23/03/2023

Quaresma Semana 3 Quinta F

 


Dentro do Evangelho

(Re Jo XV)

 

Ser servo e ser amigo

Há de facto uma diferença e vê-se bem qual é. O amo pode ser amigo do seu servo, isto é, sente amizade por ele porque faz o que lhe manda fazer, é diligente, não recalcitra, aceita de bom grado o trabalho que lhe encomenda, a sua liberdade para escolher outro servo está condicionada pela aptidão que esse outro possa ter para cumprir as tarefas que este cumpre a contento, mas mesmo querendo-lhe como amigo tratá-lo-á sempre como servo.

O inverso pode também ser verdadeiro, o servo pode ter amizade pelo seu senhor porque é justo, o trata com urbanidade, não lhe exige tarefas que vão além das suas capacidades, mas sempre o considerará como seu amo e não tem a liberdade de poder escolher outro. Então a diferença está exactamente nisto: os amigos verdadeiros são-no em qualquer circunstância e não se exigem nada um ao outro pelo contrário gozam com as diferenças e idiossincrasias de cada um encontrando sempre pontos comuns ou que se completam. São livres de ter outros amigos, diferentes interesses e objectivos. Sim, de facto existem diferenças e de monta, mas também existe algo que é comum e, esse algo, é exactamente o serviço.

Os amigos verdadeiros prestam-se serviços mútuos, pequenos ou grandes, de muita ou escassa importância. Serviço que começa na disponibilidade gratuita para suprir uma necessidade, ajudar a ultrapassar um momento menos bom, na partilha da alegria e da dor do outro, tudo como que balizado por um profundo respeito mútuo pela privacidade de cada um. É esta a amizade à qual o Senhor se refere e, de facto, uma amizade assim pode conduzir à dádiva da própria vida pelo amigo.

‘Esta realidade que me atinge como um raio, deixa-me sem palavras: Jesus é meu amigo! Sendo eu o que sou. Sendo eu como sou. Durante os anos, e não são poucos, quantas conversas, quantos desabafos, queixas e pedidos não Lhe fiz! Meu amigo! Jesus é meu amigo. Com esta certeza, com este AMIGO, que mais posso precisar? Que posso temer?’

Não tenhamos receio que o que pedimos seja algo grande, muito importante, absolutamente desajustado aos nossos méritos (na verdade, não temos qualquer mérito). Aprendamos a ser simples nas nossas conversas com o Senhor, com uma simplicidade infantil, como aconselhava São Josemaria: «Sê ainda mais audaz e, quando precisares de alguma coisa, sempre disposto a dizer «fiat» - «faça-se a Tua Vontade» - não peças; diz "Jesus, quero isto ou aquilo", porque é assim que pedem as crianças».

Porque a oração de Jairo foi assim, simples, concreta, confiada, Jesus foi com ele sem mais delongas ou perguntas. Não temos junto de nós, fisicamente, como Jairo tinha naquele momento, a Pessoa de Jesus, não podemos fixar o Seu olhar amabilíssimo, apreender os Seus gestos de acolhimento e amor, mas, nos Sacrários de toda a terra, talvez algum bem próximo onde nos encontramos, Ele está realmente presente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, aguardando a nossa visita diária para uma pequena e íntima conversa a dois. Jairo teve de informar-se por onde andava Jesus naquela hora, qual o Seu caminho, por onde passaria e tem de apressar-se pois Jesus, caminhava continuamente pelos caminhos da Palestina. Detinha-se junto dos doentes, dos aflitos, demorava-se por vezes em pregações mais demoradas que as multidões ansiavam por ouvir. Embora sem pressas, nunca se detém num local por tempo além do necessário. Tem muito que fazer!

Nós não temos de fazer grande esforço para encontrar Jesus.

