Mc
III 13- 35
Escolha dos Apóstolos
13
Jesus subiu depois a um monte, chamou os que Ele queria e foram ter com Ele. 14
Estabeleceu doze para estarem com Ele e para os enviar a pregar, 15 com o poder
de expulsar demónios. 16 Estabeleceu estes doze: Simão, ao qual pôs o nome de
Pedro; 17 Tiago, filho de Zebedeu, e João, irmão de Tiago, aos quais deu o nome
de Boanerges, isto é, filhos do trovão; 18 André, Filipe, Bartolomeu, Mateus,
Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o Cananeu, 19 e Judas Iscariotes,
que o entregou. 20 Tendo Jesus chegado a casa, de novo a multidão acorreu, de
tal maneira que nem podiam comer. 21 E quando os seus familiares ouviram isto,
saíram a ter mão nele, pois diziam: «Está fora de si!»
Blasfémia dos escribas
22 E
os doutores da Lei, que tinham descido de Jerusalém, afirmavam: «Ele tem
Belzebu!» E ainda: «É pelo chefe dos demónios que expulsa os demónios.» 23
Então, Jesus chamou-os e disse-lhes em parábolas: «Como pode Satanás expulsar
Satanás? 24 Se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode perdurar;
25 e se uma família se dividir contra si mesma, essa família não pode
subsistir. 26 Se, portanto, Satanás se levanta contra si próprio, está dividido
e não poderá subsistir; é o seu fim. 27 Ninguém consegue entrar em casa de um
homem forte e roubar-lhe os bens sem primeiro o amarrar; só depois poderá
saquear-lhe a casa. 28 Em verdade vos digo: todos os pecados e todas as
blasfémias que proferirem os filhos dos homens, tudo lhes será perdoado; 29
mas, quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca mais terá perdão: é réu de
pecado eterno.» 30 Disse-lhes isto porque eles afirmavam: «Tem um espírito
maligno.»
Os parentes de Jesus
31
Nisto chegam sua mãe e seus irmãos que, ficando do lado de fora, o mandam
chamar. 32 A multidão estava sentada em volta dele, quando lhe disseram: «Estão
lá fora a tua mãe e os teus irmãos que te procuram.» 33 Ele respondeu: «Quem
são minha mãe e meus irmãos?» 34 E, percorrendo com o olhar os que estavam
sentados à volta dele, disse: «Aí estão minha mãe e meus irmãos. 35 Aquele que
fizer a vontade de Deus, esse é que é meu irmão, minha irmã e minha mãe.»
Deveres
e obrigações (cont)
A Fé
não é qualquer coisa que se adquira por vontade própria mas um dom dado
directamente por Deus.
Remetendo
para escrito anterior [1] não se alongará mais
este tema além da consideração formal de que o que está realmente certo é: «A César o que é de César, a Deus o que é de
Deus.»
E, para sustentar esta afirmação, vemos o que acontece quando se confundem as duas coisas que levam às chamadas “guerras da religião” que, no fim e ao cabo, pretendem que César e Deus são uma mesma coisa e não se admite e persegue-se, castiga-se, guerreia-se e atenta-se contra quem assim não procede. [2]
Bom,
e o que é que, de facto, temos de dar a Deus?
A resposta poder-se-ia resumir com uma
célebre frase:
“Tendes que dar forçosamente a César a moeda que tem impressa a sua imagem; mas vós entregai com gosto todo o vosso ser a Deus, porque está impressa em nós a Sua imagem e não a de César.” [3]
Parece
claro, ou não?
A
imagem de Deus no homem é a sua alma porque é espírito criado directamente por
Deus na altura da concepção.
Deus
é Criador permanente, cria a alma logo que se dá a concepção do ser humano. Uma
alma específica para cada ser que começa a sua existência.
Não dispõe de uma espécie de armazém de almas
que vai atribuindo adrede consoante se forma o ser humano.
E
essa alma, o espírito que é a vida, é a imagem do próprio Criador, de Deus,
porque a vida, a verdadeira vida só lhe pertence a Ele, só Ele a pode dar e
dele depende a sua duração.
Daí que cada ser humano seja uma entidade
diferente e específica e não haja dois iguais, o que não acontece quanto à
forma meramente corporal em que, de facto, pode haver pessoas idênticas em
características e detalhes que, não poucas vezes, confundem quem os vê e se
cruza com eles.
Isto que parece simples e compreensível para
quem acredita num Deus Criador, soberanamente capaz e sapiente, já não será tão
evidente para quem olha para a vida, o ser humano como um produto da união de
gâmetas, de espermatozoides e óvulos, daí que, seja possível, para estas
pessoas, admitir a manipulação do processo original de criação do ser humano.
Não
se duvida que tal seja possível – no campo meramente teórico, entendamo-nos –
ou seja, criar um homem ou uma mulher a partir de processos científicos,
complexos mas cada vez mais comuns.
