Introdução 3
Filósofo Rembrandt |
Por isso, talvez seja este o momento de procurar verdadeiras saídas para a crise. E pode ser que nada melhor para isso que voltar a iluminar a razão a partir da fé, voltar à fé, para encontrar vigor e energia para a razão. Se em épocas passadas foi a fé a que vitalizou a razão, por que hoje em dia não voltar à fé para procurar nela a energia que a razão necessita? Que ninguém se espante. Que ninguém pense que deste modo postulamos sair pelo fideísmo, pela saída fácil do subterfúgio. O que pretendemos é simplesmente repensar aqueles princípios que na tradição filosófica cristã são imprescindíveis, porque pode ocorrer que, numa nova síntese, nos ofereçam a luz que procuramos. Tal deveria fazer-se naturalmente, com uma metodologia estritamente filosófica, pois a fé não priva a filosofia da autonomia do seu método. Simplesmente seria proveitoso voltar a ser o filósofo que se deixa iluminar pela fé sem deixar em nenhum momento de ser filósofo.
A coisa tem interesse não só para a filosofia mas também para a própria teologia, pois aconteceu nestes anos que a Igreja padeceu na sua própria carne as sacudidelas do mundo, e isso em parte, porque também a Igreja há passou e está passando pelo desconcerto filosófico. É o caso da filosofia que até às portas do Vaticano II tinha servido a fé católica como instrumento de reflexão, quer dizer o tomismo, foi abandonada nos nossos centros de estudo sem que se tenha feito o necessário discernimento de que o tomismo é de valor permanente e o que, pelo contrário, é obsoleto e caduco. O teólogo abriu, por outro lado, à filosofia moderna, em muitos casos carregada de subjectivismo, e terminou assim por comprometer a própria fé.
(jose ramón ayllón, trad. ama)
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