Evangelho
Mt
IX 1 - 15
Jesus deixa a Galileia
1 Quando
acabou de dizer estas palavras, Jesus partiu da Galileia e veio para a região
da Judeia, na outra margem do Jordão. 2 Era seguido por grandes multidões e
curou ali os seus doentes.
Matrimónio, divórcio e virgindade
3 Alguns fariseus, para o
experimentarem, aproximaram-se dele e disseram-lhe: «É permitido a um homem
divorciar-se da sua mulher por qualquer motivo?» 4 Ele respondeu: «Não lestes
que o Criador, desde o princípio, fê-los homem e mulher, 5 e disse: Por isso, o
homem deixará o pai e a mãe e se unirá à sua mulher, e serão os dois um só? 6 Portanto,
já não são dois, mas um só. Pois bem, o que Deus uniu não o separe o homem.» 7 Eles,
porém, objectaram: «Então, porque é que Moisés preceituou dar-lhe carta de
divórcio, ao repudiá-la?» 8 Respondeu Jesus: «Por causa da dureza do vosso
coração, Moisés permitiu que repudiásseis as vossas mulheres; mas, ao
princípio, não foi assim. 9 Ora Eu digo-vos: Se alguém se divorciar da sua
mulher - excepto em caso de união ilegal - e casar com outra, comete
adultério.» 10 Os discípulos disseram-lhe: «Se é essa a situação do homem
perante a mulher, não é conveniente casar-se!» 11 Respondeu-lhes Jesus: «Nem
todos compreendem esta linguagem, mas apenas aqueles a quem isso é dado. 12 Há
eunucos que nasceram assim do seio materno, há os que se tornaram eunucos pela
interferência dos homens e há aqueles que se fizeram eunucos a si mesmos, por
amor do Reino do Céu. Quem puder compreender, compreenda.»
Bênção das crianças
13 Apresentaram-lhe, então, umas
crianças, para que lhes impusesse as mãos e orasse por elas, mas os discípulos
repreenderam-nos. 14 Jesus disse-lhes: «Deixai as crianças e não as impeçais de
vir ter comigo, pois delas é o Reino do Céu.» 15 E, depois de lhes ter imposto
as mãos, prosseguiu o seu caminho.
Temperança
Disse-se que, entre outras características, a
temperança assegura o domínio da vontade. Por isso mesmo é uma virtude cardeal,
isto é, de primeira importância.
O domínio da vontade não é nem fácil nem
rápido.
É
algo que depende exclusivamente do próprio e que, por norma, leva muito tempo a
adquirir, às vezes, uma vida inteira não chega para se conseguir esta virtude.
Porque é tão importante para o homem ter
controlo sobre a sua vontade?
Parece óbvio que fazendo o que se quer, como
se quer e quando se quer, se chega a um distúrbio grave do comportamento e um
péssimo hábito de agir sob estímulos ou impulsos sem considerar se os mesmos
são bons, maus, valem ou não a pena levar a cabo.
Se
se considerar que a vontade é ”cega”, chegamos à consideração que o que temos a
fazer é dar-lhe “olhos” para ver em cada momento o que convém ao próprio e aos
outros e, muitas vezes estas duas formas de ver podem estar em conflito: O que
quero para mim pode não ser conveniente para o outro e, se assim for, não me
convém.
Quero, por exemplo, afirmar-me como crítico
de determinada acção praticada por alguém.
Mas
porquê? Devemos questionar.
O
que é que eu vejo nesse acto que mereça crítica – não interessa se favorável ou
não - e que capacidade tenho para a fazer?
Estou
a ver bem, a apreciar devidamente?
A temperança aconselha-me moderação, isto é,
rigoroso exame da matéria em causa, para que a minha vontade seja esclarecida,
informada quanto à bondade do que me é sugerido fazer.
É muito provavelmente a principal característica
do ser humano completo, nenhum outro ser possui esta virtude ou tem acesso a
ela.
Quando
muito, um cão tem um instinto que o conduz a fazer algo e, esse instinto é
suficiente e bastante para que o faça a menos que o treino a que tenha sido
submetido o impeça de o fazer. Não tem, portanto, capacidade de escolha nem
possibilidade de eleição.
Logo,
parece lógico que agindo sem controlo da sua vontade, o homem se coloca a mesmo
nível do cão e as consequências deste comportamento serão sempre graves porque
se demite de uma prerrogativa excelente que lhe foi dada por Deus.
Como a vontade se vai desenvolvendo com o
crescimento do indivíduo, esse desenvolvimento tem de ser acompanhado pela
temperança que vai, por assim dizer, formatando a vontade para aquilo que
convém.
Aqui
exercem um papel predominantemente crucial, os formadores, em primeiro lugar os
pais, o ambiente familiar, os educadores e o meio em que se desenvolve a
formação da pessoa.
A formação rabínica recebida por São Paulo,
uma vez convertido ao cristianismo estava bem patente quando declarava: “Não
faço o bem que quero, mas o mal que não quero”. [1]
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