31/08/2010

Textos de Reflexão para 31 de Agosto

Evangelho: Lc 4, 31-37

31 Foi a Cafarnaum, cidade da Galileia, e ali ensinava aos sábados. 32 Admiravam-se da Sua doutrina, porque falava com autoridade. 33 Estava na sinagoga um homem possesso de um demónio imundo, o qual exclamou em alta voz: 34 «Deixa-nos. Que tens Tu que ver connosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos perder? Sei quem és: o Santo de Deus». 35 Jesus o repreendeu, dizendo: «Cala-te e sai desse homem». E o demónio, depois de o ter lançado por terra no meio de todos, saiu dele sem lhe fazer nenhum mal. 36 Todos se atemorizaram e falavam uns com os outros, dizendo: «Que é isto, Ele manda com autoridade e poder aos espíritos imundos, e estes saem?» 37 E a Sua fama ia-se espalhando por todos os lugares da região.

Meditação:

Já se sabe, muitos autores o disseram, Jesus impedia que os demónios falassem porque não queria que a Sua Pessoa Divina, Filho de Deus Pai, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, fosse revelada pelo maligno.
A mim parece-me lógico: quem poderia dar crédito ao pai da mentira?
Além do mais, o facto de expulsar demónios não fazia de Jesus o Filho de Deus, muitos outros os expulsavam também. Não. Jesus Cristo queria que acreditassem nele pelas Suas obras e, sobretudo, pelas Suas palavras que eram, como disse São Pedro, palavras de vida Eterna. (ama, comentário sobre Lc 4, 31-37, 2009.05.04)

Tema: Transubstanciação

Pela transubstanciação, as espécies do pão e do vinho já não são o pão comum e a bebida comum, mas sinal de um alimento espiritual, mas adquirem um novo significado e um novo fim enquanto contêm uma ‘realidade’, que com razão denominamos ontológica; porque sob as ditas espécies já não existe o que havia antes, mas uma coisa completamente diferente (...), uma vez que convertida a substância ou natureza do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Cristo, não fica já nada de pão e de vinho, mas só as espécies: sob elas Cristo todo inteiro está presente na Sua realidade física, e ainda corporalmente, e ainda mesmo modo como os corpos estão num lugar. (paulo VI, Encíclica Mysterium fidei, 1965.09.03)

Doutrina: CCIC – 386: O que é a fé?
                   CIC – 1814-1816; 1842

A fé é a virtude teologal pela qual cremos em Deus e em tudo o que Ele nos revelou e que a Igreja nos propõe para acreditarmos, porque Ele é a própria Verdade. Pela fé, o homem entrega-se a Deus livremente. Por isso, o crente procura conhecer e fazer a vontade de Deus, porque «a fé opera pela caridade» (Gal 5,6).

Oração - Adoração




Quando o homem experimenta ao vivo o sentimento de adoração, instintivamente se ajoelha e inclina a cabeça. Para confessar a grandeza de Deus, curva-se sobre si mesmo e faz-se mais pequeno, prostra-se em terra como se quisesse identificar-se mais estreitamente com a criação divina. O seu pressentimento do infinito leva-o a considerar-se nada. Estes gestos primitivos e universais dos mais humildes adoradores, são também os dos maiores santos.

(Georges Chevrot, Jesus e a Samaritana, Éfeso, 1956, pg 118)

