(Nota: Seguindo a
recomendação de São Josemaria Escrivá procurarei viver o Evangelho como um
personagem mais. Para tal seguirei fielmente os textos pronto a fazer as
considerações que me ocorrerem.)
Dentro do Evangelho –
Lc
Estava
ali assistindo a mais uma das intervenções de Jesus.
Aquela
pareceu-me muito "especial", na minha forma de dizer e, por isso
prestei particular atenção decidido a não perder palavra do que fosse dito.
Jesus
dizia a Simão, um judeu proeminente na sociedade que O tinha convidado para uma
refeição em sua casa: «Quando cheguei não me deste o ósculo, água para lavar
os pés, não me ungiste com óleo».
Simão
ficou calado, como que sem palavras para responder.
Eu
pensei que talvez Simão não tivesse convidado Jesus para O honrar, distinguir
mas, talvez, para mostrar aos convivas quem era Aquele Jesus de Quem todos
falavam.
Desdenhou
as "normas" respeitantes a um convidado, talvez, pensando que, dada a
sua posição social conviria não se "comprometer" mas tratá-Lo como um
qualquer dos que frequentemente convidava.
Eu,
que tenho a graça de saber muito mais que Simão, não posso deixar de lamentar
que tenha perdido tão excelente oportunidade de ter recebido com esmero
redobrado Tal Convidado!
Não
pude deixar de reparar que Jesus reagiu de forma absolutamente clara a esta
falta de atenção.
Compreendo
que os convites que façamos a outras pessoas para algum tipo de convivência têm
que ser sinceros, isto é, têm de partir do coração e não de uma secreta
vontade, ou curiosidade, de mostrar a outros que não queremos como que
"ficar atrás" de muitos outros que manifestam interesse em conviver
com "alguém de quem se fala".
Aqui
reside a verdadeira honestidade pessoal: Fazer o que for porque queremos e
pensamos que será um bem e não para como que para "cumprir" algo que
talvez seja conveniente ou de nosso interesse. Não deve ser, portanto, uma
"conveniência" mas uma decisão devidamente ponderada.
Mas...
isso não será imitar outros?
Talvez...
mas imitar outros no que fazem de bem considerando o que de alguma forma
obtiveram com a sua acção será, seguramente, algo bom e recomendável.
Tal
como outros observam e avaliam o que fazemos ou manifestamos, também eu o devo
fazer, não com espírito crítico mas com o desejo de descobrir o que de bom
possa existir.
O
exemplo é algo muito sério e que merece constante avaliação. Poderei falar
muito bem, escrever ainda melhor mas isso de pouco valerá se o que faço
não estiver de acordo.
Primeiro
fazer... depois dizer! Esta deve ser como uma "máxima" que deve estar
sempre presente.
O
dever de um cristão é anunciar a VERDADE, que É a Palavra de Deus, mas, também
denunciar a mentira ou falsidade sobre a mesma. Daí que, não seja possível
fazê-lo sem conhecer com profundidade a Palavra de Deus e, para tal, não há
outra via que ler e meditar com frequência diária o Evangelho.
Muitos
retiram do Evangelho palavras ou frases fora do contexto para com esta hábil
perversão levarem outros, mais incautos, débeis ou ignorantes, por falsos
caminhos. Estas pobres pessoas cheias de problemas pessoais e numa infrene
procura de soluções estão muito permeáveis a promessas de soluções fáceis de
conseguir. Deixam-se ir nas "pregações", convencer por
"milagres" habilmente engendrados... enfim... toda a sorte de
"truques" que os inimigos da Fé usam para conseguir os seus
objectivos.
O
Cristão, para arrastar outros para o Caminho, a Verdade e a Vida que É Jesus
Cristo, não precisa nem de milagres nem de truques mas de simplesmente
convencer pelo exemplo da sua conduta pessoal.
Na
monotonia da tarde, o dia prestes a findar, estávamos envolvidos nos nossos
mantos e capas, tentando encontrar repouso para recuperar um pouco da dureza da
jornada.
Perdi
a conta das pessoas que nos seguiram, das que a cada instante, pediam a Jesus
que Se detivesse um pouco, Lhe faziam perguntas e pedidos de toda a ordem.
Parecia-me que, a maior parte, não tinha um pedido concreto a fazer mas
talvez tentar obter uma resposta a questões e dúvidas que os assaltavam. Isto
demorava imenso tempo mas, Jesus nem por isso deixava ninguém sem resposta.
Muitas
vezes, a Sua resposta era um exemplo, uma parábola.
«Um
homem tinha dois filhos», esta uma das respostas, das Parábolas que Lhe
ouvi. Algo extraordinário, tanto... que ficou conhecida para sempre como a
"Parábola do Filho Pródigo"!
Ficámos
todos e eu, claro, abismados! Era tão real, verdadeira e concludente que me
apercebi imediatamente que ficaria guardada para sempre nos escaninhos da
História da raça humana.
Filho
Pródigo!
Quem
não sabe o que é?
Quem
nunca ouviu falar?
Mas,
detenho-me a pensar que, talvez haja quem não conheça, nunca tenha ouvido falar
e, penso, que a minha obrigação é dá-la a conhecer sem reservas nem
"escolhidos" mas a todos com quantos me cruze nos caminhos desta
vida.
Hoje
assisti a algo extraordinário!
Estava
no Templo porque era Sábado quando saindo do lugar onde Se encontrava Jesus
dirigiu-Se a uma mulher que caminhava pela coxia com evidente dificuldade.
Estava completamente encurvada, no rosto traços visíveis de sofrimento.
Jesus
disse-lhe simplesmente que se endireitasse. Foi o que aconteceu!
As
manifestações de júbilo e graças mal abafavam os protestos de alguns fariseus
presentes indignados. Uma cura feita num Sábado! E diziam, mais ou menos, que
para curar alguém haveria de escolher outro dos seis dias da semana, nunca um
Sábado.
Fiquei
a pensar neste "retorcimento" da verdade: implicitamente reconhecem o
poder de Jesus mas não querem que o exerça ao Sábado!
Como
é possível tal teimosia endurecida e sem qualquer razão!
Sei
perfeitamente que Jesus pode fazer o que quiser quando e como quiser e, por
isso, do fundo do meu coração Lhe peço: Quando e como quiseres, Senhor, cura-me
dos meus males.
Reflectindo
Algumas vezes, ao participar na Santa Missa, incomoda-me a leitura de
textos do Antigo Testamento porque, não raro, são de tal forma violentos, quase
aberrantes, que me levam a um sentimento de repulsa.
Penso melhor e vejo que o "objectivo" da Liturgia será
exactamente esse: pôr a nu o verdeiro sugnificado da Missão de Cristo: «Não vim abolir
a Lei mas actualizá-la».
Uma Lei com mais de Sessenta mandamentos que ao longo do tempo os próceres
de Israel tinham indo acrescentando, uma Lei que descrevia minuciosamente
deveres e obrigações mas que esquecia o que Jesus veio lembrar: A Lei de Deus
encerra-se em dois Mandamentos: «Amar a Deus sobre todas as coisas e
amar o próximo como a si mesmo».
Uma, Lei de exclusão, outra uma Lei onde cabem todos os homens.
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