Dentro
do Evangelho – (cfr:
São Josemaria, Sulco 253)
Querer e necessitar
O que eu quero e o
que eu necessito. Nem sempre coincidem estas duas: O que eu quero e o que
necessito. A dificuldade reside, quase sempre, na moderação e no critério, ou
seja, a moderação da vontade de ter e a avaliação do que realmente me faz
falta.
Aparentemente o que
não tenho provoca uma vontade, um desejo de possuir e se não me detenho a
pensar se isso me é absolutamente necessário, indispensável para um fim que me
proponho, caio com facilidade num mero desejo de posse sem um motivo sério,
concreto, razoável. Neste caso, não parece muito apropriado endereçar a Deus
esse desejo, essa vontade de ter.
Sintética, mas
plenamente o Pai-Nosso resolve a questão: peço como o Senhor ensinou aquilo que
preciso.
Mas, sendo assim,
considerarei que o “resto” é supérfluo, desnecessário, não deve englobar o
pedido?
Não me parece que
seja exactamente assim porque o que agora parece a “a mais” pode noutra
circunstância não o ser e embora deva viver o dia-a-dia preparando o futuro não
cabe este tipo de “previsões” quando se tem confiança absoluta que Deus é hoje
e sempre um Pai atento às reais necessidades dos Seus filhos. [1]
Estar na escuridão é um prenúncio de morte: «O povo que jazia nas trevas viu uma grande luz, e a luz amanheceu aos
que jaziam na zona caliginosa da morte.» [2]
Morte, dizia, que equivale a condenação, porque quem está na escuridão
exclui-se a si mesmo da possibilidade de salvação, que é o fim que
verdadeiramente se deve procurar.
«É esta a causa da condenação: veio a
Luz ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a Luz, pois eram más as
suas obras.» [3]
Para abandonar as trevas e andar com a segurança que dá a claridade, é
fundamental caminhar com Jesus Cristo, passo a passo, todos os momentos do dia.
«Andai enquanto tendes luz para que
as trevas não vos dominem. Quem anda nas trevas não sabe para onde vai.» [4]
Aos poucos, como os dois de Emaús, vamos ouvindo o que nos diz e
compreendendo melhor o nosso papel na vida, na sociedade. A caminho de Emaús, (…)
aqueles discípulos estão tristes. Mais que tristes: estão desanimados e
desiludidos. Tinham andado, talvez longo tempo, com o Mestre, escutado os Seus
discursos, presenciado os Seus milagres. Ainda há três dias, quando da entrada
triunfal em Jerusalém, tinham gritado a plenos pulmões: Hossana Filho de David!... e agora... agora…, era a dura realidade:
O Senhor morto e
sepultado, os Apóstolos escondidos, toda a gente desorientada sem saber o que
fazer. E era isto que diziam um ao outro, queixando-se, lamentando talvez,
tanto tempo e tantas ilusões perdidas. Na sua confusão, nem sabiam bem o que
pensar:
Teriam sido enganados
por um visionário que morrera vítima do seu próprio sonho?
Como é que Jesus, que
tinha poderes tão extraordinários que Lhe permitiam ressuscitar mortos, curar
enfermos, dar vista aos cegos e, ainda, com uns poucos de pães e alguns peixes,
saciar a fome a milhares de pessoas, ficara assim, de repente, inerme, nas mãos
dos Seus inimigos? (…) Tudo isto, em turbilhão, calculamos bem, nas suas
cabeças e também nos seus corações. Estavam confusos, tristes, desiludidos.
Tal como nós, muitas
vezes, em ocasiões tão diversas como, numa doença que faz sofrer, numa provação
dura de aguentar, enfim... aquilo a que chamamos tragédias; ficamos também a
pensar connosco mesmos: ‘E Deus? Onde está? Porque permite isto?’
Tal como a caminho de
Emaús, podemos dar-nos conta que, a nosso lado, segue alguém que espera uma
oportunidade para se "meter" connosco, para se introduzir na nossa
vida, ajudando-nos a avaliar a dificuldade que enfrentamos, explicando-nos as
razões e os motivos de tudo quanto nos acontece.
Umas vezes,
entendemos perfeitamente o que nos quer dizer, outras, talvez muitas,
infelizmente, nem sequer O ouvimos.
Ele é o Cristo que
passa... que passa na vida de cada homem, várias vezes e de tão variadas
formas. Está ansioso por ser ouvido por nós, deseja que O convidemos a entrar
na nossa alma.
Também nós devemos
dizer-Lhe com frequência: «Senhor cai o
dia, não tarda a noite, fica connosco!»
Sim, muitas vezes cai
o dia da nossa esperança, o dia da nossa fé; sentimo-nos desconsolados:
Aquilo que
esperávamos com tanta confiança, não aconteceu; aquele amigo que estimávamos,
desprezou-nos; o ente querido que tanta falta nos faz, está morrendo; esta
dificuldade, que se avoluma cada dia que passa, cujo peso está ficando
impossível suportar.
