responderam-Lhe: «Não dizemos nós com razão que Tu és um samaritano e que estás possesso do demónio?». 49 Respondeu Jesus: «Eu não tenho demónio, mas honro o Meu Pai, e vós a Mim Me desonrais. 50 Eu não procuro a Minha glória; há Quem tome cuidado dela, e Quem fará justiça. 51 Em verdade, em verdade vos digo: Quem guardar a Minha palavra não verá a morte eternamente». 52 Os judeus disseram-Lhe: «Agora reconhecemos que estás possesso do demónio. Abraão morreu, os profetas também, e Tu dizes: Quem guardar a Minha palavra não provará a morte eternamente. 53 Porventura és maior do que o nosso pai Abraão, que morreu? Os profetas também morreram: Quem pretendes Tu ser?». 54 Jesus respondeu: «Se Eu Me glorifico a Mim mesmo, a Minha glória não é nada; Meu Pai é que Me glorifica, Aquele que vós dizeis que é vosso Deus.55 Mas vós não O conhecestes; Eu sim, conheço-O; e, se disser que não O conheço, seria mentiroso como vós. Mas conheço-O e guardo a Sua palavra.56 Abraão, vosso pai, regozijou-se com a esperança de ver o Meu dia; viu-o e ficou cheio de gozo». 57 Os judeus, por isso, disseram-Lhe: «Tu ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão?». 58 Jesus disse-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Antes que Abraão existisse, “Eu sou”». 59 Então pegaram em pedras para Lhe atirarem; mas Jesus ocultou-Se e saiu do templo.





 Ioannes Paulus PP. II
Redemptoris Mater
sobre a Bem Aventurada
Virgem Maria
na vida da Igreja que está a caminho

/…5

27. Agora, nos albores da Igreja, no princípio da sua longa caminhada mediante a fé, que se iniciava em Jerusalém com o Pentecostes, Maria estava com todos aqueles que então constituíam o gérmen do "novo Israel". Estava presente no meio deles como uma testemunha excepcional do mistério de Cristo. E a Igreja era assídua na oração juntamente com ela e, ao mesmo tempo, "contemplava-a à luz do Verbo feito homem". E assim viria a ser sempre. Com efeito, sempre que a Igreja "penetra mais profundamente no insondável mistério da Incarnação", ela pensa na Mãe de Cristo com entranhada veneração e piedade. 63 Maria faz parte indissoluvelmente do mistério de Cristo; e faz parte também do mistério da Igreja desde o princípio, desde o dia do seu nascimento. Na base daquilo que a Igreja é desde o início, daquilo que ela deve tornar-se continuamente, de geração em geração, no seio de todas as nações da terra, encontra-se "aquela que acreditou no cumprimento das coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor" (Lc 1, 45). Esta fé de Maria, precisamente, que assinala o início da nova e eterna Aliança de Deus com a humanidade em Jesus Cristo, esta sua fé heróica "precede" o testemunho apostólico da Igreja e permanece no coração da mesma Igreja, escondida como uma herança especial da revelação de Deus. Todos aqueles que, de geração em geração, aceitando o testemunho apostólico da Igreja, começam a participar nessa herança misteriosa, participam, em certo sentido, na fé de Maria.

As palavras de Isabel "feliz daquela que acreditou", continuam a acompanhar a Virgem Maria também no Pentecostes; seguem-na de época para época, para onde quer que se estenda, através do testemunho apostólico e do serviço da Igreja, o conhecimento do mistério salvífico de Cristo. E assim se cumpre a profecia do Magnificat: "Hão-de chamar-me bem-aventurada todas as gerações, porque fez em mim grandes coisas o Todo-poderoso. É santo o seu nome" (Lc 1, 48-49). Ao conhecimento do mistério de Cristo segue-se, efectivamente, a bênção de sua Mãe, sob a forma de especial veneração para com a Theotòkos. E nessa veneração estão incluídas sempre as palavras abençoadoras da sua fé. Com efeito, a Virgem de Nazaré, segundo as palavras de Isabel na altura da Visitação, tornou-se ditosa sobretudo mediante essa sua fé. Aqueles que, de geração em geração, no seio de diversos povos e nações, acolhem com fé o mistério de Cristo, Verbo Incarnado e Redentor do mundo, não só se voltam com veneração e recorrem confiadamente a Maria como a sua Mãe, mas na sua fé procuram também o apoio para a própria fé. E precisamente esta participação viva na fé de Maria decide de uma sua presença especial na peregrinação da Igreja, como novo Povo de Deus espalhado por toda a terra.

