20/07/2022

Publicações em Julho 20

  


Dentro do Evangelho –  (cfr: São Josemaria, Sulco 253)

 

(Re Mt XI…)

Hoje fazia-se sentir um calor sufocante e Jesus levou-nos a descansar debaixo de um arvoredo na margem de um pequeno curso de água.

Reclinados nas capas estendidas no chão, começámos a sentir fome; desde manhãzinha cedo que não comeramos nada.

Jesus também sentia fome e, olhando em volta vendo uma frondosa figueira foi em busca de figos . mas... não encontrou senão ramos e folhas, figos... nem um!

Disse, então, algo surpreendente: «Ninguém coma do teu fruto» e, imediatamente a figueira secou.

Fiquei-me a pensar... mas... não é "tempo de figos", que culpa tem a figueira?

Hoje, passado tanto tempo, compreendo o que Jesus me quis dizer com a Sua acção; uma árvore de fruto tem de dar frutos, bons, comestíveis, sadios, é para isso que serve: o "tempo dar frutos" não lhe diz respeito.

Eu, considerando-me uma árvore fruteira, tenho de dar frutos, sempre e independentemente da época, quem procura os frutos que eu possa dar, pode não saber se é, ou não, a "minha época de frutificar", confia que os terei disponíveis para oferecer ou que, o agricultor, os tenha guardado em lugar fresco para os conservar comestíveis.

Se, como sei, o meu Agricultor É O Senhor, compreendo que a minha preocupação deve ser dar frutos, muitos frutos, Ele saberá o que fazer com eles.

Mais tarde, passá-mos pelo local e um dos Discípulos disse:

«Senhor, repara, a figueira que amaldiçoaste secou!»

Jesus responde com uma parábola:

«Um homem rico possuía uma vinha e, no meio desta uma figueira. Vendo que não dava frutos ordenou ao vinhateiro:

- corta esta figueira, não dá frutos, para que estará ela a ocupar lugar; o vinhateiro respondeu: Senhor, deixa-a ficar nais um tempo, vou cavar-lhe em volta e pôr adubo, esterco e, se mesmo assim continuar sem dar frutos então cortá-la-ei».

Vejo, agora, que é assim que o Agricultor Divino procede para com "esta figueira" que sou eu. Vai insistindo uma e outra vez, com infinita paciência para que eu dê frutos. Cuida de mim, "aduba" as minhas raízes com o infinito amor das Suas inspirações, sempre tentando que eu faça o que Ele, legítimamente espera que faça: Dê frutos!

 

Reflexão

 

Houve-se com frequência dizer a respeito de alguém:

'É muito honesto'.

Isto é dito como se fosse algo extraordinário, fora do "normal". Mas, então, o normal não é ser-se honesto! Aliás, não se é "muito honesto" ou se é ou não! Por isso penso que esta locução não faz qualquer sentido e que o que realmente se deveria dizer seria: 'Pode confiar-se' (nessa pessoa). Isto sim é o que realmente queremos pensar a respeito dos outros e que igualmente desejamos que os outros pensem de nós.

Claro que uma pessoa digna de confiança é, por natureza, honesta. É que parece haver uma tendência para considerar que a honestidade se resume e conclui em não se apropriar do alheio quando, de facto, é muito mais que isso: é viver, pensar e actuar com critérios sãos e estáveis, que não mudam conforme as circunstâncias, o ambiente ou outra coisa qualquer.

Considerar alguém honesto só porque não se apropria do que não lhe pertence é reduzir essa virtude a um mero comportamento, ou dito de outra forma, que essa virtude é a consequência lógica de não ter o defeito. Mas... não ter um defeito não determina possuir uma virtude.

Por exemplo: Se não me embriago não permite concluir que tenha a virtude da temperança, mas apenas que sou comedido na bebida; Se cumpro as regras de trânsito não quer dizer que sou obediente, mas que respeito as leis; As virtudes - tema já abordado antes -  só se adquirem com os bons hábitos praticados com regularidade e independentemente das circunstâncias. Por isso mesmo é muito importante a igualdade de vida.

Mas… E o que vem a ser a "igualdade de vida"? Para os cristãos, é proceder de acordo com a Fé que afirmam professar, sem "intervalos" ou concessões. Que os actos correspondam ao que se diz, que haja coerência, sintonia, entre o que se pensa e diz e o que se pratica. Que, em suma, se seja honesto consigo próprio. Mas, sobretudo, se seja honesto com Deus Nosso Senhor que não pode aceitar nem desculpas nem "justificações" se o nosso comportamento não corresponde integralmente ao que Ele tem todo o direito de esperar.

Ele sabe muito bem se o que fazemos corresponde à Sua Vontade ou aos nossos desejos ou conveniências de momento. Portanto, pode concluir-se, igualdade de vida é fazer, em tudo, a Vontade de Deus!

Atentando no que escrevo nestas "reflexões" verifico que me apresento como um homem sofredor, cheio de achaques, limitações...

Concluo que estou como que a "excitar" a piedade própria e dos que eventualmente lerem.

Isto é... desejo ter pena de mim, que outros tenham pena de mim.

Isto é, pelo menos, "rasteiro", detestável. É o "EU" de que fala São Tomás Moro, sempre presente: EU! EU! EU!...

Ah Senhor! Desejo e preciso que outros rezem por mim mas, não levados pela "piedade" que lhes transmito mas pela generosidade dos seus corações e, mais, não me esquecer que a oração "vai e vem" daí que se rezar pelos outros é natural que os outros rezem por mim.

 

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