Art. 4 – Se também ao Pai convém ser enviado.
(I Sent., dist. XV, q. 2; Contra errores Graec., cap. XIV).
O quarto discute-se assim. – Parece que também ao Pai convém ser enviado.
1. – Pois, ser a divina Pessoa enviada é o mesmo que ser dada. Ora, o Pai dá-se a si mesmo, porquanto não pode ser possuído se a si mesmo não se der. Logo, pode-se dizer que o Pai a si mesmo se envia.
2. Demais. – A Pessoa divina é enviada para fazer a graça habitar em nós. Ora, pela graça toda a Trindade habita em nós, segundo a Escritura (Jo 14, 23): Nós viremos a ele e faremos nele morada. Logo, qualquer das divinas Pessoas é enviada.
3. Demais. – O que convém a uma das Pessoas convém a todas, salvo as noções e o ser tal pessoa. Ora, a missão não significa nenhuma pessoa; e nem a noção, pois, há somente cinco noções, como se disse [1]. Logo, a qualquer Pessoa divina convém o ser enviada.
A missão, por essência, importa a processão de outrem; e, em Deus, quanto à origem, como dissemos [3]. Por onde, não procedendo o Pai de outrem, de nenhum modo lhe convém o ser enviado; mas só ao Filho e ao Espírito Santo, aos quais convém o proceder de outrem.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. – Se dar significa a comunicação liberal de uma coisa, então o Pai se dá a si mesmo, porque liberalmente se comunica à criatura para ser gozado. Se, porém, implica a autoridade de quem dá, relativamente ao que é dado, então não convém ser dado senão à Pessoa divina que procede de outra, assim como não convém o ser enviada.
RESPOSTA À SEGUNDA. – Embora o efeito da graça também provenha do Pai, que por ela habita em nós bem como o Filho e o Espírito Santo; como, todavia, o Pai não procede de outrem, não o consideramos enviado. E é o que afirma Agostinho quando diz que o Pai, por ser conhecido de alguém no tempo, não se considera por isso enviado; pois não tem de quem provenha ou de quem proceda [4].
RESPOSTA À TERCEIRA. – A missão, importando processão de quem envia, inclui na sua significação, a noção; não por certo em especial, mas, em geral, enquanto provir de outro é comum às duas noções.
(são tomás de aquino, Suma Teológica,)
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