Evangelho
Mt XXVI 30 - 56
Jesus prediz o abandono dos discípulos
30 Depois de cantarem os salmos, saíram para o Monte das Oliveiras. 31 Jesus disse-lhes, então: «Nesta mesma noite, todos ficareis perturbados por minha causa, porque está escrito: Ferirei o pastor e as ovelhas do rebanho serão dispersas. 32 Mas, depois da minha ressurreição, hei-de preceder-vos na Galileia.» 33 Tomando a palavra, Pedro respondeu-lhe: «Ainda que todos fiquem perturbados por tua causa, eu nunca me perturbarei!» 34 Jesus retorquiu-lhe: «Em verdade te digo: Esta mesma noite, antes de o galo cantar, vais negar-me três vezes.» 35 Pedro disse-lhe: «Mesmo que tenha de morrer contigo, não te negarei!» E todos os discípulos afirmaram o mesmo.
Em Getzemani
36 Entretanto, Jesus com os seus discípulos chegou a um lugar chamado Getsémani e disse-lhes: «Sentai-vos aqui, enquanto Eu vou além orar.» 37 E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. 38 Disse-lhes, então: «A minha alma está numa tristeza de morte; ficai aqui e vigiai comigo.» 39 E, adiantando-se um pouco mais, caiu com a face por terra, orando e dizendo: «Meu Pai, se é possível, afaste-se de mim este cálice. No entanto, não seja como Eu quero, mas como Tu queres.» 40 Voltando para junto dos discípulos, encontrou-os a dormir e disse a Pedro: «Nem sequer pudeste vigiar uma hora comigo! 41 Vigiai e orai, para não cairdes em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é débil.» 42 Afastou-se, pela segunda vez, e foi orar, dizendo: «Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que Eu o beba, faça-se a tua vontade!» 43 Depois voltou e encontrou-os novamente a dormir, pois os seus olhos estavam pesados. 44 Deixou-os e foi orar de novo pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras. 45 Reunindo-se finalmente aos discípulos, disse-lhes: «Continuai a dormir e a descansar! Já se aproxima a hora, e o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores. 46 Levantai-vos, vamos! Já se aproxima aquele que me vai entregar.»
Entrega e prisão de Jesus
47 Ainda Ele falava, quando apareceu Judas, um dos Doze, e com ele muita gente, com espadas e varapaus, enviada pelos sumos sacerdotes e pelos anciãos do povo. 48 O traidor tinha-lhes dado este sinal: «Aquele que eu beijar, é esse mesmo: prendei-o.» 49 Aproximou-se imediatamente de Jesus e disse: «Salve, Mestre!» E beijou-o. 50 Jesus respondeu-lhe: «Amigo, a que vieste?» Então, avançaram, deitaram as mãos a Jesus e prenderam-no. 51 Um dos que estavam com Jesus levou a mão à espada, desembainhou-a e feriu um servo do Sumo Sacerdote, cortando-lhe uma orelha. 52 Jesus disse-lhe: «Mete a tua espada na bainha, pois todos quantos se servirem da espada morrerão à espada. 53 Julgas que não posso recorrer a meu Pai? Ele imediatamente me enviaria mais de doze legiões de anjos! 54 Mas como se cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim deve acontecer?» 55 Voltando-se, depois, para a multidão, disse: «Viestes prender-me com espadas e varapaus, como se eu fosse um ladrão! Todos os dias estava sentado no templo a ensinar, e não me prendestes. 56 Mas tudo isto aconteceu, para que se cumprissem as Escrituras dos profetas.» Então, todos os discípulos o abandonaram e fugiram.
Vocação
A
descoberta da vocação implica uma finura interior, de carácter, de estabilidade,
de emoções e sentimentos que deram as pistas necessárias para que essa
descoberta seja concretizada numa certeza: ‘Sim, é isto que eu,
definitivamente, quero para a minha vida.’
Sem
estas características o homem debate-se em mil opções diferentes que lhe vão
surgindo com diversos matizes, quase sempre, vagos ou pouco concretos.