28. Como diz o Concílio, "Maria... pela sua participação íntima na história da salvação... quando é exaltada e honrada, atrai os fiéis ao seu Filho e ao sacrifício dele, bem como ao amor do Pai" 64 Por isso, a fé de Maria, atendo-nos ao testemunho apostólico da Igreja, torna-se, de alguma maneira, incessantemente a fé do Povo de Deus que está a caminho: a fé das pessoas e das comunidades, dos encontros e das assembleias e, enfim, dos diversos grupos que existem na Igreja. Trata-se de uma fé que se transmite mediante o conhecimento e o coração ao mesmo tempo; de uma fé que se adquire ou readquire continuamente mediante a oração. É por isso que, "também na sua acção apostólica, a Igreja olha com razão para aquela que gerou Cristo, o qual foi concebido por obra do Espírito Santo e nasceu da Virgem precisamente para nascer e crescer também no coração dos fiéis, por meio da Igreja". 65

Hoje, quando nesta peregrinação de fé já nos aproximamos do final do Segundo Milénio cristão, a Igreja, por intermédio do magistério do Concílio Vaticano II, chama a atenção para aquilo que ela reconhece ser, em si mesma: um "só Povo de Deus... que se encontra radicado em todas as nações do mundo"; e, igualmente, para a verdade segundo a qual todos os féis, embora "espalhados pelo mundo, comunicam com os restantes por meio do Espírito Santo", 66 de sorte que pode dizer-se que nesta união se realiza continuamente o mistério do Pentecostes. Ao mesmo tempo, os apóstolos e os discípulos do Senhor, em todas as nações da terra, "entregam-se assiduamente à oração, em companhia de Maria, a mãe de Jesus" (cf. Act 1, 14). Constituindo de geração em geração o "sinal do Reino" que "não é deste mundo", 67 eles estão cônscios de que no meio deste mundo devem congregar-se em torno daquele Rei, ao qual foram dadas em posse as nações, para seu domínio (cf. Sl 2, 8), e ao qual Deus e Senhor deu "o trono de David, seu pai", de modo que ele "reinará eternamente na casa de Jacob e o seu reinado não terá fim" (cf. Lc 1, 33).

Neste tempo de vigília, Maria, mediante a mesma fé que a tornou feliz a ela, especialmente a partir do momento da Anunciação, está presente na missão da Igreja, presente na obra da Igreja que introduz no mundo do Reino do seu Filho. 68 Esta presença de Maria, nos dias de hoje, como aliás ao longo de toda a história da Igreja, encontra múltiplos meios de expressão. Possui também um multiforme raio de acção: mediante a fé e a piedade dos fiéis; mediante as tradições das famílias cristãs ou "igrejas domésticas", das comunidades paroquiais e missionárias, dos institutos religiosos e das dioceses; e mediante o poder de atracção e irradiação dos grandes santuários, onde não apenas as pessoas individualmente ou grupos locais, mas por vezes inteiras nações e continentes procuram o encontro com a Mãe do Senhor, com Aquela que é feliz porque acreditou, que é a primeira entre aqueles que acreditaram e por isso se tornou a Mãe do Emanuel. Na mesma linha se enquadra o apelo da Terra da Palestina, pátria espiritual de todos os cristãos, porque foi a pátria do Salvador do mundo e da sua Mãe; de igual modo, o apelo dos numerosos templos que a fé cristã ergueu no decorrer dos séculos em Roma e no mundo inteiro; e, ainda, o apelo de centros como Guadalupe, Lourdes, Fátima e os outros espalhados pelos diversos países, entre os quais, como poderia eu deixar de recordar o da minha terra natal, Jasna Góra? Talvez se pudesse falar de uma "geografia" específica da fé e da piedade marianas, a qual abrange todos estes lugares de particular peregrinação do Povo de Deus; este busca o encontro com a Mãe de Cristo, procurando achar no clima de especial irradiação da presença materna "daquela que acreditou", a consolidação da própria fé.