30/08/2010

Textos de Reflexão para 30 de Agosto

Evangelho: Lc 4, 16-30

16 Foi a Nazaré, onde Se tinha criado, entrou na sinagoga, segundo o Seu costume, em dia de sábado, e levantou-Se para fazer a leitura. 17 Foi-Lhe dado o livro do profeta Isaías. Quando desenrolou o livro, encontrou o lugar onde estava escrito: 18 “O Espírito do Senhor repousou sobre Mim; pelo que Me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres; Me enviou para anunciar a redenção aos cativos, e a recuperação da vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, 19 a pregar um ano de graça da parte do Senhor”. 20 Tendo enrolado o livro, deu-o ao encarregado, e sentou-Se. Os olhos de todos os que se encontravam na sinagoga estavam fixos n'Ele. 21 Começou a dizer-lhes: «Hoje cumpriu-se este passo da Escritura que acabais de ouvir». 22 E todos davam testemunho em Seu favor, e admiravam-se das palavras de graça que saíam da Sua boca, e diziam: «Não é este o filho de José?». 23 Então disse-lhes: «Sem dúvida que vós Me aplicareis este provérbio: “Médico, cura-te a ti mesmo”. Todas aquelas grandes coisas que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum, fá-las também aqui na Tua terra». 24 Depois acrescentou: «Em verdade vos digo que nenhum profeta é bem recebido na sua terra.25 Em verdade vos digo que muitas viúvas havia em Israel no tempo de Elias, quando foi fechado o céu durante três anos e seis meses e houve uma grande fome por toda a terra; 26 e a nenhuma delas foi mandado Elias, senão a uma mulher viúva de Sarepta, do território de Sidónia. 27 Muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta Eliseu; e nenhum deles foi curado, senão o sírio Naaman». 28 Todos os que estavam na sinagoga, ouvindo isto, encheram-se de ira. 29 Levantaram-se, lançaram-n'O fora da cidade, e conduziram-n'O até ao cume do monte sobre o qual estava edificada a cidade, para O precipitarem. 30 Mas, passando no meio deles, retirou-Se.
Comentário:

Quantos acusam Jesus de falar por enigmas ou de não revelar completamente quem é e ao que vem ficaram aqui definitivamente esclarecidos. O Mestre não poderia ter sido mais claro: Esclarece Quem é e qual é a Sua missão.
Mas em lugar de ouvir e entender e, entendendo, acolher Jesus, preferem suspeitar, duvidar e, com raciocínios preconceituosos, definitivamente repudiar Quem assim lhes fala.
Como o coração do Senhor deve ter-se sentido apertado numa pena enorme por ver que, precisamente os Seus conterrâneos, são aqueles que mais veementemente o repudiam! (ama, comentário sobre Lc 4, 16-2, Fev. 2009)

Tema: Deus sabe mais
Peçamos os bens temporais discretamente, e tenhamos a segurança – se os recebemos – de que procedem de quem sabe que nos convêm. Pediste e não recebeste? Fia-te no Pai; se te conviesse ter-te ia dado. Julga por ti mesmo. Tu és diante de Deus, pela tua inexperiência das coisas divinas, como o teu filho ante ti com a sua inexperiência das coisas humanas. Aí tens esse filho chorando o dia inteiro para que lhe dês uma faca ou uma espada. Negas-te a dar-lha e não fazes caso do seu pranto, para não teres que chorá-lo morto. Agora geme, aborrece-se e dá pontapés para que o montes no teu cavalo; mas tu não fazes caso porque, não sabendo conduzi-lo, arrojá-lo-á e matá-lo-á. Se lhe recusas esse pouco, é para lhe reservares tudo; negas-Lhe agora os seus insignificantes e perigosos pedidos para que vá crescendo e possua sem perigo toda a fortuna. (Stº Agostinho, Sermão, 80, 2 7-8)
Doutrina: CCIC – 385: Quais são as virtudes teologais?
                   CIC 1813

As virtudes teologais são: fé, esperança e caridade.

