26/02/2012

Leitura Espiritual para 26 Fev 2012

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.


Para ver texto completo para hoje, clicar abaixo
Evangelho: Lc 1, 1-20

1 Visto que muitos já empreenderam pôr em ordem a narração das coisas que entre nós se verificaram, 2 como no-las referiram os que desde o principio foram testemunhas oculares e vieram a ser ministros da palavra, 3 pareceu-me bem também a mim, depois de ter investigado tudo cuidadosamente desde o princípio, escrever-te por ordem a sua narração, excelentíssimo Teófilo, 4 para que reconheças a firmeza dos ensinamentos que recebeste. 5 Houve no tempo de Herodes, rei da Judeia, um sacerdote chamado Zacarias, da turma de Abias; a sua mulher era da descendência de Aarão e chamava-se Isabel. 6 Ambos eram justos diante de Deus, caminhando irrepreensivelmente em todos os mandamentos e preceitos do Senhor. 7 Não tinham filhos, porque Isabel era estéril e ambos se achavam em idade avançada. 8 Sucedeu que, exercendo Zacarias as funções de sacerdote diante de Deus na ordem do seu turno, 9 segundo o costume sacerdotal, tocou-lhe por sorte entrar no templo do Senhor a oferecer o incenso. 10 Toda a multidão do povo estava a fazer oração da parte de fora, à hora do incenso. 11 Apareceu-lhe um anjo do Senhor, de pé ao lado direito do altar do incenso. 12 Zacarias, ao vê-lo, ficou perturbado e o temor o assaltou. 13 Mas o anjo disse-lhe: «Não temas, Zacarias, porque foi ouvida a tua oração; tua mulher Isabel dar-te-á um filho, ao qual porás o nome de João. 14 Será para ti motivo de júbilo e de alegria, e muitos se alegrarão no seu nascimento; 15 porque ele será grande diante do Senhor; não beberá vinho nem outra bebida inebriante; será cheio do Espírito Santo desde o ventre da sua mãe; 16 e converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus. 17 Irá adiante de Deus com o espírito e a fortaleza de Elias, “a fim de reconduzir os corações dos pais para os filhos”, e os rebeldes à prudência dos justos, para preparar ao Senhor um povo bem disposto». 18 Zacarias disse ao anjo: «Como hei-de verificar isso? Porque eu sou velho e a minha mulher está avançada em anos». 19 O anjo respondeu-lhe: «Eu sou Gabriel que estou diante de Deus; fui enviado para te falar e te dar esta boa nova. 20 Eis que ficarás mudo e não poderás falar até ao dia em que estas coisas sucedam, visto que não acreditaste nas minhas palavras, que se hão-de cumprir a seu tempo».


CARTA APOSTÓLICA
SPIRITUS ET SPONSA
DO SUMO PONTÍFICE
JOÃO PAULO II
NO XL ANIVERSÁRIO DA CONSTITUIÇÃO
«SACROSANCTUM CONCILIUM»
SOBRE A SAGRADA LITURGIA
2…/

Perspectivas

11. Olhando para o futuro, vários são os desafios que a Liturgia é chamada a enfrentar. Com efeito, durante estes quarenta anos a sociedade passou por profundas transformações, algumas das quais põem vigorosamente à prova o compromisso eclesial. Temos à nossa frente um mundo em que, também nas regiões de antiga tradição cristã, os sinais do Evangelho se vão atenuando. Chegou o tempo de uma nova evangelização. E a Liturgia é interpelada directamente por este desafio.

À primeira vista, ela parece ter sido posta de lado, por uma sociedade amplamente secularizada. Contudo, é um dado de facto que, apesar da secularização, no nosso tempo sobressai de muitas formas uma renovada necessidade de espiritualidade. Como deixar de ver nisto uma prova do facto de que, no íntimo do homem, não é possível anular a sede de Deus? Existem interrogações que só encontram a resposta no contacto pessoal com Cristo. Somente na intimidade com Ele cada existência adquire o seu significado e pode chegar a experimentar  a  alegria  que  levou  Pedro  a dizer,  no  monte  da  Transfiguração:  "Mestre,  é  bom  ficarmos  aqui!" (Lc 9, 33 par.).

12. Diante deste anseio pelo encontro com Deus, a Liturgia oferece a resposta mais profunda e eficaz. E fá-lo especialmente na Eucaristia, na qual nos é concedido unir-nos ao sacrifício de Cristo e alimentar-nos do seu Corpo e do seu Sangue. Todavia, é necessário que os Pastores façam com que o sentido do mistério penetre nas consciências, voltando a descobrir e praticando a arte "mistagógica", tão querida para os Padres da Igreja [1]. Compete-lhes, de modo particular, promover celebrações dignas, prestando a devida atenção às diversas categorias de pessoas:  crianças, jovens, adultos e portadores de dificiência. Todos devem sentir-se acolhidos no interior das nossas assembleias, de maneira a poder respirar a atmosfera da primeira comunidade crente:  "Eles eram assíduos na escuta do ensinamento dos Apóstolos e na união fraterna, na fracção do pão e nas orações" (Act 2, 42).

13. Um aspecto que é preciso cultivar com maior compromisso, no interior das nossas comunidades, é a experiência do silêncio. Temos necessidade dele "para acolher nos nossos corações a plena ressonância da voz do Espírito Santo, e para unir estreitamente a oração pessoal à Palavra de Deus e à voz pública da Igreja" [2]. Numa sociedade que vive de maneira cada vez mais frenética, muitas vezes atordoada pelos ruídos e perdida no efémero, é vital redescobrir o valor do silêncio. Não é por acaso que mesmo para além do culto cristão, se difundem práticas de meditação que dão importância ao recolhimento. Por que não começar, com audácia pedagógica, uma educação ao silêncio no contexto de coordenadas próprias da experiência cristã? Que esteja diante dos nossos olhos o exemplo de Jesus, que "tendo saído de casa, se retirou-se num lugar deserto para ali rezar" (Mc 1, 35). Entre os seus diversos momentos e sinais, a Liturgia não pode minimizar o silêncio.

