EXORTAÇÃO
APOSTÓLICA
REDEMPTORIS
CUSTOS
DO
SUMO PONTÍFICE
JOÃO
PAULO II
SOBRE
A FIGURA E A MISSÃO
DE
SÃO JOSÉ
NA
VIDA DE CRISTO E DA IGREJA
O
CONTEXTO EVANGÉLICO
O
recenseamento
9.
Quando José foi de longada até Belém, para o recenseamento, em observância das
disposições da autoridade legítima, ele desempenhou em relação ao menino a
tarefa importante e significativa de inserir oficialmente o nome de «Jesus,
filho de José de Nazaré» (cf. Jo 1, 45), no registo do império. Essa inscrição
manifesta de modo bem claro o facto de Jesus pertencer ao género humano, homem
entre os homens, cidadão deste mundo, sujeito às leis e instituições civis, mas
também «Salvador do mundo». Orígenes descreveu bem o significado teológico
inerente a este facto histórico, que não é nada marginal: «Dado que o primeiro
recenseamento de toda a terra se verificou no tempo de César Augusto, e que
entre todos os demais também José se foi registrar, juntamente com Maria sua
esposa, que se encontrava grávida; e dado que Jesus veio ao mundo antes de o
censo ter sido feito, para quem considerar a coisa com diligente atenção
parecerá que se expressa uma espécie de mistério no facto de que, na declaração
de toda a terra, devesse ser recenseado também Cristo. Dessa maneira, registado
juntamente com os demais, a todos podia santificar; inscrito com toda a terra
no recenseamento, à terra oferecia a comunhão consigo; e, depois desta
declaração, recenseava consigo todos os homens da terra no livro dos vivos,
para que quantos viessem a acreditar nele, fossem depois inscritos no céu, com
os Santos d'Aquele a quem pertencem a glória e o império pelos séculos dos
séculos. Amén». (28)
O
nascimento de Belém
10.
Como depositário do mistério «escondido desde todos os séculos em Deus» e que
começa a realizar-se diante dos seus olhos na «plenitude dos tempos», José
encontra-se juntamente com Maria na noite de Belém, qual testemunha
privilegiada da vinda do Filho de Deus ao mundo. São Lucas exprime-se assim:
«Enquanto eles ali (em Belém) se encontravam, completaram-se para ela os dias
da gestação. E deu à luz o seu filho primogénito, que envolveu em faixas e
recostou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria» (Lc
2, 6-7).
José
foi testemunha ocular deste nascimento, que se verificou em condições
humanamente humilhantes, primeiro anúncio daquele «despojamento», no qual
Cristo consentiu livremente, para a remissão dos pecados. Na mesma ocasião,
José foi testemunha da adoração dos pastores, que acorreram ao lugar onde Jesus
nascera, depois de um anjo lhes ter levado esta grande e jubilosa notícia (cf.
Lc 2, 15-16); mais tarde, foi testemunha também da homenagem dos Magos, vindos
do Oriente (cf. Mt 2, 11).
A
circuncisão
11.
Sendo a circuncisão de um filho o primeiro dever religioso do pai, José, com
esta cerimónia (cf. Lc 2, 21), exercitou um seu direito e dever em relação a
Jesus.
O
princípio segundo o qual todos os ritos do Antigo Testamento são como que a
sombra da realidade (cf. Hebr 9, 9 s.; 10, 1), explica o motivo por que Jesus
os aceita. Como sucedeu com os outros ritos, também o da circuncisão teve em
Jesus o seu «cumprimento». A Aliança de Deus com Abraão, de que a circuncisão
era sinal (cf. Gén 17, 13), obteve em Jesus o seu pleno efeito e a sua cabal
realização, sendo Jesus o «sim» de todas as antigas promessas (cf. 2 Cor 1,
20).
A
imposição do nome
12.
José deu ao menino, na ocasião em que o levaram a circuncidar, o nome de Jesus.
Este nome é o único em que há salvação (cf. Act 4, 12); e a José tinha sido
revelado o seu significado, no momento da sua «anunciação»: E tu «por-lhe-ás o
nome de Jesus; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados» (Mt 1, 21).
Quando lhe deu o nome, José declarou a própria paternidade legal em relação a
Jesus; e, pronunciando esse nome, proclamou a missão deste menino, de ser o
Salvador.
Notas:
(28) Origenes, Hom. XIII in Lucam, 6: S. Ch. 87, pp.
195-197.
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