28/08/2010

Textos de Reflexão para 28 de Agosto

Evangelho: Mt 25, 14-30

14 «Será também como um homem que, estando para empreender uma viagem, chamou os seus servos, e lhes entregou os seus bens.15 Deu a um cinco talentos, a outro dois e a outro um, a cada qual segundo a sua capacidade, e partiu.16 O que tinha recebido cinco talentos, logo em seguida, foi, negociou com eles, e ganhou outros cinco.17 Do mesmo modo, o que tinha recebido dois, ganhou outros dois.18 Mas o que tinha recebido um só, foi fazer uma cova na terra, e nela escondeu o dinheiro do seu senhor.19 «Muito tempo depois, voltou o senhor daqueles servos e chamou-os a contas.20 Aproximando-se o que tinha recebido cinco talentos, apresentou-lhe outros cinco, dizendo: “Senhor, entregaste-me cinco talentos, eis outros cinco que lucrei”.21 Seu senhor disse-lhe: “Está bem, servo bom e fiel, já que foste fiel em poucas coisas, dar-te-ei a intendência de muitas; entra no gozo do teu senhor”.22 Apresentou-se também o que tinha recebido dois talentos, e disse: “Senhor, entregaste-me dois talentos, eis que lucrei outros dois”.23 Seu senhor disse-lhe: “Está bem, servo bom e fiel, já que foste fiel em poucas coisas, dar-te-ei a intendência de muitas; entra no gozo do teu senhor”.24 «Apresentando-se também o que tinha recebido um só talento, disse: “Senhor, sei que és um homem duro, que colhes onde não semeaste e recolhes onde não espalhaste.25 Tive receio e fui esconder o teu talento na terra; eis o que é teu”.26 Então, o seu senhor disse-lhe: “Servo mau e preguiçoso, sabias que eu colho onde não semeei, e que recolho onde não espalhei.27 Devias pois dar o meu dinheiro aos banqueiros e, à minha volta, eu teria recebido certamente com juro o que era meu.28 Tirai-lhe, pois, o talento, e dai-o ao que tem dez talentos,29 porque ao que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, tirar-se-lhe-á até o que tem.30 E a esse servo inútil lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes”.
Comentário:

Ouvi-te com atenção:

“Os meus talentos! Os meus?
Nada tenho que seja meu, nada obtive pela minha acção, vontade ou, sequer, mérito.
Como posso dizer meu?
Convicto que é realmente assim, mais me persuado que tenho de fazer “render” o que, por algum tempo, sempre breve, detenho, sob pena de, não o fazendo, não só não receber prémio nenhum como, pior, receber o castigo que mereço por incumprimento do meu dever.”

E tive de concordar. (AMA, comentário sobre Mt 25, 14-30, Agosto 2000)

Tema: Alegria, fruto do Amor

A alegria humana não se pode mandar. A alegria é fruto do amor, e não a todo o mundo se outorga um amor humano capaz de manter uma alegria permanente. E não somente isto, mas também, que pela sua natureza, o amor humano é com maior frequência fonte de tristeza que de alegria (…). Mas no campo cristão não acontece assim. Um Cristão que não ame a Deus é indesculpável, e um cristão ao qual o amor a Deus não brinde com a alegria é porque não compreendeu o que o amor lhe dá. Para um cristão a alegria é natural porque é propriedade essencial da virtude mais importante do cristianismo, quer dizer, do amor. Entre a vida cristã e a alegria há uma necessária relação de essência. 

(P. A. Reggio, Espíritu sobrenatural y buen humor, Rialp, 2ª ed., Madrid 1966, p. 34, trad ama)

Doutrina: CCIC – 383: O que é a temperança?
                  CIC – 1809-1838

A temperança modera a atracção dos prazeres, assegura o domínio da vontade sobre os instintos e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados


Festa: Santo Agostinho

Apostolado



Quando descobris que algo vos foi proveitoso, tentais atrair os outros. Tendes, pois, que desejar que os outros vos acompanhem pelos caminhos do Senhor. Se ides ao foro ou aos banhos e deparais com alguém que esteja desocupado, convidai-o para que vos acompanhe. Aplicai ao espiritual este costume terreno e, quando fordes a Deus, não o façais sós.