O
pior é que pode passar o resto da sua vida neste estado de indecisão,
movendo-se de uma opção para outra, mudando de sentido ou orientação ao sabor
quer de conveniências que julga importantes, ou quimeras com pouca ou nenhuma
profundidade ou sustentação.
Daí
surgem os maus profissionais que não cumprem o que é lícito esperar deles e que
arrastam a tal vida medíocre e conformada que citámos antes.
Se
este factos têm uma importância fundamental na vida do indivíduo e da sua
integração na sociedade, ajustando-se num lugar e papel que sabe ser o seu e
para o qual tem aptidões que adquiriu, ou seja, se exerce aquilo para o qual a
sua vocação o inclinou, parece legítimo deduzir-se que, na ausência destas
linhas mestras, a pessoa tenda para um desajustamento e uma insatisfação
pessoal permanentes, podendo cair na tentação de procurar soluções tardias que
pode ser levado a experimentar na tentativa de colmatar essas faltas.
Daqui
o abandono da profissão, ou da família, que entretanto se foi formando, a troca
das realidades estáveis pela cedência a impulsos criadores, quase sempre, de
situações precárias de instabilidade.
Poderiam
– a palavra é forte – chamar-se “desajustados” que arrastam atrás de si
inúmeras pessoas que, de alguma forma, são afectadas por essas decisões.
Perante
a resposta de Cristo a quem Lhe perguntava sobre a indissolubilidade do
matrimónio, alguém terá dito: «então é
melhor não casar» [1] o que parece uma
conclusão lógica se não se tiver em conta a magnitude do acto matrimonial, ou
seja, se de facto não se está absolutamente seguro – ou se tem uma certeza
razoável – de que o matrimónio celebrado com aquela pessoa concreta é,
realmente, o que se deseja, quer e, em consciência, deve fazer, então, de
facto, é preferível não casar.
Consideremos
que, se a descoberta da vocação indicar o matrimónio com o objectivo de
constituir uma família – o principal e determinante objectivo –, a pessoa tem
de ter a noção de que uma vida a dois não congela os anseios, desejos e
esforços de melhoria pessoal, antes os torna num objectivo comum, cada um com a
sua especificidade mas, evidentemente, numa troca constante e séria de ajudas,
apoios e solidariedades nas coisas grandes e nas pequenas de cada dia.
O
próprio amor deve evoluir de um sentimento entusiasmante e cheio de promessas
para uma certeza estável e comprometida, como se passasse a existir uma
terceira pessoa entre os dois.
Porquê?
Porque
se o amor não gera amor, acaba por definhar e morrer e acaba por quebrar-se o
elo que unia os dois seres.
A
capacidade de amar não se esgota num acto, nem, sequer, numa vida longa e, não
parece que se possa amar muito, muitíssimo ou amar muito pouco ou quase nada.
Ou seja, amar é definitivo, para sempre.
O
amor não cresce, aprofunda-se, não se torna em hábito mas sim em algo sempre
novo e renovado diariamente.
Por
ser algo muito sério é que o carácter tem uma importância determinante.
Mal formado, ou com lacunas, a pessoa está
muito afectada e diminuída nessa capacidade de dar e receber que, no fim e ao
cabo, é o amor.
E os
Pais, professores e outros formadores o que têm a ver com o amor?
Tudo! Têm tudo a ver.
Ao
contribuírem decisivamente para a formação do carácter da pessoa deram-lhe a
chave para abrirem o caminho à capacidade de satisfação pessoal de acordo com
as suas características pessoais e irrepetíveis que determinarão a sua escolha
e opção de vida.
Mais… ao instilarem na pessoa esse desejo
concreto de melhoria, enriquecimento da sua personalidade, estão não só a
dar-lhe a chave, mas também, a proporcionar-lhe importantes capacidades para
que a utilizem para abrir a porta do caminho que lhe convém à felicidade
pessoal e à felicidade dos outros com quem se relacione.
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