Sede da ONU |
Cerca de mil jovens activistas de todo o mundo reúnem-se na sede da Nações Unidas em Nova Iorque para um encontro de alto nível sob o tema “ diálogo e compreensão mútuos”. Os dois dias da cimeira na ONU culmina o - UN WYD - Ano Internacional da Juventude que começou em Agosto último e termina em 12 de Agosto de este ano.
Eis dois eventos diferentes que partilham uma mesma preocupação para a juventude mundial: uma em Madrid que a desafia os jovens para a mudança, e outra em Nova Iorque que – segundo o tema da UN WYD – lhes pede que “mudem o mundo”. Argumento que o primeiro é essencial para a realização do segundo, se for para mudar o mundo para melhor.
Claramente, o festival de Madrid, tal como os anteriores de Denver, Roma, Sidney e Manila, é um evento de massa com mais de 400.000 peregrinos pré-registados – o maior número até agora – e pode-se esperar que o temperamento festivo espanhol eleve facilmente este número para dois milhões durante a Missa final em Cuatro Vientos, não obstante os mais de 40 graus de temperatura.
O UN WYD, não obstante a importância do tema e a participação de diplomatas e ministros de Estado, não poderá certamente competir com o evento de fé em termos de participantes, nem tem esse objectivo. Depois de um prometedor arranque de Ban Ki Moon em 12 de Agosto último, a administração da ONU retirou importância do evento do ano passado sob a pressão de membros de estados ocidentais que se propunham pagar a factura, e em particular quando a Tunísia obteve a garantia de receber um ambicioso programa em Tunes. O colapso do governo de Bem Ali provou que foi uma decisão acertada mas também sepultou as últimas fantasias dos anos noventa sobre conferências de larga escala na ONU.
Mas os números não são decisivos na diferença. O que realmente importa é se os organizadores compreendem os jovens e desejam torná-los apaixonados pelos ideais que lhes colocam. E aqui, acredito, que a Igreja está bem à frente da ONU.
O esboço de resolução para o evento da ONU, com os seus 28 pontos e um plano de acções que correm quase todas as letras do alfabeto, é um valioso documento no seu todo. Mas, muito frequentemente, a ideia da ONU sobre a juventude é assim:
* Muitas jovens mulheres são vulneráveis a um comportamento de risco relacionado com abuso de substâncias, fumar e nutrição não saudável. Padrões de comportamento de risco conduzem a um excesso de morbidez e mortalidade.
* Pobre saúde reprodutiva é ao mesmo tempo causa e consequência da pobreza. Investimentos em saúde sexual e reprodutiva dos jovens ajudará a levarem vidas mais saudáveis e produtivas.
* Em 2009. Jovens entre os 15 e os 24 anos, somavam 41% de novas infecções por HIV mundialmente, devido a vulnerabilidade física, inadequação e exclusão social e outras razões.[1]
Será este quadro da juventude como um problema da população possível de entusiasmar os jovens adultos? Mesmo que alguns deles se entusiasmem em mudar o mundo, qual é exactamente a visão da dignidade humana e bem-estar que os levará para a frente? E onde poderão encontrar as ajudas pessoais necessárias para um tão ingente tarefa?
É aqui que o papel espiritual da Igreja se torna tão necessário e tão em linha com as necessidades dos jovens. No Dia Mundial da Juventude em Madrid, os jovens são chamados a “semear e construir em Jesus Cristo, firmes na fé”. Os jovens peregrinos demandaram Madrid animados pela sede de aprofundar e celebrar juntos a sua vida de fé durante as catequeses, vigílias de oração e várias manifestações culturais. Muitíssimos dos participantes de trinta anos no Dia Mundial da Juventude levaram a sério a chamada de João Paulo II e agora de Bento XVI para construir sociedades justas livres de totalitarismo e ataques à pessoa humana.
As boas notícias são que alguns dos jovens participarão nos dois eventos, em Nona Iorque e em Madrid.
Uma ilustração única de como a experiência autêntica da verdade no Dia Mundial da Juventude transformou milhões de vidas individuais e fertilizou as nossas sociedades para o bem pode ser encontrada na World Youth Alliance. [2] Criada em 1999, esta coligação global foi feita para jovens dos 10 aos 30 anos de várias religiões e diversos estratos, que partilham o excelente legado de João Paulo II: uma forte filosofia da pessoa humana e a paixão de engajamento e diálogo com o mundo. Os jovens membros da World Youth Alliance de mais de 1260 países promovem a dignidade intrínseca de cada pessoa e partilham-na nas arenas académicas, culturais e políticas.