Temo-Lo ali, à nossa espera, sempre disponível para nos atender o tempo que quisermos dedicar à nossa conversa. Somos, na verdade, muito mais afortunados que aqueles contemporâneos de Jesus – que Jairo – que tinham de percorrer distâncias consideráveis, ficando muitas vezes sem comer, beber ou descansar, só para terem a dita de O ver ou de O escutar. O Evangelho fala-nos concretamente das multidões que O seguiam há três dias sem sequer comer. Visitar Jesus no Sacrário é, portanto, um dever de amor porque, Ele está ali única e exclusivamente por amor de nós e, amor, com amor se deve pagar. «Senhor, graças por teres ficado. Que teria sido de nós sem Ti? Onde iríamos restaurar as forças, pedir alívio? Que fácil nos tornas o caminho a partir do Sacrário»

Muito admirados terão ficado os que O rodeavam ao verem o novo rumo do caminho de Jesus. Os mais próximos ter-se-ão dado conta da sua atitude perante Jairo, ouvido a sua interpelação suplicante e confiada. Não ouvindo resposta alguma do Mestre, mas tão só a Sua pronta decisão de ir com Jairo, deverão ter entendido que o Coração de Jesus fora profundamente tocado a satisfazer o que Lhe pedia. Alguns terão guardado este exemplo de como abordar o Mestre. Todos têm algo que Lhe pedir, talvez… nem saibam bem o quê porque sofrem tantas necessidades, sentem tantas carências. Sabem que Ele é o refúgio, o consolo, a solução e, também, ficaram a saber, pela atitude de Jairo, como obter tudo isso. «A nossa petição não se dirige a mudar a vontade divina, mas a obter o que já tinha disposto que nos concederia se Lho pedíssemos. Por isso é necessário pedir ao Senhor incansavelmente, pois não sabemos qual é a «medida» da oração que Deus espera que «enchamos» para nos outorgar o que quer dar-nos».

O mistério da oração tem-nos sempre suspensos como que numa espécie de limbo nebuloso. Eu penso, quero confiar no Senhor e, por isso, rezo, mas, cá no meu íntimo, sei que não mereço nada e que a minha oração, muito provavelmente, não será ouvida. Que mal estaríamos, se o Senhor só ouvisse as orações dos que têm algum merecimento…! Eu sei, também, que o próprio Jesus insistiu, tantas vezes, em que rezássemos continuamente, sem desfalecer. Deu-nos exemplos que constam nos Evangelhos. Só que, por vezes, é tão difícil rezar! Parece sempre tanto tempo!

Na verdade, muitas vezes procuramos consolações na oração, um empolgamento do espírito que nos arrebate e eleve o coração no espaço espiritual onde nos sentimos mais perto de Deus. Infelizmente, parece que, assim, estamos a rezar a nós próprios, num contentamento espiritual que é, desde logo, a paga almejada. É uma pena porque assim, perdemos aquela outra paga, extraordinariamente mais importante e de valor incomensuravelmente maior, porque é uma paga divina. Nem a gente sabe “fazer as contas” que o Senhor usa para connosco.

Conta-se que Alexandre o Grande mandou dar o governo de cinco cidades a um pobre camponês que lhe dera uma indicação útil. O pobre homem, espantado, terá dito: Senhor, nunca me atreveria a pedir tanto! Ao que Alexandre respondeu: Tu pedes como quem és, eu dou como quem sou!

Eu peço como quem sou: um pobre miserável que precisa de tudo, absolutamente tudo, do seu Senhor. Nada tenho, nada valho e tudo o que tenho ou possa valer é d’Ele, desse Senhor que me deu uma alma imortal e nela imprimiu a Sua imagem. É o meu único bem de valor – aliás, incalculável – a imagem de Deus impressa na minha alma. Ele ouve a minha oração e dá-me não o que Lhe peço, mas o que entende dar-me, com uma generosidade e uma grandeza que me espantam. E atrevo-me a dizer-lhe profundamente agradecido: «Peço-te, Senhor, que recebas o meu amor como se fosse o único amor que tens na terra. Assim não notarás como é pequeno, miserável... Serei feliz porque mesmo sabendo o pouco que é, como to dou todo... fico disponível para me “encher” do Teu...’  

Esta é uma situação, que, seguindo a cronologia de S. Lucas, muito se assemelha a outra de há tempos atrás. Nessa altura fora um Centurião a implorar pelo seu servo doente. Não se achara digno de comparecer ante Jesus e, assim pedira por interpostas pessoas. Fez mais, declarou expressamente ao Mestre que se sentia indigno de O receber em sua casa, mas que sabia que bastaria uma palavra Sua para se cumprir o que desejava. Jesus ficou admirado com a sua fé e fez o que lhe pedia.  Agora o que se passa é mais grave. Jesus sabe muito bem que a filha de Jairo já morreu. Pode, se quiser, devolvê-la à vida em qualquer momento, em não importa que local, mas encontra uma ocasião propícia para edificar o povo que O seguia e, talvez principalmente, os três discípulos que convocará para O acompanharem.

