A conversa que Bento XVI teve nesse sábado com os astronautas da Estação Espacial Internacional serviu para ilustrar a necessidade de uma aliança entre fé e ciência a serviço da paz.
Uma paz, coincidiram tanto o Papa como a tripulação, que será promovida por um autêntico respeito ao meio ambiente e seus recursos, graças ao progresso da ciência e à responsabilidade que oferece a fé em Deus Criador, que deu ao homem o “planeta azul”.
Foi um acontecimento histórico, não só porque era a primeira vez que um bispo de Roma falava via satélite com astronautas no espaço, mas porque nesta ocasião, diferentemente do que sempre sucede, quem traçou o diálogo foi o próprio pontífice.
O Papa encontrava-se na Sala Foconi do Palácio Apostólico Vaticano, enquanto na Estação Espacial se agruparam diante de uma câmara dois tripulantes.
No encontro, que aconteceu com motivo da última missão da nave espacial Endeavour, o Santo Padre podia ver os astronautas em uma TV. Já eles só podiam ouvir a voz do Papa.
A conversa baseou-se em cinco perguntas colocadas pelo Papa aos astronautas, sobre fé, ciência e ética, às quais intercalou referências afectuosas às vicissitudes familiares, em ocasiões dramáticas, de seus ouvintes no espaço exterior.
Em sua primeira pergunta aos astronautas, Bento XVI quis saber: “Quando vocês contemplam a terra daí de cima, perguntam-se como vivem aqui em baixo as nações e as pessoas ou como a ciência pode contribuir para a causa da paz?”
Mark Kelly respondeu que do espaço não se vêem fronteiras entre os países, que em muitas ocasiões foram motivo de violência, e que a dimensão científica da missão espacial poderia ser uma contribuição à paz.
“Na terra a gente briga por energia; no espaço, utilizamos a energia solar, e na estação espacial temos reservas de combustível – disse o astronauta –. A ciência e a tecnologia que aplicamos na estação para desenvolver a energia solar nos dá praticamente uma quantidade ilimitada de energia. E se algumas destas tecnologias pudessem se adaptar mais à Terra, talvez pudéssemos reduzir um pouco essa violência”.
O Papa sublinhou a “responsabilidade que todos temos ante o futuro de nosso planeta”, recordando “os sérios riscos enfrentados pelo meio ambiente e a sobrevivência das futuras gerações. Os cientistas nos dizem que devemos ter cuidado e que do ponto de vista ético temos de educar nossas consciências”.
O astronauta Ron Garan afirmou: “é indescritivelmente belo o planeta que nos foi dado”, mas “é frágil”.
O Papa perguntou aos astronautas se do espaço eles dirigiam sua oração a Deus. O astronauta italiano Roberto Vittori disse: “sim, rezo: rezo por mim, por nossas famílias, por nosso futuro”.
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