Sábado
Pequena agenda do cristão
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito: Honrar a
Santíssima Virgem.
A minha alma glorifica
o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos
na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas
as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu
Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder
do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos
famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel
Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua
descendência para sempre.
Lembrar-me: Santíssima
Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.
Minha querida Mãe: Hoje
queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo,
significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que
isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que
me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector,
guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.
Pequeno exame: Cumpri o propósito que me propus ontem?
LEITURA ESPIRITUAL
Evangelho
Lc XXII, 1-71
Conspiração contra Jesus
1 Entretanto, aproximava-se a festa dos
Ázimos, chamada Páscoa. 2 E os sumos sacerdotes e doutores da Lei procuravam
maneira de fazerem desaparecer Jesus, mas temiam o povo. 3 Satanás entrou em
Judas, chamado Iscariotes, que era do número dos Doze. 4 Judas foi falar com os
sumos sacerdotes e os oficiais do templo sobre o modo de lhes entregar Jesus. 5
Eles regozijaram-se e combinaram dar-lhe dinheiro. 6 Judas concordou e
procurava ocasião de o entregar, sem a multidão saber.
Preparação da Última Ceia
7 Chegou o dia dos Ázimos, em que devia
sacrificar-se o cordeiro, 8 e Jesus enviou Pedro e João, dizendo: «Ide
preparar-nos o necessário para comermos a ceia pascal.» 9 Perguntaram-lhe:
«Onde queres que a preparemos?» 10 Respondeu: «Ao entrardes na cidade, virá ao
vosso encontro um homem transportando uma bilha de água. Segui-o até à casa em
que entrar 11e dizei ao dono da casa: ‘O Mestre manda dizer-te: Onde é a sala,
em que hei-de comer a ceia pascal com os meus discípulos?’ 12 Mostrar-vos-á uma
grande sala mobilada, no andar de cima. Fazei aí os preparativos.» 13 Partiram,
encontraram tudo como lhes tinha dito e prepararam a Páscoa. 14 Quando chegou a
hora, pôs-se à mesa e os Apóstolos com Ele. 15 Disse-lhes: «Tenho ardentemente
desejado comer esta Páscoa convosco, antes de padecer, 16 pois digo-vos que já
não a voltarei a comer até ela ter pleno cumprimento no Reino de Deus.» 17
Tomando uma taça, deu graças e disse: «Tomai e reparti entre vós, 18 pois
digo-vos que não tornarei a beber do fruto da videira, até chegar o Reino de
Deus.» 19 Tomou, então, o pão e, depois de dar graças, partiu-o e distribuiu-o
por eles, dizendo: «Isto é o meu corpo, que vai ser entregue por vós; fazei
isto em minha memória.» 20 Depois da ceia, fez o mesmo com o cálice, dizendo: «Este
cálice é a Nova Aliança no meu sangue, que vai ser derramado por vós.»
Jesus revela o traidor
21 «No entanto, vede: a mão daquele que
me vai entregar está comigo à mesa! 22 O Filho do Homem segue o seu caminho,
como está determinado; mas ai daquele por meio de quem vai ser entregue!» 23
Começaram a perguntar uns aos outros qual deles iria fazer semelhante coisa.
Últimos avisos
24 Levantou-se entre eles uma discussão
sobre qual deles devia ser considerado o maior. 25 Jesus disse-lhes: «Os reis
das nações imperam sobre elas e os que nelas exercem a autoridade são chamados
benfeitores. 26 Convosco, não deve ser assim; o que fôr maior entre vós seja
como o menor, e aquele que mandar, como aquele que serve. 27 Pois, quem é
maior: o que está sentado à mesa, ou o que serve? Não é o que está sentado à
mesa? Ora, Eu estou no meio de vós como aquele que serve. 28 Vós sois os que
permaneceram sempre junto de mim nas minhas provações, 29 e Eu disponho do
Reino a vosso favor, como meu Pai dispõe dele a meu favor, 30 a fim de que
comais e bebais à minha mesa, no meu Reino. E haveis de sentar-vos, em tronos,
para julgar as doze tribos de Israel.» 31 E o Senhor disse: «Simão, Simão, olha
que Satanás pediu para vos joeirar como trigo. 32 Mas Eu roguei por ti, para que
a tua fé não desapareça. E tu, uma vez convertido, fortalece os teus irmãos.»