Estes três escolhidos terão sempre um lugar muito particular nos grandes momentos da vida pública de Jesus. Muito provavelmente teriam estado nas bodas de Caná– era usual os “rabis” fazerem-se acompanhar de alguns dos seus discípulos mais chegados -, talvez, na altura, não se tivessem dado bem conta do portentoso milagre que, a instâncias de Sua Mãe, Jesus operou. Por uma razão simples e muito humana, poder-se-ia dizer: “salvar a face” dos noivos aflitos com a falta de vinho.

Não são necessárias grandes causas ou magnos problemas para que Cristo Se compadeça do ser humano. O Seu Coração amantíssimo move-se pelos mais singelos problemas dos homens e, ainda mais, quando a Sua Mãe intervém. ‘A ti, Mãe, recorro nesta hora de preocupação. Como em Caná intervieste em favor dos noivos que, sem terem pedido, obtiveram por teu intermédio uma graça inesperada, diz-lhe também agora: Este meu filho não tem! E como é uma graça que por tua maternal intercessão, solicito, tenho a certeza que a obterei.’    

Terão os discípulos percebido que fora por causa da intervenção da Virgem que, Jesus decidira, definitivamente, a fazer o milagre? Talvez não. Podemos supor que sendo a primeira vez que o poder divino de Jesus se manifestava de forma tão evidente, eles não estivessem preparados para dar atenção aos pormenores. Mais tarde, sim. No fragor dos dias que se seguiram à Crucifixão e Morte do Senhor, hão-de procurar refúgio junto da Mãe e, será junto dela, no Cenáculo, que receberão o Espírito Santo que lhes abrirá definitivamente a compreensão de todas as coisas.

Junto dela encontramos, sempre, refúgio e protecção, a luz necessária para distinguir os caminhos que Jesus quer que percorramos e, também, a compreensão das incidências e agruras que inevitavelmente surgem na vida de cada um.

Pedro, que será a coluna sobre a qual assentará a Igreja de Cristo, duvidará muito, terá momentos de desânimo, sem compreender o que Jesus lhe diz acerca do sofrimento, da Cruz… Maria, ajudá-lo-á a compreender, a confiar e, sobretudo, a aceitar. Repetirá, vezes sem conta, o que dissera em Caná: Fazei tudo o que Ele vos disser

«Estamos nas mãos de Deus. Todos os acontecimentos que Ele manda ou permite têm o seu significado e estão dirigidos para nosso proveito. (...) O que Eu faço não o entendes agora... Também a nós nos ocorre o mesmo que a Pedro: às vezes não compreendemos os acontecimentos que o Senhor permite: a dor, a enfermidade, a ruína económica, a perda do posto de trabalho, a morte de um ente querido quando estava nos começos da vida. Ele tem uns planos mais altos, que abarcam esta vida e a felicidade eterna. Não nos vamos fiar do Senhor e da Sua providência amorosa? Somente vamos confiar n’Ele quando os acontecimentos nos pareçam humanamente aceitáveis? Estamos nas Suas mãos, e em nenhum outro sítio poderíamos estar melhor. Um dia, no final da vida, o Senhor nos explicará com pormenores o porquê de tantas coisas que aqui não entendemos, e veremos a mão providente de Deus em tudo, até no mais insignificante. (...) Senhor, Tu sabes mais. Em Ti me abandono. Já entenderei mais tarde.»

Chamá-los-á também para testemunhar a Sua Transfiguração, para verem com os seus olhos tão humanos a glória do Filho de Deus. Ainda aqui, não entendiam nada. Com os olhos carregados de sono, a Pedro só lhe ocorre dizer que se sente bem, que não quer afastar-se daquela visão, daquele local. Depois, nos momentos derradeiros, convidá-los-á, aos mesmos três, para O acompanharem no Horto das Oliveiras para testemunharem a Sua Agonia.

Mais uma vez, o sono vence-os. Este sono é a figura do desânimo, da preocupação, da incerteza, do medo. «A oração do Senhor prolongava-se entre lágrimas e eles não penetraram no seu mistério. A tristeza ia afundando-os num sopor paralisante. E adormeceram. O sono foi para eles a saída psicológica da tristeza, enquanto Jesus a superava permanecendo em vigília, orando com perseverança, clamando ao Pai de joelhos, sem Se dispensar do esforço».