(S. Gregório Magno, In Evangelia Homíliae, VI, 6 (P l 76, 1098)

27/08/2010

Textos de Reflexão para 27 de Agosto

Evangelho: Mt 25, 1-13

1 «Então, o Reino dos Céus será semelhante a dez virgens, que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo. 2 Cinco delas eram néscias, e cinco prudentes. 3 As cinco néscias, tomando as lâmpadas, não levaram azeite consigo; 4 as prudentes, porém, levaram azeite nas vasilhas juntamente com as lâmpadas.5 Tardando o esposo, começaram todas a cabecear e adormeceram. 6 À meia-noite, ouviu-se um grito: “Eis que vem o esposo! Saí ao seu encontro”. 7 Então levantaram-se todas aquelas virgens, e prepararam as suas lâmpadas. 8 As néscias disseram às prudentes: “Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas apagam-se”. 9 As prudentes responderam: “Para que não suceda que nos falte a nós e a vós, ide antes aos vendedores, e comprai para vós”. 10 Mas, enquanto elas foram comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele a celebrar as bodas, e foi fechada a porta. 11 Mais tarde, chegaram também as outras virgens, dizendo: “Senhor, Senhor, abre-nos”. 12 Ele, porém, respondeu: “Em verdade vos digo que não vos conheço”. 13 Vigiai, pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora.
Meditação:

Jesus Cristo diz sempre as mesmas coisas, de modo diferente, dando vários exemplos, mas, sempre com a mesma substância e a mesma finalidade: que todos compreendam, bem, o que é o Reino de Deus e o que é preciso fazer para o conquistar.
Neste caso refere-se concretamente à perseverança na Fé e na oração.
Não basta ter a “candeia” da Fé, é preciso garantir que não lhe falte o “azeite” da sua prática. Este “azeite” é a oração.
Não há fé que subsista sem oração perseverante, cuidada, contínua.
Não há tempo para cálculos a respeito da vida ou da morte que não dependem, em absoluto, de nós, não podemos, não nos convém de modo nenhum, deixar para depois, mais tarde.
Não! Agora!
Agora é que é o nosso tempo. E, mesmo que tenhamos momentos de sono, deveremos estar preparados para, ao acordar, estar tudo a postos para o que o Senhor nos pedir, seja um trabalho qualquer ou, simplesmente, que compareçamos à Sua Presença. (ama, meditação sobre Mt 25, 1-13, 2010.0716)

Tema: Humildade e Fé

Uma pessoa humilde que não tenha fé e sinceramente a deseje, acaba por tê-la com certeza, porque Deus não se nega a ninguém. E vice-versa, um aumento de soberba supõe uma diminuição de fé. (Federico Suarez, A Virgem Nossa Senhora, Éfeso, 4ª Ed. nr. 132)

Doutrina: CCIC – 382: O que é a fortaleza?
                  CIC – 1808; 1837

A fortaleza assegura a firmeza nas dificuldades e a constância na procura do bem, chegando até à capacidade do eventual sacrifício da própria vida por uma causa justa.

Festa: Santa Mónica

Caminhos


Como Cristo é o único mediador ante o Pai, e o caminho para chegar a Cristo é Maria, Sua Mãe, assim o caminho seguro para chegar a Maria é São José: De José a Maria, de Maria a Cristo e de Cristo ao Pai.

(B. Llamera, Teología de San José, pg. 315, trad ama)

26/08/2010

A Democracia precisa de uma sociedade virtuosa

Acho que é crucial para as democracias, nas próximas duas gerações, a restauração dos fundamentos culturais das sociedades democráticas.
A Democracia não é uma máquina que funcione, por si só, exige um certo tipo de pessoas para fazer funcionar o maquinismo, que requer certas virtudes, é por isso que o Papa fala sempre acerca duma sociedade livre e virtuosa.

A menos que as pessoas tenham adquirido certos hábitos do coração e da mente, a que chamamos de virtudes, não serão capazes de ser democratas.  Todos nós nascemos tiranos, é preciso aprender os hábitos de tolerância e de uma participação no argumento, etc. Na maior parte do mundo democrático, em que a cultura torna a democracia possível, a democracia tem-se atrofiado durante as últimas duas gerações, porque a ideia que tem de liberdade se deteriorou.

A teoria clássica da democracia, bem como os documentos oficiais da Igreja ensinam-nos que a liberdade é realmente o direito de fazer o que devemos fazer.  O direito de escolher livremente o que é objectivamente bom.  Qualquer outro conceito de liberdade, especialmente o de a liberdade ser uma licença, acabará, em última análise, em auto-destruição.