Com efeito, na fé de Maria, já aquando da Anunciação e de forma completa aos pés da Cruz, reabriu-se para o homem um certo espaço interior, no qual o eterno Pai pode locupletar-nos com "toda a sorte de bênçãos espirituais": o espaço da "nova e eterna Aliança" 69 Este espaço subsiste na Igreja que, em Cristo, é como que "um sacramento da íntima união com Deus e da unidade de todo o género humano". 70

É pela fé, pois, aquela fé que Maria professou na Anunciação "como serva do Senhor" e com a qual constantemente "precede" o Povo de Deus que está a caminho sobre a terra, que a Igreja "tende eficaz e constantemente à recapitulação de toda a humanidade... sob a Cabeça, Cristo, na unidade do seu Espírito". 71

2. A caminhada da Igreja e a unidade de todos os Cristãos

29. "O Espírito suscita em todos os discípulos de Cristo o desejo e a acção em vista de que todos, segundo o modo estabelecido por Cristo, se unam pacificamente num só rebanho e sob um só pastor". 72 A caminhada da Igreja, especialmente na nossa época, está marcada pelo sinal do Ecumenismo: os cristãos procuram as vias para reconstituir aquela unidade que Cristo invocava do Pai para os seus discípulos nas vésperas da sua paixão: "para que todos sejam uma coisa só. Assim como tu, ó Pai, estás em mim e eu em ti, também eles sejam um em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste" (Jo 17, 21). A unidade dos discípulos de Cristo, portanto, é um sinal influente para suscitar a fé do mundo; ao passo que a sua divisão constitui um escândalo. 73

O movimento ecuménico, com base numa consciência mais lúcida e difundida da urgência de se chegar à unidade de todos os cristãos, teve a sua expressão culminante, por parte da Igreja católica, na obra do Concílio Vaticano II: é preciso que os mesmos cristãos aprofundem em si próprios e em cada uma das suas comunidades aquela "obediência de fé" de que Maria Santíssima é o primeiro e o mais luminoso exemplo. E uma vez que ela "brilha agora diante do Povo de Deus ainda peregrinante como sinal de esperança segura e de consolação", "é motivo de uma grande alegria e de consolação para o sagrado Concílio o facto de não faltar entre os irmãos desunidos quem tribute à Mãe do Senhor e Salvador a devida honra, sobretudo entre os Orientais". 74

30. Os cristãos sabem que a unidade entre eles só poderá ser reencontrada verdadeiramente se estiver fundada sobre a unidade da sua fé. Eles devem resolver discordâncias não leves de doutrina, quanto ao mistério e ao ministério da Igreja e quanto à função de Maria na obra da salvação. 75 Os diálogos já entabulados pela Igreja católica com as Igrejas orientais e com as Igrejas e Comunidades eclesiais do Ocidente 76 vão convergindo, cada vez mais, para estes dois aspectos inseparáveis do próprio mistério da salvação. Se o mistério do Verbo Incarnado nos faz vislumbrar o mistério da maternidade divina e se a contemplação da Mãe de Deus, por sua vez, nos introduz numa compreensão mais profunda do mistério da Incarnação, o mesmo se deve dizer do mistério da Igreja e da função de Maria na obra da salvação. Ao aprofundar um e outro e ao tentar esclarecer um por meio do outro, os cristãos, desejosos de fazer - como lhes recomenda a sua Mãe - o que Jesus lhes disser (cf. Jo 2, 5), poderão progredir juntos naquela "peregrinação da fé" de que Maria é sempre o exemplo e que deve conduzi-los à unidade, querida pelo seu único Senhor e tão desejada por aqueles que estão prontos a ouvir atentamente o que o Espírito diz hoje às Igrejas (cf. Apoc 2, 7. 11. 17).

Entretanto, é um bom presságio que estas Igrejas e Comunidades eclesiais estejam concordes em pontos fundamentais da fé cristã, também pelo que diz respeito à Virgem Maria. Elas, de facto, reconhecem-na como Mãe do Senhor e acham que isso faz parte da nossa fé em Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Ademais, volvem para ela o olhar, aceitando ser Aquela que, aos pés da Cruz, acolhe o discípulo amado como seu filho, o qual, por sua vez, a recebe a ela como mãe.

Por que, então, não olhar todos conjuntamente para a nossa Mãe comum, que intercede pela unidade da família de Deus e que a todos "precede", à frente do longo cortejo das testemunhas da fé no único Senhor, o Filho de Deus, concebido no seu seio virginal por obra do Espírito Santo?

31. Desejo realçar, por outro lado, quanto a Igreja católica, a Igreja ortodoxa e as antigas Igrejas orientais se sentem profundamente unidas no amor e louvor à Theotókos. Não só "os dogmas fundamentais da fé cristã acerca da Trindade e do Verbo de Deus, que assumiu a carne da Virgem Maria, foram definidos nos Concílios ecuménicos celebrados no Oriente", 77 mas também no seu culto litúrgico "os Orientais exaltam com hinos esplêndidos Maria sempre Virgem... e Santíssima Mãe de Deus". 78