Tristeza e sono… como andam juntas estas “fraquezas” do homem!

Consentir na tristeza é caminho certo para adormecer. Ficamos absortos no problema ou na situação que nos aflige e nos entristece. Tudo parece cinzento à nossa volta, não vemos nem saída nem escapatória e, se nos deixarmos ir por aí, o mais certo é os nossos olhos deixarem de ver o que realmente se passa à nossa volta e cerrarem-se com sono. ‘Eu…? Não!’ Dizemos, espantados com tal possibilidade, ‘comigo isso não acontece, nunca estou triste!’ Será verdade? Todas as vezes que nos detemos a pensar no que não temos e desejaríamos ter, porque pensamos que nos faz falta, no que faríamos se as circunstâncias fossem as que consideramos ideais; quando deixamos insinuar-se a suspeita, a pequena inveja, a nossa vontade de sobressair, de sermos notados, talvez mais “queridos” que os outros; quando nos revemos com prazer e gosto no que fizemos, como falámos, como fomos “certeiros” na nossa avaliação, como nos olharam com admiração… aí, não estamos tristes, bem pelo contrário, sentimo-nos contentes, felizes até, talvez, eufóricos. E, a tristeza, que tem a ver com isto, que, afinal, são coisas pequenas que procuramos reprimir de imediato? Tem, e muito, a ver. Porque essa alegria e esse contentamento depressa se desvanecem quando nos damos conta da nossa fraqueza, do pouco que somos, da nossa tendência para considerar detidamente tudo aquilo que é agradável aos nossos sentidos e, em contrapartida, a fuga ao sacrifício, à entrega, à renúncia, à simples contenção de pensamentos, atitudes e palavras. «Se vês que adormeço; se descobres que me assusta a dor; se notas que me detenho ao ver mais de perto a Cruz, não me deixes! Diz-me como a Pedro, como a Tiago, como a João, que necessitas da minha correspondência, do meu amor. Diz-me para seguir-te, para não voltar a deixar-te abandonado com os que tramam a Tua morte, tenho que passar por cima do sono, das minhas paixões, da comodidade.»

Os discípulos agora, não sentem sono. Estão bem despertos, talvez preocupados com a multidão que cerca Jesus num turbilhão de pessoas de todas as condições sociais, homens, mulheres, jovens e anciãos, gente humilde e de posses, letrados e ignorantes, sãos e doentes, que quer aproximar-se, ouvir, tocar o Mestre. A sua preocupação é protegê-Lo, resguardá-Lo e, talvez, também darem a perceber que são os discípulos, os próximos, os íntimos. Talvez haja algum orgulho, vaidade até. Afinal, são eles os confidentes de Jesus…‘Que são orgulho! Que justificada vaidade! Estar próximo de Jesus. Ser Seu íntimo!’

«Muitos não entendem este desejo: Estar próximo de Cristo! É que têm de Jesus uma visão como que esfumada pela distância em que O colocam. Há como que um “respeito humano” muitas vezes disfarçado de falsa discrição, que leva muitos a pensar: ‘Cada coisa no seu lugar, isto é: Jesus Cristo na Igreja’, como se dissessem: ‘a minha esposa, os meus filhos… em casa!’ Alguns têm por costume pôr no automóvel fotografias deles, desses entes mais próximos e queridos. Dos motivos que os movem, talvez dois sejam os mais comuns: para funcionarem como ‘despertador’ prevenindo excessos perigosos na condução e como “última imagem” em caso de acidente grave. Mas, na verdade, só quem traz no coração a imagem da pessoa querida consegue vê-la com nitidez. Quem traz a fotografia no bolso, na carteira, no automóvel, só se lembra dela quando, por acaso ou de propósito, a mira. Para os outros, é apenas uma recordação que, de vez em quando, a memória traz, envolta na bruma do passado mais ou menos recente.