Mas, a pergunta permanece: são estas
“criações” da ciência, seres humanos?
É evidente que não e a razão está na base de
toda a concepção da criação tal como querida por Deus.
Parece
claro que a Vontade de Deus ao criar um homem e uma mulher, distintos e com
características próprias tenha sido a compulsão de amor que, ao constatar a
obra da Sua Criação, verificando que tudo era bom [4],
quis dar ao ser humano uma tarefa transcende que, em sumo grau, era de
colaborar com Ele na reprodução da raça humana e na proliferação de seres
humanos que preenchessem o seu desejo de Amor.
Com o
poder que detém Deus poderia ter criado imediatamente milhares de milhões de
homens e mulheres atribuindo a cada um papel particular na sociedade humana.
Satisfaria, assim, o Seu Amor incomensurável
de ter à Sua disposição seres inteligentes e livres que O amassem e adorassem
pelo seu próprio arbítrio e escolha.
Optou por uma outra forma, e que, em síntese,
é a criação de um primeiro casal de seres humanos com características
específicas e destinados a promover esse Seu desejo amoroso de uma série
contínua de seres inteligentes e dotados de vontade e querer próprios.
Quando
o fez?
Não
parecendo importante a discussão, de qualquer modo pode aceitar-se que a
evolução das espécies foi uma realidade e que os antepassados do homem, tal
como o conhecemos hoje, estejam integrados nessa evolução.
O que não duvidamos é que, em determinado
momento, Deus “inseriu” nesse ser uma alma passando, nesse preciso momento, a
algo totalmente diferente: um ser humano.
O Criador decidiu não interferir na escolha
de cada ser humano deixando ao seu livre arbítrio o aceitar a Sua Lei, o Seu
Comando, a Sua Vontade e, até, o seu dever de sujeição, como criatura, ao
Criador.
Porquê?
Por
Amor, única e exclusivamente por amor!
Deus
não pode nunca actuar de outra forma a não ser por Amor e movido pelo Amor, já
que Ele próprio é O AMOR!
E
aqui está a base e o principio de tudo o que se refere à Criação:
[1] Citação de NUNC COEPI
[2] Jihad, é um conceito
essencial da religião islâmica. Pode ser entendida como uma luta, mediante
vontade pessoal, de se buscar e conquistar a fé perfeita. Ao contrário do que
muitos pensam, Jihad não significa ‘Guerra
Santa’, nome dado pelos Europeus às lutas religiosas na Idade Média (por
exemplo: Cruzadas).
A
explicação quanto as duas formas de Jihad não está presente no Alcorão, mas sim
nos ditos do Profeta Muhammad: Uma, a ‘Jihad Maior’, é descrita como uma luta
do indivíduo consigo mesmo, pelo domínio da alma; e a outra: a ‘Jihad Menor’, é
descrita como um esforço que os muçulmanos fazem para levar a mensagem do Islão
aos que não têm ciência da mesma (ou seja, daqueles que não se submetem à
divindade islâmica e ao seu conceito religioso de paz).
Há
opiniões divergentes quanto às formas de acção que são consideradas Jihad. A
Jihad só pode ser travada para defender o Islão. No entanto, alguns grupos
acham que isto tem aplicação não apenas à defesa física dos muçulmanos, mas
também à reclamação de terra que em tempos pertenceu a muçulmanos ou a
protecção do Islão contra aquilo que eles vêem como influências que ‘corrompem’
a vida muçulmana. A interpretação feita pelo Ocidente de que a Jihad é uma
guerra violenta destinada a transformar pessoas em islâmicas à força é fundada
nos diversos ataques terroristas e militares sofridos pelo Ocidente em nome da
religião islâmica e de suas crenças; entretanto há quem afirme que os atentados
de homens-bomba ou as ameaças a meios de comunicação ocidentais que ousem fazer
qualquer crítica aos pilares da crença muçulmana não seja exactamente a
definição de Jihad, mas resultado de uma percepção equivocada e oportunista de
alguns islâmicos. Um dos defensores desta ideia é o sociólogo sírio-alemão
especialista no Islão, ele próprio um muçulmano sunita, Bassam Tibi. Para este, o fenómeno do
fundamentalismo islâmico é uma forma de oportunismo político de alguns grupos,
que se aproveitam da noção de Jihad, desvirtuando o Islão para torná-lo um
factor de acção política em proveito próprio.
De
acordo com as formas comuns do Islão, se uma pessoa morre em Jihad, ela é
enviada directamente para o paraíso, sem quaisquer punições pelos seus pecados.
Porém,
não se pode esquecer que ‘Jihad’ foi o termo utilizado por Maomé (profeta do Islamismo)
que significava ‘guerra sagrada’, simbolizando a luta pela conversão do maior
número de pessoas para a religião.
[3] s.
jerónimo, Commentarium in Evangelium secundum Marcum, ad. Loc.
[4] Gn 6, 5.
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