Outras vezes sentimos
que é a noite que não tarda, a noite da nossa confusão, do nosso desânimo, da
nossa frustração.
Parece que tudo se
desmorona à nossa volta, que os outros é que têm razão, que o mal triunfa e o
pecado compensa, que da prática do bem e do esforço por ser melhores só nos
advêm problemas, angústias e dificuldades.
E então, temos de
dizer-lhe: Fica connosco Senhor, as Tuas palavras tão cheias de sabedoria abrem
novos horizontes à nossa frente, vemos as coisas com outra luz, a Tua presença
conforta-nos e fortalece-nos e ajuda-nos a vencer o medo.
Depois, tal como no
Evangelho, os nossos olhos hão-de abrir-se e reconheceremos Jesus, junto de
nós, onde sempre esteve. Sossegados então, com a alma em paz, com as certezas
todas claríssimas no nosso espírito, sabendo muito bem que o que acreditamos é
verdadeiro, é belo e nos salva, prontamente, como aqueles dois de Emaús,
voltamos à estrada ao encontro dos outros para lhes dar notícias importantes e
que não podem esperar: Que O Senhor ressuscitou, pelo Seu próprio poder, porque
é Deus Todo-Poderoso; que, não obstante ter ido para os Céus, ficará connosco,
para sempre, até ao final dos tempos.
Destes dois homens de
Emaús, só sabemos que eram discípulos de Cristo. Quem sabe, talvez fossem dos
setenta e dois enviados pelo Mestre em pregação pela Palestina; é possível que
tivessem feito milagres, coisas extraordinárias, as suas palavras e os seus
actos teriam convertido muitos e, no entanto, tudo isso agora era posto em
causa.
A gente pasma com a
"qualidade" dos homens que o Mestre escolheu para Seus discípulos,
qualidade no sentido da fidelidade, da constância.
Ainda
guardamos na memória a veemência das negações de Pedro na noite de
Quinta-feira. Este, que foi a primeira coluna da Igreja, os outros todos que se
constituíram em pedras angulares de todo o edifício da cristandade, uns e
outros que negaram, duvidaram e fugiram, converteram-se em faróis brilhantes
que iluminaram o mundo pagão e hostil daquele tempo, com uma luz divina que
brilha ainda hoje.
Mas, para além de
iluminar, como dizia, modificaram realmente as pessoas, as sociedades, os
costumes o sentido da vida e da morte do ser humano.
Não obstante tantos
defeitos, ignorância, cobardia, medo e dúvidas, decidiram pôr de lado tudo isso
e, cheios de confiança, aceitar plenamente o mandato explícito do Mestre:
«Ide, pois, doutrinai todas as gentes!» [5] Isto leva-nos a pensar um pouco nas desculpas, ou justificações que, ao
longo da vida, vamos encontrando para a nossa resistência ao trabalho
apostólico, a nossa pouca vontade em envolver-nos "nessas coisas"
(como dizemos por vezes): Porque não sabemos o que dizer; porque primeiro temos
de nos "converter" a nós mesmos e só depois convertermos os outros;
porque somos fracos; porque não sabemos; porque...; porque...; Outras vezes não
aceitamos um convite para uma actividade em que se nos falará das coisas de
Deus aduzindo razões: ‘É mais uma; porque já vou a tantas; porque não tenho
tempo; porque não simpatizo com a pessoa;
porque
também lá vai fulano de quem eu não gosto; porque...,’ enfim... tantas razões
que, sabemos bem no fundo, não são razão nenhuma.
O que nos custa
admitir é que não desejamos incómodos, desassossegos, estamos bem assim,
fazemos o que podemos, cumprimos os nossos deveres, o resto... o resto é para
os padres e pronto! A verdade é que não somos nem melhores nem piores que
aqueles homens que Jesus escolheu, e que, como a eles, também a nós o Mestre
nos manda: «Ide... a todas as gentes».
[6]
Estou certo que, cada
um de nós já experimentou a incrível sensação de alegria e paz interior, quando
aceita esse convite, sobretudo quando para tal tem de se vencer alguma
resistência íntima, ou naquela ocasião em que aquela pessoa a quem vinha
convidando sem sucesso, de repente, aceitar e comparecer.
Daqui a uns dias, o
Senhor Ressuscitado, estará à espera dos Apóstolos na margem do lago.
Quando eles chegarem,
Jesus que, entretanto, acenderá umas brasas, perguntar-lhes-á: «Rapazes, tendes algum peixe que se coma?» [7] (…) Os discípulos ficam tristes, não têm nada para oferecer ao Senhor. Andaram
toda a noite na pesca, estão esgotados de trabalho, preocupados com a
subsistência das famílias e agora, ainda por cima, vem o Senhor e pede-lhes de
comer e eles não têm nada para Lhe dar! Como os de Emaús também eles estão
tristes, desanimados, desiludidos.
