Amigos e inimigos
Se observarmos o nosso país, a chave do momento presente encontra-se em que o partido no Governo e o principal partido da oposição se vêem mutuamente como inimigos públicos mortais. Essa inimizade radical torna impossível qualquer colaboração efectiva, que seria o mais razoável e o que a maior parte dos cidadãos provavelmente desejamos. A causa da hostilidade cerrada entre ambos os partidos encontra-se - no meu entender - na carência de convicções básicas das duas formações políticas que disputam o poder. Os que não têm convicções não são capazes de expor as suas ideias em confronto democrático com as dos outros e auto-definem-se simplesmente pela oposição mecânica aos seus rivais. Não têm ideias e, se as expressam em alguma ocasião, não têm o menor pejo em sustentar a ideia exactamente oposta passados poucos dias sem sequer advertir que se estão contradizendo. Temos um gravíssimo problema de formação intelectual e de liderança efectiva dos nossos políticos que por isso não inspiram nenhuma confiança aos seus eleitores. Não nos fiamos deles, porque quase sempre desconhecemos quais são as suas convicções e qual vai ser a sua efectiva actuação.
(jaime nubiola, Convite para pensar, in Fluvium, 2010.08.21, trad. ama)
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