Estas são as questões cruciais, agora, para as democracias, porque a menos que possamos reconstruir a cultura da liberdade bem entendida, não seremos capazes de resolver a nível político, a nível da legislação e da lei, questões como, por exemplo, as propostas para novas biotecnologias.  

(George Weigel, Democracy needs a "virtuous" society,  Entrevista a NewsWeekly, uma publicação do National Civic Council. 2000.11.18 trad ama)

Textos de Reflexão para 26 de Agosto

Evangelho: Mt 24, 42-51

42 «Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora virá o vosso Senhor. 43 Sabei que, se o pai de família soubesse a que hora havia de vir o ladrão, vigiaria, sem dúvida, e não deixaria arrombar a sua casa. 44 Por isso estai vós também preparados, porque virá o Filho do Homem na hora em que menos pensais.45 «Quem é, pois, o servo fiel e prudente, a quem o seu senhor colocou à frente da sua família para lhe distribuir de comer a seu tempo? 46 Bem-aventurado aquele servo, a quem o seu senhor, quando vier, achar a proceder assim. 47 Na verdade vos digo que lhe confiará o governo de todos os seus bens. 48 Mas, se aquele servo mau disser no seu coração: “O meu senhor tarda em vir”, 49 e começar a bater nos seus companheiros, a comer e beber com os ébrios, 50 virá o senhor daquele servo no dia em que não o espera, e na hora que não sabe, 51 e mandará açoitá-lo e dar-lhe-á a sorte dos hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes.
Meditação:

Vigiar… vigiar… é o aviso, conselho, constante de Jesus e muito a propósito porque, infelizmente, a nossa tendência é, quase sempre, para uma certa bonomia do “deixar andar” “depois…logo se vê”. O desleixo, o aburguesamento.
Nalguns casos, cumprimos os “mínimos”, vamos à Missa ao Domingo, escolhemos uma que seja breve e a uma hora conveniente, deixamos para o fim do dia a reza do Terço que acabamos por não rezar, enfim, vamos andando pela vida com uma sensação de que não nos portamos “mal de todo”, não fazemos grandes pecados, não roubamos nem matamos…
E, isto, chega?
Não, não chega. Se não nos alimentarmos convenientemente é quase certo que passaremos mal e a nossa saúde se ressentirá.
Se não alimentamos a nossa alma com a oração, correcta, séria, sentida, o pouco que temos de fé, de desejos de melhoria irá desaparecendo até ao ponto em que a oração já não faz sentido, a preocupação com a vida interior deixa de nos preocupar.
Pessoalmente, parece-me um risco sério, muito sério. (ama, comentário sobre Mt 24, 42-51, 2010.07.15)

Tema: Felicidade humana

Uma das razões pelas quais os homens são tão propensos a louvar-se, a sobrestimar o seu próprio valor e os seus próprios poderes, a ressentir-se e qualquer coisa que tenda a rebaixa-los na sua própria estima e na dos outros, é porque não vêm mais esperança para a sua felicidade que eles próprios. Por isso são amiúde tão susceptíveis, tão ressentidos quando são criticados, tão desagradáveis para quem os contradiz, tão insistentes em sair-se com "a sua", tão ávidos de ser conhecidos, tão ansiosos de louvor, tão determinados a governar o seu meio ambiente. Confiam em si mesmos como náufrago se agarra a uma palha. E a vida prossegue, e estão cada vez mais longe da felicidade. (E. Boylan, El amor supremo, vol. II, nr. 81 trad ama)

Doutrina: CCIC – 381: O que é a justiça?
                   CIC - 1807 - 1836

A justiça consiste na constante e firme vontade de dar aos outros o que lhes é devido. A justiça para com Deus é chamada «virtude da religião».