33 Ele respondeu-lhe: «Senhor, estou pronto a ir contigo até para a prisão e
para a morte.»
Predição da negação de Pedro
34 Jesus disse-lhe: «Eu te digo, Pedro:
o galo não cantará hoje sem que, por três vezes, tenhas negado conhecer-me.» 35
Depois, acrescentou: «Quando vos enviei sem bolsa, nem alforge, nem sandálias,
faltou-vos alguma coisa?» Eles responderam: «Nada.» 36 E Ele acrescentou: «Mas
agora, quem tem uma bolsa que a tome, assim como o alforge, e quem não tem
espada venda a capa e compre uma. 37 Porque, digo-vo-lo Eu, deve cumprir-se em
mim esta palavra da Escritura: Foi contado entre os malfeitores. Efectivamente,
o que me diz respeito chega ao seu termo.» 38 Disseram-lhe eles: «Senhor, aqui
estão duas espadas.» Mas Ele respondeu-lhes: «Basta!»
Agonia de Jesus em Getzemani
39 Saiu então e foi, como de costume,
para o Monte das Oliveiras. E os discípulos seguiram também com Ele. 40 Quando
chegou ao local, disse-lhes: «Orai, para que não entreis em tentação.» 41
Depois afastou-se deles, à distância de um tiro de pedra, aproximadamente; e,
pondo-se de joelhos, começou a orar, dizendo: 42 «Pai, se quiseres, afasta de
mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, mas a tua.» 43 Então,
vindo do Céu, apareceu-lhe um anjo que o confortava. 44 Cheio de angústia,
pôs-se a orar mais instantemente, e o suor tornou-se-lhe como grossas gotas de
sangue, que caíam na terra. 45 Depois de orar, levantou-se e foi ter com os discípulos,
encontrando-os a dormir, devido à tristeza. 46 Disse-lhes: «Porque dormis?
Levantai-vos e orai, para que não entreis em tentação.»
Jesus é preso no horto
47 Ainda Ele estava a falar quando
surgiu uma multidão de gente. Um dos Doze, o chamado Judas, caminhava à frente
e aproximou-se de Jesus para o beijar. 48 Jesus disse-lhe: «Judas, é com um
beijo que entregas o Filho do Homem?» 49 Vendo o que ia suceder, aqueles que o
cercavam perguntaram-lhe: «Senhor, ferimo-los à espada?» 50 E um deles feriu um
servo do Sumo Sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. 51 Mas Jesus interveio,
dizendo: «Basta, deixai-os.» E, tocando na orelha do servo, curou-o. 52 Depois,
disse aos que tinham vindo contra Ele, aos sumos sacerdotes, aos oficiais do
templo e aos anciãos: «Vós saístes com espadas e varapaus, como se fôsseis ao
encontro de um salteador! 53 Estando Eu todos os dias convosco no templo, não
me deitastes as mãos; mas esta é a vossa hora e o domínio das trevas.»
Pedro nega Jesus três vezes
54 Apoderando-se, então, de Jesus,
levaram-no e introduziram-no em casa do Sumo Sacerdote. Pedro seguia de longe.
55 Tendo acendido uma fogueira no meio do pátio, sentaram-se e Pedro sentou-se
no meio deles. 56 Ora, uma criada, ao vê-lo sentado ao lume, fitando-o, disse: «Este
também estava com Ele.» 57 Mas Pedro negou-o, dizendo: «Não o conheço, mulher.»