Não é surpresa que tal organização esteja presente em Madrid este Verão. Os jovens católicos enfrentam desafios diários às suas crenças de um modo particular quando enfrentam florescentes teorias de género como uma construção social, aborto como um direito humano ou a redefinição da família. A habilidade em articular o valor da dignidade da vida vem da experiência da dignidade de cada um, educação da pessoa humana e a experiência de solidariedade com os outros. Isto é o que permite um jovem a defender a pessoa cada dia em que é atacada, desde o tráfico humano e pornografia infantil, o aborto e as políticas de controlo da população. Chegar a tal experiência da pessoa – e a capacidade para a defender – é o ponto das actividades da WYA sempre, e, de modo particular, na WYD.
Quando em Roma em 2000, eu era um dos 2 milhões cujo coração foi tocado por João Paulo II. O velho senhor que sobreviveu e lutou contra o nazismo e o comunismo disse-nos para “perseguir as maiores aspirações e ideais”. Tal como outros peregrinos naquele dia, e nas múltiplas despedidas com que terminava cada WYD, não me limitei a guardar tais palavras só para mim. Essas palavras têm guiado a minha vida e carreira e a sua carga ressoa em mim ainda hoje. O Dia Mundial da Juventude não é a apenas uma reunião “vip” e de devotos, mas antes uma experiência de humanidade para milhões de jovens que hoje em dia fazem o seu melhor para serem o “sal da terra” com paciência e humildade.
A chamada de João Paulo II para “perseguir as maiores aspirações e ideais” não é algo par ser limitado a prática privada da fé de cada um mas por natureza também a ser vivida na praça pública. Esta é uma das razões que uma organização como a World Youth Alliance está igualmente presente nas filas da UN for the High Level Meeting on Youth tal como estaremos em Madrid para a WYD este Verão. Hoje, 25 anos depois, o número de jovens que aceitam este desafio está em crescimento. Quarenta membros da World Youth Alliance dos 18 aos 30 anos conseguiram dinheiro para os seus “vistos” e voos para falarem com diplomatas e ONG’s na cimeira da ONU enquanto um número similar se encontrarão com peregrinos nas quentes ruas de Madrid considerando que ambos eventos fornecerão importantes plataformas para engajar o mundo em temas da vida, a família, e a liberdade humana.
Em 28 de Junho a World Youth Alliance promoveu um evento em Bruxelas onde membros eleitos do Parlamento Europeu dos principais partidos políticos reconheceram que o Dia Mundial da Juventude ajuda na construção da solidariedade, liberdade e democracia, e reconciliação da Europa. Estas expressões de engajamento cívico são a prenda da Igreja ao mundo e eu atrever-me-ia a dizer que tanto o Secretário Geral da ONU como o Papa devem estar orgulhosos disso.
François Jacob, [3] trad ama
[1] (taken from the summit’s “Thematic panel 2: challenges to youth development):
[2] The World Youth Alliance (WYA) is an international, non-governmental, non-profit youth organization which works to promote the dignity of the person at the international and grassroots level. The WYA works to build solidarity between developed and developing nations. The WYA was founded in 1999 as a reaction of conscience at the United Nations Conference on Population and Development(ICPD+5). At a conference convened to discuss the needs of the world’s people, basic needs including access to clean water, sanitation, education, nutrition, health care, and employment were not addressed. A young 21 year old, Anna Halpine and a few others went back into the assembly the next morning and distributed flyers which stated that these young people did not represent all the youth of the world. She called for a discussion on topics addressing basic human rights and necessities. The statement was well-received by many delegations and she was requested to maintain a permanent presence at the United Nations, as well as to work with young people from the delegates’ countries. The necessity of a strong and thoughtful youth-voice on issues was apparent, and the World Youth Alliance was founded. The WYA recognizes that the intrinsic dignity of the person is the foundation of every human right and that dignity is independent of any individual condition and therefore no human community can grant or rescind dignity. The charter of the WYA states that authentic development of society can occur "only in a culture that fosters integral human development - characterized by physical, spiritual, mental, and emotional growth, in a climate of respect for the human person and the family."
[3] François Jacob is the President of the World Youth Alliance, a global coalition of young people dedicated to promoting the dignity of the human person in policy and culture and to building solidarity between young people of developing and developed nations.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.