Dentro
do Evangelho – (cfr:
São Josemaria, Sulco 253)
(Re Lc V)
Volto, ou melhor, continuo a dissertar sobre a
PESCA.
Quando sinto essa inspiração de pescar, logo tento
esquivar-me:
'Senhor... eu não sei pescar e, muito menos, sei
onde, a minha barca está desconjuntada, entra água por fendas no casco, nas
bordas, as velas estão cheias de buracos e os remendos não resolvem, o leme
está deslocado, vou para onde não quero, as minhas redes estão esfarrapadas o
peixe, quando apanho algum, escapa-se; Senhor... não me mandes pescar, eu não
sei como, não tenho meios, eu não sou capaz!
Por momentos parece-me que Ele não ouviu nada do
que Lhe disse porque respondeu:
- «Duc
in altum», faz-te ao mar, vai
pescar...
Fiquei bastante desiludido com o Senhor, Ele não
quis saber dos meus argumentos e, mais uma vez...
- «Duc
in altum», faz-te ao mar, vai pescar.
Percebi, então, claramente que Ele não desistiria
e, portanto, nada me resta que obedecer e foi o que fiz.
Sem saber o e como fazer empurrei a barca para a
água, saltei para dentro, icei a vela esfarrapada e deixei-me ir.
Passados uns côvados da margem lancei pela borda a
rede e fiquei-me.
Passados momentos senti que a barca se inclinava
porque a rede puxava para o fundo, febrilmente, recolhi-a com enorme esforço
porque vinha repleta de peixes de todas as qualidades e tamanhos.
Fiquei atónito a olhar para aquela enorme
quantidade de peixe que se debatia no chão da barca e... vi, com os Olhos fixos
em mim, O Rosto Sorridente de Jesus sentado ao leme da minha barca.
Esmagado por algo tão simples mas grandioso,
extraordinário mas real, não pude mais que render-me e dizer:
- Senhor, bem sabes o que sou, conheces muito
melhor que eu as minhas fraquezas e limitações e, portanto, se me mandas fazer
o que for, eu o farei porque tenho a certeza absoluta que Tu estarás sempre ao
leme da barca da minha vida.
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