Mês de Maio
Não
tenhais medo
Logo
após a sua eleição como Papa, São João Paulo II assomou à loggia do Vaticano
para se dirigir à multidão que enchia a Praça aguardando com ansiedade saber –
e ver – o “novo” Papa. As suas primeiras palavras foram: ‘Non abbiate paura’
(Não tenhais medo). E foi dizendo que – possivelmente – houvesse alguma
inquietação por estar ali um novo Papa, não italiano mas, talvez, ainda mais
por ser oriundo de um País do Leste Europeu, dominado pela Rússia Soviética.
Naqueles momentos, eu, também me deixei envolver por considerações pessoais
como, por exemplo, o que seria o futuro imediato da Igreja com este homem
eleito sucessor de Pedro. Recordei então um livro – depois convertido em filme
– que há muito lera e que ficara gravado na minha memória: As sandálias do pescador – (The Shoes of the Fisherman,
Morris West, 1963), Tudo isso “já lá vai” mas arrependo-me de
ter cedido a essa tentação terrível que é fazer juízos – quando não críticas –
sobre a santidade da Igreja a que pertenço como baptizado e, sobretudo de dar
ouvidos aos “profetas da desgraça” que tão frequentemente opinam sobre o que
chamam “Crises da Igreja”. «Crise na Igreja? A Santa Igreja – que somos todos
os cristãos – tem como Cabeça Jesus Cristo seu Fundador. Só Ele pode alterar
seja o que for na sua essência. Nenhum homem seja qual for o cargo que ocupe ou
o ministério que desempenhe tem esse poder. Confiemos, pois, com a certeza que
quanto maior a provação maior será o Seu cuidado. Fujamos da tentação de fazer
juízos – mesmo íntimos – porque tal não os compete. Rezemos com perseverança
pedindo Luz, Sabedoria e Justiça para todos, principalmente os que mais
responsabilidades possam ter na condução do Povo de Deus.
Por
vezes – talvez muitas – encontro-me perante um dilema: Onde está Jesus, que
parece estar “ausente” nas vicissitudes da minha vida, nas “desgraças” no mundo
que me rodeia e que, quase a diário, me chegam pelas notícias, pela televisão:
inundações, cataclismos, violências bárbaras dos mais elementares direitos
humanos, pessoas sem-abrigo, com fome, sem quaisquer recursos…? Está, de facto,
ausente, desinteressado, “tem mais que fazer”? Sinto-me, talvez, confuso e sem
saber muito bem que pensar. Mas, logo caio em mim e reconsidero: Esta realidade
que me atinge como um raio, deixa-me sem palavras: Jesus é meu amigo! Sendo eu
como sou, sendo eu o que sou! É extraordinário. Durante os anos, e não são
poucos, quantas conversas, quantos desabafos, queixas e pedidos não Lhe fiz!
Meu amigo! Jesus é meu amigo. Com esta certeza, com este AMIGO que mais posso
precisar? Que posso temer! E, quase instantaneamente, oiço-Te: «Sou Eu, não
tenhas medo!»
A
Santíssima Virgem é a Mãe da Igreja e, como boa Mãe, não deixará que alguma vez
esta se afunde no mar da incerteza ou se deixe dominar por opiniões ou
critérios venham de onde vierem a não ser aqueles que O seu Divino Filho
instituíu.
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