14. Através da introdução nas várias celebrações, a pastoral litúrgica deve incutir o gosto pela oração. Sem dúvida, fá-lo-á se tiver em consideração as capacidades dos fiéis singularmente, nas suas diferentes condições de idade e de cultura; mas fá-lo-á procurando não se contentar com o "mínimo". A pedagogia da Igreja deve saber "ousar". É importante introduzir os fiéis na celebração da Liturgia das Horas que, "enquanto oração pública da Igreja, é fonte de piedade e alimentação da oração pessoal" [3]. Ela não é uma acção individual ou "particular, mas pertence a todo o Corpo da Igreja [...] Por conseguinte, se os fiéis são convocados para a Liturgia das Horas e se reúnem em conjunto, unindo os seus corações e as suas vozes, manifestam a Igreja que celebra o mistério de Cristo" [4]. Esta atenção privilegiada à oração litúrgica não se põe em tensão com  a  oração  pessoal  mas,  ao  contrário, supõe-na e exige-a [5], e está em sintonia com outras formas de oração comunitária, sobretudo se forem reconhecidas e recomendadas pela Autoridade eclesial [6].

15. É irrenunciável na educação à oração e, de modo especial na promoção da vida litúrgica, a tarefa dos Pastores. Ela implica um dever de discernimento e de orientação. Isto não deve ser compreendido como um princípio de rigor, em contraste com a necessidade da alma cristã de se abandonar à acção do Espírito de Deus, que intercede em nós e "por nós, com gemidos inexprimíveis" (Rm 8, 26). Através da orientação dos Pastores realiza-se sobretudo um princípio de "garantia", previsto pelo desígnio de Deus sobre a Igreja e ele mesmo governado pela assistência do Espírito Santo. A renovação litúrgica realizada ao longo destas décadas demonstrou que é possível unir uma normativa que assegure à Liturgia a sua identidade e o seu decoro, a espaços de criatividade e de adaptação, que a aproximem das exigências expressivas das várias regiões, situações e culturas. Sem respeitar a normativa litúrgica, chega-se às vezes a abusos até mesmo graves, que ofuscam a verdade do mistério  e criam desconcerto e tensões no meio do Povo de Deus [7]. Estes abusos nada têm a ver com o autêntico espírito do Concílio e devem ser emendados pelos Pastores com uma atitude de determinação prudente.

Conclusão

16. A promulgação da Constituição litúrgica assinalou, na vida da Igreja, uma etapa de importância fundamental para a promoção e o desenvolvimento da Liturgia. A Igreja que, animada pelo sopro do Espírito, vive a sua missão de "sacramento, ou seja, sinal e instrumento da união íntima com Deus e da unidade de todo o género humano" [8], encontra na Liturgia a mais excelta expressão da sua realidade mistérica.

No Senhor Jesus e no seu Espírito, toda a existência cristã se torna "sacrifício vivo, santo e agradável a Deus", autêntico "culto espiritual" (Rm 12, 1). É verdadeiramente grandioso o mistério que se realiza na Liturgia. Nele, abre-se sobre a terra uma brecha de Céu e, da comunidade dos fiéis eleva-se, em sintonia com o cântico da Jerusalém celestial, o perene hino de louvor:  "Sanctus, Sanctus, Sanctus Dominus Deus Sabaoth. Pleni sunt caeli et terra gloria tua. Hosanna in excelsis!".

Que neste início de milénio se desenvolva uma "espiritualidade litúrgica", que leve as pessoas a tomarem consciência de Cristo como primeiro "liturgista", que não cessa de agir na Igreja e no mundo, em virtude do Mistério pascal continuamente celebrado, e associa a si a Igreja, para louvor do Pai, na unidade do Espírito Santo.

Com estes bons votos, concedo-vos a todos, do íntimo do coração, a minha Bênção.

Vaticano, 4 de Dezembro de 2003, vigésimo sexto ano de Pontificado.

JOÃO PAULO II


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[1] Cf. João Paulo II, Carta Apostólica Vicesimus quintus (4 de Dezembro de 1988), 21, em:  AAS 81 (1989), pág. 917.
[2] Institutio generalis liturgiae horarum, 213.
[3] Concílio Ecuménico Vaticano II, Constituição Dogmática sobre a Sagrada Liturgia, Sacrosanctum concilium, 90.
[4] Institutio generalis liturgiae horarum, 20 e 22.
[5] Cf. Concílio Ecuménico Vaticano II, Constituição Dogmática sobre a Sagrada Liturgia, Sacrosanctum concilium, 12.
[6] Cf. Concílio Ecuménico Vaticano II, Constituição Dogmática sobre a Sagrada Liturgia, Sacrosanctum concilium, n. 13.
[7] João Paulo II, Carta Encíclica Ecclesia de Eucharistia (17 de Abril de 2003), 52, em:  AAS 95 (2003), 468; João Paulo II, Carta Apostólica Vicesimus quintus (4 de Dezembro de 1988), 13, em:  AAS 81 (1989), pp. 910-911.
[8] Concílio Ecuménico Vaticano II, Constituição Dogmática sobre a Igreja, Lumen gentium, 1.

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