(Re Lc
IV, 24-30)
Neste
episódio que São Lucas narra a minha atenção detém-se particularmente num
detalhe: «Jesus, passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho».
Jesus
só Se deixa ver por aqueles que quer, ou, melhor, só pelos que realmente O
querem ver e ouvir, os que estão interessados em escutar o que diz em ver
quanto faz; todos os outros que O seguem adrede, por curiosidade, sem verdadeiro
desejo de aprender algo novo, de facto, não O vêm mas tão só um homem que passa
dizendo umas palavras, transmitindo uma mensagem que não escutam e, portanto,
não entendem.
Eu,
Senhor, quero de facto, ver-Te com os olhos do meu coração porque a Tua Figura
me atrai irresistívelmente e ouvir-Te com os ouvidos da minha alma porque Tu
tens Palvras de Vida Eterna.
Reflectindo na Quaresma
Há dias, na Igreja da Lapa, enquanto esperava pela Santa
Missa, depois da meia hora de preparação (do costume), olhava a grande Cruz com
O Crucificado que, sempre na Quaresma, está no lado direito do altar.
Aos poucos senti a comoção de estar a contemplar uma
realidade: o meu Deus e Senhor, pendente do madeiro onde me redimiu e salvou!
Ouvi uma pergunta interior, mas absolutamente clara:
‘Tu amas-me?’
Não sou tonto, nem tenho visões, mas olhei em volta,
desnecessariamente, aliás porque sabia muito bem de onde vinha a pergunta.
E, respondi, claro: ‘Senhor, eu amo-Te’.
Provavelmente não respondi bem porque a pergunta surgiu
novamente:
- ‘Tu, amas-me?’
Fiquei um pouco admirado, estaria o Senhor enganado, não
me chamo Pedro!
Mas, de facto, como muito bem sei, Ele nunca Se engana
porque, logo a seguir:
- Está bem, amas-me... Mas, amas-me, por Mim ou por
ti? Amas-me sempre ou quando te é mais conveniente? Amas-me com AMOR, ou com
respeito’.
Demorei um pouco na resposta, queria pensar bem na
pergunta.
- ‘Olha, Senhor, eu amo-te porque sou muito
"interesseiro", por outras palavras, sinto que é o melhor
"negócio" que posso fazer.
Já vês, eu amo-Te como quem sou, um pobre homem cheio de
mazelas é defeitos e, Tu, em troca, amas-me com o Teu Amor que é divino e sem
medida!
Então? Não achas que faço bem?’
Acabou
aqui a "conversa", a Santa Missa ia começar.
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