No
Tempo do Advento que estamos a viver sou levado a pensar na simplicidade dos
planos de Deus para a salvação da humanidade, sim... simplicidade porque ao
considerar com o cuidado que me é possível ter concluo que para se obter o
perdão do ofendido é absolutamente necessário que seja ele a concedê-lo.
Era,
pois, necessário que Ele próprio o concedesse. Poderia tê-lo feito de qualquer
forma - Deus pode tudo - mas escolheu esta para que todos os Seus filhos
compreendessem sem margem para dúvidas que lhes perdoava.
Com
o encarnar-Se como qualquer um de nós ficou patente a Sua genealogia humana e,
os escribas e chefes de Israel teriam forçosamente de saber isto e, portanto
quando começaram a surgir questões sobre Quem Era Jesus devem ter investigado
cuidadosamente as Escrituras e chegado à conclusão que Ele era O Cristo. Esta
"descoberta" significava o início de uma nova era e o fim do domínio
que exerciam sobre o povo, daí que resolveram ser-lhes conveniente negar,
combater e destruir as "provas" que tinham sobre a verdade da pessoa
de Jesus; foi o que fizeram dando-Lhe a morte mas, não uma morte qualquer, mas
a mais ignominiosa possível naquele tempo: a morte na cruz que era, pensavam, a
solução para que o nome de Jesus fosse banido para sempre. Agiram, pois, com
pleno conhecimento e calculada artimanha; foram eles e não Pilatos quem
crucificou Jesus.
Quem
se considera a si mesmo como alguém importante e com estatuto social invejável
e deseja manter esse estatuto seja o que for necessário para o manter fica como
que cego pelo domínio do seu EU deixando de lado, afastando, o que for que
possa ser obstáculo.
Estes
fariseus continuam a existir nos tempos de hoje, manipulando as regras, as
leis, de acordo com os seus interesses pessoais usando os cargos que exercem em
benefício próprio sem qualquer preocupação séria pelo bem comum. Compreendo que
exercer um cargo público seja algo que uma "pessoa de bem" seja
levado a escusar-se - eu próprio o fiz... e arrependo-me constantemente por o
ter feito - mas um cristão tem de estar presente e activo em todas as situações
e circunstâncias da vida social, não pode, não deve excusar-se.
Fui convidado para me
candidatar à Assembleia Constituinte Portuguesa logo após a revolução de Abril
de 1974. Era muito provável ser eleito pelo Círculo escolhido dado o prestígio
da Família, do meu Querido Pai. Perguntei o que teria de fazer já que não me
achava dotado para o cargo. A resposta que me deram foi: 'Não tem de fazer
absolutamente nada, apenas estar presente... nós, quando for oportuno diremos o
que terá de fazer'. Não me agradou esta perspectiva de ser como que um
"boneco" manipulado pelo seu dono e, por isso... recusei a "
honra". Repito que me arrependo da minha decisão porque considero que, a
verdade que a enformou reside no meu orgulho pessoal. Talvez... se tivesse
aceitado e tivesse sido eleito me surgisse uma oportunidade de ser útil e
assertivo... ter feito a "diferença".
Concluo
que o que fiz foi exactamente o que critico: coloquei-me a mim e ás minhas
conveniências à frente dos outros.
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