Mês de Maio
Nossa
Senhora e o mar
Cristo está junto ao mar porque quer ver
como nos comportamos na nossa barca, na nossa navegação. Ele sabe muito bem os
perigos que o mar desta vida tem, conhece profundamente e em detalhe as nossas
incapacidades e deficiências como “marinheiros”. Está ali, para “o que der e
vier”. Da praia, se nos vir em perigo, aflitos com a perda do rumo,
acenar-nos-á para que vamos ter com Ele. É tão bom saber que Cristo está na
praia do nosso mar! Que confiança nos dá o sabê-Lo ali, disponível para o que
for preciso! Mesmo quando não nos damos conta, ou pior, quando ignoramos a Sua
presença, Ele está lá, sempre, solícito e pronto a acudir-nos. Foi na praia que
Jesus começou a fantástica história da salvação humana. Eram homens do mar os
que, em primeiro lugar, Jesus escolheu para concretizar a Sua Missão Salvadora.
Muito particularmente, três: Pedro, Tiago e João, hão-de acompanhá-Lo mais
perto da Sua intimidade. Jesus conversa com eles de forma que eles entendem
bem: Fala-lhes do mar e da faina da pesca; diz-lhes que o que espera deles, a
tarefa grandiosa, extraordinária que lhes tem reservada. Talvez não tenham
percebido completamente o que encerrava esta primeira conversa, mas não
precisaram de mais para se decidirem. Na escolha feita por Jesus, o que contou,
de facto, foi a pronta decisão de O seguirem assim que os chamou. Ele sabe bem
o que espera os homens da Sua Igreja até ao final dos tempos. A agitação, os
ventos contrários, os naufrágios, as vagas alterosas, o velame que se rompe, os
mastros que quebram. Por isso, escolhe, sempre, um “patrão” para a Sua barca
que sabe guiá-la através de todas estas dificuldades, que será sempre fiel ao
rumo e que acabará sempre por alcançar bom porto. Esses homens que ao longo dos
séculos se têm sucedido no comando da barca de Cristo, da Sua Igreja, são
sempre as melhores escolhas porque, quem os escolhe, é Ele. Como não confiar
inteiramente naquele que foi escolhido para esse lugar? Sozinho, entre o mundo
e Cristo, o Papa encontra sempre o rumo certo para a Igreja, porque não confia
em si próprio, na sua sabedoria ou aptidões, mas, sim, em Cristo a quem obedece
fielmente nesse constante duc in altum.
Nem um “til”, nem um “jota” jamais será mudado ou alterado até ao final dos
tempos. Jesus afirma: «Sobre esta pedra
edificarei a Minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.»
Estas palavras atestam a vontade de Jesus em edificar a Sua Igreja com uma
referência especial à missão e o poder específicos que Ele, por Sua vez, conferirá
a Simão. Jesus define Simão Pedro como cimento sobre o qual construirá a Sua
Igreja. A relação Cristo-Pedro reflecte-se, assim, na relação Pedro-Igreja.
Confere-lhe valor e clarifica o seu significado teológico e espiritual, que
objectiva e eclesialmente está na base do seu significado jurídico.
É
bem conhecida a devoção das gentes do mar à Virgem Santíssima. Muitas das suas
embarcações têm nomes que a invocam. Fazem-se procissões em sua honra muito
concorridas com os barcos engalanados em ambiente de grande festa e alegria.
Algumas ostentam pinturas algumas de carácter bem ingénuo quase infantis,
outras mais elaboradas retratando cenas mais complexas em que a Senhora é
sempre a figura central. Apercebo-me sem dificuldade que faz todo o sentido a
presença da Mãe. De facto, ela tem muito a ver com tudo o que se passa com a
humanidade. Afinal todos os homens – por vontade expressa do Filho - somos seus
filhos. Mas também tem muito a ver com o mar porque é Guia dos Navegantes; a Stela
Maris; a segurança – iter para tuto.
[1] A
sua vida depois que o Filho começou a ingente tarefa que O trouxe ao mundo foi
passada entre pescadores, homens do mar, gente habituada aos “altos e baixos”
da profissão, das pescas abundantes e dos malogros das redes vazias. Sabe do
que falam, conhece o que desejam, consola-os e anima-os a prosseguir. Tal como
o Filho também ela lhes diz: «Duc in
altum», fazei-vos ao largo onde a pesca será mais abundante e compensadora
do esforço despendido. Não vai com eles nas barcas, mas fica em terra, na
praia, pensando neles, pedindo insistentemente ao Filho que os guie, os proteja,
que os ventos e as ondas não se tornem perigos insuperáveis. Mas, se acaso,
soçobram ou estão prestes a sucumbir porque ou perderam os remos ou as velas e
estão à deriva num mar desconhecido apressa-se a socorrê-los.
Em Dezembro de 2011 a embarcação “Virgem do Sameiro” com seis pescadores a bordo naufragou. Os pescadores recolheram-se numa balsa e andaram sessenta horas à deriva no mar, exaustos, sem comida nem água sem quaisquer meios disponíveis para sobreviver quando finalmente foram avistados por um helicóptero que os resgatou e os trouxe para terra. Rodeado pelas televisões e jornalistas, o Mestre da embarcação respondeu a uma jornalista que perguntava o que tinha a dizer sobre o que se afirmava que teria sido milagre por intervenção de Nossa Senhora: ‘Sim, estou convencido que foi um milagre! Não é por acaso que o nome da embarcação é “Virgem do Sameiro” e que dentro da balsa tínhamos um Terço do Rosário’». [2]
Evangelho/Biblia
Santa Sé
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