27/10/2011

60 CONSELHOS PARA CRIAR UM ESPÍRITO CRISTÃO NA FAMÍLIA

«Também no meio das dificuldades da acção educativa, hoje amiudadamente agravadas, os pais devem formar os filhos com confiança e valentia nos valores essenciais da vida humana. Os filhos devem crescer numa justa liberdade perante os bens materiais, adoptando um estilo de vida simples e austero, convencidos de que 'o homem vale mais pelo que é do que pelo que tem'» [1]

«Em virtude da sua dignidade e missão, os pais cristãos têm o dever específico de educar os seus filhos na oração, de os introduzir progressivamente na descoberta do mistério de Deus e do colóquio pessoal com Ele» [2]

Às naturais dificuldades que apresenta a magna tarefa de educar os filhos, somam-se hoje as que um ambiente social secularizado, e amiudadamente hostil aos valores que a fé cristã descobre, impõe. Daí que seja de agradecer tanto um bom conselho que ajude a criar um vigoroso espírito cristão nessa Igreja doméstica que é a família.
I. Para fomentar a vida de piedade nos filhos
II. Para ajudá-los a viver a generosidade
III. Para fomentar a fortaleza e a temperança
* * *
I. PARA FOMENTAR A VIDA DE PIEDADE NOS FILHOS

1. Orientá-los desde pequenos, no amor à Sagrada Eucaristia e à Santíssima Virgem.
2. Cuidar que as devoções e actos de piedade, desde pequenos, tenham um conteúdo teológico que vão entendendo pouco a pouco.
3. Os pais devem ensinar a rezar, mas devem explicar também a quem se reza e por que se reza.
4. Não abandonar nunca o acompanhamento dos filhos nas orações diárias, como o oferecimento de obras e o que rezam ao deitarem-se.
5. Que as orações em família se façam com respeito. Cuidar as posições. Não é o mesmo rezar que jogar ou ver a televisão. A atitude deve ser diferente.
6. Procurar o modo de rezar o Terço em família, sem se pouparem sacrifícios - os pais e os filhos.
Os mais pequenos podem rezar alguns mistérios, de acordo com a sua idade. Organizar o estudo, o descanso, as horas de chegada, etc., para que se reze o Terço. Meditá-lo.
7. Ir, sempre que for possível, à Santa Missa com os filhos. Quando são pequenos, explicar-lhes, a pouco e pouco, os quatro fins da Missa, para que se acostumem e aprendam a valorizá-la.
8. Cuidar especialmente a compostura na Igreja. Fazer-lhes notar que o Senhor está real e verdadeiramente presente.
9. Cuidar o modo de vestir. Não se deve ir à Igreja, e muito menos à Santa Missa, ao domingo, por exemplo, com roupa desportiva. Há que lhes ensinar a distinguir uma coisa da outra.
10. Preocupar-se para que guardem o jejum eucarístico.
11. Ensinar-lhes a prepararem-se para irem comungar, com actos de contrição e de amor a Deus.
12. Ensinar-lhes a dar graças depois da comunhão, concretizando pormenores.
13. Permanecer, dando graças, um pouco de tempo, explicando-lhes que o Senhor está ainda dentro de nós realmente. Dar exemplo.
14. Explicar-lhes desde pequenos o significado das diferentes festas litúrgicas.
15. Que associem, desde pequenos, a dor, a contrariedade, o esforço, o trabalho, com a reparação e a co-redenção. Há que lhes ir dando razões "poderosas" que, depois, lhes sirvam de apoio.
16. Ajudá-los a que sejam perseverantes na oração e demais práticas de piedade.
17. Ajudá-los, quando chegarem aos 11-13 anos, a superar os respeitos humanos, a vergonha de que os vejam rezar. Os pais devem saber que o ambiente favorece, em muitos casos, que tenham
esses respeitos humanos.
18. Explicar-lhes por que se escolhem determinados lugares de veraneio, em vez de outros com ambientes onde se ofende a Deus, de modo que também eles assumam esta decisão.

