Evangelho
Mt
XXII 33 – 40
Os saduceus e a ressureição
23 Nesse
mesmo dia, os saduceus, que não acreditam na ressurreição, foram ter com Ele e
interrogaram-no. 24 «Mestre, Moisés disse: Se algum homem morrer sem filhos, o
seu irmão casará com a viúva, para suscitar descendência ao irmão. 25 Ora,
entre nós havia sete irmãos. O primeiro casou e morreu sem descendência,
deixando a mulher a seu irmão; 26 sucedeu o mesmo ao segundo, depois ao
terceiro, e assim até ao sétimo. 27 Depois de todos eles, morreu a mulher. 28 Então,
na ressurreição, de qual dos sete será ela mulher, visto que o foi de todos?»
29 Jesus respondeu-lhes: «Estais enganados, porque desconheceis as Escrituras e
o poder de Deus. 30 Na ressurreição, nem os homens terão mulheres nem as
mulheres, maridos; mas serão como anjos no Céu. 31 E, quanto à ressurreição dos
mortos, não lestes o que Deus disse: 32 Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de
Isaac e o Deus de Jacob? Não dos mortos, mas dos vivos é que Ele é Deus!» 33 E
a multidão, ouvindo-o, maravilhava-se com a sua doutrina.
34 Constando-lhes que Jesus reduzira os saduceus ao silêncio, os fariseus
reuniram-se em grupo. 35 E um deles, que era legista, perguntou-lhe para o
embaraçar: 36 «Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?» 37 Jesus disse-lhe:
Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com
toda a tua mente. 38 Este é o maior e o primeiro mandamento. 39 O segundo é
semelhante: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. 40 Destes dois mandamentos
dependem toda a Lei e os Profetas.»
Generosidade
Desde
Descartes – que tentou definir a generosidade de modo científico – até aos
pensadores mais comuns tem-se tentado dar uma imagem concreta da generosidade.
De
facto, parece-me, uma virtude bastante complexa que tem a ver com a maneira de
ser, o carácter, de cada indivíduo.
Quero dizer que não há uma fórmula que se
aplique para ser generoso já que, cada ser humano reage de forma diferente
perante circunstâncias semelhantes.
Aliás, também não é quantitativa porque, não
se é muito ou pouco generoso, ou se é ou não se é de todo.
Parece-me que a generosidade se avalia melhor
considerando a entrega que de si mesmo se faz a um apelo, convite, chamamento.
A resposta à vocação pessoal envolve,
seguramente, generosidade, porque significará sempre uma escolha, uma eleição
entre algo que significa desprendimento de alguma coisa com a finalidade de
conseguir alcançar outra.
Tem,
portanto, a ver com a entrega consciente e desejada a um ideal de vida para
atingir um determinado fim, bom, para si mesmo e para os outros.
A
entrega só o é se for total, completa, incondicional, aceitando e cumprindo os
quesitos necessários para atingir o fim proposto.
A
generosidade é: desapego livre e intencional.
Se
for assim, dar pode ser um acto de generosidade; se não, será algo feito com
espírito de obter retorno, ou apenas cumprir aquilo que se julga ser uma
obrigação naquela circunstância particular.
Vemos que, a ser assim, a generosidade
envolve algum sacrifício, tal como a entrega, já que ao seleccionar algo se
descarta alguma outra coisa.
A
vocação é também uma eleição, uma escolha de algo que convém em detrimento de
algo que não interessa.
O homem
só pode ser inteiramente feliz se seguir a vocação que lhe foi sugerida pelo
Espírito Santo no seu íntimo.
Por isso a felicidade é interior e não
exterior, porquanto não depende do que fazemos, mas do que pensamos.
Considerando a felicidade como que uma gama
de emoções ou sentimentos, que abarca desde o contentamento ou satisfação até à
alegria intensa ou júbilo e, ainda, significando bem-estar ou paz intrior,
percebemos que, a suprema aspiração do homem, é, sem dúvida, ser feliz.
Será
lícito, portanto, concluir que na base da felicidade pessoal está a virtude da
generosidade.
Obediência
A
obediência define-se como um comportamento pelo qual alguém aceita ordens dadas
por outrem.
O termo obediência, tal como a acção de
obedecer, conduz da escuta atenta à acção, que pode ser puramente passiva ou
exterior ou, pelo contrário, provocar uma profunda atitude interna de resposta.
Obedecer implica, em diverso grau, a
subordinação da vontade a uma autoridade, o acatamento de uma instrução, o
cumprimento de um pedido ou a abstenção de algo que é proibido.
A figura da autoridade que merece obediência
pode ser, antes de mais, uma pessoa, mas também, uma doutrina ou uma ideologia
e, em grau superior, a própria consciência e Deus.
Está
intimamente ligada à liberdade já que, a obediência só é verdadeira quando é
uma opção livremente tomada e aceite.
A
liberdade dos Filhos de Deus, que somos todos os homens, sugere essa obediência
natural ao Pai, ao Criador, ao Senhor que dispôs de forma coerente e possível
onde, como e quando a obediência deve existir.
Com os Mandamentos, Deus entregou ao homem um
código de conduta que é a lei natural que deve reger a sua vida.
Não é necessário acreditar em Deus para, não
matar alguém num acto de vingança, por exemplo, uma vez que se vai contra a lei
natural que deve reger o comportamento humano em sociedade.
Mas, o facto de ser cristão reveste o acto de
um valor superior, ou acrescenta-lhe responsabilidade.
Sendo
um acto interior da vontade, a obediência forma-se na consciência do que é útil
ou conveniente fazer em cada circunstância para viver – conviver – na sociedade
humana dentro dos parâmetros comummente aceites como necessários.
A
obediência passiva caracteriza-se pela aceitação pura e simples do que é
sugerido ou mandado, quer interiorizando quer demonstrando-a por acções
concretas, ao passo que, a activa, se traduz numa atitude profunda e concreta
de execução do que é sugerido ou mandado, como será, por exemplo, a entrega
sugerida como sendo a vocação própria.
Como
se disse, a obediência só o é, verdadeiramente, como emanação livre da vontade
própria e, portanto, não pode nunca ser confundida com sujeição ou submissão.
Por
isso mesmo, o acto de obedecer, implica, sempre, uma escolha, uma opção.
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