Os irmãos destas Igrejas passaram por vicissitudes complexas; mas a sua história foi sempre animada por um vivo desejo de empenhamento cristão e de irradiação apostólica, embora muitas vezes marcada por perseguições, mesmo cruentas. É uma história de fidelidade ao Senhor, uma autêntica "peregrinação da fé" através dos lugares e dos tempos, nos quais os cristãos orientais sempre se voltaram com ilimitada confiança para a Mãe do Senhor, a celebraram com louvores e a invocaram constantemente com orações. Nos momentos difíceis da sua existência cristã atribulada, "eles refugiaram-se sob a sua protecção", 79 conscientes de encontrarem nela um poderoso auxílio. As Igrejas que professam a doutrina de Éfeso, proclamam a Virgem Maria "verdadeira Mãe de Deus", por isso mesmo que "nosso Senhor Jesus Cristo, nascido do Pai antes de todos os séculos segundo a divindade, nos últimos tempos, por nós e para nossa salvação, foi gerado pela Virgem Maria Mãe de Deus segundo a humanidade", 80 Os Padres gregos e a tradição bizantina, contemplando a Virgem Santíssima à luz do Verbo feito homem, procuraram penetrar na profundidade daquele vínculo que une Maria, enquanto Mãe de Deus, a Cristo e à Igreja: ela é uma presença permanente em toda a amplidão do mistério salvífico.

As tradições coptas e etiópicas foram introduzidas nessa contemplação do mistério de Maria por São Cirilo de Alexandria; e, por sua vez, celebraram-na com uma abundante florescência poética. 81 O génio poético de Santo Efrém, o Sírio, denominado "a cítara do Espirito Santo", cantou infatigavelmente a Virgem Maria, deixando um rasto ainda visível em toda a tradição da Igreja siríaca. 82 No seu panegírico da Theotòkos, São Gregório de Narek, uma das mais fúlgidas glórias da Arménia, com vigoroso estro poético, aprofundou os diversos aspectos do mistério da Incarnação; e cada um destes aspectos é para ele ocasião de cantar e exaltar a dignidade extraordinária e a beleza esplendorosa da Virgem Maria, Mãe do Verbo Incarnado. 83

Não é para admirar, pois, que Maria tenha um lugar privilegiado no culto das antigas Igrejas orientais, com uma abundância admirável de festas e de hinos.

32. Na liturgia bizantina, em todas as horas do Ofício divino, o louvor da Mãe anda unido ao louvor do Filho e ao louvor que, por meio do Filho, se eleva ao Pai no Espírito Santo. Na anáfora ou oração eucarística de São João Crisóstomo, imediatamente depois da epiclese, a comunidade reunida canta desta forma à Mãe de Deus: "É verdadeiramente justo proclamar-vos bem-aventurada, ó Deípara, que sois felicíssima, toda pura e Mãe do nosso Deus. Nós vos magnificamos: a vós, que sois mais digna de honra do que os querubins e incomparavelmente mais gloriosa do que os serafins! A vós que, sem perder a vossa virgindade, destes ao mundo o Verbo de Deus! A vós, que sois verdadeiramente a Mãe de Deus"!

Semelhantes louvores, que em cada celebração da liturgia eucarística se elevam a Maria Santíssima, forjaram a fé, a piedade e a oração dos fiéis. No decorrer dos séculos tais louvores impregnaram todas as expressões da sua espiritualidade, suscitando neles uma devoção profunda para com a "Santíssima Mãe de Deus".

33. Este ano ocorre o XII centenário do segundo Concílio Ecuménico de Niceia (a. 787), no qual, para resolução da conhecida controvérsia acerca do culto das imagens sagradas, foi definido que, segundo o ensino dos santos Padres e segundo a tradição universal da Igreja, se podiam propor à veneração dos fiéis, conjuntamente com a Cruz, as imagens da Mãe de Deus, dos Anjos e dos Santos, tanto nas igrejas como nas casas ou ao longo dos caminhos. 84 Este costume foi conservado em todo o Oriente e também no Ocidente: as imagens da Virgem Maria têm um lugar de honra nas igrejas e nas casas. Maria é representada: ou como trono de Deus, que sustenta o Senhor e o doa aos homens (Theotòkos); ou como caminho que leva a Cristo e o mostra (Odigitria); ou como orante, em atitude de intercessão e sinal da presença divina nos caminhos dos fiéis, até ao dia do Senhor (Deisis); ou como protectora, que estende o seu manto sobre os povos (Pokrov); ou, enfim, como Virgem misericordiosa e cheia de ternura (Eleousa). Ela é representada, habitualmente, com o seu Filho, o Menino Jesus, que tem nos braços: é a relação com o Filho que glorifica a Mãe. Algumas vezes, ela abraça-o com ternura (Glykofilousa); outras vezes, está hierática e parece absorvida na contemplação daquele que é o Senhor da história (cf. Apoc 5, 9-14). 85