Como se o Senhor não
o soubesse!
Isto é o que Pedro
realmente quer dizer ao Mestre, quando Lhe conta o fracasso da noite de pesca,
esquecendo-se que tudo começara com uma pescaria que o próprio Jesus indicara
como fazer: «Faz-te ao largo; e vós,
largai as redes para a pesca!» [8]
Os Apóstolos duvidam:
Podia lá ser! Pescar àquela hora! Naquele lugar!
Mas Pedro toma uma
decisão importante: «In verbo autem tua
laxabo retia! Porque o dizes, largarei as redes!». [9] E sabemos o que aconteceu: Uma pescaria tão abundante que se rompiam as
redes, houve que chamar os das barcas vizinhas para ajudar.
Ninguém quer
acreditar. Eles, pescadores experimentados, conhecedores como poucos daquele
lago e das suas particularidades, habituados a um trabalho duro e por vezes sem
resultados - como o da noite anterior - de um golpe, obtinham aquele sucesso!
O segredo sabemo-lo
nós: foi o exacto e pronto cumprimento das instruções de Jesus e, mais que
isso, terem procedido em Seu Nome.
Devemos ter bem
presente a lição desta pesca milagrosa sempre que nos decidirmos a qualquer
tarefa apostólica. Antes de falar com aquela pessoa, fazer aquele convite,
provocar aquele encontro no qual falaremos de Deus, também devemos dizer com
confiança: In nomine Tuo!
‘No Teu Nome, Senhor!
No Teu Nome vou fazer isto ou aquilo; vou, conforme
me mandas, lançar a rede e, se houver pesca, entregar-ta-ei porque é
Tua; não me importa nada se já falei com aquele amigo várias vezes, se fiz
tantos convites e nenhum foi aceite, se só tenho conhecido insucesso e
frustração, se pesquei toda a noite e não
apanhei nada - não me importa, talvez tenha feito as coisas por mim, para minha
auto-satisfação ou convencimento, quando as deveria ter feito por Ti e para Ti;
se Tu me escolheste, mesmo sabendo como sou, com os meus defeitos e as minhas
fraquezas, é porque sabes que terei algum préstimo para levar a cabo os Teus
desejos; como não sou capaz, sozinho, com tanta responsabilidade, tanto
trabalho que é preciso fazer, chamarei outros - das barcas vizinhas - para que
me ajudem a trazer para os Teus pés a Tua pescaria.’
Desta forma as coisas
ficam claras para nós e não teremos mais dúvidas sobre o que temos e devemos
fazer. E esta clareza de que falo é no fim e ao cabo, a certeza da necessidade
da nossa união com Deus, da atenção que teremos de manter, permanentemente,
para O ouvirmos quando Ele se juntar a nós, no nosso caminho diário, no local
de trabalho, em casa, no café, onde estivermos. Só assim, com o coração pronto
e o espírito livre, o que Ele nos disser será ouvido por nós, nos acalentará e
nos levará a pedir-lhe: ‘Senhor, é tarde,
cai a noite, fica connosco!’
Infelizmente, muitos, procuram alhures essa luz que lhes descortine a cura
para os seus males, a tranquilidade para as suas inquietações.
Repetidamente Jesus
chamou a atenção dos Seus discípulos para a redobrada atenção que deveriam ter
aos falsos profetas e para as tentativas de usurpação ou mau uso do próprio
Nome de Deus. Em nome de Deus, quantos abusos e arbitrariedades se cometem;
quantas falsas "salvações" se apregoam; quantos milhares de pessoas
desviadas do caminho que é Cristo. «Eu
sou o Caminho, a Verdade e a Vida», [10] afirmou Jesus com a solene autoridade que Lhe competia.
Ele é, de facto, o
único caminho para Deus. Ele próprio é a Verdade. N'Ele está a totalidade da
Vida.
Fora de Jesus,
andamos perdidos, enganados e moribundos.
Simão Pedro faz a
confissão: «Para quem iremos nós, Senhor?
Tu tens palavras de vida eterna». [11]
Eis aqui uma formosa
jaculatória que podemos repetir em tempos de provação. Porque é o que nós
sentimos também. Também nós não temos dúvidas que o nosso caminho está
radicalmente unido ao caminho de Cristo.