25/08/2010

Pais e filhos



É um facto que tantos jovens carecem de uma imagem vivida do pai – ou por vezes da mãe - capaz de os orientar para assimilar a fundo a realidade da Filiação Divina. Uma família desfeita priva os filhos dessa experiência de carinho e de segurança que só uma união indissolúvel entre o pai e a mãe permite alcançar com plenitude. Também é evidente que muitos pais e mães, por diversos motivos, concedem escasso relevo à sua paternidade ou à sua maternidade.

(D. Xavier Echevarria, Itenerarios de vida Cristiana, Editorial Planeta SA, Barcelona, Feb. 2001, pg. 13, trd. ama)

Paz



Onde há amor à justiça, onde existe respeito pela dignidade da pessoa humana, onde não se procura o capricho ou utilidade próprias, mas o serviço a Deus e aos homens, ali se encontra a paz.

(Álvaro del Portillo, Homília, 30.03.1985.03.30)

Textos de Reflexão para 25 de Agosto

Evangelho: Mt 23, 27-32

23 «Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que pagais o dízimo da hortelã e do endro e do cominho, e descuidais as coisas mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade! São estas coisas que era preciso praticar, sem omitir as outras. 24 Condutores cegos, que filtrais um mosquito e engolis um camelo! 25 «Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que limpais o que está por fora do copo e do prato, e por dentro estais cheios de rapina e de imundície! 26 Fariseu cego, purifica primeiro o que está dentro do copo e do prato, para que também o que está fora fique limpo.27 «Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que sois semelhantes aos sepulcros branqueados, que por fora parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda a espécie de podridão! 28 Assim também vós por fora pareceis justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e iniquidade. 29 «Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que edificais os sepulcros dos profetas e adornais os túmulos dos justos, 30 e dizeis: “Se nós tivéssemos vivido nos dias de nossos pais, não teríamos sido seus cúmplices no derramamento do sangue dos profetas!”. 31 Assim dais testemunho contra vós mesmos de que sois filhos daqueles que mataram os profetas, e 32 acabais de encher a medida de vossos pais.

Comentário:

A hipocrisia é, talvez, um dos defeitos mais comuns dos dias de hoje.
Gosta-se de aparentar o que se não é, que se possui o que se não tem, que se faz o que não se pratica.
Porquê? Penso que pela falta de vida interior que dá o critério justo a quem a leva a sério e procura vivê-la com verdade.
Uma das consequências mais terríveis da hipocrisia é a falta de credibilidade que o hipócrita, efectivamente, tem. Quando isto acontece constrói-se como que uma espécie de carapaça que nos vais deixando imunes á verdade, à correcção, à limpeza de vida. Poder-se-ão viver momentos de alguma felicidade, mas serão breves porque, o hipócrita é sempre desmascarado pela sua própria postura perante a vida e a sociedade. (ama, comentário sobre Mt 23, 27-32, 2010.07.14)

Tema: Fidelidade humana

Um homem é fiel quando considera que determinada causa é digna do seu empenho; quando se consagra de maneira voluntária e completa a esse empreendimento; quando a ele se dedica de forma contínua e prática, trabalhando firmemente a seu serviço. (Javier Abad Gómez, Fidelidade, Quadrante, 1991 pg. 10)

Doutrina: CCIC – 380: O que é a prudência?
                   CIC – 1806 - 1835

A prudência dispõe a razão para discernir em todas as circunstâncias o nosso verdadeiro bem e a escolher os justos meios para o atingir. Ela conduz as outras virtudes, indicando-lhes a regra e a medida.

Bens temporais




Peçamos os bens temporais discretamente, e tenhamos a segurança – se os recebemos – de que procedem de quem sabe que nos convêm. Pediste e não recebeste? Fia-te no Pai; se te conviesse ter-te ia dado. Julga por ti mesmo. Tu és diante de Deus, pela tua inexperiência das coisas divinas, como o teu filho ante ti com a sua inexperiência das coisas humanas. Aí tens esse filho chorando o dia inteiro para que lhe dês uma faca ou uma espada. Negas-te a dar-lha e não fazes caso do seu pranto, para não teres que chorá-lo morto. Agora geme, aborrece-se e dá pontapés para que o montes no teu cavalo; mas tu não fazes caso porque, não sabendo conduzi-lo, arrojá-lo-á e matá-lo-á. Se lhe recusas esse pouco, é para lhe reservares tudo; negas-Lhe agora os seus insignificantes e perigosos pedidos para que vá crescendo e possua sem perigo toda a fortuna.