58 Pouco depois, disse outro, ao vê-lo: «Tu também és dos tais.» Mas Pedro
disse: «Homem, não sou.» 59 Cerca de uma hora mais tarde, um outro afirmou com
insistência: «Com certeza este estava com Ele; além disso, é galileu.» 60 Pedro
respondeu: «Homem, não sei o que dizes.» E, no mesmo instante, estando ele
ainda a falar, cantou um galo. 61 Voltando-se, o Senhor fixou os olhos em
Pedro; e Pedro recordou-se da palavra do Senhor, quando lhe disse: «Hoje, antes
de o galo cantar, irás negar-me três vezes.» 62 E, vindo para fora, chorou
amargamente.
Jesus é escarnecido
63 Entretanto, os que guardavam Jesus
troçavam dele e maltratavam-no. 64 Cobriam-lhe o rosto e perguntavam-lhe:
«Adivinha! Quem te bateu?» 65 E proferiam muitos outros insultos contra Ele.
Jesus em presença do Sinédrio
66 Quando amanheceu, reuniu-se o
Conselho dos anciãos do povo, sumos sacerdotes e doutores da Lei, que o levaram
ao seu tribunal. 67 Disseram-lhe: «Declara-nos se Tu és o Messias.» Ele
respondeu-lhes: «Se vo-lo disser, não me acreditareis 68 e, se vos perguntar,
não respondereis. 69 Mas doravante, o Filho do Homem vai sentar-se à direita de
Deus todo-poderoso.» 70 Disseram todos: «Tu és, então, o Filho de Deus?» Ele
respondeu-lhes: «Vós o dizeis; Eu sou.» 71 Então, exclamaram: «Que necessidade
temos já de testemunhas? Nós próprios o ouvimos da sua boca.»
Comentário
Todo este Capítulo do Evangelho escrito por São
Lucas relata com detalhe e pormenor – como o Evangelista sempre se revela - ,
com “cores” brilhantes e destacadas, os factos que antecederam o drama da
Paixão de Jesus Cristo. Digo “drama” porque, aos meus olhos humanos, se trata
realmente de algo tão inusitado e, até,
insólito, que me custa a ler estas páginas sem sentir um aperto no coração
esmagado pela evidência de ter sido, eu e todos os homens, o seu objecto.
Parece que nada falta: traição; angústia; pavor;
sofrimento indizível; abandono; negação… e ao mesmo tempo, amor imenso e
completo; doação absoluta; entrega à Vontade de Deus. Mas, ”forço-me”,
obrigo-me a ler e, lendo, entrozar bem na minha alma o valor que efectivamente
tenho – que todos os homens têm – para ser o objecto de tão extraordinário acto
de salvação. Ao considerar este “valor” que tenho para o meu Criador, esmaga-me
a responsabilidade e o dever.
Responsabilidade, porque me dou conta que a minha vida – já longa – tem tido
muitas negações, rebeldias, ofensas, faltas de correspondência; dever, porque,
tenho de ser agradecido pelo dom da vida, em primeiro lugar, e, depois, pela
Infinita Paciência e Misericórdia de Deus que sempre espera que eu volte sobre
os passos que dei por caminhos ínvios e, me tem perdoado sempre as minhas
faltas e, mais que o perdão, me acolhe novamente no Seu Coração amantíssimo e
me reintrega na minha “qualidade” de Seu filho e, sendo filho, Seu herdeiro.
Jesus
Cristo nunca Se calou perante acusações infundadas, perguntas capciosas e,
muitas vezes, absurdas, críticas de toda
a ordem, encarniçamento contra a sua Pessoa. Mas, perante Herodes cala-Se!
Parece-me que, para O Cordeiro de Deus, Manso e Humilde de Coração, há como que
um “limite” que não “consegue ultrapassar. Os outros, os responsáveis pela Lei,
os Chefes do Povo são, por Ele Próprio “classificados” como ignorantes: «Não
sabem o que fazem». Mas, este personagem sinistro – Herodes – sabia muito
bem o que fazia e porque fazia. Enquanto os primeiros pensariam que estavam a
defender a Lei, este último, pretendia apenas assegurar-se que o seu estatuto
de Rei não corria perigo. Não teria qualquer pejo em assassinar Jesus - como
tinha feito tantas vezes, incluindo os próprios filhos - se, pelas Suas
respostas, chegasse a essa a essa conclusão. E, tal não podia acontecer porque
tinham de se cumprir as Escrituras.