São João Paulo II
dizia: ´Buscai a Jesus esforçando-vos por conseguir uma fé pessoal profunda que
informe e oriente toda a vossa vida; mas sobretudo que seja o vosso compromisso
e o vosso programa amar Jesus, com um amor sincero, autêntico e pessoal. Ele
deve ser vosso amigo e vosso apoio no caminho da vida. Só Ele tem palavras de
vida eterna’. [12]
Ah! Os últimos
tempos! [13]
Quantos, neste
momento, se aproveitam das mentes fracas ou pouco esclarecidas, para darem
corpo a estas personagens que Jesus menciona pondo de sobreaviso os Seus
Discípulos. Quantos se apresentam como os detentores da verdade última, com
soluções para as ansiedades e angústias do homem de hoje. Mais que charlatães,
são na verdade portadores de um estigma, tão velho como a sociedade humana, o
estigma dos exploradores dos mais fracos ou débeis.
As chamadas igrejas de
“pregação evangélica”, normalmente servidas por poderosos meios de comunicação
e atracção de massas, os videntes, bruxos, adivinhos e pessoas de
"virtude" que enganam, dissimulam, espreitam as oportunidades que a
cada passo a sociedade desnorteada lhes sugere. E porquê o aparente êxito de
tais pessoas ou organizações? Porque as gentes perderam o sentido da fé, o
horizonte da esperança, a noção do critério justo e são das relações humanas.
Tudo se permite, nada é reservado ou proibido, tudo é possível. As televisões
encharcam-nos com histórias de vidas sem Deus e sem moral, desprovidas de
sentido crítico ou, sequer, preocupações sociais. Mas nem por serem
disparatadas, quiméricas ou fantasiosas, essas histórias, ou novelas, deixam de
ter espectadores interessados e coniventes. ‘Que não faz mal’, dizem uns, ‘que
não me afecta’, dizem outros, mas, na verdade, faz mal e afecta. Nenhum de nós
é imune e, mesmo revestido de uma carapaça de indiferença, algo penetra, e
fica, e corrompe.
“Qual de nós, não
reagiria com vigor se, à porta de casa, nos batesse um bando de mulheres nuas?
Mas… se for pela janelinha da televisão? Já não faz mal?!”. [14]
Não tenhamos ilusões,
qualquer um de nós é capaz das maiores perversões, dos pecados mais horríveis.
‘Não há pecado nem crime cometido por outro homem que eu não seja capaz de
cometer por causa da minha fragilidade; e se ainda o não cometi é porque Deus,
na Sua misericórdia, não o permitiu e me preservou do mal’. [15]
«Parece, de facto,
que estes são os "últimos tempos" de que fala o Evangelho. Mas, para
nós, cristãos, os "últimos tempos" que verdadeiramente nos interessam
e devem levar-nos a uma preparação cuidada, são os "últimos tempos"
de cada um de nós, ou seja, o tempo que o Senhor escolher para nos chamar para
junto de Si. Por isso, a nós, que sabemos muito bem onde estamos e para onde
queremos ir, não nos afectam esses anúncios repetidos de catástrofes finais. O
que nos afecta, sim, são as atitudes desumanas e atentatórias da dignidade das
pessoas, quer sejam os actos de puro terrorismo, de massacre indiscriminado e
brutal de milhares de seres humanos, quer as situações de abuso insuportável
dos mais indefesos (…) A nossa repulsa e indignação não nos devem fazer
esquecer que devemos rezar por todos esses, vítimas e agressores, que são, como
sabemos, filhos de Deus, resgatados também pelo sangue de Cristo na Cruz, para
que a misericórdia divina tenha em conta as fraquezas de cada um lembrando,
talvez, o que no Calvário Jesus moribundo solicitou ao Pai:«Perdoa-lhes porque não sabem o que fazem».
[16]
A grande diferença é que o Demónio reina na escuridão e na morte, ao passo
que, o reino de Cristo é luz e Vida. «Em
Ti está a fonte da vida, e com a tua luz veremos a luz». [17]
O salmista une a luz com a fonte da vida, e o Senhor fala de uma “luz de
vida”. Quando temos sede, buscamos uma fonte, quando estamos às escuras,
buscamos uma luz (…) com Deus é diferente: é a luz e é a fonte. “Aquele que te
ilumina para que vejas, esse mesmo é o manancial para que bebas”. [18]
Links sugeridos:
Evangelho/Biblia
Santa Sé
[3] Jo 3, 19.
[4] Jo 12,
35.
[5] Mt 28, 19.
[6] Cfr. Mt 28, 19.
[7] Jo
21, 25.
[8] Lc
5, 4.
[9] Lc
5, 5.
[10] Jo
14, 6.
[11] Jo
6, 68.
[12] São João
Paulo II, Disc. no Instituto
«Miguel Angel», 30.01.1979.
[13] Cfr. Lc
21, 20-28.
[14] AMA, palestras no Minho 1993
[15] Stº
Agostinho, Confissões, 2, 7.
[16] Cfr. Lc
23, 34.
[17] Sl 36, 10.
[18] Stº.
A Agostinho, In Ioannis Evangelium
tratactus, 34, 6.34, 6.
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