(Stº Agostinho, Sermão, 80, 2 7-8) 

24/08/2010

Textos de Reflexão para 24 de Agosto

Evangelho: Jo 1, 45-51

45 Filipe encontrou Natanael e disse-lhe: «Encontrámos Aquele de Quem escreveu Moisés na Lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José». 46 Natanael disse-lhe: «De Nazaré pode porventura sair coisa que seja boa?». Filipe disse-lhe: «Vem ver». 47 Jesus viu Natanael, que vinha ter com Ele, e disse dele: «Eis um verdadeiro israelita em quem não há fingimento». 48 Natanael disse-lhe: «Donde me conheces?». Jesus respondeu-lhe: «Antes que Filipe te chamasse, Eu te vi, quando estavas debaixo da figueira». 49 Natanael respondeu: «Mestre, Tu és o Filho de Deus, Tu és o Rei de Israel». 50 Jesus respondeu-lhe: «Porque te disse que te vi debaixo da figueira, acreditas?; verás coisas maiores que esta». 51 E acrescentou: «Em verdade, em verdade vos digo, vereis o céu aberto e os anjos de Deus subir e descer sobre o Filho do Homem».
Meditação:

Nunca o Evangelho, refere o que Jesus viu debaixo da figueira onde estivera Natanael. Nem teria porque o fazer, trata-se, obviamente, de algo íntimo entre o Mestre e o futuro Apóstolo. Jesus respeita sempre, a intimidade das pessoas, quando não, teria dito: “Quando estavas debaixo da figueira vi-te fazer isto”…
Que podemos nós pensar senão que, Natanael deveria estar mergulhado em meditação, numa intimidade recatada, como deve ser, sempre, a meditação.
Porque se pode concluir tal coisa? Porque a declaração de Natanael à revelação de Jesus parece ser a resposta a essas mesmas perguntas que, no seu íntimo, se proporia.
As questões que nos pomos no nosso íntimo, desde que feitas com verdadeiro desejo de conhecer a verdade, encontram, sempre, resposta por parte de Cristo, que nunca nos deixa na ignorância ou na dúvida. (ama, comentário sobre Jo 1, 45-51, 2009.04.29)

Tema: Sintomas da Tibieza

Um sintoma de tibieza é não dar importância aos pecados veniais. O pecado venial é sempre uma ofensa a Deus. É afastar-se do Criador para se voltar para as criaturas. A primeira criatura para quem nos voltamos somos nós mesmos: a nossa soberba, a nossa sensualidade, a nossa comodidade. Por isto vos peço - peço-vos por amor de Deus - que estejais sempre vigilantes; e atentos em concreto à sobriedade na comida e na bebida. (Álvaro del Portillo, Tertúlia, 1984.11.25, trad do castelhano ama)

Doutrina: CCIC – 379: Quais são as virtudes humanas principais?
                   CIC – 1805;1834

São as virtudes, chamadas cardeais, que reagrupam todas as outras e que constituem a charneira da vida virtuosa. São elas: prudência, justiça, fortaleza e temperança.

Festa: São Bartolomeu, Apóstolo

Fátima 3



“Consagrar o mundo ao Imaculado Coração de Maria” significa aproximar-nos, por intercessão da Mãe, da mesma fonte de Vida que brotou no Gólgota. Este manancial corre ininterruptamente, brotando dele a Redenção e a Graça. Nela se realiza continuamente a reparação pelos pecados do mundo. Este manancial é fonte incessante de vida nova e de santidade.