Não
interessa muito discorrer sobre Pilatos e, muito menos, fazer juízos sobre a
sua personalidade. Parece evidente para qualquer um que, a verdadeira razão que
o motivou a enviar Jesus a Herodes, foi
a “esperança” que este resolvesse o problema que se lhe deparava: o assassínio
de Jesus Cristo! Por isso, ao ver gorada a sua expectativa, lava as mãos em
público como se esse gesto simbólico fosse suficiente e bastante para o
inocentar. Não admira, pois, que na conivência e perfídia, ele e Herodes
ficassem amigos; «Nesse dia, Herodes e
Pilatos ficaram amigos, pois eram inimigos um do outro». Esta amizade –
melhor seria dizer, conivência – tem uma raiz iníqua. Cimenta-se na perfídia e
na ignorância, no despotismo e na falta absoluta de critério. Que amizade será
esta? Que frutos se poderão esperar? Se amizade significa estar de acordo,
corroborar o que o outro pensa ou defende como sendo a verdade, então, esta
“amizade” não pode vingar nem subsistir. E, de facto, o fim dos dois “amigos” é
uma desgraça pessoal para cada um e uma vergonha para os seus descendentes.
A
realeza de Cristo – mesmo que não fosse essa a verdadeira intenção de Pilatos –
ficará, para sempre, publicamente registada no letreiro que identifica o
Crucificado. Os próprios que promoveram a Sua morte, reconhecem isto e vão
junto do Pretor Romano pedir a remoção do letreiro. A resposta deste – «quod
scripsi scripsi» – é a confirmação
da realidade. E são os simples e puros de coração – independentemente da sua
situação pessoal no momento – que o reconhecem e acreditam. Com a sua
declaração, o ladrão arrependido conquistou o Coração de Cristo e obteve o
maior prémio a que poderia aspirar: a salvação eterna. O verdadeiro valor do
arrependimento contrito fica, assim, bem expresso.
Pela
pena de São Lucas, voltamos ao mesmo tema que já comentámos: Como reconhecer
Jesus! Temos, todos os homens - atrevo-me afirmar – um desejo incontido de O
encontrar de forma iniludível de tal forma que possamos dizer: É Ele! De facto,
vemo-Lo pendente da Cruz – porque de
todos atrai o olhar – mas isso não nos basta, não preenche completamente o
nosso anseio: vê-Lo tal qual É, Ressuscitado, Glorioso, cheio de Poder e
Majestade. Talvez, alguns, esperem por essa oportunidade para, de vez, se
entregarem a Ele completamente ou se decidirem a segui-Lo mais de perto. Na
Santa Missa, quando Ele desce sobre o altar consubstanciando-se no pão e no
vinho consagrados, não O vemos, de facto, mas podemos sentir como que um
frémito de amor que nos invade e domina e leva a exclamar interiormente: É Ele,
está ali!..., e daí a momentos temos a possibilidade extraordinária de O
receber em Corpo, Alma e Divindade, na Sagrada Comunhão Eucarística. Pensemos
então quanto somos fortunados, muito mais que estes dois de Emaús que depois de
O terem reconhecido, O viram desaparecer do seu convívio. Sim… porque, para
nós, Ele está sempre ali, no Sacrário, à nossa espera, paciente e amoroso para
Se nos entregar por inteiro.
O Evangelista refere que Emaús distava de Jerusalém
uns sessenta estádios, ou seja, mais ou menos, trinta quilómetros. É uma
distância considerável que, percorrida andando, consome umas quantas horas.
Jesus Cristo não Se preocupa com o tempo, preocupa-se com os Seus amigos, com
todos os homens. Não “faz contas” ao tempo necessário para os acompanhar,
instruir, sossegar os corações, devolver a paz perdida. Impressiona esta
disponibilidade permanente do Senhor, sim, permanente, porque para Ele não há
nada – absolutamente - mais importante que os seus irmãos, os homens.
