Q
(Re:Lv VIII)
Thalita
kum
Prólogo
«O Senhor procura-nos a todo o instante:
levanta-te - diz-nos - e sai da tua preguiça, do teu comodismo, dos teus
pequenos egoísmos, dos teus “problemazinhos” sem importância. Desapega-te da
terra; estás aí rasteiro, achatado e informe. Ganha altura, peso, volume e
visão sobrenatural».
Muitas vezes dou comigo a pensar que, a
minha vida é uma constante procura de um encontro com o Senhor, fazendo oração,
procurando-O no sacrário, participando na
Santa Missa. Quando me detenho mais um pouco, vejo com clareza que não é bem
assim, aliás, não é de todo assim; com efeito, eu, procuro encontrar-me com
Ele, mas, isto só acontece porque, primeiro, Ele, quis encontrar-se comigo.
De muitas maneiras diferentes, nos mais
diversos ambientes e circunstâncias, sinto que me fala, me interpela, me chama.
Está à minha espera! E não deixo de me
surpreender com este cuidado e carinho que Jesus tem para comigo, sendo eu o
que sou, sendo eu como sou: Nada! Depois, mergulho em mim mesmo e reflicto: Sou
filho de Deus!
ensão não consigo abarcar completamente.
«Estava junto do mar, quando chega um dos príncipes da sinagoga, de nome Jairo, e, ao vê-lo, cai-lhe aos pés e suplica-lhe instantemente, dizendo: A minha filhinha está em agonia, Vem impor-lhe as mãos, para que se salve e viva! E foi com ele.»
Cristo está junto ao mar. O mar da vida
de cada homem. O mar onde navega a multidão de seres humanos lutando por chegar
a um porto. O de cada um. O porto que cada um escolheu para si, para descansar
da luta da viagem, longa ou breve, que começou quando nasceu de sua mãe e
acabará exactamente nesse porto.
Sabemos qual é o porto para onde
nos dirigimos? Temos a certeza de que a nossa “navegação” nos levará a esse
destino?
Sem dúvida que o porto é o
seio de Deus fim de todo o homem: A Eternidade!
No cais desse porto, Ele
estará à nossa espera com o grande livro nas mãos. Ao lado está presente o Anjo
que designou para ser o “nosso Guarda”. Ele
sabe qual era a vontade do nosso Criador a nosso respeito, o que desejava que
nós fizéssemos para navegar no rumo que tinha traçado para nós.
Ao lado do Juiz, está
atentíssimo ao folhear das páginas, preparado para intervir, sempre em nosso
favor, nalguma passagem mais crítica ou delicada. Apressar-se-Á a explicar que
as circunstâncias, o mar revolto, as ondas e os ventos, o ambiente, as debilidades
pessoais, talvez tenham contribuído para o nosso navegar por vezes incerto,
errático. Nesse livro está toda a nossa vida, desde que nascemos até a esse
derradeiro momento da nossa partida. É um registo fiel e rigoroso onde tudo,
absolutamente se descreve.
Em primeiro lugar deverá
constar a “expectativa” do Criador a nosso respeito: ‘Desde o início do mundo, pensei em ti e criei-te para seres… Depois
virá uma lista, rigorosa, completa de tudo quanto nos deu para conseguir-mos
corresponder a essas “expectativas”. É uma lista longa, que, constataremos
talvez com espanto, cobre todos os dias da nossa vida. Diariamente fomos
recebendo dons, graças, inspirações, sentimentos que se destinaram a ajudar-nos
em cada momento a caminhar nesse sentido.
Logo no início, deverão
descrever-se os talentos que recebemos, que Ele, com Infinita Bondade, inseriu
na nossa alma no momento em que fomos concebidos.
Depois virá um rol exaustivo
das graças iniciais que nos foram concedidas: O ambiente cristão em que
nascemos, a educação que os nossos pais nos proporcionaram, o exemplo que nos
deram: Assim como que uma espécie de “handicap” que nos foi concedido em
relação a tantos – muitos – outros que não tiveram nada disso ou tiveram muito
menos.
Aqui sobressai a graça do
Baptismo que nos integrou na Sua Santa Igreja e onde, perante o mundo, nos foi
dado o nome pelo qual Ele próprio, nos chamou desde o início da criação.
Constará, decerto, a primeira vez que nos dirigimos à Sua Santíssima Mãe, a
primeira Ave-Maria que, pacientemente, a nossa mãe nos ensinou a balbuciar. Com
cores muito vivas estará patente o retracto da nossa alma inocente, branca,
pura, impecável na festa do nosso primeiro encontro com Ele, quando O recebemos
pela primeira vez.
Também consta o momento em
que nos tornamos Seus “soldados” com a descrição das graças que em nós infundiu
o Espírito Santo. A partir destas páginas iniciais abre-se um segundo capítulo
que cobre toda a nossa juventude.
Minuciosamente passa em
revista, ponto por ponto, tudo o que se passou connosco nesse período.
Não nos lembrávamos nem de
uma pequena parte e, no entanto, está tudo ali cuidadosamente registado. Talvez
surja um “apontarmento” referente a uma insinuação que nos fez acerca da nossa
vocação e, claro, a nossa resposta. Esta referência há-de aparecer mais vezes
ao longo das páginas deste capítulo e, também, em cada caso, a resposta que
então demos: ‘Sim, aqui estou’! ‘Sim, mas…’; ‘Agora… não’!; ‘Não! Nem pensar em
tal coisa’!
Ficamos muito admirados
porque não nos lembrávamos de quantas vezes tínhamos ouvido a pergunta,
escutado o desafio: ‘Vem comigo.
Segue-me’! E os entusiasmos passageiros, os desejos de corresponder logo
sufocados e os projectos de mudança por concretizar… tantas oportunidades não
aproveitadas e para sempre perdidas!
As mãos divinas folheiam
agora o grande capítulo da nossa vida adulta. Desejaríamos que algumas
passagens, talvez páginas inteiras, não estivessem ali, mas… estão! Deve ser
aqui que “o nosso Guarda” mais intervém, quase sempre para confirmar: ‘Mas… arrependeu-se, pediu perdão’…
‘Sim’ – dirá Cristo – ‘é
verdade, foi perdoado e o assunto esquecido, mas… consta aqui… quod scripsi, scripsi’.
E, o Senhor, passa
adiante...
Sentimos como que um
“aperto” no peito ao constatar os pequenos traços vermelhos com que o Juiz vai
sublinhando passagens do livro; às vezes páginas inteiras. Traços vermelhos!
Não auguram nada de bom!….
Links
sugeridos:
Evangelho/Biblia
Santa Sé
[1]
Conf.
[2] O que a seusca detendo-me principalmente nessa “estatura” de ser criado por Deus à Sua
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.