12/11/2011

Educar a afectividade 3

SENTIMENTOS E VIRTUDE

Cada sentimento favorece umas acções e entorpece outras. Portanto, os sentimentos favorecem ou entorpecem uma vida psicológica espiritualmente sã, e também favorecem ou entorpecem a prática das virtudes ou valores que desejamos conseguir. Não podemos esquecer que a inveja, o egoísmo, a soberba ou a preguiça, são certamente carências de virtude, mas também são carências da adequada educação dos sentimentos que favorecem ou entorpecem essa virtude. Pode dizer-se, portanto, que a prática das virtudes favorece a educação do coração e vice-versa.

Muitas vezes esquecemo-nos que os sentimentos são uma poderosa realidade humana, uma realidade que — para bem ou para mal — é habitualmente aquilo que com mais força nos impulsiona ou retrai na nossa actuação. Numas ocasiões tende-se a descuidar a sua educação, talvez pela impressão confusa de que são algo obscuro e misterioso, pouco racional, quase alheio ao nosso controlo; ou talvez por confundir sentimento com sentimentalismo; ou porque a educação da afectividade é uma tarefa difícil, que requer discernimento e constância e que, talvez por isso, se evita quase sem nos apercebermos.


Os sentimentos fornecem à vida grande parte da sua riqueza, e são decisivos para uma vida conseguida e feliz. “O que é preciso para conseguir a felicidade não é uma vida cómoda, mas um coração enamorado” [1]. E para isso é preciso educar o coração, embora nem sempre seja uma tarefa fácil. Todos temos a possibilidade de orientar em grau elevado os nossos sentimentos. Não devemos cair no fatalismo de pensar que quase não se podem educar e considerar, por isso, que as pessoas são inevitavelmente de uma maneira ou de outra, e que são generosas ou invejosas, tristes ou alegres, carinhosas ou frias, optimistas ou pessimistas como se isso fosse algo que corresponde a uma natureza inexorável quase impossível de modificar.


É verdade que as disposições sentimentais têm uma componente inata, cujo alcance é difícil precisar. Mas há também o poderoso influxo da família, da escola, da cultura em que se vive, da fé. E há, sobretudo, o próprio esforço pessoal por melhorar, com a graça de Deus.

a. aguiló


[1] s. josemariaSulco, n. 795.

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