Como sempre que lemos um trecho de São
Lucas, não podemos ficar indiferentes a não nos deixarmos envolver no relato
como um personagem mais. É de facto uma beleza descritiva simples e tão real
como se vivida no próprio momento. Este dois de Emaús podem muito bem ser cada
um de nós que vamos pela vida olhando sem ver, ouvindo sem perceber. Descurados
os sinais, esquecidas as referências, ficamos agarrados ao momento que passa
com a superficialidade dos apressados e com falta de critério. É bem verdade, para reconhecer
Cristo naquele que connosco se cruza nos caminho, não basta ser “um dos Seus” é
fundamental ter o coração livre de quaisquer amarras sejam elas tristezas e
preocupações. A Cristo, só O podemos ver na alegria e na paz. A alegria da
Ressurreição e a paz de Cristo!
«Reconheceram-no
ao partir do pão»… Como?... porque
a menos que Jesus tivesse uma forma peculiar de partir o pão, forma essa, que
bastaria para O identificar, ou, porque, hipótese não descabida, os Apóstolos,
nos dias anteriores terão contado com pormenor os acontecimentos da Última
Ceia, repetindo as palavras e os gestos do Mestre, com ênfase para aqueles que,
repetissem em “Sua memória”. Também é possível que os seguidores de
Jesus, assustados e temerosos com o que se seguiria à Sua Morte, tivessem
combinado entre si algumas formas, discretas, de se darem a conhecer como seguidores
de Jesus. Tal como o será, mais tarde o desenho de um peixe, a forma de partir
o pão poderia ser uma delas. Seja como for, os seus olhos só se abriram nesse
momento e, só a partir de então, tomaram conhecimento da pessoa de Jesus com
eles à mesa. E é, aliás, isto mesmo que contam, mais tarde, aos Apóstolos.
Desde o princípio, a Igreja nascente, evoca, os sinais que o Mestre deixou.
Mais tarde, serão estes sinais que comporão a Sagrada Liturgia. Amar e
respeitar a Liturgia é, além de um dever, a melhor forma de honrar a memória,
sempre viva e actuante, do Fundador e Cabeça da Igreja.
Os efeitos da tristeza
são devastadores! Impedem ver Cristo que está sempre a nosso lado. Nos caminhos
da vida, quantas vezes olhamos em volta e não vemos senão o costume:
problemas, contradições, dificuldades e, então, carrega-se ainda mais a nossa
mente com a tristeza de nos sentirmos sós, desamparados meio perdidos e sem
norte. E, no entanto, Ele está ali…sempre… sempre! Esta certeza deve bastar
para afastar a tristeza do nosso íntimo mas, se mais fora preciso, outra
certeza resolverá de vez a questão: A alegria de nos saber-mos filhos de Deus!
Para que não restem
dúvidas que este episódio realmente aconteceu o
Evangelista identifica
um deles: Cléofas. Trata-se portanto de dois dos muitos discípulos de Jesus,
que O seguiam com regularidade e conviviam entre si como o deixa perceber
quando um se refere aos «nossos» mas, se assim é, como não reconheceram
a Sua voz durante a longa conversa que mantiveram no caminho! Bom... tal como
os seus olhos estavam «impedidos» de
O verem, também os seus ouvidos não perceberam quem era o companheiro que lhes
explicava as Escrituras. De facto, para ver e ouvir Jesus é preciso ter os olhos
e os ouvidos limpos e desimpedidos de tudo quanto for supérfluo. E, mais… que
as preocupações, o desânimo, o desgosto não dominem o coração nem a mente
mergulhando o homem numa “escuridão” que o impeça de ver a Luz.
A tristeza põe como que uma névoa opaca sobre os olhos da alma
impedindo-os de ver as realidades mais evidentes. O futuro apresenta-se
incerto, o desânimo apodera-se de nós, a vontade de progredir e os desejos de
melhoria atrofiam-se. Nem sequer a expectativa de dias mais risonhos nos anima
e impele para a frente. E, frequentemente, paramos como que aturdidos. Como
diz, sabiamente, Stº Agostinho, "paraste
já estás morto". É o que nos espera se não sacudirmos para longe,
decididamente, a tristeza do nosso coração: morrer inapelavelmente!
