01/05/2011

João Paulo II, mestre do século XXI

O magistério de Wojtyla apostou no homem e na sua dignidade

É o Papa cuja missão foi a de plasmar na vida da Igreja os grandes ensinamentos do Concilio Vaticano II.


«Quando João Paulo II foi nomeado Papa em 1978, havia 757 milhões de católicos no mundo. Quando morreu em 2005 já eram 1.115 milhões. Quer dizer: a Igreja cresceu em 358 milhões de pessoas que cresceram bebendo do seu magistério, os jovens «João Paulo II» que acudiram aos seminários, hoje são sacerdotes. Alguns já começam a ser bispos. À data da sua morte, sete de cada dez bispos do mundo tinham sido designados por ele. Fica clara a sua influência doutrinal. Além disso, o seu magistério escrito, extensíssimo, continuará dando frutos inumeráveis.

Dois livros essenciais

João Paulo II encomendou e supervisionou o primeiro catecismo universal da Igreja em vários séculos. Foi apresentado em 1992. Tem mais citações do Papa polaco que de São Tomás de Aquino, Santo Agostinho ou do Concilio Vaticano II. Outro livro chave da Igreja actual, o Compendio da Doutrina Social, de 2004, inclui 10 páginas com listas de citações do Magistério conciliar e pontifício: metade dessas citações são de João Paulo II.
Estes dois livros que a Igreja usa para formar milhões de católicos de todo o mundo e sem data de caducidade, sistematizam, sem esgotar, os escritos de ensinamentos do «Papa dos recordes», a saber: 14 encíclicas, 15 exortações apostólicas, 11 constituições apostólicas, 45 cartas apostólicas, e uma infinidade de mensagens, audiências generais e discursos.

Três das suas encíclicas centraram-se na teologia Redemptor Hominis», «Dives in Misericordia», «Dominum et vivificantem»), outras três em doutrina social Laborem exercens»; «Sollicitudo rei socialis» e «Centesimus Annus»); com «Veritatis Splendor» combateu o relativismo e o niilismo; com «Evangelium Vitae»  defendeu os não nascidos, os enfermos, anciãos e condenados; «Ut unum sint» foi o seu mapa do caminho para as relações com outras confissões cristãs. A urgência missionária ficou plasmada em «Redemptoris missio» e a sua doutrina sobre a Virgem em «Redemptoris mater». Por último, em «Ecclesia de Eucharistia», insistiu na tripla dimensão do eucarístico: a presença de Deus, o sacrifício e o banquete.

Bomba teológica e sexual

As suas catequeses tiveram uma profunda influencia. Tornaram-se famosas as que dedicou ao céu, ao inferno e ao purgatório, recordando que são reais, mas que não estão localizados no mundo material.   De 1979 a 1984, dedicou mais de 130 catequeses a falar sobre o sexualidade, o noivado, o matrimónio, a espiritualidade do corpo humano e a regulação natural da fertilidade. Trata-se de um corpus que se chamou «a Teologia do Corpo de João Paulo II».

O seu biógrafo, George Weigel, considera-a uma «bomba de tempo teológica»: à medida que expluda, que a Igreja a desenvolva, revolucionar-se-á a família cristã e reforçar-se-á uma visão do sexo que inclui a comunicação íntima dos esposos (o prazer, a relação mútua) e a abertura à vida, aos filhos e à entrega ao outro. Em tempos de pensamento débil, o Papa insistiu além disso em que «o bem da pessoa consiste em estar na Verdade e realizar a Verdade» («Veritatis Splendor»).
Também falou com clareza pedindo a abolição da pena de morte. As Filipinas da presidenta Gloria Macapagal oscilaram entre a moratória e a abolição desta pena pelas pressões do Papa e a Igreja. 
Inclusive ganhou batalhas depois de morto: em Abril de 2005, uma semana depois da sua morte, Guatemala anunciou que aboliria este castigo para «cumprir com os desejos do Papa João Paulo II». Também foi muito claro na sua oposição ao aborto e à experimentação que causa dano aos embriões humanos. Pregou sempre que causar dano ao ser humano antes do nascimento prejudicaria toda a sociedade.
Também insistiu na sua oposição às guerras  (incluindo a resposta ocidental à invasão iraquiana do Kuwait): «a guerra é sempre uma derrota, a violência e as armas não podem resolver nunca os problemas». Mas não aceitava uma paz feita de mera resignação sob a opressão: «não há verdadeira paz se não vem acompanhada de equidade, verdade, justiça e solidariedade».

Mulheres sábias

«Esperança» e «confiança» eram as palavras mais comuns de um Papa que começou o seu Pontificado dizendo «não tenhais medo».  
Difundiu em todo o mundo a mensagem de confiança na Divina Misericórdia da sua compatriota Faustina Kowalska, a quem canonizou: «Jesus, confio em ti». Não é casualidade que seja beatificado precisamente no dia da Divina Misericórdia. Mas houve outras mulheres que o marcaram. Nomeou doutora da Igreja Santa Teresa de Lisieux, e canonizou Santa Teresa Benedicta da Cruz, a filósofa judia Edith Stein, mártir em Auschwitz e autora de extensos escritos. 
Afinal, toda a sabedoria de Edith Stein, como a de João Paulo II, remetia sempre à Cruz, um ensinamento que nunca quis ocultar.

pablo ginés/A Razón, trad ama, 2011.04.28

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