(joão Paulo II, Homília em Fátima, 1982.05.13)

23/08/2010

Em Espanha como em Portugal



Amigos e inimigos


Se observarmos o nosso país, a chave do momento presente encontra-se em que o partido no Governo e o principal partido da oposição se vêem mutuamente como inimigos públicos mortais. Essa inimizade radical torna impossível qualquer colaboração efectiva, que seria o mais razoável e o que a maior parte dos cidadãos provavelmente desejamos. A causa da hostilidade cerrada entre ambos os partidos encontra-se - no meu entender - na carência de convicções básicas das duas formações políticas que disputam o poder. Os que não têm convicções não são capazes de expor as suas ideias em confronto democrático com as dos outros e auto-definem-se simplesmente pela oposição mecânica aos seus rivais. Não têm ideias e, se as expressam em alguma ocasião, não têm o menor pejo em sustentar a ideia exactamente oposta passados poucos dias sem sequer advertir que se estão contradizendo. Temos um gravíssimo problema de formação intelectual e de liderança efectiva dos nossos políticos que por isso não inspiram nenhuma confiança aos seus eleitores. Não nos fiamos deles, porque quase sempre desconhecemos quais são as suas convicções e qual vai ser a sua efectiva actuação.

(jaime nubiola, Convite para pensar, in Fluvium, 2010.08.21, trad. ama)

Cristo desvela o mistério da vocação do homem

 Como acertar com a minha vida



        É Cristo quem desvela o mistério da vocação do homem, por dois motivos fundamentais: Em primeiro lugar, porque a meta de toda vocação é a comunhão com Deus que Se nos dá a conhecer em Cristo Jesus; e em segundo lugar, porque em Cristo dá-se o acolhimento do chamamento divino na sua máxima fidelidade: Cristo faz-se uma mesma coisa com o querer do Pai.
        Todo o discípulo tem que responder à vocação com uma entrega que tem como seu modelo a entrega de Jesus. A plena união com o Pai dá-se sempre em Jesus, ainda que se expresse de forma diferente na Sua humanidade no tempo. Em troca, em nós, desvela-se-nos pouco a pouco o que Deus nos pede; vamo-nos tornando filhos e inteiramo-nos o que significa ser filhos de Deus ao longo da vida. O ideal de vida do Evangelho reclama conversão e penitência: uma mudança radical do coração que abarca toda a vida da pessoa.
        Jesus quer vincular os discípulos à missão que o seu Padre Lhe dá. A chamada para o seguir não é só imitação, mas introdução às condições da vida de Jesus. Assim, na origem de toda a vocação há, juntamente com uma eleição pessoal por parte de Deus, uma vontade divina para realizar. São Paulo diz-nos: "Chamou-nos com vocação santa, não em virtude das nossas obras, mas em virtude do seu desígnio" (2 Tm 1, 9).
        Poder-se-iam distinguir vários tipos ou diferentes grupos de chamadas que Jesus faz: a vocação dos quatro primeiros; a vocação de São Mateus; todas as chamadas que não tiveram êxito ou o tiveram mas mais tarde e se afastaram dele. Em quase todas deu-se um seguimento imediato e uma entrega radical e total (Mt 4, 18-22; Mc 1, 16-25; Lc 5, 1-11; Jn 1, 35-51). No Evangelho fica claro que o seguimento de Jesus leva consigo dar a vida (Mc 8, 34-38) e que Jesus não pretende, em nenhum momento, movimento de massas. Os discípulos de Jesus, os que O seguem, jogam a vida por inteiro.
        Em todas essas chamadas há alguns traços comuns:
        A iniciativa vem sempre de Jesus.
        A autoridade absoluta com que Jesus chama (não deixa margem para responder com condições ou limitações).
        É um chamamento que pressupõe a liberdade no seguimento: Jesus arrasta, atrai, não obriga.
        Implica uma missão: é um chamamento a estar com Ele - antes a ser como Ele: partilhar a sua vida, participar do seu destino, tomar a cruz - e a anunciar o Evangelho. 
(Juan Manuel Roca, in fluvium, 2010.08.21, trad ama)