Acreditar
na Ressurreição de Cristo é uma condição da nossa fé, como diz São Paulo, se
Cristo não ressuscitou a nossa fé é vã. Temos um Salvador que Se entregou à
morte voluntariamente para poder ressuscitar. Morrendo remiu os nossos pecados.
Ressuscitando salvou-nos para a vida eterna. Era esta a primeira vez que os discípulos de Jejus
tinham contacto com o Corpo Glorioso do Ressuscitado. Ficaram a saber que a
Ressurreição não se tratava de um mito, algo indefinido, misterioso. A
Ressurreição de Jesus aconteceu mesmo e, eles, são testemunhas desse facto.
Também puderam entrever as qualidades que todos teremos quando ressuscitarmos
dos mortos. Não ocuparemos nem espaço nem lugar e, no entanto, teremos o corpo
que tínhamos em vida. Isto é importante para se perceber que, no Céu, a
proximidade de Deus será única porque a Sua Visão encherá por completo toda as
nossas capacidades e desejos. O
grande mistério dos corpos ressuscitados aparece aqui de forma evidente. O
corpo adquire uma qualidade que se chama "corpo glorioso" que
continuando a ser o mesmo corpo que vivia adquire qualidades absolutamente
diferentes, a primeira das quais é a imortalidade, não pode voltar a morrer, o
que é absolutamente lógico.
A
frase «Vós sois as testemunhas destas
coisas» confere aos discípulos uma importância e um relevo na história da
Redenção que os marcará para sempre. De facto, o que viram e ouviram do
Ressuscitado será repetido incansavelmente até ao final dos tempos e que se
pode resumir: Tudo quanto Jesus Cristo disse e fez é verdade!
Realmente,
sendo Ele A VERDADE, não poderia ser outro o testemunho que deLe haveriam de
dar e, para nossa ventura, assim fizeram com tanta constância e perseverança
que recebemos intacta a mensagem divina: “Jesus Cristo é o nosso Salvador, que
com a Sua Ressurreição nos ganhou para a Vida Eterna.”
«Então
abriu-lhes o entendimento, para compreenderem as Escrituras,» como compreender se não se entende? Jesus conhece bem as nossas limitações e incapacidades por isso nos abre
o entendimento, talvez não de forma súbita como fez com os Apóstolos, mas
pausadamente ao longo dos anos. Começamos na catequese a aprender as bases da
doutrina que enforma a nossa fé e continuamos pela vida fora adquirindo novos
conhecimentos, aprofundando o que já sabemos. Há sempre coisas novas a retirar
do tesouro das Escrituras, cada vez que lemos um trecho do Evangelho - talvez
pela milésima vez - encontramos algo novo que, antes não tínhamos reparado, um
enfoque diferente, um ensinamento que nos surpreende. Não admira que seja assim
porque as palavras de Cristo e a sua doutrina são sempre novas, de todos os
tempos.
Jesus Cristo parte para o céu, mas não
nos deixa sós.
Fica connosco presente na Santíssima Eucaristia, sempre disponível, sempre
pronto a acolher-nos. Somos felizes, muito felizes, por tão grande dom. Não só
podemos estar com Ele, gozar a Sua companhia sempre que quisermos como, o que é
extraordinário recebe-Lo no Seu Corpo, Alma e Divindade como alimento para esta
vida e penhor da vida eterna. Nunca poderemos agradecer tão excelente dom.
À tristeza e perturbação da Morte de Jesus
segue-se, agora, uma grande alegria. Nos últimos quarenta dias Jesus deve
ter-lhes falado e ensinado muitas coisas. Abriu-lhes o entendimento e tudo é,
para eles, cristalino e certo. Acabou-se o tempo das dúvidas, das interrogações
dos medos e temores. Do Monte Tabor, descem homens diferentes daqueles que
tinham seguido Jesus até ali. Agora, com a certeza que têm que o Espírito Santo
virá, as suas almas conhecem uma paz e uma tranquilidade que se reflecte na
alegria de que fala o Evangelista. Sem o saberem ainda, estão já em caminho de
cumprir o mandato do Senhor: «Ide e
ensinais todas as gentes».