Convém também recordar a Ícone de Nossa Senhora de Vladimir, que constantemente acompanhou a peregrinação de fé dos povos da antiga "Rus'". Aproxima-se o primeiro Milénio da conversão ao Cristianismo daquelas nobres terras: terras de gente humilde, de pensadores e de santos. As Ícones são veneradas ainda hoje na Ucrânia, na Bielorrússia (ou Rússia Branca) e na Rússia, sob diversos títulos: são imagens que atestam a fé e o espírito de oração daquele povo bondoso, que adverte a presença e a protecção da Mãe de Deus. Nessas Ícones a Virgem Maria resplandece como reflexo da beleza divina, morada da eterna Sabedoria, figura da orante, protótipo da contemplação e imagem da glória: tenta-se representar aquela que, desde o início da sua vida terrena, possuindo a ciência espiritual inacessível aos raciocínios humanos, com a fé alcançou o conhecimento mais sublime. Recordo, ainda, a Ícone da Virgem do Cenáculo, em oração com os Apóstolos, aguardando a vinda do Espírito: não poderia ela tornar-se sinal de esperança para todos aqueles que, no diálogo fraterno, querem aprofundar a própria obediência da fé?

34. Tamanha riqueza de louvores, acumulada pelas diversas formas da grande tradição da Igreja, poderia ajudar-nos a fazer com que a mesma Igreja torne a respirar plenamente "com os seus dois pulmões": o Oriente e o Ocidente. Como já afirmei, por mais de uma vez, isso é necessário mais do que nunca, nos dias de hoje. Seria um valioso auxílio para fazer progredir o diálogo em vias de actuação entre a Igreja católica e as Igrejas e as Comunidades eclesiais do Ocidente. 86 E seria também a via para a Igreja que está a caminho poder cantar e viver de modo mais perfeito o seu "Magnificat".

(Nota: Revisão da tradução para português por ama)

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Notas (em latim):
(63) Ibid., 65.
(64) Ibid., 65.
(65) Ibid., 65.
(66) Cfr. Ibid., 13.
(67) Cfr. Ibid., 13.
(68) Cfr. Ibid., 13.
(69) Cfr. Missale Romanum, Formula consecrationis calicis in Eucharisticis Precibus.
(70) CONC. OEC. VAT. II, Const. dogm. Lumen Gentium de Ecclesia, 1.
(71) Ibid., 13.
(72) Ibid., 15.
(73) Cfr. CONC. OEC. VAT. II, Decr. Unitatis Redintegratio de Oecumenismo, 1.
(74) Const. dogm. Lumen Gentium de Ecclesia, 68, 69. Quod vera attinet ad Mariam Sanctissimam, fautricem Christianorum unitatem necnon ad eius culturn in Oriente, cfr. LEO PP. XIII, Ep. Enc. Adiutricem populi (5 Septembris 1895): Acta Leonis XV. 300-312.
(75) Cfr. CONC. OEC. VAT. II, Decr. Unitatis Redintegratio de Oecumenismo. 20.
(76) Cfr. ibid., 19.
(77) Ibid., 14.
(78) Ibid., 15.
(79) CONC. OEC. VAT. II, Const. dogm. Lumen Gentium de Ecclesia, 66.
(80) CONC. OEC. CHALCEDON., Definitio fidei: Conciliorum Oeoumenicorum Decreta, Bologna 1973 86 (DS 301).
(81) Cfr. Weddâsê Mâryâm (Mariae Laudes), qui Psalterium Aethiopicum sequitur atque hymnos et preces ad Mariam pro unoquoque die hebdomadae continet. Cfr. etiam Matshafa Kidâna Mehrat (Liber Foederis Misericordiae): notandum est pond us tributum Mariae in hymnologia et liturgia Aethiopica.
(82) Cfr. S. EPHRAEM, Hymn. de Nativitate: Scriptores Syri, 82, OSOO, 186.
(83) Cfr. S. GREGORIUS DE NAREK, Le livre de prières: S. Ch., 78, 160-163; 428-432.
(84) CONC OEC. NICAENUM II, Conciliorum Oecumenicorum Decreta, Bologna 1973 135-138 (DS 600-609).
(85) Cfr. CONC. OEC. VAT. II, Const. dogm. Lumen Gentium de Ecclesia, 59.
(86) Cfr. CONC. OEC. VAT. II, Decr. Unitatis Redintegratio de Oecumenismo, 19.

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