Estar próximo de Cristo não é, de facto, trazer a Sua imagem na carteira, é trazer a Sua imagem no coração. Lembrarmo-nos que, de facto, somos a “outra face da moeda” a que pertence a Deus. A outra ficará para César. Numa “preocupação egoísta e interesseira”, se preciso for… Trata-se de ganhar intimidade concreta, real, palpável com a pessoa de Jesus Cristo. Esta intimidade tem, sem dúvida, exigências muito grandes que se nos colocam, sobretudo, quando temos de tomar decisões relevantes. Foi o que aconteceu por exemplo, com Mateus. Jesus chamou-o quando sentado no telónio, o seu local de trabalho e, ele «Levantou-se e seguiu-o». A concisão da frase põe claramente em evidência a prontidão de Mateus a responder à chamada. Para ele isso significava abandonar tudo, principalmente o que lhe garantia uma fonte segura de recursos, que era no entanto desonrosa e muitas vezes injusta. Mateus compreendeu pela evidência que a intimidade com Jesus o impedia de seguir uma actividade desaprovada por Deus. Facilmente se tira daqui uma lição para o presente: também hoje é inadmissível o apego a coisas incompatíveis com a caminhada de seguir Jesus, como é o caso das riquezas desonestas.» Mas, como se pode ser íntimo de alguém se não convivemos com ele com regularidade, com interesse?

Conviver com Jesus parece difícil, por vezes. Não O vemos, não O sentimos, não temos uma referência que nos desperte a necessidade de conviver com Ele. Ah! Mas a verdade, é que temos tudo isso, só que, muitas vezes está bem guardado no mais fundo do nosso coração. É necessário pôr o coração “de fora”, para que o possamos sentir o seu latejar de amor pelo Mestre.

«Aqui está, realmente, a dificuldade. A decisão de ganhar intimidade com Deus é, tem de ser, algo sério e decisivo. Não pode ser tomada com ligeireza, num entusiasmo, num momento de exaltação ou fervor espiritual. A intimidade com Deus é pormo-nos, incondicionalmente, nas Suas mãos, disponíveis para o que Ele quiser, como quiser e quando quiser, prontos para aceitar a Sua Vontade sobre todas as coisas. Isto pode parecer muito exigente e, de facto é, mas se tivermos bem em conta a realidade da nossa pessoa na sua relação com Deus, a nossa identidade superior a todas as outras possíveis de encontrar na natureza, chegaremos à conclusão que o lugar certo para estarmos é, sem qualquer dúvida, na intimidade do Criador. «O céu não foi feito à imagem de Deus, nem a lua, nem o sol, nem a beleza das estrelas, nem nada do que aparece na criação. Só tu (alma humana) foste feita à imagem da natureza que supera toda inteligência, semelhante à beleza incorruptível, marca da verdadeira divindade, espaço de vida bem-aventurada, imagem da verdadeira luz, e ao contemplar-te convertes-te no que Ele é, pois por meio do raio reflectido que provém de tua pureza tu imitas Aquele que brilha em ti. Nada do que existe é tão grande que possa ser comparado à tua grandeza.»  Seremos pessoas que andamos pelo mundo preocupadas principalmente com a nossa vida, com aquilo que temos, o que desejaríamos ter e, até, aquilo que julgamos que era conveniente possuir? Mergulhamos profundamente nas preocupações que todos os dias nos surgem dos mais diversos quadrantes e com diferentes matizes?

Os outros são para nós meras visões passageiras de familiares, companheiros de trabalho, pessoas com quem nos cruzamos ocasionalmente? Detemo-nos para pensar, uns momentos que sejam, no que realmente somos e pretendemos ser? Colocamos a “fasquia” alta ou acordamos numa rotineira actividade, sem grandes acidentes de percurso, rasteira, chata, anónima? Quando é que, ao longo do dia nos ocorre esta realidade: Deus está aqui, ao meu lado, no escritório, no automóvel, no consultório, no armazém, no…!

«Na intimidade pessoal, na conduta externa, no convívio com os outros, no trabalho, cada um há-de procurar manter-se numa contínua presença de Deus, com uma conversa – um diálogo – que não se manifesta exteriormente. Melhor dito, não se exprime normalmente com ruído de palavras, mas há-de notar-se pelo empenho e pela diligência amorosa com que acabamos bem as tarefas, tanto as importantes como as insignificantes. Se não procedêssemos com essa constância, seríamos pouco coerentes com a nossa condição de filhos de Deus, pois teríamos desperdiçado os recursos que Nosso Senhor colocou providencialmente ao nosso alcance, para chegarmos ao estado de homem perfeito, à medida da idade perfeita segundo Cristo»

 

 

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