Decerto que os Apóstolos viveram momentos de grande
felicidade e alegria, mas, nós, temos motivos para estar ainda mais alegres e
felizes. Os Apóstolos para estarem com Jesus tinham de O seguir para onde quer
que fosse, procurá-Lo e, por vezes, esperar que acabasse o que estava a fazer –
oração – para, então falarem com Ele. Nós, não! Quando queremos estar com Jesus
– e queremos sempre – basta-nos ir a um dos muitíssimos Sacrários espalhados
por toda a cidade em que vivemos, alguns a escassas dezenas de metros de
distância e, Ele, ali está, à nossa espera, pronto a acolher-nos, a ouvir-nos,
a estar connosco o tempo que quisermos.
Nada do que o Senhor faz é por acaso. Escolheu
homens como Apóstolos, aqueles que seriam as colunas da Igreja que iria fundar,
mas, as mulheres, não foram esquecidas e tiveram a honra e o privilégio de
serem as primeiras a saber da Ressurreição Gloriosa. Os Filhos de Deus, que
somos todos os cristãos, formamos de facto uma família cujo Chefe e Cabeça é
Cristo e, como em qualquer família, cada um tem o seu lugar, a sua tarefa,
concorrendo para o bem e proveito da mesma família. Os irmãos não se distinguem
em importância ou relevo porque, o Pai de Família, quer a todos por igual. Cada
um terá a sua própria maneira de viver essa vida familiar, com a idiossincrasia
própria, e com os olhos postos no exemplo de “vem de cima.”
(AMA, 1998)
REFLEXÃO
Uma pessoa humilde que não tenha fé e
sinceramente a deseje, acaba por tê-la com certeza, porque Deus não se nega a
ninguém. E vice-versa, um aumento de soberba supõe uma diminuição de fé.
(Federico Suarez, A Virgem Nossa Senhora, Éfeso, 4ª Ed. nr. 132)
ANJO DA GUARDA
Santo Anjo do Senhor meu zeloso guardador
oisque a ti me confiou a Piedade Divina para me sempre me protege, guarda e
ilumina
SÃO JOSEMARIA – textos
Não queiras ser grande. – Criança,
criança sempre
Não
queiras ser grande. – Criança, criança sempre, ainda que morras de velho. –
Quando um menino tropeça e cai, ninguém estranha...; seu pai apressa-se a
levantá-lo. Quando quem tropeça e cai é adulto, o primeiro movimento é de riso.
– Às vezes, passado esse primeiro ímpeto, o ridículo cede o lugar à piedade. –
Mas os adultos têm de se levantar sozinhos. A tua triste experiência quotidiana
está cheia de tropeços e de quedas. Que seria de ti se não fosses cada vez mais
pequeno? Não queiras ser grande, mas menino. Para que, quando tropeçares, te
levante a mão de teu Pai-Deus. (Caminho, 870)
A
piedade que nasce da filiação divina é uma atitude profunda da alma, que acaba
por informar toda a existência: está presente em todos os pensamentos, em todos
os desejos, em todos os afectos. Não tendes visto como, nas famílias, os
filhos, mesmo sem repararem, imitam os pais: repetem os seus gestos, seguem os
seus costumes, se parecem com eles em tantos modos de comportar-se? Pois o
mesmo acontece na conduta de um bom filho de Deus. Chega-se também, sem se
saber como nem por que caminho, a esse endeusamento maravilhoso que nos ajuda a
olhar os acontecimentos com o relevo sobrenatural da fé; amam-se todos os
homens como o nosso Pai do Céu os ama e – isto é o que mais importa –
consegue-se um brio novo no esforço quotidiano para nos aproximarmos do Senhor.
As misérias não têm importância, insisto, porque aí estão ao nosso lado os
braços amorosos do nosso Pai Deus para nos levantar. (Amigos
de Deus, 146)
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