II. PARA AJUDÁ-LOS A VIVER A GENEROSIDADE

1. Ensinar-lhes, desde pequenos, que nenhum dos bens materiais que possuem lhes pertence plenamente.
Não têm direito a estragar os brinquedos que lhes ofereceram.
2. Tornar evidente aos filhos que os pais também não têm como próprios estes bens.
3. Acostumá-los a emprestar mutuamente jogos, instrumentos de trabalho, livros, etc.
4. Os pais têm que ser generosos no tempo que dedicam aos filhos para ajudá-los no estudo, para descansarem com eles, etc. É um exemplo muito importante de entrega aos outros.
5. Os filhos, desde pequenos devem ser generosos com o seu tempo. Às vezes terão que deixar um trabalho ou o próprio estudo, um encargo, para atender outro mais importante.
6. Além dos pequenos serviços que se lhes solicita para ajudarem à convivência familiar, é muito adequado marcar-lhes um encargo fixo, exequível para a sua idade, que suscite o seu sentido de responsabilidade e suponha um pequeno vencimento (pormenores de ordem material, cuidado de alguma zona da casa, atender a algum irmão mais novo, etc.). Em todo o caso, convém ter flexibilidade nos encargos. É mais importante fomentar a unidade e o mútuo serviço que o estrito cumprimento de um encargo concreto.
7. Ensinar-lhes a olhar a Cruz, quando lhes custe entregar alguma coisa. Ao fim e ao cabo, tudo o que têm o receberam de Deus. A entrega de Cristo na Cruz é o nosso exemplo.
8. Há que semear nos seus corações e na sua memória, desde pequenos, as razões últimas que movem um cristão a comportar-se de um modo concreto e determinado.
9. Ter prudência nas expressões e conversas nas quais se elogia ou se tem saudades da obtenção de bens materiais ou triunfos estritamente humanos. Especialmente quando se começa a abordar o tema das carreiras profissionais.
10. Ter muita perseverança em fomentar a generosidade, ainda que pareça que não se avança nada. Na realidade, está-se a orientar uma tendência natural - o instinto de conservação -, deteriorada pelo pecado original.
11. Cuidar que entreguem uma parte do seu dinheiro como esmola. Que poupem para oferecer presentes aos pais e irmãos.
12. Fomentar o agradecer os favores e serviços, desde pequenos. O agradecimento leva-nos a corresponder e a ser generosos com quem primeiramente nos fez bem.
13. Exercitar obras de misericórdia corporais, acompanhados pelos filhos, de modo que o contacto
com os que sofrem, com os deserdados, seja, além do mais, o melhor antídoto contra o aburguesamento.
14. Convém que os filhos saibam - da maneira mais conveniente, em cada caso - que se ajuda economicamente a paróquia, as tarefas sociais, formativas ou benéficas.

III. PARA FOMENTAR A FORTALEZA E A TEMPERANÇA

1. Renovar periodicamente os costumes da família em relação à fortaleza e firmeza de todos os seus membros, incluídos o pai e a mãe.
2. Que os pais não prodigalizem as saídas nocturnas; em todo caso, evitar chegarem tarde: os filhos sabem e perguntam.
3. Ter em casa reuniões com amigos; oferecer-lhes alguma coisa para comer e beber, mas com sobriedade: que os filhos se dêem conta!
4. Ter na «despensa», frigorífico e bar o imprescindível.
5. Procurar sucedâneos mais baratos em alguns alimentos, e que os rapazes se dêem conta.
6. Programar menus em que entrem coisas de que gostam menos, ou não gostam, para se irem acostumando.
7. Que aprendam a servir-se da comida, não escolhendo o melhor para eles.
8. Ensinar-lhes a tomarem um pouco mais do que menos gostam e um pouco menos do que mais lhes apetece.
9. Que não sejam caprichosos na comida. Insistir racionalmente.
10. Que aprendam a não dar importância a uma situação de escassez, incomodidade, etc.
11. Explicar sempre o porquê da fortaleza e como há que fazer coisas concretas para adquiri-la.
12. As exigências devem ter uma justificação racional e sobrenatural, sempre. Há que dá-la amavelmente, ainda que não a peçam para que a possam assimilar e aceitar.
13. Cuidado com as peças de vestuário, rapazes e raparigas. Se há vários irmãos, que se acostumem a "herdar".
14. Evitar que a moda os escravize. Às vezes, quando são pequenos e não têm capacidade de escolher, são os pais que se "projectam" nos filhos para ir à "última".
15. Que se ocupem do cuidado material da sua roupa. Dobrá-la, guardá-la, prepará-la para o dia seguinte, etc.
16. Que saibam o que custa a roupa que se lhes compra. Que se dêem conta de que, ainda que nos agrade mais uma coisa do que outra, é melhor, às vezes, escolher a mais barata.
17. Quando aparecer a dor, pequenas doenças, etc., não ficarem obcecados para que desapareça imediatamente.
18. Ensinar-lhes, desde muito pequenos, a aceitar e oferecer a dor. Que conheçam o valor da corredenção.
19. Animá-los a que, desde pequenos, ofereçam sacrifícios, aproveitando as oportunidades que se apresentam normalmente.
20. Ensinar-lhes a viver, com alegria, as contrariedades.
21. Exigir perseverança no trabalho e no estudo. Tratar deste tema, a fundo, na escola. Horas de estudo.
22. Animá-los a realizarem actividades desportivas que lhes exijam sacrifícios e perseverança.
23. Fazer excursões em família; programar de maneira a que sejam úteis para se tornarem mais fortes.
24. Dar muita importância à luta para vencerem os defeitos do carácter. Exercita-se a fortaleza e as consequências são muito importantes. Que saibam aguentar o mau génio, ainda que tenham razão; lutar contra o despiste que os faz chegar tarde, etc.
25. Que os pais não se queixem, nem perante os seus amigos mais íntimos, dos trabalhos, moléstias e demais inconvenientes que provocam os filhos, pequenos, médios e maiores.
26. A generosidade cristã dos pais não se esgota em trazer filhos ao mundo; onde realmente se prova é no esforço e trabalho que requer a educação dos filhos, para que possam chegar a ser bons cristãos.

mariano bailly-bailliere de tro



[1] (JOÃO PAULO II, Familiaris consortio, 37)
[2] (JOÃO PAULO II, Familiaris consortio, núm. 80).

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