12/06/2011

Pentecostes

Estão todos reunidos no Cenáculo. Maria está com eles. Ninguém fala. Uma espécie de torpor os invade. O Senhor, o doce Jesus Ressuscitado tinha subido ao Céu.

Ainda lhes custava a crer no que acontecera depois da tragédia da paixão e Morte do Mestre: a Sua extraordinária Ressurreição, os dias que passara com eles, instruindo-os com as ultimas recomendações, como deviam fazer, como actuar, enfim, a tantas coisas que os seus espíritos simples não conseguiam abarcar na totalidade.

Era necessário partir. “Anunciai o Evangelho, o Meu Reino, ordenara o Senhor. E eles queriam cumprir fielmente o mandato. Mas como? Mal sabiam falar, nem na sua língua natal conseguiam ordenar as palavras de modo que o discurso da Redenção tivesse sentido, fosse compreendido?

Pedro é, talvez, o mais abatido de todos. Jesus tinha-o instituído em chefe da Sua Igreja. Era necessário dar ordens, instruções. Planear actividades de cada um. Eram tão poucos, e a tarefa que adivinhavam era tão grande!
Nossa Senhora com certeza rezava, incutindo serenidade, confiança.
Foi quando as línguas de fogo acompanhadas de vento forte, descem a pairar sobre as suas cabeças.

Que prodígio era aquele? Que mais lhes reservava o Senhor?

De repente, tudo se torna claro como água, não há mistérios indecifráveis, não há dificuldades intransponíveis. Qualquer língua, qualquer idioma já não tem segredos. Olham-se a princípio atónitos mas, depois, compreendem: O Espírito Santo que o Senhor prometera enviar-lhes, chegara e derramara sobre eles a Sua Sabedoria, a Sua Ciência, a Sua tremendíssima força e coragem.

Pedro sabe já perfeitamente o que têm de fazer. Vê com clareza as tarefas a distribuir a cada um, e nenhum deles hesita um segundo. Com segurança, com confiança ilimitada, fazem os poucos preparativos para a viagem que cada um vai empreender. Não são precisos discursos, nem preparar temas de palestras. Têm a certeza que as palavras apropriadas surgirão no momento certo. Sabem já que se conduzirão com perfeita harmonia com a Vontade e instruções do Mestre.

Um ultimo adeus, um derradeira saudação à Mãe do senhor e aos que ficam com Ela e, cada um, com a bagagem mais simples e ligeira, parte pelo caminho que não mais deixará de ser percorrido.

Naquele instante, do Cenáculo, saem todos os caminhos, todas as estradas da terra que levam a todos os lugares, que conduzem a todos os homens. Desde então, não mais parou essa peregrinação, essas viagens de evangelização das gentes.

Divino Espírito Santo, poderoso Senhor que dás o discernimento, a confiança, a coragem, possa eu também, conhecer as Tuas instruções. Possa eu agir com clara rectidão em toda a minha vida. Possa eu ser digno da força e da coragem, da perseverança e determinação que incutes com a Tua Graça.
Derrama sobre mim as línguas de fogo até que me abrase de tal forma o entendimento que fique cego e surdo a tudo quanto não seja a Tua vontade desejos.

ama, 1988.02.19

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