Mt III, 1 – 17;
IV, 1 - 11
Pregação de João Baptista
1 Naqueles
dias, apareceu João, o Baptista, a pregar no deserto da Judeia. 2 Dizia:
«Convertei-vos, porque está próximo o Reino do Céu.» 3 Foi deste que falou o
profeta Isaías, quando disse: Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do
Senhor, endireitai as suas veredas. 4 João trazia um traje de pêlos de camelo e
um cinto de couro à volta da cintura; alimentava-se de gafanhotos e mel
silvestre. 5 Iam ter com ele os de Jerusalém, os de toda a Judeia e os da
região do Jordão, 6 e eram por ele baptizados no Jordão, confessando os seus
pecados. 7 Vendo, porém, que muitos fariseus e saduceus vinham ao seu baptismo,
disse-lhes: «Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da cólera que está para
vir? 8 Produzi, pois, frutos dignos de conversão 9 e não vos iludais a vós
mesmos, dizendo: ‘Temos por pai a Abraão!’ Pois, digo-vos: Deus pode suscitar,
destas pedras, filhos de Abraão. 10 O machado já está posto à raiz das árvores,
e toda a árvore que não dá bom fruto é cortada e lançada no fogo. 11 Eu
baptizo-vos com água, para vos mover à conversão; mas aquele que vem depois de
mim é mais poderoso do que eu e não sou digno de lhe descalçar as sandálias.
Ele há-de baptizar-vos no Espírito Santo e no fogo. 12 Tem na sua mão a pá de
joeirar; limpará a sua eira e recolherá o trigo no celeiro, mas queimará a
palha num fogo inextinguível.»
Baptismo de Jesus
13 Então,
veio Jesus da Galileia ao Jordão ter com João, para ser baptizado por ele. 14 João
opunha-se, dizendo: «Eu é que tenho necessidade de ser baptizado por ti, e Tu
vens a mim?» 15 Jesus, porém, respondeu-lhe: «Deixa por agora. Convém que
cumpramos assim toda a justiça.» João, então, concordou. 16 Uma vez baptizado,
Jesus saiu da água e eis que se rasgaram os céus, e viu o Espírito de Deus
descer como uma pomba e vir sobre Ele. 17 E uma voz vinda do Céu dizia: «Este é
o meu Filho muito amado, no qual pus todo o meu agrado.»
Tentações de Jesus
1 Então,
o Espírito conduziu Jesus ao deserto, a fim de ser tentado pelo diabo. 2 Jejuou
durante quarenta dias e quarenta noites e, por fim, teve fome. 3 O tentador
aproximou-se e disse-lhe: «Se Tu és o Filho de Deus, ordena que estas pedras se
convertam em pães.» 4 Respondeu-lhe Jesus: «Está escrito: Nem só de pão vive o
homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.» 5 Então, o diabo
conduziu-o à cidade santa e, colocando-o sobre o pináculo do templo, 6
disse-lhe: «Se Tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo, pois está escrito:
Dará a teu respeito ordens aos seus anjos; eles suster-te-ão nas suas mãos para
que os teus pés não se firam nalguma pedra.» 7 Disse-lhe Jesus: «Também está
escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus!» 8 Em seguida, o diabo conduziu-o a um
monte muito alto e, mostrando-lhe todos os reinos do mundo com a sua glória, 9 disse-lhe:
«Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares.» 10 Respondeu-lhe Jesus:
«Vai-te, Satanás, pois está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele
prestarás culto.» 11 Então, o diabo deixou-o e chegaram os anjos e serviram-no.
JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR
Capítulo V
CRISTO ENQUANTO HOMEM CHEIO DE GRAÇA E DE VERDADE
Agora estudaremos as diferentes faculdades
e qualidades humanas de Jesus Cristo. Não examinaremos as propriedades da sua
natureza divina que se estudam noutro tratado. Concretamente, consideraremos
neste capítulo a graça e santidade de Cristo assim também o seu conhecimento
humano, e no capítulo seguinte veremos outros traços que completam a sua
humanidade perfeita: a sua vontade livre, a sua afectividade, etc.
E trata-se de um instrumento vivo e racional, não inerte ou passivo, que
simplesmente fosse movido pelo agente principal, mas que tem a sua acção
própria. Por isso Cristo na sua humanidade tem aquelas qualidades que são
convenientes para a finalidade da Encarnação: p. Ex. para comunicar-nos a
verdade e a graça divinas pelas quais nos salvamos, está dotado de todas essas
qualidades, está «cheio de graça e de verdade» (Jo 1,14), já que «da sua plenitude
todos recebemos» (Jo 1,16).
Além do mais, temos de considerar que essas
propriedades da sua natureza humana procedem da sua união coma divindade, pois
Deus é a fonte de todo o bem e a perfeição duma criatura depende da sua união
com Deus. E quanto mais unido se está com deus, mais se participa da sua
bondade e mais abundantes bens se recebem, assim como quanto mais alguém se
aproxima do fogo mais se aquece. Pois bem, não há uma união mais íntima da
criatura com Deus que a união na própria pessoa divina, daí que Cristo na sua
humanidade esteja cheio dos dons divinos: é um homem natural e
sobrenaturalmente perfeito.
Assim como o Filho de Deus feito homem tem aquelas qualidades naturais e sobrenaturais que são convenientes para a nossa salvação, por essa mesma razão não assumiu com a natureza humana aqueles mesmos defeitos ou limitações que dificultariam a obra salvífica, tais como o pecado ou a ignorância. Ainda que tenha assumido aquelas limitações da nossa natureza que servem a finalidade da Encarnação e que não são defeito moral e não desdizem da sua condição, tais como a passibilidade e a dor.
Vicente Ferrer Barriendos
(Tradução do castelhano por ama)
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